ARTIGO – A gente não quer só…Por Marli Gonçalves

A gente não quer só eleições, a gente quer muito mais: eleições livres, e que nos livrem, seguras e, pelo que parece, divertidas, embora a realidade seja de chorar. A gente quer respeito. Embora também pareça que queremos conflitos, ao menos nas redes sociais onde os grupos se enfrentam diariamente armados de memes, hashtags e arrobas num velocidade espantosa.

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O problema geral é que não estamos vivendo uma piada, mas uma situação e um momento entre os mais sérios dos últimos anos. Quem está no poder está usando isso, aproveitando as grotescas gracinhas nesse ambiente para passar outras boiadas, muitas boiadas. Como a dos empresários do horror planejando golpe de Estado, as motociatas e passeios em pleno momento expediente e o Brasil à deriva.

Tudo é marketing político, para um, pra outro, para outros, ou mesmo para quem se dá bem sendo compartilhado com a assustadora rapidez em que as coisas acontecem nesse mundo virtual povoado de gente e robôs, de informações e mentiras, mas também de uma criatividade sem limites.

Todo dia tem novidades, e essa semana foi especialmente pródiga, culminando com o impagável chamado de “tchutchuca do Centrão”, ouvido na rebordosa que um jovem e  confuso youtuber promoveu no cercadinho do Planalto, e que irritou o presidente a ponto dele próprio voar para cima do menino tentando tirar seu celular que tudo gravava. Uma cena antológica.

Só que ele já estava com uma baita indigestão, e o tchutchuca foi gota de água cuspida no presidente capaz de falar mais besteiras por minuto de que temos notícia e de destratar jornalistas e seus próprios assessores quando se vê emparedado.

Começou com a festejada posse de Alexandre de Moraes na presidência do TSE, Tribunal Superior Eleitoral, que reuniu desafetos de toda ordem. O próprio ministro, com Bolsonaro sentadinho ao lado mais do que com cara de poucos amigos, com cara de tacho, cara de “o que eu tô fazendo aqui?”, entre outras que você pensou aí se viu as imagens. Diante dele, sentadinhos na primeira fila, um festejado Lula, e Dilma, Sarney, Temer. E também, na pontinha, mostrados de vez em quando, os inquietos e abismados ministros do STF indicados recentemente, André Mendonça e Kassio Marques. Um dos maiores registros de saia justa literal de que tivemos notícia.

O caloroso discurso de Alexandre de Moraes a favor do processo eleitoral e da democracia arrancando aplausos entusiastas da plateia, que chegou a aplaudir de pé em alguns momentos. O presidente pálido, crispado, parecia estar brincando de estátua! – assim como o filhote chefe da campanha. Sobrou até para o tchutchuca anterior, Paulo Guedes (assim foi chamado numa recente audiência pública), que teve de sair mais miudinho do que já é explicando porque deu as mãos, cumprimentou Lula. (Fora isso, claro, teve a cena de Dilma Rousseff de cara virada pro Michel Temer).

Isso é que foi festa.

Mas do lado de fora desses encontros, nas redes sociais, na internet, é que se dão tanto as nossas alegrias com piadas, charges, memes impagáveis, quanto os confrontos com as tentativas de respostas nesse triste ambiente ainda tão dividido. Pelo menos ali não rola sangue. Só grosserias nada chiques capazes de corar os influencers de etiqueta social que achavam que o saco roxo do Collor poderia ter sido o ápice.

A agilidade – no Twitter em poucos minutos centenas de milhares de citações, com compartilhamento dos vídeos, charges, memes, trocadilhos, e até versões musicais do tchutchuca do Centrão, o apelido que veio pra ficar – foi realmente impressionante, espantosa.

Mas na realidade silenciamos, porque pode até parecer brincadeira – mas não é – quando esse presidente anuncia exultante em suas lives a diminuição de impostos sobre jetskis, ou sobre – no país que tem muita fome – de whey protein, albumina, de suplementos nutritivos esportivos. E seu próprio perfil oficial publica a foto de um fisiculturista com uma cara parecida com a sua e o seu número de campanha grudado na sunga.

O que a gente faz? Ri ou chora copiosamente de vergonha?

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Reality Show de pobre. Por Marli Gonçalves

Não dá para escapar, tipo como a gente faz com os BBBs da vida. Não adianta trocar de canal. Na internet é a mesma coisa. Nem adiantaria mudar de cidade, Estado ou país. Não adianta. Espalhou-se. Não se fala em outra coisa. Todo mundo sabendo, o mundo inteiro está acompanhando, talvez nem com tanto interesse quanto a gente, mas está. Especialmente na América Latina, que está vendo por que esse continente nunca sai da miséria. Só entra nela, como no caso da Venezuela

Mais de dois anos. O novelo da novela começou a se desenrolar e agora parece que não vai acabar é nunca mais. Cada vez se embaraça, trança mais gente. Não me lembro de um dia sequer que não tenha havido notícias, mentidos e desmentidos. Depois, como agora, chegam na tevê mais elaboradas, com imagens, sons e até – pasmem – duas câmeras ambiente, como foi a gravação do depoimento daquele senhor arrogante e convencido chamado Lula e o seu séquito de advogados de uma família só. Pai, filha, genro. O pai, Roberto Teixeira, o compadre de velhas denúncias que jamais foram bem esclarecidas; por exemplo, a da nebulosa venda da Varig. O genro, o enjoado Cristiano Zanin, agora famoso, finalmente, figura tinhosa, casado com a empertigada Valeska, ex-gorda, como ela própria declarou à época dos embates com Denise Abreu, que foi quem em 2008 mostrou as provas do conluio e que já apontava que eles usavam Lula para tudo.

Se à época das denúncias sobre a venda estas tivessem sido levadas a sério como deveriam, babau. Não teria havido Dilma presidente, e o ciclo da lambança talvez não alcançasse em um estágio tão sério assim. Já havia mensalão, a maldição da Casa Civil, fatos questionáveis como os da área de energia por onde também Dilma passou. E passou Lobão, Os Três porquinhos, outros chapeuzinhos vermelhos. Mas o vento soprou e a casa caiu. Ou melhor, está caindo, lentamente, desmoronando, caçando um a um em todos os aposentos.

São capítulos imperdíveis, narrados com cenas pitorescas que atiçam nossa imaginação. Estamos assistindo diariamente a um seriado sobre como funcionam os intestinos do poder. O que comem, como processam, como se reproduzem, e o que regurgitam. Mais a parte que usaram para criar a gordura dos seus luxos, os excessos que os deixavam felizes e ao qual chamavam Projeto de Poder. Projeto de poder popular, alguns ousavam dizer. Pior, tem por aí quem ainda acredite nisso.

Quando pensávamos que Lula seria o ápice, surpresa! Tem mais. Vai ao ar uma descontraída Monica Moura que, ao lado do marido, João Santana, privou da maior intimidade com todos eles, já que foram os responsáveis, ao fim e ao cabo, por tê-los posto lá. Agora sabemos melhor o quanto custou sermos enganados durante mais de uma década pela propaganda. Vê-los ganhar mais de uma campanha presidencial mentindo, jogando areia nos olhos, prometendo mundos com nossos fundos.

Nesse reality só está faltando edredom. Quero dizer, está faltando que saibamos detalhes, porque no meio da história já apareceram vários casos bem amorosos, com apelidos bastante significativos.

Feche os olhos. Imagine que beleza o João Santana e o Delcídio do Amaral, nus, dentro de uma sauna, batendo papo e combinando ações. O Fernando Pimentel, atual governador de Minas, sempre suspeito, chegando com uma malinha recheada de dinheiro em um flat, e Monica Moura, linda e loura, lá, só esperando ele chegar para contar a bufunfa que lhe era devida.

Também gostei de imaginar a cena dela passeando com Dilma pelos jardins do Palácio, imaginar a confusa Dilma (no caso, Iolanda) escrevendo um e-mail em código tentando avisar algo. Adorando imaginar o Zé Eduardo Cardozo se contorcendo de ódio porque foi dito o óbvio sobre o vazamento (para os alvos) das operações. E o sisudo Franklin Martins? Até sumiu para não ter de explicar os milhões de dólares que cobrou para ir sacanear as campanhas lá na África.

Quanta coisa já vimos ou ficamos sabendo nesses últimos tempos, enquanto por causa disso tudo temos de tentar, com muita dificuldade, nos manter com a cabeça fora d´água.

A política toda está de cabeça para baixo e não sei se as pessoas se deram conta do significado disso e do quanto penaremos ainda para reconstruir o país e a confiança nesses tempos tão agitados. Como nos reality shows mais conhecidos, teremos de eliminá-los, um a um.

Mas sem vencedores, porque esses participantes já levaram escondido o prêmio de muito mais de um milhão, um milhão e meio. Pensam em dólares. E já ganharam casas, apartamentos, lanchas, sítios, viagens com tudo pago.

Deve ter sido tudo obra da Dona Marisa.

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marli em redMarli Gonçalves, jornalista – Mais matracas vão abrir a boca e essa novela vai bem mais longe que Redenção. Ainda vamos assistir a várias temporadas e vai ter muita malhação pela frente.

Brasil, 2017

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marligo@uol.com.br

marli@brickmann.com.br

@MarliGo

É verdade. Tadinha de nós, mulheres. Com tantas mulheres concorrendo, ninguém fala o que vai fazer por nossas causas

fonte: nota da coluna arquivo confidencial – AZIZ AHMED – O POVO /RJ

Uma verdadeira saia justa

femaleSaia justa é isso que vou contar: o Brasil tem 74,4 milhões de eleitoras, 52% do total e, pela primeira vez, três mulheres disputam a Presidência da República: Dilma Rousseff, Marina Silva e Luciana Genro. Agora, a menos de um mês das eleições, movimentos e entidades feministas, mais blogs assinados por conhecidas figuras femininas, estão reclamando que, malgrado essa inédita situação, nenhuma delas até agora apresentou uma só proposta a favor da classe das saias, seja no emprego, violência doméstica, desigualdades, restrição de direitos sexuais ou de reprodução.

Pior: não há sinal de que, pelos menos, façam alguma proposta.

Ihhh!!! Que coisa. Que encrenca. Que cueca justa. Cinco ministros encrespam com segurança de Obama

DO CLAUDIO HUMBERTO

 

Cinco ministros se recusaram a revista
e foram embora em sinal de protesto

MINISTROS: FORA DA FESTA NO CÉU

DILMA E OBAMA NÃO PERCEBERAM O INCIDENTE

 Cinco ministros brasileiros se retiraram em sinal de protesto, no centro de convenções Brasil 21, em Brasília, quando chegavam para participar do encontro do presidente americano Barack Obama com empresários americanos e brasileiros, promovido pela Confederação Nacional da Indústria. Os agentes de segurança, presentes ao evento, condicionaram o acesso dos ministros à revista. Eles se recusaram e foram embora, em sinal de protesto. O incidente ocorreu com os ministros Edson Lobão (Minas e Energia), Paulo Bernardo (Planejamento), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Guido Mantega (Fazenda) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia).