ARTIGO – Feminismo popular. Ninguém é Bruaca. Por Marli Gonçalves

O feminismo ganhando o que mais precisa, divulgação e entendimento de sua simplicidade e importância na força da ação e reação feminina. Está uma delícia. Todos os dias temos visto manifestações – algumas até bem engraçadas – de mulheres brasileiras revoltadas e resolvendo a situação com seus companheiros de forma inusitada: expondo o “gajo” nas redes. Na tevê, a reação das oprimidas faz sucesso e ensina de várias formas que há solução.

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A primeira é não se calar, e o quanto antes. É uma que “vira” onça diante do motel onde está sendo traída, e filma tudo.  A outra que gruda um cartaz no carro do companheiro traidor dando conselhos e inclusive apoiando, vejam só, a amante, pedindo respeito a ela também. Isso se espalha, viraliza. A sororidade se destaca mostrada com sucesso em personagens de novelas, como a Maria chamada de  Bruaca, de Pantanal, reagindo ao entender a situação vivida durante toda uma vida ao lado de um homem horrível,  machista, grosso, nocivo, tóxico, ao qual venerava até descobrir que, inclusive, o tal manteria outra família.

Em um país onde impera a desigualdade, os riscos e violência, e a ignorância tenta a cada dia botar mais as manguinhas de fora, é reconfortante assistir a matérias e matérias repercutindo a opinião de mulheres sobre como estão dando a volta por cima. Ou como estão entendendo muito bem o recado de que sempre chega a hora do “Basta!”. E que esse ponto final poderá salvar suas próprias vidas. O Brasil ainda ocupa o quinto país do mundo em mortes violentas de mulheres segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos – dado vergonhoso e que infelizmente se mantém, apenas piorado, ao longo dos últimos anos.

Em 2020 e 2021 houve uma severa explosão dos casos de violência contra a mulher e feminicídios – o assassinato de mulheres e meninas por questões de gênero, ou seja, exclusivamente em função do menosprezo ou discriminação à condição feminina. A pandemia de Covid, que obrigou ao isolamento, tornou a situação ainda mais calamitosa, especialmente entre as mulheres negras e mais pobres, mas atingindo brusca e diretamente a todas.

As denúncias recebidas pelo Disque Denúncia de São Paulo cresceram 35% em março deste ano, comparando com o mesmo período do ano passado. Em março deste ano foram 57 denúncias, contra 42 em março de 2021. Apenas no primeiro trimestre de 2022, foram 140 relatos de feminicídio no Estado – mais de um por dia!

Nos últimos anos o país tem piorado em muitas questões, particularmente algumas ligadas ao comportamento humano e liberdade individual, ou ligadas às minorias. Todos os dias ouvimos relatos de racismo, manifestações de violência contra as mulheres e contra a população LBGTQIA+.

Uma situação que não envolve apenas as mulheres, em geral atacadas por pessoas próximas, seus companheiros ou ex-companheiros, mas também seus filhos que muitas vezes presenciam esses atos. Atos e números desleais que precisam ser estancados, e luta para a qual todas as mulheres, maioria da população, deve assumir seu papel. Em todos os canais, inclusive políticos.

Daí a importância de divulgar vitórias, as reais e mesmo essas das ficção de filmes e novelas, de casos em redes sociais, muitas vezes a melhor forma de traduzir rapidamente essa batalha e seu significado. Repito: o feminismo é força, precisa ser compreendido em toda sua plenitude, e por homens e mulheres. Não diz respeito só a um ou a outro. São alicerces fundamentais para o futuro. Acredito firmemente que a humanidade não poderá ser assim chamada enquanto a mulher for tratada de forma inferior. Feminismo é prática diária. Presente em nossas vidas.

Não há de se ter vergonha. É preciso pedir ajuda. Por a boca no mundo. Como vítima dessa violência que deixa marcas profundas por toda uma vida, cada caso, cada morte que sei, é como se novamente a ferida fosse em minha pele, e me faz comemorar hoje conseguir ter ficado viva para contar a história, entender exatamente como ela se constrói, a dor que causa.

Me posicionar na frente dessa batalha, implorando pelo fim dessa guerra tão particular e odiosa.

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Marli - perfil cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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#ADEHOJE – A VIOLÊNCIA QUE NOS CERCA

#ADEHOJE – A VIOLÊNCIA QUE NOS CERCA

SÓ UM MINUTO – Desta vez fui eu também a vítima da violência que nos cerca de forma assustadora nos dias de hoje, cerca a todos. No sábado à noite, plena Xavier de Toledo forrada de gente porque havia um evento na rua, peguei um trânsito parado na Rua Xavier de Toledo com Sete de Abril. Um moleque franzino, cara violenta, me abordou pedindo o celular. Como ele estava bem guardado, disse que não tinha, mas aí ele pediu a bolsa e num átimo enfiou a mão dentro do carro e a achou – e eu sempre levo escondida, do meu lado esquerdo! Resultado: todos os meus documentos e esse óculos que vocês gostam tanto. As delegacias? Na terceira, não tinha plantão; fui na 78 e tinha dois flagrantes antes. Voltei para casa e registrei pelo BO eletrônico, enfim. Bem , o final d aminha história é que apareceu uma alma muito boa que achou a bolsa jogada com pelo menos alguns desses documentos e entregou ontem no posto da Praça da República. Tive sorte? Tive. Sai sem me machucar e agora só com a aporrinhação bancária. E a lembrança do horror.

Mas veja que uma menininha de nove anos não teve a mesma sorte. Sumiu das mãos da mãe numa festa do CEU perto do Anhanguera e foi encontrada morta, amarrada numa árvore. Esse foi só um dos casos. É violência verbal, pessoal, física, mental, sexual, moral, financeira…

ARTIGO – Em busca do prazer perdido. Por Marli Gonçalves

Vou falar desse assunto um pouco proustiano porque creio que muito mais gente pode estar se sentindo assim e talvez seja bom trocarmos ideias, um pouco de filosofia, essa conversa particular. Não confunda prazer com felicidade. Prazer é fugaz, mas alegria necessária no nosso árido cotidiano.

 

Anda faltando prazer. Anda me faltando prazer. Demorei dessa vez um pouco mais do que de costume para distinguir o porquê de uma certa tristeza no fundo do coração, como definiria e responderia como me sinto, claro, caso alguém me perguntasse. O que anda meio difícil, que alguém queira saber de outro realmente se está tudo bem. Tudo bem, tudo bom. Cada vez mais as relações são fugazes, superficiais e as pessoas estão voltadas aos seus próprios umbigos e a como salvar os seus rabos. Não é uma crítica. O mundo está assim mesmo. Cabe a todos admitirem onde o sapato aperta.

Mas especialmente quem vive só, ou melhor, convive consigo mesmo, tem de estar esperto ao que o seu eu interno está sentindo, até para evitar o agravamento enquanto é tempo. Quem pode, pode, faz análise, viaja, tira ano sabático, inventa uma moda, sai comprando coisas – que comprar coisas é sempre bom. Quem não pode… escreve.

Pode ser a aproximação de mais um aniversário, os teimosos e inúmeros cabelos brancos que despontam revelados pelo espelhos. E que parecem rir da sua cara quando se tenta puxá-los da cabeça. Pode ser essa sensação de ter se tornado invisível justamente para aqueles os quais mais gostaria de estar sendo vista. O tempo correndo.

Pode ser por causa de tanta coisa. Pode ser esse país maluco e desorientado, todo dia ouvir índices bons descendo, índices ruins subindo, o tempo escorregando numa rotina qualquer. A repetição das desgraças que poderiam ser evitadas, e das tragédias que, por mais longe que seguidamente ocorram, nos afetam a sensibilidade – cada vez mais acompanhamos ao vivo muitas delas e diante de nossos olhos elas se desenrolam sem que possamos interferir em nada.

Tenho um bom amigo psicanalista, um vizinho de quem gosto muito, também jornalista, e que um dia vi conseguir mudar um monte de coisas na vida dele. Continua mudando. Me contava que para se “salvar” diminuiu drasticamente o número de horas “GloboNews”; se informa no estritamente necessário. Já eu não posso fazer isso, por conta da atividade, mas detectei uma parte da minha própria angústia: os plins 24 horas vindos da internet, dos e-mails, das redes sociais, do SMS, do Whatsapp, que agora ainda tem mais essa. Cancelar notificações: ajuda.

Continuando a conversa, ele citou um autor que pergunta: “Você realmente quer aquilo que deseja?” “É mesmo o que precisa?”. Porque desejar muito é constante fonte de angústia. Citou ainda mais o que faz para si, a leitura e a culinária, essa última encontrei várias vezes citada como excelente forma de prazer. Cozinhar. Criar.

Prazer é descrito como uma sensação de bem-estar, a gente demonstra alegria quando tem prazer. É uma resposta do nosso organismo. É aquela sensação agradável. Efêmera, curta, mas fundamental. Os prazeres ocorrem à flor da pele.  O dicionário é claro: sentimento agradável que alguma coisa faz nascer em nós; deleite, gozo, delícia; gosto, desejo; alegria, contentamento; boa vontade, agrado; distração, divertimento. E olha que nem estou falando do prazer sexual, que esse é outro capítulo.

Cazuza queria uma ideologia para viver. Eu quero prazer, ter mais prazer. Ideologias há muitas e ultimamente elas têm sido fonte é de enorme desprazer. Porque as pessoas se apegam a elas – talvez até em busca de preencher seus vazios existenciais – e têm ficado meio burras agarradas nessas tábuas de salvação.  Acabam tentando limitar o prazer a aquilo que alguém ao longe acena friamente buscando fanáticos para segui-los. Acabam com os nossos, em palavras, canetadas, agressões.

O prazer é coisa pessoal, individual, precisa ser livre e desimpedido, acontecer quando menos se espera, naturalmente. Prazer me faz sorrir, me impulsiona, dá ânimo, me deixa bem, combina comigo.

Mas precisa de ambiente propício. Que é o que não vem sendo o caso, também descobri nessa busca que empreendi para entender meus sentimentos.

 E você, como está se sentindo? O que é que te dá prazer?

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(CRÉDITO FOTO: Alê Ruaro, para o projeto Identidade Brasileira)

Marli Gonçalves – jornalista

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

São Paulo, no outono.

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#ADEHOJE – OBVIEDADES DE BOLSONARO E O MINISTRO DESORIENTADO

#ADEHOJE – OBVIEDADES DE BOLSONARO E O MINISTRO DESORIENTADO

 

SÓ UM MINUTO – Bolsonaro declarou agora pela manhã que semana que vem enfrentará um tsunami, e ninguém sabe exatamente o que quis dizer com isso. Em um evento na Caixa, onde mais uma vez usou um termo – digamos, sexual – para falar sobre o “amor à primeira vista” com o presidente da instituição, o festival de obviedades ataca. Presidente afirmou que sua gestão enfrenta alguns problemas devido à forma como ele escolheu governar. Não nos diga!! Se é que há um governo que nos governa, e não uma loucura atrás da outra como a que estamos assistindo ainda inertes.

O Congresso já disse também que o decreto de armas é inconstitucional e deve ser derrubado, se é que ainda reta um mínimo de sanidade.

Semana que vem, quarta-feira, dia 15, tem manifestação grande do pessoal da educação, com greve. A situação da educação vai de mal a pior com esse ministro Weintraub maníaco que inventaram – caso claro de problemas com ele próprio, com a matemática e com a língua portuguesa. Quase 3500 bolsas de pesquisa canceladas! O Brasil em marcha-a-ré.

 

#ADEHOJE – – VENEZUELA EM CHAMAS.  E A PROPOSTA DE FAROESTE AQUI

#ADEHOJE – – VENEZUELA EM CHAMAS. E A PROPOSTA DE FAROESTE AQUI

SÓ UM MINUTO – Desde cedo Caracas, a capital da Venezuela, está em polvorosa. Juan Guaidó tenta outra investida como “presidente autoproclamado”. A situação está confusa, os países que apoiam um e outro lado estão em alerta. EUA apóia abertamente; Brasil se diz solidário. Por enquanto China, Rússia e Cuba – apoiadores de Maduro- aguardam os acontecimentos.

Mas nada disso é tão grave quando a estúpida proposta de Bolsonaro de liberar armas e o ataque de proprietários rurais a quem quiser. Na verdade, os caras podem matar e depois dizerem que eram invasores. É para a gente ficar muito preocupado mesmo com o festival de tosquices, apelos à violência sexual e pessoal, ignorâncias que assistimos. Ainda inertes?

#ADEHOJE – PUNIÇÃO PARA RENAN CALHEIROS!

#ADEHOJE – PUNIÇÃO PARA RENAN CALHEIROS!

 

ATAQUE À JORNALISTA DORA KRAMER NÃO PODE FICAR BARATO

SÓ UM MINUTO – NÃO DÁ PARA FALAR EM OUTRA COISA A NÃO SER PEDIR QUE o Senador Renan Calheiros seja punido já, agora, pelos ataques que proferiu contra a jornalista Dora Kramer na sua conta do Twitter. Não tem conversa. Ele que vá se vingar de sua derrota em outros lugares, e contra quem realmente o derrotou.

veja o que o canalha publicou no Twitter: