Que delícia. Isso é que flagrante. Vaccarezza mandando mensagem pro Cabral, e não foi por fumaça

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 Por SBT Online

SBT flagra mensagem de Vaccarezza para governador do Rio

A reportagem do SBT flagrou, durante a CPI do Cachoeira, nesta quinta-feira (17), o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), enviando uma mensagem de texto pelo celular para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Na mensagem, Vaccarezza tranquiliza Cabral: “A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é dos nossos e nós somos dos teu …

ARTIGO – O que é que tanto se comunica? Não se trumbica mais?

                                                                                                        Marli Gonçalves Acredite. Levei um susto. Não pude fotografar para provar, porque ele passou ventando, rápido, de skate, ladeira abaixo, na descida íngreme da Rua Augusta, pela faixa do meio – aquela contínua, de duas linhas amarelas. O garoto teclava uma mensagem no celular, em alta velocidade, e com os olhos atentos ao teclado, corpo solto, surfando no asfalto. Começo a achar que quem se comunica pode se trumbicar, sim, e virou mania. E toda mania tem seu preço, o de virar doença.

Eles estão em todos os lugares, para onde quer que você olhe. Os olhos esbugalham, os dedos nervosos se movimentam intensamente enquanto a palma da mão segura sem jeito o negocinho preto (tá, pode ser rosa ou em outra cor). A cabeça fica baixa, distraída, e se for de noite você verá apenas um rosto iluminado pela luz branca emanada da tela. Fazem isso – freneticamente – atravessando a rua sem olhar, nos vagões, nos ônibus, tropeçando em buracos, na direção dos carros, na esteira das academias, nas filas dos bancos, dentro de casa, no elevador. Não são mais só os “ligadores” compulsivos. São os tecladores alucinados batucando, conferindo respostas, repassando, curtindo, compartilhando, num frenesi admirável. As operadoras de telefonia devem estar contentes, mesmo que isso pareça uma forma de economizar ligações. Elas cobram tudo, e sempre saem ganhando.

Antes a gente falava que o povo vivia com o celular dependurado na orelha. Agora ele desceu para as mãos. Não estou acreditando no que ando vendo, nem nestas mudanças todas enlouquecedoras que vêm ocorrendo na comunicação entre as pessoas. Entre uma e outra e entre todas, aos milhares. Acho oportuno falar desse tema agora, porque comunicação é tudo, blá, blá, blá, e no final do ano recrudesce. As mensagens de Natal, amor e consumo já têm chegado por todas as vias. Dizem que guerras, revoluções e a paz estão sendo convocadas assim.

Se as palavras disparadas vão para o éter, para onde irão as palavras tecladas? Lembrei até da célebre “Quatro coisas que não retornam: a flecha disparada, a palavra proferida (e aqui poderia ser “a palavra teclada”), a água passada no moinho e a oportunidade perdida”. Não é incomum eu receber por engano mensagens com declarações de amor, cancelamento de compromissos que não são e nunca foram meus, nem o amor, nem a agenda.

Comunicação é forma de ciência. Sou formada nela, embora sem teses, dissertações e mestrados. Jornalismo é comunicação pura. Mesmo assim, e lembrando as aulas de Teoria da Informação, que tudo calculava, não sou capaz de dizer onde é que isso vai dar. Sei de casos de pessoas que se comunicam por SMS e e-mails estando dentro da mesma casa, em família. Na linha: “Vem jantar, que está na mesa”; “Já vou, mãe!”Nesse caso a mensagem é como tanque de guerra e atravessa a muralha da porta do quarto do adolescente. Por isso deram o nome de torpedo? Pode ser. O torpedo te pega onde estiver, tal qual um Exocet. E escreveu não leu o pau comeu.

Somos atingidos e atingimos. Nos emeiamos, nos essemeseiamos. Algumas formas de comunicação pegam mais rápido do que outras. Sempre pensei que uma das mais esperadas seria a via telefone com imagem, com vídeo, mostrando os dois lados do alô!

Boba, eu! Assim, como se manteriam as mentiras? (Estou aqui, no escritório, diz o homem no meio dos lençóis de outra mulher). (Sou loira, olhos verdes, 1m90, seios fartos, vangloria-se a pequena atarracada). Seria o fim da fantasia, também. A gente iria cada vez mais precisar agendar os telefonemas. Primeiro, um bom cabeleireiro, caprichar no modelão, na maquiagem, no cenário que ficará atrás. E de alguma forma isso tudo já ocorre quando se comunica por webcam. Só não vi ainda ninguém usando de forma corriqueira o sistema nos celulares mais modernos, “duais”.

Quando funcionam, são ótimas. Ao mesmo tempo, com tanta utilização, nas mais variadas formas, a comunicação pode já estar em colapso, ultrapassado o limite, porque não fomos capazes de zelar por ela, nem pela sua segurança. O uso indiscriminado, os spams, a venda de cadastros pessoais por empresas e operadoras, está tornando a situação calamitosa. Fora que a qualidade das redes parece nunca acompanhar o progresso. Antes eram só emails; agora entra lixo pelo celular. E o que a gente quer mesmo receber, ou precisa receber, ou mesmo espera receber, não chega. Ou se perde.

Mas uma coisa me intriga mais do que as outras. As tarifas, pela hora da morte. Os planos oferecidos em anúncios parecem mais enigmas das esfinges das pirâmides do Egito, com fórmulas que nunca consegui chegar a nenhuma que preste. Os planos de dados jogam com a gente. E a gente perde. Todo final do mês recebo um escalpo, e de duas operadoras, porque não dá para confiar em uma só.

Então, como esse povo todo que não sai do celular, por cima, por baixo, na orelha, ou nas mãos, faz para pagar? Como é que é essa coisa que vejo de “trocar o chip”? Tem gente que anda com vários, na carteira. Até hoje não sei nem como abre a caixinha da bateria de um dos meus, tão sofisticados e inacessíveis eles fazem os aparatos.

Ando no momento Racional MG, compondo o rap da economia da carteira. Pensando seriamente até em revigorar os sinais de fumaça. Claro que já tentei de tudo, consultei um monte de “especialistas”. Eles prometem que vão resolver a(s) minha(s) conta(s) “absurda (s)”. E nunca mais aparecem.

Não me venha falar de orelhões! Você não sabia? Eles estão morrendo à míngua, arrancados de todas as esquinas e lugares. E você, ingrato, ingrata, nem tinha percebido, não é? Saudades da fichinha!

São Paulo, timtim, claro que eu vivo dizendo oi, mas só para você, em 2012 (*) Marli Gonçalves é jornalista. Obrigada a ficar sempre comunicável.

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ARTIGO – Nossos novos medos.

Marli Gonçalves

Diariamente temos medos, muitos medos. Antes, eram os regulares, aqueles contra os quais nos defendíamos como podíamos, com seguros – de fogo, de vida, de acidentes. Mas agora parece que tudo mudou, e a cada dia temos mais medos e do que a gente nem sabe o quê, nem de onde vem. Mas pressente estar próximo. E não há seguro possível para se prevenir.

Duvido que exista um só brasileiro que não esteja arrasado pelo que viu, está vendo ou acompanhando uma vez que tenha sabido das tragédias devastadoras ocorridas no Rio de Janeiro e, de certa forma, também em São Paulo. É um misto de compreensão dos desígnios de Deus, para os que crêem, e de absoluto inconformismo de quem observa com vista privilegiada, e aponta a incompetência, o descaso e o escárnio de autoridades, administradores e políticos, ano após ano.

2011 começou mostrando uma cara muito feia. Mas houve beleza na cena da Dona Ilair, a mulher que conseguiu salvar-se com a ajuda de vizinhos, e o que tentou agarrada ao seu vira-lata pretinho. Nunca sairá da minha memória. E sei que também não esquecerei o cachorrinho perdido, levado pela enxurrada dos braços de sua dona, em desespero. Coisas assim a gente não esquece; acontece com todos os jornalistas que fazem essas coberturas e acabam marcados. Passa ano, vem ano, e se começa a chover forte, meu coração ainda prevê essas tragédias que já viu in loco, vistas, acompanhadas, previstas. Tragédias naturais amplificadas por uma inexplicável leniência.

Mas veja que agora todos estão desassossegados. Antes, em geral, enchentes e deslizamentos atingiam “pobres”, derrubando e desmoronando casas de “pobres”. No máximo, encharcando carros incautos transitando ocasionalmente em áreas “pobres”, e não derrubando e matando também milionários em férias em suas mansões, haras, fazendas.

Percebo então o quanto estamos cercados de novos medos e ameaças, e que parece não haver mesmo mais nenhum lugar seguro. Nem com nós mesmos. Esse é o tema.

Shoppings centers? Assaltos, tiroteios, brigas de gangue, seguranças mal treinados, carros que podem voar dos estacionamentos que eles improvisaram subindo prédios, esticando curvas, fazendo puxadinhos.

Apartamentos? O elevador pode cair. Arrastões, porteiros descontentes que viram assassinos, síndicos enlouquecidos que matam em elevadores. Obras descontroladas que podem fazer ruir por terra os sonhos de toda uma vida, com areia ao invés de cimento, canos de “papelão” ou coisa parecida.

Férias paradisíacas? Tsunamis, maremotos, furacões e terremotos, enchentes e deslizamentos. Greves políticas incendiárias. Fora os cruzeiros mareados, o caos aéreo, claro, e outros problemas, menos nobres.

Carros blindados? Blindagens de embusteiros, falsas blitz que obrigam que as portas se abram, com seguranças coniventes, sequestros e mortes. E os outros: pessoas sem habilitação ou condições mínimas em veículos idem, bêbados, irresponsáveis de toda sorte furando sinais e brincando de rachas em ruas, avenidas ou estradas mal conservadas, tanto quando alguns de seus usuários.

Ruas? Pontos de ônibus invadidos por procuradoras bêbadas. Crianças esmagadas por ferragens, de quem se ferra e que ferram outros. Travessias radicais – o outro lado da rua pode significar ir para o outro lado da vida. Fora as guias e calçadas esburacadas que podem te mandar para o ortopedista.

Há ainda o perigo dos raios, das bombas que explodem para chamar a atenção do mundo, mas destroem famílias, alheias, postas involuntariamente no cenário de guerras. Há as doenças, vírus e bactérias novas, algumas trazidas na bagagem de forasteiros, migrando com suas malinhas para um país onde se desenvolvem e se criam, fortes e sem serem incomodados. Como moluscos africanos.

A vida passa a ser a transposição diária de uma sucessão imprevisível de acontecimentos e de superação de medos, inseguranças e fatalidades.
Temos medo. Temos medo também de virar um número entre tantos. Temos medos, receios, certezas e dúvidas. Estamos todos muito sensíveis, precisando desabafar, mas não conseguimos mais respirar aliviados nem com o desenvolvimento da vida virtual que nos isolou em cápsulas aparentemente seguras.

Agora, por conta, temos ainda novos medos, particulares. Paranóicos. De ofender os amigos por não conseguir responder a um e-mail (ou de ter respondido, sim, mas em mensagens perdidas por provedores e sistemas). Temos medo de não reconhecer a mensagem de SMS daqueles que parecem ter certeza que seu telefone é adivinho. E ele não é, por mais moderno que seja. Temos medo que nossos computadores “fofoquem” para quem mandou que deletamos mensagens que, muitas vezes, não deletamos não. Temos medo de que nossas mensagens sejam mal interpretadas, se interceptadas por quem procura motivos, pelos ciúmes dos amores ou maridos e esposas que na calada da noite violam sigilos e individualidade dos nossos destinatários. Vamos acabar secos, frios, formais. Ou dissimulados demais, cheios de códigos e senhas indecifráveis, criptografadas.

Temos novos medos. Novas nóias. E muita dificuldade de lidar com todas elas, mesmo que só nos nossos íntimos, como mães que envelhecem pensando no perigo que seus filhos possam estar correndo nesse exato momento. Incapazes que são e se sentem, de criar mantos protetores, couraças inexpugnáveis.

Vamos ficar loucos desse jeito. Procuraremos videntes, alguns, simplesmente crápulas? Procuraremos sinais do Universo? Diremos tudo aos analistas, psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, que proliferarão, também buscando as mesmas respostas, já que ele vivem nesse mesmo mundo, neste mesmo tempo?

Ou simplesmente deixaremos o barco nos levar, sabendo-se lá que dia e como será?

São Paulo, de um Brasil inteiro, consternado. De um mundo todo em transição. 2011 em diante.

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Nunca se esqueceu de uma entrevista que fez, 27 anos atrás. Era uma mãe muito pobre e de muitos filhos que acabara de perder um deles, atropelado na ferrovia. Ela tinha muito que fazer e continuar. Apenas virou para um dos outros filhos e pediu que ele fosse ao local do acidente buscar a cabeça do irmão, que havia sido decepada. Ela apenas queria enterrar o passado e continuar a enfrentar aquele seu futuro, muito real. Não havia tempo para dramas.
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