Tô gostando tanto dessa meninamenino!
Trem das Onze
Mais Maria Helena Rubinato para vocês, no Trem das Onze!
Lançamento do Livro Trem das Onze – A poética de Adoniran. EU FUI.
música – DA FOLHA DE S. PAULO Livro ilumina São Paulo de Adoniran
Volume lançado hoje traz fotos do Instituto Moreira Salles e do acervo pessoal do músico nascido há cem anos
Retratos de uma capital idílica, de onde o artista tirou a substância para suas canções, baseiam apuro gráfico de edição
FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO
São imagens captadas em uma São Paulo distante, onde crianças brincavam num Brás idílico como o da foto ao lado e os homens iam ao Pacaembu de terno e gravata -mas com chapéu feito de jornal para se proteger do sol.
O encontro entre os dois mundos, a vida privada do compositor e a cidade que foi a seiva de sua obra, se dá em “Trem das Onze – A Poética de Adoniran Barbosa”, que vai ser lançado hoje em São Paulo, nos estertores do centenário de nascimento do músico (1910-1982).
Com apurado acabamento gráfico, as fotografias são alinhavadas por um texto do biógrafo e curador do acervo Adoniran Barbosa, Celso de Campos Jr. Integra ainda o livro um CD com 14 clássicos do compositor em interpretações consagradas.
O trabalho teve patrocínio da Bradesco Seguros, por meio da lei federal de incentivo à cultura.
O material foi garimpado em dois acervos: o da família do cantor, sem identificação da autoria das imagens, e o do Instituto Moreira Salles.
Deste, despontam cenas paulistanas de 1930 a 1980, de ensaios feitos por estrangeiros radicados no Brasil como os alemães Peter Scheier (1908-1979, cujas imagens monopolizam o livro); Alice Brill e Hildegard Rosenthal (1913-1990); e o franco-brasileiro Henri Ballot (1921-1997) “Não quisemos enfatizar o autor, mas a expressão de São Paulo que ele permitiu surgir”, explica Nigge Loddi, da Aprazível Edições e Arte, organizadora do volume com o sócio Leonel Kaz.
É algo semelhante, relata, ao que a editora fez recentemente com “O Morro e o Asfalto no Rio de Noel Rosa”.
Celso de Campos Jr., autor de “Adoniran – Uma Biografia” (ed. Globo), ressalta o capricho gráfico do volume.
Conta que a foto original de Adoniran com Matilde de maiô tem 10 centímetros -na obra, foi ampliada para 30 cm x 23,5 cm, ocupando uma página inteira. “Ficou tão nítida que dá vontade de arrancar e fazer um pôster.”
A pesquisa de imagens foi da Sacchetta & Associados e o projeto gráfico, da Danowski Design. A produção coube a Erilma Leal, da Aprazível.
Embora cintile a cidade, os registros íntimos de Adoniran são saborosos. Um dos destaques é o tal cão Peteleco, segundo Campos Jr. “o xodó de Adoniran”.
Como, na época, explica o biógrafo, não se podia fazer parcerias com compositores de outras sociedades musicais, Adoniran, para driblar a regra, colocou Peteleco como autor de algumas canções.
Até hoje a filha única e herdeira do músico, Maria Helena, ainda recebe algum em nome do vira-lata.
TREM DAS ONZE – A POÉTICA DE ADONIRAN BARBOSA ORGANIZADORES Leonel Kaz e Nigge Loddi
EDITORA Aprazível
QUANTO R$ 130 (204 págs., inclui CD com 14 faixas)
LANÇAMENTO hoje, das 18h30 às 21h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2073, tel. 0/xx/11-3170-4033)
