ARTIGO – Socorro, o piloto enlouqueceu! Por Marli Gonçalves

Vivemos agora um dos maiores e mais terríveis desafios da Humanidade – houve outros, claro, mas não estávamos por aqui. E se agora quisermos continuar por aqui, precisamos manter de qualquer forma ao máximo as medidas de isolamento social, quarentena, e de acordo com as organizações médicas mundiais. Os cintos se apertaram, mas o piloto não sumiu; apenas não sabe dirigir, e não pode sequestrar um país

Mad pilot with wings Royalty Free Vector Image

Ninguém está querendo ficar em casa trancado, com crianças fora da escola, sem saber o que vai acontecer, trabalhando como pode, ou não trabalhando, sendo obrigado a não trabalhar por não ter como nem onde. O importante é entender o que precisamos fazer nesse momento, e que não é coisa local, é pandemia, mundial. Grave, grave, muito grave. Com reflexos econômicos imensuráveis, um futuro nebuloso.

Mas estamos vendo tudo só piorar por aqui, inclusive por altas incontroladas de preços, abusos de toda sorte, picaretagens e falsificações em produtos médicos, falta de insumos, o Brasil mostrando sua cara e suas deficiências sociais, econômicas, trabalhistas, de saneamento. Milhares de pessoas que nem casa têm para se isolar, nas ruas, com fome, sem poder contar com os solidários voluntários para lhes dar uma prato de comida, ao menos uma vez ao dia, sem água pra beber, porque os bares estão fechados. E os mandamos lavar as mãos com frequência e usar álcool em gel, como se vivêssemos uma linda fantasia conjunta.

Ninguém quer isso tudo o que está ocorrendo, mas o tal piloto, de cuja mente, dele e seus apaniguados, jorra diariamente uma quantidade de ignorâncias tal que torna mais insuportável esse momento, quer fazer parecer que é indolência nossa. Repare. As medidas que precisa tomar, não toma; as promessas que fez, inclusive econômicas, não cumpre. Nos leva a uma situação verdadeiramente insustentável, inclusive diante do resto do planeta. Esse é o fato.

Governados por um Bolsonaro inepto que conseguiu mostrar de vez a única e principal certeza desse momento, a sua total ignorância, incapacidade de liderar, dirigir, pensar. Suas ações e aparições a cada dia apenas têm servido para aumentar a angústia de todos nós, nos deixando marcas, e nos deixando doentes de muitas outras formas além do coronavírus. Depressivos, violentados, atônitos, escandalizados, revoltados.

Parem, por favor, apenas parem esse homem antes que seja tarde demais. Ele ri de nossa agonia. Nos desrespeita, juntando esses grupos de ódio de ignorantes que mancham, eles sim, o nosso verde e amarelo. Com o vermelho de nosso sangue e o verde de sua bílis nojenta. Covardes que se escondem atrás de robôs, que agora batem bumbos de dentro de seus carros potentes em inacreditáveis carreatas. Que dizem que não querem o Brasil parado e que vão nos matar se obtiverem sucesso nessa empreitada suicida, já demonstrada como muito suicida, e em várias partes do mundo.

Desrespeitam os profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate; desrespeitam a Ciência; desrespeitam a lógica. Nos levarão ao abismo se permanecerem nessas cadeiras, nos levarão a claras revoltas locais, farão reviver todas as agruras do século passado, escutem, acreditem. Isso não vai acabar bem. Entramos em um perigosíssimo vácuo de poder.

Não podemos ficar em suas mãos como estamos agora, sabendo claramente que os números de infectados e mortos estão totalmente subestimados, porque não temos a base, nem os testes que possam aferir a realidade, e ela é dura.

Nunca tive problemas com idade, a não ser agora onde querem fazer parecer que quem tem mais de 60 anos pode – e quase deve –  morrer, que não fará falta – alguns safados chegam a declarar isso textualmente, e ainda se acham brasileiros e que o dinheiro deles os salvará. Estaríamos marcados para morrer, não poder fazer nada? Não, somos a História desse país, temos o conhecimento capaz de combater o mal que tenta se instalar.

Sinto uma revolta como há muito não sentia. Sei que não estou sozinha. Todas as noites ouço o som dessa revolta nas panelas que batem e nos gritos das janelas de meu país, nas discussões que tomam as redes sociais. Mas é cada vez mais clara a situação: quando pudermos abrir as portas, e se possível até bem antes disso, agora, e antes que seja tarde demais, essa revolta precisa criar corpo, ser real, e arrancar dali o maluco que tomou a direção e está desgovernado, pretendendo nos matar.

No mínimo, de raiva.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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#ADEHOJE – QUEM É O ENERGÚMENO, IGNORANTE SENHOR PRESIDENTE?

#ADEHOJE – QUEM É O ENERGÚMENO, IGNORANTE SENHOR PRESIDENTE?

 

SÓ UM MINUTO – Há muitos anos – quando fiz alfabetização como voluntária, inclusive onde hoje seria definitivamente instalada essa loucura que é a favela Paraisópolis – tive condição de comprovar que o método criado por Paulo Freire para alfabetização era simplesmente mágico. Em uma semana já era possível ver adultos, todas as cidades, péssimas condições sociais, sabendo soletrar, juntar sílabas, formar palavras, sorrir de novo com orgulho. Só um testemunho. O trabalho de Paulo Freire, reconhecido em todo o mundo, assim como o de outro fundamental educador, Anísio Teixeira, é coisa para ser respeitada. Como assim, covarde, ousar xingar de energúmeno Paulo Freire? Que, morto desde 1997, não pode se defender. Mas tem milhões de pessoas que farão isso, assim como eu agora.

Estamos sendo desgovernados por um ignorante que não respeita nada nem ninguém, e nos constrange diariamente com suas opiniões obtusas e atos abusados. Claro, sandices que fala para aquelas pessoas que acham que verde e amarelo é marrom e que o esperam saltitantes para colher essas pérolas que cospe sem parar.

ARTIGO – Matemática da cilada. Por Marli Gonçalves

 Ô mania que grudou na imprensa! Você fica lá prestando a maior atenção e aparecem aquelas tabelas e tabelas torturando números, comparados a algum lugar do passado, para o bem ou para o mal.  São os percentuais, ou porcentuais, que dá na mesma, e você entendeu do que estou falando. Os coitados dos números, surrados, dizem qualquer coisa quando obrigados

É muito chato mesmo. Mas virou mania. Querem dar uma notícia, por exemplo, que tal situação melhorou. E lá se vai em busca do número usado em algum lugar do passado, e que provavelmente foi o último dado por alguém ou algum. Chegam as manchetes! Diminuiu em tantos porcentos o número de acidentes nas estradas. Se parar para prestar atenção mesmo, com caneta e papel ou calculadora, vai perceber que teve decréscimo de umas migalhinhas. Tipo eram 12, e esse ano 10. Condições do tempo, das estradas, dos veículos e dos etceteras? Eram as mesmas?

Não costumo assistir a jogos de futebol, mas quando assisto dá uma irritação danada ouvir os locutores falando, falando – e lá atrás na imagem você vê que está acontecendo uma jogada bem importante que fica sufocada – e derramando números sobre dribles, jogos do século passado, enfrentamentos da história recente. Isso tudo piorou muito na era dos computadores, que fazem cálculos e cálculos, como se todos fôssemos e pensássemos como tabelas de Excel.

Engraçado. Embora tenha tido boas notas na época nas aulas de Estatística, nunca gostei muito dessa matéria. Na faculdade, no Diretório Acadêmico, acabei como “representante dos alunos no Departamento de Métodos Quantitativos”. O que valeu foi uma enorme dor de cabeça e mais uma inscrição na ficha do Dops dos terríveis tempos da ditadura. Como os caras não sabiam do que se tratava, esse fato está lá na minha ficha de “subversiva”. Mal sabiam ou sabem eles que fui parar aí porque eu era a única boa aluna que conseguia tratar melhorzinho com o professor dessa matéria na faculdade, e que era um horror. Vai explicar! Bem que tentei, mas creio até hoje que acharam que eu era guerrilheira e estrategista de alguma célula especializada em manufatura de bombas, ou alguma outra coisa desse jaez.

Hoje mesmo tive a sensação de ter ouvido que diminuiu em num sei quantos porcentos o número de notificações de violência contra as mulheres. Só se for porque elas morreram antes de denunciar. Todo dia, toda hora, das formas mais grotescas e cruéis as mulheres estão morrendo, assassinadas por ciúmes, por causa da loucura humana e do destempero das relações.

Essa semana, repara – aliás, já estamos ouvindo essa ladainha há quase um mês – tem a tal da Black Friday, onde se quer aparentar uma maravilha, mágica, onde todos os produtos ficarão mais baratos do dia para a noite, os comerciantes resolveram dar uma força e se desapegar de seus lucros, uma coisa impressionante – para onde olhar vai ver números gigantescos de descontos, com o percentual do lado. Pega o óculos, a lente, o binóculo, a lupa. Perto dele, ali bem pequenininho, vai ter também uma palavrinha: “Até”. Esse “até” é a grande questão. Faz o teste. Procura o que é exatamente que vai ter desconto de “até” 80%, 90% na lista ofertada.

Propaganda já foi a alma do negócio. Vem sendo usada – de braços dados com o marketing, que é mais complexo – de forma indiscriminada e enganosa, sem que providências sejam tomadas contra isso.  E para não acharem que estou tentando me desviar da política, vou citar duas coisinhas dessa semana, que serviram apenas para cilada.

Uma, a do deputadozinho que me recuso terminantemente a dar o nome, que resolveu prestar homenagem para o ditador Augusto Pinochet na Assembleia de São Paulo. Queria apenas ficar conhecido, esse indigesto. Para ir contra, fomos obrigados a falar dele, saber se sua vil existência.

number_ball_tMais conhecido, talvez, entre esse grupo de – dizem, mas vamos esperar as próximas pesquisas – cerca de 30% (!!!) que parece que ainda apoiam a loucura que se estabeleceu no governo de nosso país. Esse do “38”, o número do partido que pretendem criar com suas balas e dedinhos em forma de arminha, borrando o verde e amarelo de nossa Nação com seus pensamentos de baixíssimo calibre.

Mais uma 100% cilada.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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ARTIGO – Quem não te conhece, que te compre! Por Marli Gonçalves

Tem hora que nada melhor do que um bom ditado popular para resumir a ópera toda. “Quem não te conhece, que te compre! “- é um provérbio português que já deveria até ter virado camiseta, pichação em muro, título de filme e que, especialmente, já é a opção de argumento irrefutável para quem não é nem Bolsonaro, nem Lula. Gente que, como eu, neste momento não está vendo é nada pra comprar na precoce Black Friday eleitoral

Conheço e acompanho os dois, Lula e Bolsonaro, desde os tempos do onça, para combinar com o provérbio que desencavei porque não aguento mais ver o mundo e o espectro político dividido como se só essas duas metades pudessem existir – tipo a Terra Plana, para alguns. Claro que o líder político mais à esquerda é muito mais interessante, deixa eu aqui logo me adiantar antes de ser incompreendida e bordoada. Lula tem uma história, vitórias, conquistas, admiradores importantes, mal ou bem foi presidente em um momento deveras interessante do país. Dá de dez; mas não é – não pode ser – a única opção que se consegue ver no horizonte.

Antes a gente dizia – quando ele concorreu, concorreu, concorreu sem ganhar – que Lula precisava se modernizar, estudar, saber mais, ser mais tratável, aprender a unir. Parece que ele acabou mesmo fazendo isso, e assim conseguiu – foi eleito, e reeleito. Mas aí se lambuzou de vez, e nos deixou uma sucessora, por incrível que pareça depois também reeleita, que acabou desandando na segunda fornada. Foi o momento ápice Lava Jato, empresas, devassas, e praticamente todas as malfeitorias tomavam o rumo do PT e dos aliados, percorreram essa estrada, ou foram feitas bem debaixo dos seus narizes e janelas.

homem vendo o bunga-bungaAgora Lula bem que poderia ser mais humilde, reconhecer os erros gerais de suas indicações, a sua responsabilidade no momento atual e na eleição de Jair Bolsonaro, essa pessoa que encarnou o antipetismo, o antipetista, o anti. E sem merecer em nada, sabe-se lá de onde apareceu pinçado das profundezas do baixo clero como nome para candidato, e que um dia saberemos direito a história como ela foi.

Mas Lula saiu da prisão, e até dá para entender, revoltado e perigosamente boquirroto, dando munição ao inimigo. Aí, de novo, a coisa que já estava até de certa forma melhorando, cindiu de vez. Me lembra aquela cena antológica da tabacaria da obra Carmen, de Bizet. Um lado compacto avança, batendo firme em seu sapateado flamenco, e o outro responde, ambos em recuos e avanços ritmados, como em brigas de rua, de torcidas, batendo palmas. Blocos contra blocos.

O Jair Bolsonaro ficou 28 anos no Congresso sem sequer uma ação ou projeto que prestasse, ao contrário, surgindo apenas com tolices, preconceitos, polêmicas bobas como as que ainda estamos assistindo e que causaram surpresa em seu eleitorado. Não viram antes? Não sabiam? Pois, então, lembrem: “quem não te conhece, que te compre”.

Pois quem, e eu me incluo nesse grupo, conhece e não compra nenhum desses dois, produtos que chegarão avariados quando entregues, está vivendo um momento difícil. Embora acredite que sejamos maioria, estamos sem ninho. Atacados como se fascistas fôssemos, de um lado; ameaçados como se terroristas fôssemos, pelo outro.  Não há luz que faça com que vejam que o prisma emite mais cores e que essas cores podem se combinar criando outras, muito mais completas. Difícil explicar sem ser ouvido esse espectro tão natural, onde cada um prepara o seu prato a gosto.

O provérbio, claro, serve para muito mais do que apenas para esses dois – apenas aproveitados como exemplos. Cuidado com a massiva Black Friday eleitoral da política nacional, não compre gato por lebre. Se informe bem sobre os produtos ofertados. Veja se essas ofertas não são só milagrosas ou propaganda enganosa. Aliás, antes de mais nada, veja se você está precisando decidir sobre esse produto agora.  Vêm muito mais ofertas por aí. Tem tempo. Devagar com o andor, que os santos são de barro. Ou forjados nas sombras.

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ARTIGO – Destemperos e descalabros. Por Marli Gonçalves

 

Ai, ai, ai, ai, ai. Cinco doloridos ais contra o AI-5. Cinco minutos de sua atenção para entender porque a situação já há muito vem perdendo qualquer graça, e se tornando perigosamente um flerte com o que há de mais atrasado, como se um pote do passado, esse sim “conservado” fechado, estivesse sendo destampado

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Quando tudo começou, de verdade, consumado, e que tivemos de acreditar que não havia nada mais que pudesse ser feito – até porque o leite já estava derramado, não houve ninguém com capacidade para competir melhor para evitar o desastre – nos resignamos. Pensamos que, quem sabe? – o homem que assumiria a Presidência poderia se adequar, entender o que é Estado, Nação, o papel que lhe cabia. Que serenaria seus ímpetos de baixo clero, seus matutos, desinformados e inflamados discursos, em prol de governar para todos, pela pátria, e como ele próprio repetia, pelo Brasil acima de tudo.

Não se passaram muitos dias para que a nossa resignação virasse preocupação, susto após susto, quase que diariamente. O rol dos ministros escolhidos, as postagens nas redes sociais, as “lives” toscas, os comentários desairosos, a compra de briga com importantes setores da sociedade civil, as ameaças e ataques à imprensa, aos repórteres. A lista é já de início impressionante. Some-se censura a obras de arte, falta de compromisso com o meio ambiente e com todas as tragédias – de Brumadinho, queimadas, óleo nas praias, violência nas ruas, acidentes.

Como um carro sem freio acelerando numa ladeira íngreme, e tentando fazer uma curva à direita, os descalabros foram se avolumando. Ministro colombiano, astrólogo filósofo palpiteiro, teses escalafobéticas como a da Terra ser plana, meninas de rosa, meninos de azul, indicação de ministro “terrivelmente evangélico”, “golden shower”, erros crassos em portarias governamentais. Logo vieram as encrencas e grosserias nas relações internacionais, as trocas de ministros por outros piores ainda, os cortes de verbas nas áreas sociais, as dificuldades nas negociações políticas, o atraso em atender às promessas eleitorais, os ataques à oposição, mesmo estando essa engessada, múmia, como ainda parece estar.  Mais imóvel até do que o próprio e rebelado partido que caiu da cama onde dormitava, o partido do presidente.

Seguiram-se ainda revelações que associavam o sobrenome Bolsonaro à corrupção, às milícias, a um sem fim de tudo de ruim que parece ter sido juntado em um grupo só, para nos desanimar a todos ( todos, claro, sem contar os seus iguais que ainda batem pé, cantando hinos com a mão no coração): os da maioria que votou nele, os que não votaram, os que escolheram outros, os que se abstiveram, mas todos em busca apenas de um país que saísse da paradeira após o desastre já vivido nas últimas administrações, do PT, de Lula, Lava Jato, Dilma, do impeachment, de Temer.

Logo percebemos outro grande problema que se agravaria muito no decorrer do ano, desses até agora dez terríveis meses de 2019: os Filhos do Capitão, os 00s, 01,02,03, Huguinho, Zezinho e Luizinho, ops! – Carlos, Flávio e Eduardo. Todos com cargos parlamentares, pela ordem, vereador no Rio de Janeiro, senador, deputado federal, os dois últimos eleitos agora na esteira do pai.

Eles são motor de crises, que agora chegam ao auge com a desfaçatez de Eduardo Bolsonaro ameaçando com AI-5 quem pensar em “derrubar” o pai, como afirmou. O AI-5, o mais devastador ato da ditadura militar que cobriu esse país por 21 anos. Nesta mesma semana, estupefatos, vimos os meninos divulgando o vídeo do leão atacado por hienas etiquetadas como se fôssemos nós todos, ao fim e ao cabo. Ouvimos o próprio pai, em viagem ao Oriente, ousar dizer, na Arábia Saudita, onde se encontraria com um sanguinário filho de monarca, que todas as mulheres “adorariam passar a tarde com um príncipe”, referindo-se ao príncipe Mohamed bin Salman, entre outras acusado de mandar esquartejar e matar (nessa ordem, a que parece que foi executada) o jornalista Jamal Kashoggi.

Só se fossem loucas essas mulheres, que ali já são vítimas das maiores proibições, atrocidades e desrespeitos.

Chega. Não tem mais nenhuma graça. Não podemos mais achar normal, não tem mais quaquaraquaquá, memes, piadinhas ou qualquer outra insinuação que aplaque a agonia. E o que é pior: até os militares que o cercam já percebem que Bolsonaro está mais para o atrapalhado Sargento Tainha e seus recrutas Zeros, do que para Popeye.

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ARTIGO – Os olhos e o olhar. Por Marli Gonçalves

 

 Os olhos. Sempre foi muito importante para mim reparar nos olhos, não na beleza, na cor, no tamanho, mas na expressão, no olhar. No que eles transmitem das pessoas. E a cada dia impressiona mais reparar nos olhos do homem que nos governa – aquele olhar seco, assustado, às vezes arregalado, sem piscar, e que transmite ódio a quem o cerca com perguntas que precisaria responder, e que lhe são indesejáveis. O alarme está tocando; você também deve estar ouvindo…

Não bastassem os olhos, agora os ouvidos tampados, e a demonstração de total ignorância com relação aos fatos que se sucedem sem pausa. Estamos agora bem no fim de outubro, e coincidentemente em plenos dias de terror, das incertezas; mas as nossas assombrações diárias são realidade. Não são crianças fantasiadas pedindo doces, nem maquiagem divertida. São homens – sim, a imensa maioria bem masculina – que se propuseram a governar esse enorme país, e que nos assustam, apavoram, com sua inoperância, ignorância, e ainda ameaças. As mentiras que contam, como se acreditassem nelas; as mentiras que buscam e que, mesmo desmascaradas, não se desculpam, nem nada fazem para detê-las. Ao contrário.

Lembro-me bem da campanha para a Presidência de 1989. Dos muitos candidatos daquele momento, o que de longe mais apavorava era o Fernando Collor. Os olhos de Fernando Collor, se tivessem sido notados, mostrariam antecipadamente o que tivemos de depois suportar com sua eleição baseada na mentira, na imposição do medo, muito parecida com a que vivenciamos recentemente. Aqueles olhos… Não precisa ir longe para lembrar, se você ainda não era nascido ou não tinha idade para votar. Ele está aí, voltou, por incrível que pareça, e mantém aquele mesmo olhar (e os malfeitos). Depois de tudo o que fez e aconteceu, voltou e é um dos senadores de nossa combalida República. Repara.

Dizem que as mulheres são mais intuitivas, o que é certo. Mas é que também somos mais sensíveis, reparamos mais e melhor nos sinais corporais. Em alguns casos é como se um alarme tocasse. Não é caso de análise política, objetiva, nem estudo sociológico ou econômico. É outra coisa que paira no ar. O alarme está gritando. Eu o ouço em meio ao silêncio brutal das ruas. Em meio às filas quilométricas de emprego.  Nas portas arriadas do comércio. No medo da vida, da noite, da violência, cortado pelo barulho das motos dos entregadores que agora levam os restaurantes até as casas. Ouço na indignação das milhares de pessoas voluntárias que sujam as mãos e os pés de óleo nas praias nordestinas prevendo, mais que o dia de amanhã e o fim do mês, o verão que se aproxima e do qual dependem como as formigas.

Eu o ouço em meio ao barulho infernal dos protestos violentos aqui nos nossos vizinhos, praticamente todos países divididos em duas partes, como maçãs. Um a um entram em círculos de fogo, povo combatendo governo, povo combatendo povo, governo combatendo povo, batendo cabeça, e algumas vezes a temida continência, fardada, em pronunciamentos. São de esquerda, direita, todas as direções descontroladas em momentos significativos ou nos quais apenas uma fagulha de centavos seja o estopim.

Muitos de nós já viram e viveram momentos muito parecidos, e que jurávamos ter sido deixados para trás. Muitos de nós procriaram as gerações atuais, os mais jovens, que trazem em si esse mistério deste século tão transformador, de qual caminho escolherão, como se organizarão, qual o olhar que lançam sobre o futuro. Se irão para a frente de batalha com inteligência ou com máscaras. Se continuarão a pintar em suas peles, em tatuagens, sua visão, sua individualidade. Se recorrerão ao mundo digital sem perceberem que estamos todos sendo por eles monitorados o tempo inteiro, e por poucas e concentradas corporações.

O mundo está em movimento e há uma apreensão. Basta olhar e reparar no olhar deles todos, em todos os Poderes. E ouvir o alarme incessante.

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#ADEHOJE – AGRESSÕES A TODOS NÓS, A TODAS NÓS

#ADEHOJE – AGRESSÕES A TODOS NÓS, A TODAS NÓS

SÓ UM MINUTO – Brasil registra uma agressão a mulher a cada 4 minutos, mostra levantamento. No ano passado, foram registrados mais de 145 mil casos de violência —física, sexual, psicológica e de outros tipos— contra mulheres e nas quais as vítimas conseguiram sobreviver. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2017 houve 4.396 assassinatos de mulheres no país.

Mas enquanto isso eles estão preocupados em censurar histórias em quadrinhos, em falas absurdas e agressivas, arrumar encrenca com nossos maiores parceiros comerciais internacionais.

Feitiço contra o feiticeiro. Nunca houve uma Bienal tão boa, tão falada quanto esta do Rio de Janeiro. Principalmente depois do ato imbecil de Crivella de querer proibir uma história em quadrinhos da Marvel, de 2010! No final foram vendidos 4 milhões de livros- um crescimento de 60% ante a edição anterior, em 2017. Só o youtuber Felipe Neto comprou e distribuiu gratuitamente 14 mil livros sobre o tema LGBT. Ao menos 70 autores assinaram um manifesto contra a censura.

SETEMBRO COMEÇOU COM QUASE 5 MIL FOCOS DE QUEIMADAS NA AMAZÔNIA.

 

#ADEHOJE – O QUE BOLSONARO REALMENTE PRETENDE?

#ADEHOJE – O QUE BOLSONARO REALMENTE PRETENDE?

Só um minuto – Essa é a questão. Por que ele está esticando o elástico? 54 mortos no presídio de Altamira, no Pará; líder indígena assassinado; o mundo caindo e o Homem que nos desgoverna brincando para ver até onde vão nossos nervos, que já chegam nos limites com suas declarações e afirmações estapafúrdias. Agora, a declaração infeliz, eu diria até escrota, sobre o pai do presidente da OAB, assassinado pela ditadura, envergou o copo de boa parte da sociedade civil. Sociedade esta que parece estar letárgica. Bolsonaro nega ainda as amplas investigações da Comissão da Verdade. Todo dia, toda hora…

Faz um live cortando o cabelo, depois de desmarcar encontro importante com um representante da França, e aparece meio Hitler, com cabelinho caindo, e reafirma os seus próprios despropósitos.

Aí tem. Fiquemos alertas.

#ADEHOJE – O ESTADO É TERRIVELMENTE LAICO, SENHOR!

#ADEHOJE – ESTADO É TERRIVELMENTE LAICO, SENHOR!

 

SÓ UM MINUTO – Repitam comigo para ver se acabam ouvindo: O ESTADO É LAICO, O ESTADO É LAICO, O ESTADO É LAICO.

Na verdade, que preguiça que dá até criticar as falas desse homem que nos desgoverna, vai saber até quando e onde vai chegar com esses abusos, absurdos. Que história é essa de que vai indicar um ministro para o STF terrivelmente evangélico? Que declaração é essa? ”O Estado é laico, mas nós somos cristãos”. Quem ele pensa que é? Haverá reação? Espero que sim, inclusive do próprio STF. Porque isso é um tabefe cara de todos os brasileiros, de todas as religiões, de todos os credos

Reforma da Previdência sendo votada como uma novela. Posso estar enganada, mas algo me diz que esse resultado não vai ser legal. Bem, para mim, pessoalmente, que estou precisando me aposentar, já não é legal. Tudo parado no INSS.

Morre Paulo Henrique Amorim, que lembro como um jornalista que tinha bom humor. Todas as vezes que o encontrei, achei ele bem engraçado. Descanse em paz. Morreu ainda o sociólogo Chico de Oliveira, um dos fundadores e hoje era um crítico, do PT. Mês difícil.

#ADEHOJE – DROGAS NO AVIÃO DE BOLSONARO E COMITIVA: COCAÍNA

#ADEHOJE – DROGAS NO AVIÃO DE BOLSONARO E COMITIVA: COCAÍNA

Só um minuto – Preciso dizer a você o número de piadas, memes, cartuns, reações imediatas à prisão do Sargento do Exército com 39 quilos de cocaína lá na Espanha, em Sevilha? Ele estava no avião da FAB parte da comitiva do presidente, que viajou ao Japão e teria escalas também na Espanha. O humor brasileiro se mantém acima de qualquer liturgia. Bolsonaro acabou fazendo escala em Portugal. As piadas continuam no Brasil, onde o mínimo que se diz é que o avião presidencial sempre carrega drogas, não é surpresa.

Antes de viajar, mandou projetos de lei sobre armas – mas tudo igual que nem. Vamos ver como o Congresso reage.

Reforma da Previdência dando seus passos curtinhos, pulinhos. Vai chegar só no segundo semestre pelo que vimos, assim como o julgamento de Lula. O pessoal do STF ontem deu mais uma volta na chave, pelo menos até agosto.

ARTIGO – Bang Bang geral. Por Marli Gonçalves

Mãos ao alto! A bolsa ou a vida!– ah, agora nem tem mais isso. É a frio mesmo, ou com aquele linguajar de “mano”: perdeu. O mundo está virado. As pessoas estão loucas. Loucas e inseguras, em todos os lugares. Nos centros urbanos. Nas cidades do interior as explosões viraram rotina. O medo impera em todas as classes sociais, e a morte pode vir por nada. Ou por tudo isso.

 Mas não se preocupem. Os seus problemas acabaram. O governo acaba de anunciar a criação de mais um órgão, instituição, elefante branco, ralo, nome, título pomposo – você escolhe como quer chamar o tal SUSP – Sistema Único de Segurança Pública, seja lá o que isso queira dizer. Se acompanhar seu irmão da Saúde, o SUS, já viram em que brejo estaremos.

Vai fechando a garganta e agora piora porque a gente assiste ao crime, várias vezes, com vários ângulos, gravados por câmeras – às vezes até da própria vítima – espalhadas pelas cidades que ainda são burras. Câmeras, quem sabe um dia se por ventura nos transformarmos em cidades inteligentes poderão servir para garantir sobrevivência, não só registrar o que já está virando até certo sadismo. Algumas tevês ainda editam ou cortam partes mais violentas, outras aumentam a audiência mostrando tudo, ad nauseam, repetidamente, com apresentadores babando em cima.

Teve bate-boca severo por aí esses dias, com o caso da PM que, certeira, detonou o peito do ladrão na porta da escola onde estava com a sua filha. Houve  outros casos de reação, mas esse foi emblemático, porque era uma mãe, policial, loura, véspera de Dia das Mães, e ainda homenageada com flores pelo governador em ano de eleição; tudo bem enganchado, como se fala na linguagem jornalística.

Quem em sã consciência pode criticar? Há muito não via uma legítima defesa tão bem executada, exímia. O problema é que isso está dando margem para a volta dos dinossauros, dos trogloditas que ficam atirando insanidades de seus computadores, e acabam apoiando e piorando essa terrível escalada da violência – o bang bang – em que vivemos, ressalte-se que não é só no nosso país. Mas aqui temos mais ignorantes de plantão ou, pior, nas ruas, como candidatos, se aproveitando da aflição alheia.

Não há seriedade em torno de soluções. A intervenção no Rio de Janeiro – e as alarmantes ocorrências diárias contínuas com aumento de 86% de tiroteios, por exemplo – demonstrou ainda que não há também respeito a qualquer farda, nem verde. Virou um pega para capar. Uma caçada cruel. Bandidos X policiais X cidadãos, em todas as ordens dos fatores.

O buraco, que não é só o da bala, é mais embaixo. Não há políticas públicas ou sociais que analisem os fatos, a expansão das organizações criminosas, as regras penais, socialização, corrupção de autoridades. Pensam em criar verbas para segurança expandindo nada mais nada menos do que os jogos de azar, loterias. Deve vir algum também dos senhores das armas e suas empresas de calibres mortais.

Enquanto isso, as pessoas por aí pensam em se armar para enfrentar o clima de Velho Oeste, os arrastões nos saloons, defesa de seus bens e propriedades. Daqui a pouco algum gênio da raça vai propor a distribuição de vistosas e brilhantes estrelas de xerife.

Para se armar, tem de saber o que é uma arma, como se usa, onde guardar, e ter a cabeça no lugar. Há muitos anos, ainda no Jornal da Tarde, fiz um curso de tiro (e modestamente creio que ainda atiro bem) para uma reportagem sobre o assunto. À época estava frequente a morte de adolescentes que esqueciam a chave para entrar pé ante pé em casa de madrugada, e de crianças, mortas pelos próprios pais e suas pistolas guardadas debaixo do travesseiro. O coitadinho sentia medo no meio da noite, ia pedir achego na caminha e tomava um tiro, ali na porta do quarto, confundido com invasores. Vi muitos casos.

Temo uma nova onda de armamento. Nunca tive problemas com armas, que meu pai usava e sempre me ensinou o perigo delas. Mas gosto mesmo é de lembrar de minha mãe se defendendo com boas panelas na mão, ou com tamancos de madeira que tirava rápido dos pés quando alguém mexia com a gente.

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Marli Gonçalves, jornalista – Apenas para lembrar: há profissões que obrigam a jamais recuar diante do perigo ou de algum fato, mesmo não estando em serviço. Médicos devem se apresentar. Jornalista é outra delas – o dever de denunciar malfeitos é juramento (espero que os novos profissionais saibam disso). Os policiais também o são 24 horas, fardados ou não. Não tem nem conversa.

marli@brickmann.com.br/ marligo@uol.com.br

 Brasil, segurança seria progresso, 2018

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ARTIGO – Viramos avestruzes. Parece. Por Marli Gonçalves

?Já que nem é verdade que aquelas aves grandonas, frangões enormes, se escondem, enfiam a cabeça no buraco – até porque nem seriam malucas e a natureza é sábia – a comparação serve só para ilustrar. Porque quem está enfiando a cabeça na terra para não ver, ou fazendo logo como aqueles três macaquinhos – não ver, não ouvir, não falar – somos nós, os humanos. Especialmente nós, os humanos brasileiros, coisa verde e amarela. Puxa, tem nem uminha musiqueta de protesto? Uminha, vai!

animated-gifs-ostriches-22AlôôÔ! Posso saber o que é que está acontecendo? Alguém pode dizer? Será a água (a pouca que temos? Alguém pingou “desmemoriol” ou “apatiol” na caixa dágua geral? Vamos continuar só sussurrando entre nós que a crise está brava, que o país está desgovernado, parado, estupefato, atrasado? Que a crise está batendo toc,toc,toc na porta e a gente ainda fazendo de conta que não está escutando. Logo só o nariz vai estar para fora e a gente saltitando na ponta do pé. Acaso estamos esperando algum super-herói vir nos socorrer? Temo ter de informar que o último que estava sendo esperado, o Batman Joaquim Barbosa, resolveu se recolher e ficar lá no Supremo, onde, aliás, passou a ser mesmo de fundamental importância.

Más notícias: não temos super heróis, o Papa anda super ocupado com outras coisas, que agora incluem até a sua Argentina; fora que ainda, pois é, não está comprovado que Deus é brasileiro – parece que é mentira. Até o Obama cansou de escutar nossas conversas: deve ter ficado pasmo com o que ouvia, negociata em cima de negociata, com o nível geral das conversas, entre si e uns mais que outros, dos políticos, empresários, governantes e assemelhados. No momento mesmo, a cada diálogo revelado nossos cabelinhos ficam em pé, tão “republicanos” que são. “Você é nosso e nós somos teu”, a mensagem escrita pelo petista Vacarezza no SMS mandado ao Governador Sergio Cabral, era apenas um leve, levíssimo, prenúncio do que ainda iríamos ver, ouvir, saber. Tem mais: nossa presidente e seu imenso ministério – um rabo com quase 40 atarracados – está lá batendo pino, zoada, diríamos. Continua irritada e distribuindo tabefes verbais enquanto manda alguns fazerem o papel de sonsos, nos azeitar, amanteigar. Enquanto isso, jornalistas ficam úmidos, babam e se espremem para sorver as palavras do ex, espectro, agora sempre previamente escolhidas, para uma plateia amestrada como focas.sanden

Assim, continuando a ligação animal do início desta conversa, a inflação está galopante e não é para combinar com o ano chinês do Cavalo de Fogo. Estamos com nossa auto estima completamente arranhada, pó unhas e patas de gatinhos e tigrões, e – vai, admita! – nos mantemos em pânico absoluto, sem conseguir antever sobre o que acontecerá até a Copa. Até as eleições. Até a chegada ou retorno do bom velhinho, se é que até ele não mudará de rota com medo de suas renas serem assaltadas ou seus sacos de presente “aliviados”. Isso, claro, se não aparecer ninguém pintando uma faixa, cobrando alguma taxa ou inventando algum imposto novo pro coitado voar nossos ares. Viram como andam nossas estatais.

Não bastasse há uma coisa nervos à flor da pele, faca nos dentes, acometendo a população de Norte a Sul. Não junta nem dez e já alguma coisa pega fogo, a avenida ou estrada é bloqueada, chovem pedras e gases, e o protesto que era para ser pacífico blábláblá. Aposentaram os blackbobocas; foram pra gaveta junto com os ninjas. É ação e reação, só que localizadas. A polícia chega rasgando, bomba pra lá, bomba pra cá. Feridos, na certa. E o espectro da morte por ali, rondando. Qualquer coisa. Uma fagulha. Tudo isolado. Se até organização criminosa protesta! Faz a conta: a frota de ônibus nacional sofre grande e grave revés. Agora já nem saem mais das garagens – os caras vão lá e queimam a garagem inteira. Concentrado.

gifs-animados-avestruces-915622Uma das grandes preocupações recentemente eram os arrastões em restaurantes. Agora já estão alhures, rolando até em lanchonetes e padarias de esquina – devem render só trocados, porque todo mundo está Durango Kid. A coisa está feia. Na dúvida o pessoal das Olimpíadas de 2016 já toma posição, com uma espécie de intervenção. Porque se estão vendo na Copa… Imagine nas Olimpíadas.

Não vou me estender mais porque sei que você sabe. Todos os leitores já se perguntaram coisas como “como assim um quilo de carne estar custando isso?”, “como assim um pedaço de melancia a 10 reais?”, “como assim essa conta de luz, de telefone, celular que não funciona, como assim esses impostos novos, mais essas leis incumpríveis?”, “como assim tanta roubalheira de dinheiro público, agora o pessoal rouba e nem tenta fazer”? Como assim?

ostrich4Falamos entre nós. Ouvimos nas ruas. Vemos a nossa situação e a de amigos. Precisamos e não temos o que pagamos para ter, como Saúde, Educação, Infraestrutura. O burburinho está crescendo, e sussurros qualquer hora viram gritos. Só que está demorando; estamos paralisados e divididos, mesmo concordando em tanta coisa.

Andamos cabisbaixos. Um país triste e perplexo.

graphics-swans-487640Viraremos avestruzes, porque nossas cabeças também não serão visíveis e estarão perto do chão quando tentarmos nos esconder, assustados com tantos predadores. Vamos começar a ouvir o canto dos cisnes. Mas os cisnes – sinto informar – não cantam. São mudos. Iguais a como nós estamos.

São Paulo, 2014Marli Gonçalves é jornalista Nem pensar em Ovos de Páscoa. Até porque podem vir recheados só com ar, numa revolução de coelhos.

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E-mails:
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marligo@uol.com.br

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Mais uma do (IN) Feliciano! Agora quer censurar. Agora é que nós vamos divulgar o vídeo do Porta dos Fundos, otário!

Marco Feliciano faz campanha para retirar vídeo do Porta dos Fundos do ar

DO UOL

O deputado federal Marco Feliciano usou sua conta no Twitter para iniciar uma campanha contra um vídeo do coletivo de humor Porta dos Fundos.

Publicado nesta segunda (19), o vídeo “Oh, Meu Deus!” mostra a atriz e cantora Clarice Falcão interpretando uma mulher que vai ao ginecologista e lá descobrem uma imagem de Jesus Cristo em sua vagina.

Incomodado com o conteúdo do vídeo, o pastor evangélico escreveu no microblog “Assim caminha a humanidade… Vídeo podre! Ajudem a denunciar para retira-lo do ar —>” e reproduziu o link do vídeo.

Até o momento da publicação deste texto, o post de Feliciano já havia sido retuitado 249 vezes. O vídeo do Porta dos Fundos já foi visto por mais de 283 mil pessoas.

Conhecido pelo humor politicamente incorreto, o Porta dos Fundos já havia abordado religião em vídeos como “Demônio”, “Deus” e “Confessionário”.

Bolsonaro, engraçadinho.

torch01Fogueteiro

O polêmico deputado federal Jair Bolsonaro (PPRJ), que mora num condomínio colado ao Sheraton,
na Barra da Tijuca, endoidou de vez. Para se vingar do barulho da máquina de ar-condicionado instalada
nos fundos do hotel, voltou a lançar fogos de artifício em direção ao vizinho, incomodando não
apenas os hóspedes, mas toda a redondeza.

NOTA DE  AMANHÃ,NA COLUNA DE AZIZ AHMED, O POVO/RIO DE JANEIRO

E, enquanto isso, a homofobia ataca. Ofner será processada por casal gay

Mônica Bergamo: casal de homossexuais processa doceria Ofner por homofobia

DE SÃO PAULO

Um casal de homossexuais está processando a Ofner, uma das principais redes de docerias de São Paulo, por homofobia praticada por seus funcionários. A informação é da coluna Mônica Bergamo publicada na edição desta segunda-feira da Folha (a íntegra do texto está disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Ao se abraçar, o casal teria sido repreendido por um segurança da empresa, que teria dito que ‘isso aqui é lugar de família’ e que ‘dois homens se pegando é coisa de bicha’.

O porta-voz da Ofner disse que essa não é a atitude da empresa e que a rede orienta os funcionários a não questionar qualquer comportamento dos clientes.

 http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/837718-monica-bergamo-casal-de-homossexuais-processa-doceria-ofner-por-homofobia.shtml