ARTIGO – A voluntariosa. Por Marli Gonçalves

llorarcrunchPassamos dias ouvindo falar maravilhas deles, lembrados e homenageados na abertura e no encerramento, aparecendo sempre felizes, cordatos e sorridentes, mesmo quando obrigados a usar uma roupa horrorosa como aquela dos que entregavam as medalhas. Disseram até que o sucesso do evento se deveu muito a eles, aos milhares de voluntários que participaram da Olimpíada e que ainda ouviremos falar atuando na Paraolimpíadas.

Palavra positiva, ato positivo, merecedor de elogios, tudo o que se faz de oferecimento, de bom grado e boa vontade nesse mundo tão cheio de egoísmo e tristezas é bom motivo para reconhecimento. Pensei na palavra também como singular, desprovida de bens, desinteressada, perambulando por aí à procura de alguém que precise de alguma ajuda. Os voluntários normalmente são seres quase invisíveis. Foi importante vê-los materializados, brasileiros e estrangeiros, mais de 50 mil inscritos, entrevistados, fichados, vasculhados, que tínhamos medo de ataque, de infiltrados, lembra?

Voluntários são também alguns movimentos, do nosso corpo, por exemplo, quando repetimos instintivamente reflexos, que, contudo, também podem ser involuntários para confundir o cérebro, de onde saem todos os comandos.

Mas pega a palavra daqui, estica ela de lá, puxa para cá, não é que acabei por chegar à política nacional? Nos novos voluntários da pátria? Estamos cheios deles, todos agindo em nosso nome, juntos e misturados. Afinal, não é bolinho ficar ali num grupinho ardiloso e visivelmente minoritário sentado juntinho na primeira fila defendendo há meses um legado fracassado, tentando atrapalhar qualquer bola quicando no gol, e às vezes até esporte virulento, exercício de chatice, lance teatral, bola cantada e ensaiada. Um mini coro, que já integra o folclore. Narizinho, Lindinho, Jardim de Infância, andam cheios de hematomas de tanto apanhar nos plenários da vida.

E tudo isso, para defender quem? Nada menos que A voluntariosa, que fez e aconteceu, ou não fez, não viu e aconteceu. Avisada, deu de ombros. Ignorou aliados e desalinhados. Caprichosa, teimosa, imperial. Assistiu o país indo para o ralo e, se fizermos as contas nos deixou completamente sem governo praticamente desde que assumiu o segundo mandato, em mentirosa eleição. Não houve dia de sossego, em que não tivesse de se defender de alguma acusação, grande parte das vezes ou vinda de pessoas e do universo ao seu redor ou sobre elas próprias e seu partido. Tem a praga da Casa Civil, a saga da tesouraria do partido, a síndrome da amnésia, a crise de golpe-soluço; tem os momentos de históricos discursos sem-pé-nem-cabeça ao som de caxirolas. O bate o pé, bate aqui o meu pezinho, birrenta, marrentinha.

Sem esquecer, claro, mas isso até é acessório, os momentos regime, momentos pedaladas no meio dos carros para demonstrar tranquilidade, dias de cara virada para o padrinho e ataques de fúria vazados para a imprensa. Fora o lado tinhoso e o jeito de dar chás de cadeira memoráveis a certas pessoas. Virou refém de si mesma se distanciando sem perceber dela própria, da tal coração valente, da mulher ativa que enfrentou um câncer, a ditadura, a prisão, a primeira a chegar à presidência.

Vivemos, involuntariamente, os últimos dias de um doloroso processo que ninguém em sã consciência gostaria de estar vivendo, mas para isso foi levado, e não há como não admitir isso, nem que seja com seus próprios botões, que ainda vejo amigos queridos se debatendo publicamente em estertores. Cada dia é mais claro que o motivo do papel que vai ser julgado para o afastamento é um, pesado, mas um; e que aqui do lado de fora o motivo pelo qual o povo está bem pacato assistindo o desenrolar da novela é o conjunto da obra, visível de forma límpida, sentido na pele de várias formas, diversificadas peles.

Ninguém aguenta mais – essa é a verdade. Voluntários já estão a postos – espero – para logo depois dessa falação toda com direito a choros, fúrias, gafes, e que veremos entre batidas na mesa e palavras duras, começar a empurrar a engrenagem para o dia seguinte em diante.

Botando os olhos bem abertos, de butuca, em cima do homem que se voluntariou para ocupar o espaço e o poder, e que também desde que sentou na tal cadeira faz de tudo para se desvencilhar da trama que também fiou.

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Marli Gonçalves, jornalista – Só falta aparecer algo como aquela imagem do Tio Sam procurando voluntários com o dedo apontado, dizendo que precisava de gente para a guerra. Imaginem que filme de terror.

SP, ligada em Brasília para setembro raiar, 2016

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ARTIGO – Qual será seu slogan para este ano? Por Marli Gonçalves

frog-x-letterPensou em algum? Será como uma ordem para nós mesmos. Ordem simples, daquelas para o cérebro entender e atender. Mas, por favor, pense em algo realizável, compreensível. Não faça como os lemas que inventam para nosso país e que acabam sempre por nos envergonhar no fim do filme

Todo ano – aprendi com um amigo empresário de grande sucesso – é importante você focar em uma palavra ou pensamento, talvez uma frase que você mesmo crie, uma coisa sua. Escrever e deixar sempre à mão para não esquecer, para ela entrar bem no cérebro, naquele local onde dizem que se fabricam as realidades desde que bem pensadas ou desejadas. Uma só. Palavra ou frase, uma ordem, que passa a ser ordem superior e o legal é que esse ser superior é você mesmo. Não é lista de desejos, rol de promessas, não sei se estou sendo clara. É como se fossemos um produto e ela, palavra ou frase, o nosso slogan, a nossa atribuição, tipo batata frita daquela marca “É impossível comer um só”. Fique bem longe das pieguices como esse que agora inventaram para o Brasil neste segundo mandato porque mais uma vez é muito ruim, tanto como o do país rico é país sem pobreza, sem miséria, coisa parecida. Acabou um mandato e vimos que não somos um país rico. Mesmo.

Agora é Brasil, Pátria educadora. Oi? Esse povo anda bebendo o quê? Tem coisa mais boba, nacionalista? Coisa mais distante do salto real que precisamos mesmo dar à Educação do país? Educação vista no sentido amplo, que não é só escola. É Futuro. Aliás, continuo achando mais verdadeiro aquele que a gente sempre fala, extraoficialmente, entre nós: Brasil, o País do Futuro. Que nunca chega.

A minha proposta não é igual a uma meta, foco, meta com foco, palavras que propugnam tantos administradores que até me arrepiam porque gostariam de formar exércitos de pessoas iguais e sem expor emoções nas companhias.

É uma coisa mais particular. Engraçado é que, embora eu faça isso já há alguns anos, não há jeito maneira de lembrar das anteriores. Ainda não achei qual será a deste ano, mas a de 2014, por exemplo, posso contar, foi “Não desista” . Imprimi em fonte grande. Fiz coloridos e efeitos especiais para que sambasse aos meus olhos todo dia e botei na tela do computador, aliás, em todas as telas com descanso para que ficasse passando na minha frente de vez em quando, como letreiro. Parece que deu certo, porque não desisti, e olha que não foi fácil, acreditem. Talvez até mantenha essa também como palavra de ordem vitalícia. Talvez troque por não esmoreça. Pensei também em paciência. Pode ser que escolha Viver um dia depois do outro, sem aflição. Concorrem ainda Avante, sem medo, Poupe suas forças, ou simplesmente Apareça.

Demorará ainda alguns dias até – pelo menos eu que estou sempre em dúvidas sobre isto ou aquilo – decidir de vez. Primeiro hei de sentir a “pegada” do ano. Ver qual a inspiração, o que dará sobrevivência e prazer; ser jornalista, descobrir coisas, desvendar e aparar injustiças, localizar os raros que têm reputação a zelar e que a consideram importante, público alvo do nosso trabalho de comunicação empresarial.

Às vezes penso que poderia até escrever um bom livro desses de autoajuda, onde relataria tudo que aprendi e observei nesses anos todos de vida, ouvindo e tentando, no mínimo, ser solidária. Tomo na cabeça. Me desiludo e decepciono, mas penso que um dia, quem sabe, será diferente – serei compreendida em toda a minha essência, bagunçada, mas verdadeira. Odeio, abomino, simplesmente detesto ver pessoas de que eu gosto com algum perrengue. É até meio infantil esse meu comportamento, tenho consciência, fazer o quê? Sou assim.graphics-best-friend-198591

Sempre a hora que lembro o quanto eu gostaria de ter poderes, ser fada (ou bruxa) para evocar ajuda e solução. Mas isso não tenho nem para mim.

Abracadabra!magician

São Paulo, engata a primeira, 2015

Marli Gonçalves é jornalista – Tem uma boa, que pode usar e só fará bem: “Você é uma pessoa amada” . Em algum canto desse mundo haverá alguém que concorde. Tomara, né?

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Malucos candidatos malucos…

calvinCoisa de doido

Candidato ao Senado, João Paulo (PT-PE) virou alvo de chacota após entrevista sobre maioridade penal na qual falou de valorização da vida, meditação transcendental e terminou contando sobre amigo que tentou suicídio e cujo dia mais feliz da vida foi quando conseguiu fazer cocô.

 

fonte: COLUNA CLAUDIO HUMBERTO / DIÁRIO DO PODER