#ADEHOJE – CAI, CAI… CAIU. TEM MINISTRO NOVO NA EDUCAÇÃO

 

#ADEHOJE – CAI, CAI… CAIU. TEM MINISTRO NOVO NA EDUCAÇÃO

 

 

SÓ UM MINUTO – Semana começa quente. Cai, cai, caiu, finalmente o indigitado ministro Ricardo Vélez Rodriguez, que só conseguiu produzir bobagens nestes quase cem dias de governo. Será substituído por Abraham Weintraub que, pelo que ouvi até agora, além de bolsonarista de primeira hora, é do mercado financeiro e entende de gestão. Gestão: palavrinha que me da uma certa agonia porque busca representar ação e sucesso, mas que na política tem nos trazido bastante decepção. Mas vamos lá, fé, que o que tem de coisas para serem consertadas no MEC é impressionante.

Outro assunto é a pesquisa Datafolha, que embora retrate o que sentimos claramente – uma decepção forte com o governo de Bolsonaro e suas intenções, o presidente faz pouco caso e nem comenta. Cansando de ouvir quem o defende dizer “deixa o presidente trabalhar” uai, estamos deixando, ele é que se distrai pelo caminho.

  

O NOVO MINISTRO, ABRAHAN WEINTRAUB

 

 

Comprazer-nos-emos até quando? Por Marli Gonçalves

tumblr_n99zm3zxz61qmzkw1o1_400Eu tenho-me comprazido. Tu tens-te comprazido. Ele tem-se comprazido. Nós temo-nos comprazido. Vós tendes-vos comprazido. Eles têm-se comprazido. Comprazer, em pretérito perfeito. Comprazer, em todas as suas conjugações: exercitamos esse verbo essa semana inteira. Que está acontecendo? Estamos descontando neles nossos piores instintos?

Estamos. Estamos sim, e como estamos! Troçando com a nossa própria desgraça. Não deixa de ter explicação de alguma forma orientarmos nossa raiva para esses caras porque nos parece que se estamos nessa pindaíba é muito por conta desse tanto que o país foi roubado, saqueado. A gente já sabia ou desconfiava de vários deles. Mas agora eles estão sendo presos e expostos em praça pública como troféus de caça. Conheço gente que adoraria ter a cabeça deles empalhada pendurada na parede.

Está havendo exagero – não se pode ficar remoendo, incitando mais ódio do que eles até já merecem espontaneamente; não dá para ficar feliz com o que está acontecendo. Não tem sentido. Não faz bem para saúde. É cruel. Uma energia ruim. Embota os pensamentos, nos torna rudes, e já vem levando a atitudes fundamentalistas, reacionárias, intransigentes. Não resolve exatamente a questão.

Por exemplo, o Lula. Ele já está preso, não percebem? Imagina ele flanando lindo e maravilhoso fora dos domínios dos seus seguidores, que, aliás, estão cada vez mais escassos ou porque vêm se tocando ou porque já estão até presos mesmo? Não. Todos os amigos estão no círculo de fogo; de fora sobrou só o advogado, o seu compadre. Ele não pode ir mais a lugar algum sem que os fantasmas e as perguntas não respondidas o sigam bem de perto. Todos os dias lá pelas seis da manhã temer que a Polícia Federal faça toc toc em sua porta? – Acho estranha essa praxe da PF, meio maldade. Deve ser porque os pegam de calça curta, chinelão, remelinha, barriga vazia. Esposas sem maquiagem.

(Fico boba de ver que a Dilma é tão desimportante que vem dando sopa lá pelo Rio de Janeiro, e nem atenção chama mais; nem para ser acusada serve. O que lembra que sempre me incomodou muito a impressão que tínhamos dois, uma presidente eleita e um presidente operador, que ela expressamente cumpria ordens do tal grupo político agora desmantelado).

aplausMas, voltando ao nosso verbo, não te comprazas, não se compraza, não nos comprazamos, não vos comprazais, não se comprazam em ver as pessoas sendo esculachadas. Tá bom, exemplo: Sérgio Cabral preso, provas contundentes, tão cedo visivelmente ele não sai das grades, preso por dois (!) juízes, levantamentos completos de malfeitos. Ok.

Precisava ter sido divulgada pela polícia aquela foto dele com cabelo raspado, uniforme de presidiário? Que ele comeu pão com manteiga? Arroz com feijão? Eu penso que não. Se tivesse sido “descoberta” pela imprensa, tudo bem que reportagem é sagrada, mas aquela foto foi divulgada, dada, pela polícia! Ouvi uma jornalista dizendo que ele ”acessou” carne na hora do almoço.

Por favor, façam atenção. Isso não está certo. Não é sério. O próprio juiz Sergio Moro tem sido muito mais condescendente e quando assina suas ordens judiciais sempre ordena discrição e que o preso tenha os seus direitos garantidos.

Aquelas cenas do Garotinho se debatendo não fazem parte desse pito: são jornalísticas. Ele (e sua familinha esperta) nos deu de propósito, que aquilo não dá ponto sem nó. Valeu ver aquela teatral apresentação à beira da ambulância, perceber que ele mentiu obviamente com a ajuda de muitos para não chegar lá em Bangu, e o que, vejam só, acabou conseguindo – isso precisa ainda ser bem analisado. Que tentou subornar juiz, e que ainda vamos ver e saber muito de suas artimanhas. Com essas cenas, nós comprazemo-nos.

Comprazamo-nos, sim, mas quando vierem as soluções. Por enquanto o desmonte está só no começo. O que está ruim pode piorar porque estamos ligados também numa tomada global e aquele poste loiro que plantaram no país mais poderoso do mundo pode sim, infelizmente, nos trazer ainda muitas surpresas.

Pensando bem: esse lá é um cara que parece comprazer-se em ser desagradável.

aplausos

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Marli Gonçalves, jornalista – Que nós nos comprazamos, mas no bom sentido da palavra.

SP, 2016, redemoinhos políticos

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E-MAILS:
MARLI@BRICKMANN.COM.BR
MARLIGO@UOL.COM.BR

ELIO GASPARI NA FOLHA DE SP DE HOJE. SOBRE OS IMPLANTES DE SILICONE. MÉDICOS! ALôôô!!!

Elio Gaspari – Os doutores blindaram os implantes

 
Quantos médicos notificaram problemas com as mamas PIP de suas pacientes? Zero

Os cirurgiões plásticos e suas guildas deveriam convocar um congresso da categoria para discutir os aspectos desastrosos de suas condutas diante das adversidades provocadas pelos implantes de mamas de silicone PIP.

A ruína poderia ter sido evitada em 2009, quando a Câmara aprovou um projeto do deputado Miro Teixeira exigindo que os médicos comprovassem a “ciência da parte do paciente de todos os riscos eventuais do uso de silicone quando implantado no organismo humano”. A nobiliarquia médica mobilizou-se contra a exigência e prevaleceu, pois o projeto morreu no Senado.

Até abril de 2010, quando o uso dos implantes PIP foi proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, estima-se que 20 mil brasileiras tenham passado por esse tipo de cirurgia. Desde então, a Anvisa recebeu 39 queixas de ruptura dos implantes e 55 de outros efeitos adversos.

Em todos os casos, as reclamações vieram de pacientes. Não houve uma só notificação de médico. Zero, mesmo sabendo-se que, antes de reclamar na Anvisa, a vítima queixou-se a ele. (É verdade que os computecas da agência avisam no site do órgão que só se chega ao formulário de “evento adverso” com um navegador, o Explorer, da Microsoft.)

A agência recebe anualmente 650 mil queixas de pacientes e apenas 200 notificações de profissionais. Essa disparidade resulta do ambiente promíscuo onde coabitam a indústria farmacêutica, médicos e hospitais. Mesmo assim, no primeiro semestre de 2011 ocorreram 323 queixas relacionadas com a má qualidade de luvas de procedimentos.

A revendedora das próteses -EMI Importação e Distribuição- foi obrigada pela Justiça a pagar uma nova cirurgia e a troca da prótese. Notificação do médico? Nem pensar. O silêncio persistiu ao longo de 2009 e 2010, quando o fabricante verificou que o índice de rompimento dos seus implantes oscilava entre 30% e 40% e indenizou mais de uma centena de vítimas, na França.

Os médicos que implantaram essas mamas souberam dos problemas e nada disseram à Anvisa. Serão obrigados a defender suas condutas na Justiça, pois não só há ações das vítimas, como o Ministério Público entrará no lance. A Anvisa, que não deu atenção às queixas das pacientes, responderá pela sua inépcia.

Ocorrida a desgraça, a Sociedade Brasileira de Mastologia informou que um estudo de 2002 revelou que os índices de ruptura dos implantes oscilavam entre 26% em quatro anos, 47% em dez anos e 69% em 18 anos.

Em 2009, combatendo a exigência da comprovação do conhecimento, pelas clientes, dos riscos que corriam, o Conselho Federal de Medicina disse o seguinte: “O médico brasileiro é obrigado, por questões éticas, a explicar a seu paciente o que será usado como propedêutica e como terapêutica, sem a necessidade de um ‘laudo de autorização’ que, sem trazer qualquer benefício ao paciente, irá -ao contrário- provocar uma situação de constrangimento para o médico que empregue a prótese de silicone e uma expectativa negativa por parte do paciente. Isso mostra que a exigência de autorização por escrito para a realização desse procedimento médico é incabível”.

Incabível era jogar para baixo do tapete uma justa “expectativa negativa” da paciente. Boa notícia: daqui a duas semanas, com a Câmara reaberta, Miro Teixeira reapresenta seu projeto, com novas salvaguardas.