ARTIGO – A gente não quer só…Por Marli Gonçalves

A gente não quer só eleições, a gente quer muito mais: eleições livres, e que nos livrem, seguras e, pelo que parece, divertidas, embora a realidade seja de chorar. A gente quer respeito. Embora também pareça que queremos conflitos, ao menos nas redes sociais onde os grupos se enfrentam diariamente armados de memes, hashtags e arrobas num velocidade espantosa.

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O problema geral é que não estamos vivendo uma piada, mas uma situação e um momento entre os mais sérios dos últimos anos. Quem está no poder está usando isso, aproveitando as grotescas gracinhas nesse ambiente para passar outras boiadas, muitas boiadas. Como a dos empresários do horror planejando golpe de Estado, as motociatas e passeios em pleno momento expediente e o Brasil à deriva.

Tudo é marketing político, para um, pra outro, para outros, ou mesmo para quem se dá bem sendo compartilhado com a assustadora rapidez em que as coisas acontecem nesse mundo virtual povoado de gente e robôs, de informações e mentiras, mas também de uma criatividade sem limites.

Todo dia tem novidades, e essa semana foi especialmente pródiga, culminando com o impagável chamado de “tchutchuca do Centrão”, ouvido na rebordosa que um jovem e  confuso youtuber promoveu no cercadinho do Planalto, e que irritou o presidente a ponto dele próprio voar para cima do menino tentando tirar seu celular que tudo gravava. Uma cena antológica.

Só que ele já estava com uma baita indigestão, e o tchutchuca foi gota de água cuspida no presidente capaz de falar mais besteiras por minuto de que temos notícia e de destratar jornalistas e seus próprios assessores quando se vê emparedado.

Começou com a festejada posse de Alexandre de Moraes na presidência do TSE, Tribunal Superior Eleitoral, que reuniu desafetos de toda ordem. O próprio ministro, com Bolsonaro sentadinho ao lado mais do que com cara de poucos amigos, com cara de tacho, cara de “o que eu tô fazendo aqui?”, entre outras que você pensou aí se viu as imagens. Diante dele, sentadinhos na primeira fila, um festejado Lula, e Dilma, Sarney, Temer. E também, na pontinha, mostrados de vez em quando, os inquietos e abismados ministros do STF indicados recentemente, André Mendonça e Kassio Marques. Um dos maiores registros de saia justa literal de que tivemos notícia.

O caloroso discurso de Alexandre de Moraes a favor do processo eleitoral e da democracia arrancando aplausos entusiastas da plateia, que chegou a aplaudir de pé em alguns momentos. O presidente pálido, crispado, parecia estar brincando de estátua! – assim como o filhote chefe da campanha. Sobrou até para o tchutchuca anterior, Paulo Guedes (assim foi chamado numa recente audiência pública), que teve de sair mais miudinho do que já é explicando porque deu as mãos, cumprimentou Lula. (Fora isso, claro, teve a cena de Dilma Rousseff de cara virada pro Michel Temer).

Isso é que foi festa.

Mas do lado de fora desses encontros, nas redes sociais, na internet, é que se dão tanto as nossas alegrias com piadas, charges, memes impagáveis, quanto os confrontos com as tentativas de respostas nesse triste ambiente ainda tão dividido. Pelo menos ali não rola sangue. Só grosserias nada chiques capazes de corar os influencers de etiqueta social que achavam que o saco roxo do Collor poderia ter sido o ápice.

A agilidade – no Twitter em poucos minutos centenas de milhares de citações, com compartilhamento dos vídeos, charges, memes, trocadilhos, e até versões musicais do tchutchuca do Centrão, o apelido que veio pra ficar – foi realmente impressionante, espantosa.

Mas na realidade silenciamos, porque pode até parecer brincadeira – mas não é – quando esse presidente anuncia exultante em suas lives a diminuição de impostos sobre jetskis, ou sobre – no país que tem muita fome – de whey protein, albumina, de suplementos nutritivos esportivos. E seu próprio perfil oficial publica a foto de um fisiculturista com uma cara parecida com a sua e o seu número de campanha grudado na sunga.

O que a gente faz? Ri ou chora copiosamente de vergonha?

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – As agulhas de março. Marli Gonçalves

É tanta vontade de ser vacinada que até já sinto a penetração daquela agulha fina e enooorme – que diuturnamente vemos furando especialmente braços de velhinhos, mostrada nos noticiários – em meu braço esquerdo. Já até pensei em desenhar com caneta um alvo ali. Mas, março chegando e a confusão instalada me deixa apenas tamborilando os dedos à espera da vez, e essa vez toda hora muda.

Pois bem, março chegando, e já um ano dessa pandemia que desorganizou mundialmente nossas vidas, planos, instalando o medo da loteria macabra que atingiu – e isso só contando oficialmente, veja bem – mais de dez milhões de brasileiros, e se aproximando de 250 mil vidas perdidas. O estranho é que ainda fica a sensação de que, para quem é dado agir o mais rapidamente possível, parece que quem morreu não importa em nada; e que quem morrerá até que se consiga algum controle, e são milhares, não importará. “Eles” vão continuar com as suas brigas, turras, negações, politicagem, ignorância, apostas vis, desrespeito e ações criminosas.

Querem mais sacanagem do que as criminosas vacinas de vento, quando as agulhas furam e nada inoculam? Que obriga a que as simpáticas fotos e filmagens que estavam sendo feitas dos idosos felizes agora sejam mais atentas e foquem especificamente as seringas, documentando se nelas há o líquido tão aguardado? Querem mais sacanagem do que deixar velhinhos ao Sol em longas filas durante horas para lhes dizerem na porta dos postos que a vacinação foi paralisada porque acabaram?  Querem mais sacanagem do que ainda aturarmos um ministério e um ministro incompetente, as mentiras, a falta de organização, as mudanças no plano de imunização, e as filas de prioridades sendo diariamente furadas, com várias pessoas e “categorias” entrando na frente, vindas pelo acostamento? Calendários divulgados em um dia e jogados fora em outros.

As agulhas de março nos trazem águas de muitas lágrimas. À esta altura, pouco mais de 3% da população imunizada,  com a primeira dose, e ainda apenas com duas opções, a CoronaVac, do Butantan e a vacina AstraZeneca,  da Fiocruz, que reeditam a velha guerra entre São Paulo e Rio de Janeiro, e que nos fazem esperar chegar nos aeroportos aviões vindos de muito longe trazendo seus pedaços para que sejam aqui fabricadas, além de alguns pacotes com poucas doses prontas. Ainda por cima convivendo com as dúvidas que vem sendo interpostas sobre suas capacidades de conter as violentas novas cepas, e sobre suas eficácias em determinados grupos.

Nossos passos estão sendo, não sobre agulhas, mas sobre alfinetes pontiagudos, porque é cada vez maior a sensação de impotência, de tomar tapas no rosto, sem ter nem mais para que outro lado virar, fatos sobrepujando outros fatos. E ter de ver os rostos dos culpados, os mesmos, acrescidos ainda de outros piores, que ainda ameaçam nosso maior bem, a liberdade, como se a eles fosse dado esse direito, e tirados todos os deveres que um dia juraram cumprir.

Nas ruas, a miséria, o poço das classes sociais sendo cavado mais rápido e fortemente do que as covas rasas onde atônitos enterramos nossos amigos, parentes, sonhos, amores e esperanças. As espetadas atingem nossos sentimentos.

Agulhas são usadas para costurar, unir, penetrar nos tecidos para a criação de novas coisas, remendos de coisas mais antigas, costurar buracos.

As agulhas das vacinas perfuram nossos corpos com a esperança de volta de alguma normalidade. Mas esta volta – assim como o surgimento de um líder de verdade – está sendo como procurar agulhas no palheiro.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Que mané Carnaval? Por Marli Gonçalves

Atrás do trio elétrico só vai quem quer morrer. Inacreditável ter de ficar imaginando onde é que foi parar um mínimo de bom senso nesse país completamente desorientado, dolorido, ameaçado, mortal. E ridículo. Carnaval virtual? Lives de carnaval? Festinhas, bloquinhos? Coleção de desfiles de escolas de samba na madrugada da tevê? Jornalistas fantasiados?

sem carnaval

Alegria, alegria, você está no Brasil, onde se é praticamente obrigado a achar tudo normal, legal, engraçado. Onde o Carnaval precisa ser festejado de qualquer forma, nem que seja dançando em cima de túmulos de mais de mil pessoas morrendo diariamente, sambando em cima de leitos onde as pessoas usam sim máscaras, mas de oxigênio. Quando o oxigênio existe para lhes dar ar, e o leito puder estar disponível.  Onde o está atrasado. O país que bate palminhas e acha legal ficar vendo aviões trazendo conta-gotas para que possamos produzir punhadinhos de vacinas. Que tem um presidente que mente, um ministro da Saúde que nos deixa é doentes cada vez que o vemos tentar disfarçar sua incontrolável incapacidade.

Skindô, skindô, onde estão as vacinas que acabam – acabam, não tem, não existem, não estão prontas nem distribuídas – bem no meio de uma campanha que não alcançou ainda nem os 3% da população, de autoridades e autoritários cheios de moral, mas onde não houve preocupação em comprar de mais variadas fontes para garantir o fornecimento básico.

A vacina CoronaVac, do Butantan – que até virou samba, funk, rap, dancinha! – a única que começou e acelera um pouco o fim dessa angustiante espera. A que vemos ser comemorada aplicada em nossos idosos sorridentes estampados nas redes sociais, e que parece surtir efeito pelo menos para reforçar a importância da imunização.

A espera numa fila que todo dia, toda hora, vemos ser furada, com um plano de vacinação nacional sem pé nem cabeça, muito menos fiscalização. Ainda manipulado politicamente para aplacar iras de grupos corporativos que se apresentam como se suas vidas valessem mais do que outras.

Temos de fazer um carnaval sim. Mas no sentido de não parar de gritar, denunciar, expor esses absurdos. Uma festa pagã na qual estranhamente teremos é de passar esses dias rezando, e muito, para sobreviver a eles, para continuar esperando a ressurreição. Conclamar que as pessoas tenham um mínimo de discernimento e não nos façam sofrer ainda mais nos próximos dias, e de novo, e de novo, isso depois de vermos os resultados catastróficos das festas de fim de ano, das festas clandestinas, das praias lotadas. Do resultado do negacionismo, das notícias falsas, da ignorância cega e desmascarada. Essa montanha russa diária de médias móveis de contaminados e mortes que parece que ninguém percebe o quão alto estão os seus riscos.

Parece, e é, loucura, a “preocupação” com o Carnaval, se será feriado, ponto facultativo, e aí se descobre que já não era, a gente é que enforcava esses dias nessa festa que nos últimos anos já se dava durante quase todo o mês, nas ruas, antes até das avenidas e suas datas.

Claro que teremos saudades dos carnavais que passaram, que passamos. Mas lembrem-se  que o do ano passado, 2020, já foi bem esquisito, a névoa daquela doença que  se espalhava pelo mundo pairava sobre as multidões, e poucos dias depois dele já assistíamos, perplexos, a realidade chegando, as ruas vazias, o que jamais imaginamos viver, pandemia declarada,  a peste, um século depois.

Qual a dificuldade de entender que sem vida não há a tal economia? Muito menos a tal alegria. Como podemos ver esfregadas em nossas fuças as tais festas clandestinas, jovens sem noção, ingressos a preços exorbitantes, sem que conheçamos exatamente quem são esses bandidos organizadores, sem que eles sejam penalizados duramente? Muito triste ver, inclusive, comunidades respeitadas, como as LGBTs, também promovendo essas cirandas da morte.

Nessa toada o que veremos é uma Quarta-feira de Cinzas sendo estendida por muito mais tempo. O cheiro de queimado da luta contra a corrupção já pode ser sentido, e as máscaras continuam caindo, das caras, narizes e queixos.

Sentadinha aqui, batendo o pé, esperando o Carnaval chegar, passar. Esperando a vez na fila da vacina, essa fila que não anda, porque sempre tem alguém entrando lá na frente, e acabando com o sentimento que cada vez mais escasso fica: a esperança de que teríamos aprendido e que sairíamos melhores disso tudo.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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* Aproveito, especialmente para agradecer aqui a onda de solidariedade recebida de muitos que leram meu artigo “Love. Love. Love”. Minha gatinha de alguma forma virou um serzinho imortal.

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ARTIGO – Vacina: vai funcionar contra raiva? Por Marli Gonçalves

Mais do que uma vacina contra o coronavírus precisaremos insistentemente apelar aos cientistas e pesquisadores de todo o mundo para que, por favor, também desenvolvam vacinas, fórmulas, indicação de ervas ou remédios eficazes contra a loucura humana nesse período alucinante que vivemos. E pra que não tenhamos raiva do que aconteceu, acontece e terá repercussão durante ainda longo tempo. Não está fácil, especialmente por aqui, acompanhar o andar dessa carruagem desgovernada.

Ilustração dos desenhos animados, louca beleza cabelos compridos ...

Todos os dias tentamos acompanhar e entender gráficos, tabelas, cálculos, dados móveis e imóveis, flechinhas coloridas apresentadas sobre as tais últimas 24 horas. Um leve ar alegre dos apresentadores tentando passar algum otimismo informa, enfim, termos alcançado um platô, o cume. Mas quando vamos ver com atenção é apavorante, o cume do terror – como tão bem definiu claramente um especialista, essas curvas e tendências nos mostram nada mais do que uma “assinatura do fracasso”.  Lá em cima. Mais de mil mortes dias seguidos, outros milhares de contaminados dia após dia.  Isso contando só números oficiais, que todo sabem bastante defasados.

Os dados mostram números ora estacionando, ora dando pequenas marcha-a-ré, ou engates de primeira, como se fosse algum teste de direção para tirar habilitação. Como não diria, ou diria, Michel Temer, “não tem de manter isso aí”. O tal platô está lá no alto, não tem o que comemorar, relaxar. Mas não é o que o parece ser entendido como informação para a população deste nosso país atrasado, com tal ignorância de consciência social e de coletivo, além da sua enorme população tão carente de recursos que exigir compreensão, “protocolos” e mais sacrifícios chega a ser surreal e malvado.

E daí? E daí que é como se alguém embaralhasse de tal forma as informações, que ninguém sabe direito ou tem segurança é de mais nada. Vêm sendo liberadas atividades aqui e ali, as pessoas já estão tomando as ruas, o trânsito, os problemas do velho normal agora somam-se aos do tal novo normal. Tudo parece meio chutado.  Uma coisa pode abrir cinco horas, outras oito. outras só de dia; ambulantes podem, e já invadem com suas máscaras penduradas no queixo as calçadas das grandes cidades. Tanto pode e não pode como se houvesse alguma fiscalização real sobre o cumprimento dos tais protocolos. Tenho vontade de rir quando ouço falar em multas, punições de estabelecimentos; coitados dos quatro ou cinco escolhidos como flagrados, para dizerem que estão agindo. A real é que a Casa da Mãe Joana está com as portas abertas, escancaradas. E a economia, pálida, sem energia.

Enquanto isso, dá para acreditar? Não sei se temiam a reação ou alguma revolução popular nacional se não acenassem logo com nova data, transferiram o Carnaval de 2021, que cairia de 12 a 16 de fevereiro, e remarcaram para maio do ano que vem. Ou junho, ou julho, ou agosto, sabe-se lá.  Então, combinado: em maio do ano que vem, junto com noivas e mães, arlequins, pierrôs, colombinas, unicórnios, e um pouco mais de dias, que se junte logo às festas juninas, com seus alegres caipiras e quadrilhas. Só não fizeram o papel ridículo total porque ainda, pelo menos ainda, apenas cancelaram as festas da passagem do ano, não tentaram mudá-las de data. Mas não duvidem. Agora não duvido é de mais nada. Depois de transferirem, deslocarem, o Carnaval, tudo pode acontecer.

Datas, todas, inclusive, que dependerão sempre, exclusivamente, da existência de uma vacina. Vacina que a ignorância da negação já ataca, de antemão, com os mais estapafúrdios argumentos.

Enquanto isso um presidente infectado com o vírus passa as tardes pensando como vai aparecer para nos aborrecer um pouco mais, tinhoso que é. Corre atrás de uma ema em seu jardim encantado. Empunha nas mãos uma caixa de cloroquina, da qual aliás não se desgruda mais, e um dia saberemos a verdade atrás dessa história – como um maluco, esperando tomar mais alguma bicada, ser confundido com um prego. Sem ter ao que parece nada o que fazer – nesse desesperador momento – vai passear de moto, parando para conversar bem de perto e sem máscara com os serviçais de seu palácio.  Vive em outro mundo, assim como alguns de seus ministros irreais. O da Saúde, general interino, disse, repito, disse, falou, eu ouvi, você também deve ter ouvido, que assintomáticos não transmitem os vírus para outros, fora ignorar todos os alertas que recebeu e tudo que a Ciência propõe. E ainda tem o ministro Imposto Ipiranga querendo mais…impostos! E queimadas, e o mundo perplexo, e o tempo passando.

Não bastasse já estarmos precisando conviver com a gente mesmo de uma forma que jamais imaginávamos, e que é tão difícil, não temos um dia de paz, nem um dia que não nos envergonhemos de alguma fala, ato, decisão, ou que não tenhamos de fazer de conta que tudo isso vai passar logo. Não tem nem um dia em que não passamos pelo sentimento que tanto mal pode fazer, principalmente por nos sentirmos imobilizados e impotentes: raiva. Ainda não estamos babando, mas falta pouco.

Precisamos poupar energia para pedir uma vacina também contra isso, contra eles. E essa fórmula não parece que será dada nas próximas eleições, que essas –  interessante – ninguém teve coragem de cancelar.

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ARTIGO – Perplexa. Por Marli Gonçalves

Pasma, boquiaberta, aturdida, abalada, abismada, espantada. Revoltada. Perplexa. Só não digo que estou surpresa, porque era bastante previsível que teríamos problemas e embora os fatos que temos presenciado sejam difíceis de aceitar que ocorram nas nossas fuças e saiam completamente até do roteiro que imaginamos em nossos piores pesadelos.

Não estamos sonhando, embora pareça que estamos dormindo um sonho anestésico, irreal, como se o país todo tivesse bebido algo que adormecesse suas reações e estivesse sendo levado desmaiado para algum lugar absolutamente desconhecido. Uma espécie de golpe, sim, mas na nossa capacidade de interceder, por falta de caminhos, de líderes, e de coragem de assumir que estamos com sérios problemas.

E que nosso problema maior tem nome, sobrenome, filhos, apoiadores aproveitadores mal intencionados e malucos, e uma capacidade infinita de nos envergonhar, além de travar qualquer forma de desenvolvimento até tentada por alguns raros personagens bons que também estão incluídos nessa história bufa.

Tudo isso em um momento tão complexo como o que está sendo vivido em todo o Planeta, quando cada vez mais precisaremos de presença, bom senso, capacidade de negociação, respeito, temperança, enormes decisões, seriedade e liderança.

Perplexa. Perplexidade. Justamente a palavra que embute os sentidos e sentimentos contraditórios que estou reconhecendo em muitas outras pessoas, vendo muitos viverem, uma vez que também fala de nossa insegurança, indefinição, incertezas e essa louca paralisação. As encontro nas ruas, trocamos impressões, e cada um vai para um lado balançando a cabeça, inerte, desconsolado. Pessoas de todos os andares, do subsolo às coberturas, da geral aos camarotes.

Diariamente diante de nós se descortina o contrário de tudo isso o que precisamos: shows de ignorância, desrespeito, moralismo e conservadorismo sem noção, irresponsabilidade, provocações, ameaças, que alimentam ogros, libertam demônios que se levantam das profundezas.

Não é piada, embora sempre a gente brinque que o Brasil é o país da naturalmente piada pronta. Já é, não precisa forçar. Estamos na mão de um maluco, ouço de muitos. Agora alguns “aliados” até passam a reconhecer que a coisa está descambando. E não fazem mais nada. Esperam, como se diz, o circo pegar fogo.

E o circo está armado, coberto de gasolina, com um monte de feras famintas de ódio loucas para saírem de suas jaulas e estraçalhar a democracia, apostando no esmigalhamento de todos os poderes.

Somos nós ao mesmo tempo a plateia e os trapezistas, malabaristas, palhaços, mágicos e bailarinas, que sobrevivemos a cada dia enquanto eles encenam esse triste espetáculo, com a paquidérmica anuência que domina, mas muito ainda pela falta de opções de escolha. Parece que dessa terra arrasada não brotam flores novas e viçosas que possamos regar com louvor; apenas ervas daninhas já arrancadas que insistem em tentar se reafirmar.

Economia em frangalhos, insegurança, falta de saneamento básico demonstrado a cada inundação, cada morro que desaba, mata, e não vê comoção nem solução, e as notícias se repetem, muitas vindas de um cercadinho inadmissível e humilhante onde o que um dia ocupou o lugar de Quarto Poder se submete e não consegue formular nem a questão principal – afinal, aonde o senhor quer chegar?

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#ADEHOJE – COMO MANTER A MENTE QUIETA, A ESPINHA ERETA E O CORAÇÃO TRANQUILO?

#ADEHOJE –

COMO MANTER A MENTE QUIETA, A ESPINHA ERETA E O CORAÇÃO TRANQUILO?

SÓ UM MINUTO – A mente quieta, A espinha ereta. E o coração tranquilo…A frase imortal da canção de Walter Franco que nos deixou hoje, aos 74 anos, e que tanto nos inspira há tanto tempo está cada dia mais difícil de ser seguida.

Como? Com o óleo que a cada dia se espalha pelas nossas praias, mangues, infesta os corais? E com um ministro que ousa chamar o Greenpeace de ecoterroristas? Com essa gente que ousa acusar o derramamento como coisa da “esquerda”? Que quem protesta é preso, e não se sabe como será punido quem sujou o mar?

Com um maluco de um presidente que nos envergonha diante do mundo com aqueles seus olhos secos, arregalados e sem piscar? Com esses filhos zero zero zero que não cansam de nos surpreender? Eles e a turma que arrastam atrás de si.

Isso sem falar nessa reforma na previdência que atinge diretamente as mulheres, nas ideias de cortes sociais de Paulo Guedes. Tantas outras coisas que precisam de muito mais de um minuto, muito mais …

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#ADEHOJE – PRISÃO, PREVIDÊNCIA, REFORMAS. E NÓS, POBRES MORTAIS?

#ADEHOJE – PRISÃO, PREVIDÊNCIA, REFORMAS. E NÓS, POBRES MORTAIS?

SÓ UM MINUTO – Muitas decisões precisam ser tomadas para tentar que o país desatole, e comece alguma caminhada. Nós temos dúvidas sobre as decisões e os impactos delas em nossas vidas. Nós, os pobres mortais. Por exemplo, você sabe se a reforma da previdência vai te prejudicar? A mim, até a discussão já está prejudicando, uma vez que estou há mais de um ano pedindo aposentadoria e não consigo. Está tudo parado, milhões de pedidos. Hoje ouviremos o zum zum sobre a prisão em segunda instância que está sendo discutida no STF…

Mas o que está legal mesmo é ver que os Bolsonarinhos vão pular miudinho com as novas denúncias de utilização de redes para propagação de fakenews. Isso pode dar cana, impeachment… sim, impeachment, porque se ele se elegeu usado esse crime…

Temos muitos capítulos pela frente. Aliás, está fazendo um ano que gravo nosso #ADEHOJE. Inventei isso porque sabia que todo dia a ter bronca – comecei um dia após a eleição do homem, lembram?

#ADEHOJE – OS OLHOS E ÓLEOS GRUDENTOS

#ADEHOJE – OS OLHOS E ÓLEOS GRUDENTOS

 

SÓ UM MINUTO – Não é só o óleo negro que invade as praias o que nos atinge. Não é só ele que é grudento. Grudentas são as declarações e a ignorância. Os movimentos políticos que, em um momento tão grave como esse, aqui e no mundo, parecem querer brincar com nossa paciência, nos fazem lembrar uma casa em que todos brigam e ninguém tem razão, nem aqui, nem lá no Japão.

Protestos violentos no Chile, agora também na Bolívia. Guerras, guerras comerciais. Lutas pelo meio ambiente, pela liberdade, democracia, Oriente e Ocidente conflagrados. Mas parece que nada importa a não ser as bobagens que brotam do presidente, seus comandados, a troupe que o segue alegremente, e que vai e que volta igual ao piche.

De bom mesmo, parece só que por enquanto nos livramos do Eduardo Bolsonaro como embaixador nos Estados Unidos. Por enquanto…

#ADEHOJE – PALHAÇADAS POLÍTICAS. E O MUNDO EM POLVOROSA

#ADEHOJE – PALHAÇADAS POLÍTICAS. E O MUNDO EM POLVOROSA

SÓ UM MINUTOÉ, NÃO É, É. Bem, enquanto gravo, o filhinho do Capitão, aquele ser Eduardo Bolsonaro, é líder do tal PSL, partido do presidente. Pode ser que daqui a pouco não seja mais, uma vez que o Delegado Valdir está tentando retomar. O jogo todo é pelos milhões do fundo partidário, não é por ideologia, ou porque alguém queira fazer algo por mim, por você, por nós. Uma palhaçada, mais uma, igual a que o governo federal está fazendo com relação ao óleo que não para de chegar às praias naquele que já pode ser considerado o maior desastre ambiental do litoral do país.

Qual é o remédio para nos livrarmos dessas pragas políticas que nos assolam há décadas? Não tem para onde olhar. Nos resta tentar algum humor para assistir a esse debate de baixo nível.

No mundo, os assustadores e inflamados protestos; aqui perto, no Chile; mais longe em Barcelona…e em muitos outros locais, somando-se a Bolívia se as eleições lá derem algum curto circuito. No Brasil as ruas ainda não estão falando. Temo o momento que começarem balbuciar o que se passa.
palhaçadaespalhando areia

#ADEHOJE – MULHERES NO ESPAÇO, INFINITAS SEJAM SUAS CONQUISTAS

#ADEHOJE – MULHERES NO ESPAÇO, INFINITAS SEJAM SUAS CONQUISTAS

 

SÓ UM MINUTO – Para o mundo todo assistir e aplaudir. Christina Koch e Jessica Meir são as primeiras mulheres a realizarem juntas uma caminhada espacial. Nesta sexta, juntas, deixaram a Estação Espacial Internacional (ISS) para trocar uma peça que quebrou no último fim de semana. #Orgulho se der mulher.

Enquanto isso, a vergonha nacional se espalha, como o óleo negro que invade as mais belas paisagens nacionais, as praias e santuários do Nordeste. Todo mundo atônito correndo atrás de fantasmas, de secar o gelo, de não saber de onde vem essa tragédia. O país governado por um bando de despreparados, de um partido despreparado que4 se une aos fisiológicos numa guerra pública e insana. Daqui a pouco vão tirar da gente até o epíteto de país em desenvolvimento.
Estamos parados. Mas o desmedido endeusamento de Lula em plena progressão, como se não houvesse outro amanhã.

Imagem Abertura e interna: as astronautas Jessica Meir e Christina Koch no espaço

#ADEHOJE – CLIMA MOBILIZA O MUNDO

#ADEHOJE – CLIMA MOBILIZA O MUNDO

SÓ UM MINUTO – Milhões de pessoas em todo o mundo hoje estão mobilizadas pelo salvamento do planeta, no que chamam Greve Geral pelo Clima. São pessoas de todas as idades, mas especialmente mulheres e jovens, o que é muito interessante, especialmente.

Hoje os médicos liberaram Jair Bolsonaro par a a viagem a Nova York, onde abrirá – com discurso – a conferência geral das Nações Unidas, na ONU. Vocês estão aí rezando e torcendo para que não passemos mais vergonha, né? Pior é que será difícil que isso não ocorra, porque é o Ernesto Araújo, aquele que faz um monte de ranran quando fala, e só bobagens, assessorado pelo que há de pior da direita, quem está cuidando disso.

No Congresso, o resumo da ópera: os deputados estão querendo que a Casa da Mãe Joana volte às eleições. E que a gente pague todas as bobagens que eles fizerem durante a campanha. Esse é o resumo desse samba do vaivém do projeto que aguarda sanção do presidente, acuado. Se cortar, os políticos vão revidar. Se deixar, nós revidaremos.

#ADEHOJE – AGRESSÕES A TODOS NÓS, A TODAS NÓS

#ADEHOJE – AGRESSÕES A TODOS NÓS, A TODAS NÓS

SÓ UM MINUTO – Brasil registra uma agressão a mulher a cada 4 minutos, mostra levantamento. No ano passado, foram registrados mais de 145 mil casos de violência —física, sexual, psicológica e de outros tipos— contra mulheres e nas quais as vítimas conseguiram sobreviver. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2017 houve 4.396 assassinatos de mulheres no país.

Mas enquanto isso eles estão preocupados em censurar histórias em quadrinhos, em falas absurdas e agressivas, arrumar encrenca com nossos maiores parceiros comerciais internacionais.

Feitiço contra o feiticeiro. Nunca houve uma Bienal tão boa, tão falada quanto esta do Rio de Janeiro. Principalmente depois do ato imbecil de Crivella de querer proibir uma história em quadrinhos da Marvel, de 2010! No final foram vendidos 4 milhões de livros- um crescimento de 60% ante a edição anterior, em 2017. Só o youtuber Felipe Neto comprou e distribuiu gratuitamente 14 mil livros sobre o tema LGBT. Ao menos 70 autores assinaram um manifesto contra a censura.

SETEMBRO COMEÇOU COM QUASE 5 MIL FOCOS DE QUEIMADAS NA AMAZÔNIA.

 

#ADEHOJE – O NOME DISSO É CENSURA, SIM!

#ADEHOJE – O NOME DISSO É CENSURA, SIM!

 

SÓ UM MINUTO – É censura o nome disso. É homofobia o nome disso. É preconceito o nome disso. É invasão de religião o nome disso. É abuso o nome disso. É perigo demais o nome disso. Qual é o problema desses caras? E a burrice? Porque agora que a imagem se espalhou, a revista esgotou em minutos…

Que história é essa de um prefeito mequetrefe mandar fiscais na Bienal do Livro do Rio de Janeiro para apreender uma MERA publicação de história em quadrinhos? A HQ “Vingadores – A Cruzada das Crianças”, da Marvel. Uma imagem de beijo entre homens? Onde estamos? Ora, saia na rua, vá ver a vida, a realidade, a atualidade.

Aproveitem e vão plantar batatas que farão melhor do que se meter na cultura nacional e internacional.

Aliás, que história é essa de agora, prefeitos, governadores e um presidente desse naipe quererem dizer o que leremos, o que assistiremos? O que as crianças vão aprender sobre sexo aprenderão na vida.

Cada dia está ficando mais terrível a situação. Por favor, conversem com quem puderem, alertem, expliquem. Isso não pode continuar.

Nós nos vingaremos, e todos de preto, amanhã, nas ruas.

 

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#ADEHOJE – ELE AVANÇA SOBRE NOSSAS CABEÇAS

#ADEHOJE – ELE AVANÇA SOBRE NOSSAS CABEÇAS

SÓ UM MINUTO – Bolsonaro está se especializando em parecer aquele Chucky, o brinquedinho. Todo dia quer apavorar um pouco, e com um linguajar quase intraduzível. Assim se distancia de Moro – quer porque quer trocar o superintendente da PF. Demitiu quem reclamou de ter sido chamado não republicanamente; ao contrário. Agora também quer proibir, eu disse proibir, a discussão de identidade de gênero. O Doria essa semana já mandou recolher uma cartilha que falava sobre o assunto para estudantes adolescentes. Eles acham que assim resolvem os preconceitos deles. Bolsonaro agora invocou com a Michele Bachelet, ex-presidente do Chile, agora no Alto comissariado da ONU. Ela criticou a violência no Brasil.

Enquanto isso, no escurinho, a Câmara retoma vários pontos de campanha, aumentam fundos partidários, Rosinha e Garotinho vão para casa com a malinha que já devem deixar pronta para ir para lá e para cá. A indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada de Washington é rejeitada por 70% , segundo pesquisa DataFolha.

Vista preto no sábado.

#ADEHOJE – -O XADREZ DE BOLSONARO. PEÇAS BRANCAS?

#ADEHOJE – -O XADREZ DE BOLSONARO. PEÇAS BRANCAS?

 

SÓ UM MINUTO – E o bispo? O presidente Bolsonaro deu agora para tentar sofisticar e dar exemplos como se fosse jogo de xadrez. Claro que ele diz que é o rei; a dama, o/a Procurador Geral da República, que, aliás, ele está para escolher e já diz que será homem. Surpresa! O governo mais masculino dos últimos tempos. Na analogia maluca, Sergio Moro seria a Torre e Paulo Guedes o cavalo.

Melhor seria se ele usasse o jogo da velha, e a gente iria fazendo riscos nos xis e nos zeros. Em jogo também a Lei de Abuso de Autoridade aprovada no Congresso. Anunciados que serão 20 os vetos, e a lei vai ficar toda cortada, Frankenstein.

Gente, e o clima? Continua nos dando sustos com todas as suas estranhezas e as queimadas continuam a mil.

#ADEHOJE – PRESIDENTE AJOELHADO. APROVAÇÃO DESPENCA MAIS

#ADEHOJE – PRESIDENTE AJOELHADO. APROVAÇÃO DESPENCA MAIS

 

SÓ UM MINUTO – Está caindo a ficha dos eleitores brasileiros. Caindo, não; despencando, fazendo blém blém… A reprovação do presidente subiu de 33% para 38% em relação ao levantamento anterior do instituto, feito no início de julho. A aprovação também caiu: 33% , em julho; 29%, agora.

Mas é por coisas vergonhosas como as falas de Bolsonaro e essa cena de ontem, de fazer corar qualquer pessoa com um mínimo de bom senso. Ver a cena patética do presidente ajoelhado diante de Edir Macedo, da Universal, no babilônico Templo de Salomão, recebendo uma “unção”, e sendo comparado a Deus, dá arrepios e muito mal estar. Isso – esse sentimento de repulsa – vem crescendo de forma anormal entre a população. Pergunta aí. Conversa um pouco. Não é questão de esquerda /direita – mas de ter um mínimo de bom senso.

#ADEHOJE – – O MUNDO OLHANDO DE ESGUEIRA PARA O BRASIL

#ADEHOJE – – – O MUNDO OLHANDO DE ESGUEIRA PARA O BRASIL

 

SÓ UM MINUTO – Os olhos queimam, anda difícil de respirar, o céu do dia virou noite em São Paulo, a água da chuva preta, preta. E eles negam. As lojas fecham, ninguém tem dinheiro para nada. E eles dizem que está tudo bem. Agora, o homem que nos desgoverna tem coragem de acusar as Ongs pelas queimadas que há tanto tempo denunciamos. A ignorância não tem limites. Gente que não entende nada, patavinas, é posta em locais chave, inclusive na área de educação. A cultura, coitada, também atacada…

Até quando? Parece que amanhã, sexta, tem manifestação pe4la Amazônia. Concentração no Masp, seis da tarde. Confirmem

#ADEHOJE – UM BOLSONARO DIPLOMATA?

#ADEHOJE – UM BOLSONARO DIPLOMATA?

SÓ UM MINUTO – Que vergonha! Não vai parar, né? O presidente Jair Bolsonaro na vai parar de nos atormentar com tosquices, creio. Agora essa. Dar de presente de aniversário ao filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de São Paulo a embaixada mais importante, dos EUA, em Washington. Ah, mas ele fala inglês! Ah, mas ele fala espanhol! E essa? Amigo da família do Trump! Esse menino é um bronco, representante do que há de pior em ideias e atos. Evangélico, 35 anos, 1m85 de altura, olhar seco e armado até os dentes. Deus nos livre dos Filhos do Capitão.

Nepotismo, por incrível que pareça não é o mais sério nessa história. É o arrojo com que essas ideias são lançadas dentro de um país em crise e em um momento tão delicado. Já gastaram mais de um bilhão e meio em liberação de emendas para aprovar a tal reforma da Previdência. Tirando dinheiro de programas fundamentais, como saúde e educação.

Não é possível que tal metade da laranja que acha que tudo que Bolsonaro faz é lindo continue nessa toada.

Qual será a reação nacional? As pessoas estão dormentes?

#ADEHOJE – TODO DIA, NOSSOS SUSTOS. E A DIVISÃO SE ACENTUA.

#ADEHOJE – TODO DIA, NOSSOS SUSTOS. E A DIVISÃO SE ACENTUA.

 

SÓ UM MINUTO – Quando comecei esse programa há sete meses, logo após o resultado das eleições, mal ou bem, pela experiência, já sabia que todos os dias teríamos muitas coisas para comentar. Primeiro pensei em fazer com humor, mas com o tempo, infelizmente, as coisas foram se deteriorando tanto que até o humor fica prejudicado. Resta a ironia. São cinco meses de um governo confuso como biruta de aeroporto; que propõe retrocessos inaceitáveis e que cria casos em sequência.

Mas garanto que, por mais que soubesse que teríamos problemas, nunca poderia imaginar que seriam tantos! Ministros da Educação como esses dois, o de agora é mais perigoso que o colombiano! – a troca de cargos feitas à faca, relações externas feitas a navalha, ministra da Mulher que não vê os fatos, o da Justiça engolindo sapos seguidamente. O do Meio Ambiente mais um sem noção. E um presidente que, junto com os filhos e uma turma, parecem apenas querer uma divisão ainda maior do que a que vivemos tão apreensivos.

#ADEHOJE -AS CENAS QUE ASSISTIMOS E QUE NOS TORNAM REFÉNS

#ADEHOJE -AS CENAS QUE ASSISTIMOS E QUE NOS TORNAM REFÉNS

SÓ UM MINUTO– Tem cena mais vergonhosa do que esta, dos integrantes da bancada da bala fazendo o sinal de arminha com a mão, ao lado do presidente Bolsonaro assinado o decreto que facilita o porte de armas carregadas para várias categorias? Ampliado para políticos, advogados que atuam na poder público (como procuradores e defensores), motoristas de veículos de carga, proprietários rurais, jornalistas, conselheiros tutelares, agentes socioeducativos, entre outros.

Isso não é governo. É acinte. O que está acontecendo com esse país? Já pensaram em caminhoneiros armados? Aliás, começarão certamente a estourar inúmeras greves que põem o governo como refém, uma vez que a estratégia dos caminhoneiros parece estar surtindo efeito. Não podemos tolerar que se crie mais insegurança ainda nas estradas, tirando radares, com motoristas armados, entre outras. Parece que não percebem que com o país parado, a produção parada, o problema dos caminhoneiros será não ter o que transportar nas nossas esburacadas vias.

Outras : o nome do bebê real e Archie. E o tal Olavo de Carvalho desocupado continua a infernizar os militares junto aos filhos do Capitão, de forma agressiva, desrespeitosa, lamentável. O ministro da Educação a cada dia se mostra mais ignorante do que o anterior, o que já era bem difícil.

#ADEHOJE – DIA BOMBÁSTICO NA POLÍTICA

#ADEHOJE – DIA BOMBÁSTICO NA POLÍTICA

 

SÓ UM MINUTO – O dia amanheceu quente hoje, e não só por causa das prisões de Michel Temer e Moreira Franco, pedidos expedidos pelo juiz Marcelo Bretas do Rio de janeiro, e para onde Temer foi levado. Logo cedo a PF estava nas ruas, em São Paulo e Alagoas cumprindo mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra acusados de emitir fake News e ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Fora isso ainda há gente que parece que está cego e surdo – não conversa com o povo nas ruas – e ainda insiste em acusar a pesquisa Ibope divulgada ontem de mentirosa. Sim, gente, a aprovação ao governo e forma de Bolsonaro governar está despencando. Ele precisará colocar a economia para andar, se quiser deter essa sangria, mas até agora permanece no Twitter. E a equipe a nos fazer passar vergonha.

ARTIGO – Não tem nem mas, nem meio mas. Por Marli Gonçalves

Porém, no entanto, todavia, contudo, não obstante. Horas que as letrinhas adversativas chegam apenas para mascarar. Essa mania nacional de pensar claudicante e de pouca firmeza em opiniões pode nos levar a um buraco muito mais fundo do que aquele em que já estamos. Eu não sou isso, aquilo, mas… não cabe nesse momento. Ou é ou não é. Ao menos assumam. Respeitem nossa inteligência. Nada de votos envergonhados

Já começou a temporada do “Eu não sou…, mas” – e lá vem defesa do indefensável. Tenho reparado que essa praga volta com força máxima e logo agora que tanto precisamos de opiniões e atitudes certeiras, decididas. É igual a usar excessivos gerúndios, que estou convencida que é um vício que “pegou” porque é apenas uma forma, um jeitinho, de ir levando, ir fazendo, ir ganhando tempo, de não fazer é nada, como combina com o caráter nacional. Acabemos com isso, enquanto é tempo. Não é hora para covardes vindos de nenhumas das várias pontas da questão Brasil.

Direto ao ponto, para ser mais clara. Um candidato à eleição presidencial vem se fazendo apenas (até porque não tem outras qualidades) em cima de polêmicas absurdas, despreparo, atraso, manipulação de informações e do desespero de brasileiros em várias áreas, em especial a violência. Ele não é novo, não é exótico; é apenas uma besta. Estou falando, claro, de Jair Bolsonaro, que, pior ainda, tem filhotinhos bolsonarinhos. Pronto, já deixo claro aqui o que eu acho desse nome: traz as trevas, não tem a menor condição, é mais uma palhaçada que se criou nesse ambiente doente e árido em que vivemos. Eu acho isso. Respeito, embora não há argumentos que possam justificá-lo,  quem admite de forma desenvolta que ficará com ele.

Mas já irrita profundamente, e as tenho encontrado com alguma insistência, especialmente nas redes sociais, pessoas que escancaram um “Eu não sou Bolsonaro, mas…” seguido de uma série de argumentos favoráveis a essa angustiante opção. Esse tipo de sentimento gerou Malufs, Cabrais entre outros insolentes que acabaram no poder. E acabaram com o país e com o nosso crédito na política.

Do outro lado: “eu não sou petista, mas…” tem impressionado muito, porque precisa ter capacidade, ou um bom pagamento de soldos, para vir a público defender, não só o Lula, mas toda a corja que se formou dentro do partido que era a esperança, e virou um verdadeiro e escancarado lixo, para dizer o mínimo. Gosta dele, Lula, quer vê-lo fora da cadeia? Ok. Bárbaro. Hashtag para você também. Mas por favor, pare aí. Não venha com lamúrias, ousar dizer que não houve julgamento, sendo que passou por todas as camadas, esferas e estratosferas. Fora que esse processo que corre mais lépido é apenas um entre outros muito mais cabeludos. Muito mais.

Entendo e admito que no meio de mais de uma dezena de opções absolutamente atemorizantes se definindo como candidatos, nossa cabeça esteja mais para biruta de aeroporto. Mas há de haver detalhes inegociáveis. O respeito aos direitos individuais, à liberdade de expressão, aos mecanismos democráticos de controle, ao Estado Laico.

Dentro disso tudo, repito, não tem nem mas, nem meio mas…Não pode ter.

Não sou racista, mas… Respeito as mulheres, mas… Não tenho nada contra gays, mas… É muito covarde e gera atos tão covardes quanto. Não acredito em bruxas, mas…

Podemos usar o tal mas em outras formas, nas quais denota defeito. Por exemplo: Lula é um líder, mas deixou rastros e provas de ter se beneficiado pessoalmente; Bolsonaro surgiu, mas sua incapacidade intelectual e gênio o tornam inábil e perigoso.  Eles, entre outros nomes que se apresentam nas esferas estaduais e federais, são a personificação do mas, em sua terceira opção, a da dificuldade, porque são a própria negação, o embaraço, o obstáculo, o inconveniente, a objeção. Mas é adversidade, e não aguentamos mais tantas delas.

Apelo: “mas” enquanto conjunção sempre ligará duas orações. Aproveito: que assim seja, Deus nos livre deles! – mas se eles insistirem será preciso combatê-los. Com firmeza.

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Marli Gonçalves, jornalista. Um detalhe importante para aprender. Mas não é mais, que sempre aparece como outro erro de linguagem. Uma é uma coisa; mas a outra, outra coisa.

Brasil, mas pode chamar de ameaçado, 2018

marligo@uol.com.br/ marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – E agora, brasileiros? Que é que a gente faz? Por Marli Gonçalves

Está aturdido? Percebeu só agora a causa de o país estar nessa bancarrota, e nós bancarrotados? Na lista tinha nomes pelos quais você ainda juraria de pés juntos? Sinto muito. O que a gente pode fazer? Vamos ficar parados, só olhando, ouvindo, achando que tudo isso vai passar e o mundo estará livre de ratos?

O que os olhos não veem o coração não sente. Pois agora não só estamos sabendo, como ouvindo e vendo, em detalhes formidáveis, a roubalheira que parece não ter mais fim e que não temos noção de onde foi exatamente esse começo. Talvez quando nos orgulhávamos do tal “jeitinho brasileiro”. Ou quando começaram a aparecer de todos os lados ídolos de lama, salvadores da pátria, guerreiros dos trabalhadores, do povo, libertadores? Gente parecida com agentes de trânsito que só sabem de esquerda, direita. De uma vez por todas, presta atenção naquela máxima “quando a esmola é muita até o santo…”

Não podemos substituir o coentro pelo cheiro verde, como diria a natureba Bela Gil. Então eu te pergunto, porque também estou me perguntando, angustiada. O que a gente faz, objetivamente? Na prática?

Não quero ser chata, mas informo: primeiro, que vem mais, muito mais por aí, e as revelações serão depuradoras; segundo, que não será a Justiça – nem se ela tomasse anfetamina e de repente aparecesse toda lépida, ágil, e moralizadora – a resolver a pergunta sobre qual país estará saindo disso tudo, que direção tomar. Sozinho não anda.

Continuo vendo na tevê as mesmas caras de pau, com os mesmos bocas-duras, línguas de trapo, os mesmos partidos, com as mesmas cantilenas, como se não fosse com eles o assunto. Desmemoriados. Contra o soro da verdade que, parece, embebedaram os delatores executivos, um relaxante, antes que começassem a dar o serviço. Não posso ter sido só eu que detecto alegria e certo alívio nas declarações, naturalidade sincera, ironia cáustica e vingativa nos detalhes e nos apelidos. Ah, os apelidos! São um capítulo à parte. Definitivos. Eles pagaram, gastaram, mas também se divertiram. Extorquiram e foram extorquidos. Mas botaram no papel – até programa especial inventaram – tim-tim por tim-tim, até porque precisavam cobrar os préstimos. E negócio entre malandros tem leis especiais, fora dos círculos oficiais. Igual droga.

Uma amiga querida, muito querida, está tão indignada que não consegue pensar em outra coisa que não seja o degredo de todos eles, vejam só. Degredo. Lembra que há 500 anos Portugal mandou para cá tudo quanto é gente que não prestava, e que agora seria hora de devolver esses que parecem ser seus descendentes. Suei para explicar a ela que seria uma sacanagem com o local escolhido para largá-los. Como ela está muito brava, também deve ter pensado numa cela gigante, um dragão engolindo a chave.

O problema – e nisso ela concorda – é que nada disso resolveria a questão principal. Como salvar o país que derrete sob nossos pés? Esses envolvidos são lixo que não dá para ser reciclado, altamente infectados.

Como lidar com essa vergonha que nos assola diariamente, nos deixa tão atônitos que acabamos esquecendo que algo precisará mesmo ser feito qualquer hora dessas, e o momento é agora, now? As Organizações Odebrecht acabaram. O Rei pode ser deposto. Não sobrou nem a pedra fundamental.

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20170227_154333

Marli Gonçalves, jornalistaNão. Nunca vi nada igual. Hora que é bom ser como sou, sempre fui, meio do contra. Mas estou anotando todas as sugestões que me parecerem sérias, porque não dá para se acostumar jamais com tanta sacanagem. Lista delas.

Brasil, escandalizado, humilhado, na encruzilhada, 2017

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@MarliGo

ARTIGO – Prepare seu coração. Por Marli Gonçalves

boygirl3Dtoons_onRollerCoaster_169x169_anigraphics-rollercoaster-600814Sim. Calma. Respira. De novo. Vamos. Não adianta se desesperar. Ainda teremos emoções bem fortes pela frente nos próximos seis meses. Sim, já se passaram seis meses, a metade, deste ano. Incrível, não pode ser só eu que acha que o tempo está voando sob nossos pés. Feliz segundo semestre de 2016!

Aos trancos e barrancos, descendo e subindo ladeiras, tropeçando, prendendo a respiração, arregalando o olho, prestando atenção, pulando poças, se desviando das flechas. Vai mesmo parecer corrida de obstáculos, labirinto. Ou trem fantasma. O que já está seguro: temos de enfrentar os dias de cabeça erguida. Me dá sua mão. Eu preciso de uma mão.

Já se deu conta? Vamos indo juntos, pensando. Primeiro, algo suave, as estações. Meses de inverno com frio. Frio, que até a gente tinha se desacostumado. Previsão de tempo seco, nada de ficar se esquentando debaixo do chuveiro. Vai passar também toda uma primavera, daquelas, para que a gente sempre acredite que ela traz coisas boas, novas, coloridas, amorosas, perfumadas, belas.

Lá pro finzinho do ano, que a coisa vai ficando quente (ou fria, depende; mas me refiro à coisa), chegará o verão e suas modas. Engatilhado, o Natal, o Ano Novo, a vontade de pensar só coisas boas e otimistas, roupinhas brancas, e todas aquelas palavras e gestos de todos os anos, com hohoho e tudo.

Mas antes vai ter muito protesto, muita manifestação, muito barulho por tudo e por nada, que agora a gente gostou de ir para a rua, de vermelho ou de verde e amarelo, carregando plaquinhas. Tem a votação do impeachment no Senado, os julgamentos pendentes nos tribunais superiores. As ruas vão fazer pressão, queda de braço, ver quem grita mais alto. Os jovens estão sedentos por causas, e só não temos mais tantas greves porque para ter greve precisa ter trabalho e isso anda bem escasso. 14 milhões de desempregados em todas as faixas podem ocupar um país, acabar de pará-lo, puxar o freio de vez, deixando a marca no asfalto.

Tá bom, vou maneirar, refrescar um pouco, e lembrar que teremos quatro feriados nos próximos seis meses: 7 de setembro, 12 de outubro, 2 e 15 de novembro. Sim, verifiquei; caem em dias da semana, para serem enforcados. Esquece o Natal que esse vai cair no domingo.

Voltando à nossa conversa, todos os dias dos próximos seis meses ouviremos falar as mesmas palavras como uma cantiga: João que delatou Maria que delatou o Pedro, que contou que não sabia de nada. José preso; Francisco com tornozeleira. Antonio nega. Paulo condenado. Ao fundo só ouvimos contar os milhões, bilhões, desviados de algo que ao fim e ao cabo era nosso – fomos roubados.

No meio dessa cantação toda, ouviremos também obrigatoriamente a cantilena e os jingles de campanha para prefeitos e vereadores. 2 de outubro tem eleição. Não temos bons candidatos, mas temos eleição, e vamos ter que votar e uns serão eleitos. Obrigatório.

Está pensando que eu esqueci agosto? Como poderia? Deve ser votado o final da novela Dilma, e o fim do seriado Eduardo Cunha, para ver se enfim as peças se ajustarão melhor e algum futuro poderá ser previsto mais solidamente, que agora está no ar, como os devaneios e baboseiras. Spoiler: os dois serão varridos.091_snowjump_cat_gifs

E vamos todos estar com as mãos juntinhas rezando para que nada de muito grave ocorra durante as Olimpíadas, logo esse ano, por aqui, no Rio, na calamidade. De 5 a 21 de agosto, muita fé. Vale promessa, virar o sapo no telhado, subir no Cristo Redentor de joelhos, qualquer coisa. Só rezar para que não seja baixo astral coletivo. O mundo todo olhando para cá. Para lá.

Mal respiraremos saindo dessa e logo, de 7 a 18 de setembro, a agonia vai voltar durante as Paralimpíadas. Mais atletas, mais perigos, mais Rio de Janeiro.

O mundo todo, eu sei, estará bem ocupado. Vai ter dor de pescoço de tanto ter de se virar de lá para cá para assistir a tanta coisa acontecendo na Terra, quiçá no espaço, quiçá no subsolo, quiçá vinda do céu, ou invadido pelo mar que anda querendo se espreguiçar. Eleições doidas na nação mais poderosa do mundo, numa terça-feira, 8 de novembro, com competidores díspares e atitudes inusitadas em movimentos perigosos. O Reino Unido arrumando as malas para se mudar, morar sozinho. Bolsas sensíveis a qualquer movimento mais brusco. E o terrorismo à espreita com os delírios de suas virgens, suas proibições e dogmas em Estados e organizações paramilitares e religiosas.

Bem, então, como eu ia dizendo…. Prepare seu coração para as coisas que eu já contei.

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Marli Gonçalves, jornalista – A profissão que existe para contar as histórias dos dias que virão, tentando entendê-los. E ultrapassá-los, porque afinal falta pouco para virar o ano.

Réveillon do segundo semestre, mais uma metade, tim tim, 2016

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ARTIGO – Calamidade. Por Marli Gonçalves

caldoINJUSTIÇA, INJUSTIÇA! Também quero poder decretar estado de calamidade particular. Existe? Pedir por aí um dinheirinho para pagar umas contas, poder honrar as dívidas no banco, me embelezar e ainda sobrar algum para eu receber bem uns amigos, com certo conforto, e eles já estão chegando… medical_16

 

Por que eles podem e a gente não? Virou tudo mesmo uma casa da Mãe Joana, né? Não vai parar. A capacidade nacional de nos surpreenderem diariamente não se esgota, embora nos deem imenso desgosto. Expõem, sim, mas o esgoto das veias políticas que drenam o desenvolvimento de um tudo que queremos, de um lema que seria, creio, só mais ou menos assim: cresça e deixe crescer.

Mas não. Agora essa última novidade. Que vergonha. Além de arrasar o país com medidas alucinadas, foram lá fora e gastaram uns tubos, buscar um evento do porte das Olimpíadas, e para acontecer logo depois de uma Copa que foi totalmente esquecível, deprimente mesmo. A vantagem que Maria levaria, ou que possivelmente Maria levaria (vai levar?), seria mostrar mais o país, atrair investimentos, gente, turismo, que falassem de nós.

E dar o que falar é nossa especialidade. Conseguimos, sim, que falassem de nós – e muito – até antes de começar o tal grande evento e sua tocha andante: estupro coletivo, tiroteios, balas perdidas, briga de facções, ciclovias de geleia, resgastes cinematográficos, piratas, zikas & Cia, caxumba, gripe. Falta só invasão de ETs. Mais: corrupas de todas as cores e tamanhos, dois governos, líderes de cabelos tingidos de asas da graúna e outros com esposas que arregalam tanto os olhos para grifes que os olhos ficaram assim – arregalados de vez.

Aí um governador (provisório, diga-se de passagem) acorda de manhã, abre a janela, olha para o Cristo Redentor e é iluminado pela ideia de decretar calamidade pública, assim sem mais nem menos, vapt-vupt. Teve preguiça de pensar em outro nome, vai calamidade pública mesmo, que é bem intenso, dramático, deve ter pensado. Imagine vocês se ele ia notar que há um protocolo internacional e que calamidade pública se decreta em casos de desastres, em geral naturais, de muito grande porte. É mais que Estado de Emergência – é desastre de nível 4, gigante.formatura

Devia ao menos ter pensado outro nome, para carioca gostar, com algum “S” ou algum “R” para musicar na fala. Mas não. Calamidade pública. Sem “s”. Sem “r”. Podia ter decretado: “sujou geral”, “parada sinistra”, “orçamento bolado”, “acabou o Caô”, “ajuda aí mermão”.

É ou não é loucura? É tipo jogar a toalha, desencanar, entregar o jogo, sair andando e dando de ombros, abrir a porta do avião e jogar o pacote, roleta russa, ligar o foderaiser no máximo. Do céu choverá os recursos que disfarçarão a má gestão de tudo o que fizeram até agora, durante um tempo até com guardanapos de linho na cabeça e sorrisos bêbados para selfies mundo afora.

Entendo que muitos de nós, eu inclusa, temos passado por dias meio assim, com nossa calamidade particular de cada dia. Vontade de fazer picadinho de boletos, fritar tarifas e impostos numa panelinha, botar uma gravação debochada para atender aos cobradores. Decretar falência, bolso furado, mandar tudo pro ar!

Mas temos nomes a zelar, uma tal reputação que precisamos respeitar, e uma cidadania a considerar.

Eles não têm nada disso.slide_268882_1863925_free

Marli Gonçalves, jornalista – Adoro o Rio por muitos motivos. Um deles é que fui feita lá.

São Paulo, metade de 2016

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Vergonha desse país. Por Marli Gonçalves

princeA gente fica meio assim, encabulado, tímido, introspectivo. Às vezes nem comenta, porque já está até chato, mas fica ali matutando, com o assunto na cabeça. Tem sido assim nesse nosso país já faz mais de ano, parece que entramos numa espiral

Qual vai ser a próxima? Qual será a frase que nossa presidente dirá e que passaremos a semana inteira ironizando e sacaneando? Será que ela vai citar de novo a volátil mosquita?

Quem vai aparecer da tumba, para não morrer deitado, e virá com mais revelações picantes de caráter pessoal? A famosa Rose, do Lula? Daria tudo para conseguir essa entrevista, nesse momento o poço dourado dos jornalistas que cobrem política. Se pudesse estaria no rastro dela – instinto de repórter na veia.

Mesmo se eu não a encontrasse, tenho certeza que boas pistas no caminho não falhariam. Guerra é guerra e está visível que nesse momento está deflagrada uma fantástica batalha de ódio e comunicação, uma interessante maratona para ver quem consegue levar o Barba à linha de chegada, aliás, para bem além dela. Ou encontrar quem consegue anular a prova.

Será que essa semana, além do constrangimento de ver o senador Delcídio do Amaral, o preso-solto-morto-vivo, adentrar o Senado, vamos ter o Japonês da Federal lá dentro para buscar algum outro? Ou será que o Japonês da Federal vai ter o ego subindo pra cabeça e vai voltar lá só para fazer selfies, inclusive posando pimpão com os investigados?

Pode ser que na nossa tevê apareça algum comercial novo, vindo da lama, como se a lama envenenada já não falasse mais alto a cada dia que passa; comercial variado e com outros funcionários sorridentes, bonitinhos, assumindo a culpa e a desculpa. Não tem jeito: você também ainda vai ter de ouvir a propaganda de um vampiro de tez bem branca falar que não devemos aceitar propaganda enganosa dos partidos, e que o dele é que é legal. (!)

Por falar nisso, quantas criancinhas não estão comendo nem o lanche que atrai para a educação, porque alguém está abrindo a lancheira no caminho para surrupiar o leitinho, morder a maçã, quebrar o biscoito? Quantos olhinhos cabisbaixos eles mostrarão jurando que não, que merenda escolar é sagrada e aliás eles nem sabiam que existia, como é que iriam roubá-la? O que mais não vamos poder saber enquanto não se passarem 50 anos? Inovador: governo inventa Cápsula do Tempo. Um buraco, as informações dentro de uma caixa, e que só daqui a 50 anos será aberta. Imaginando, né? – a grande importância que coisas deste governo medíocre terão daqui a 50 anos. Ou mesmo hoje.

Vergonha.tumblr_lp16vco8vj1qaj5jro4_250

Nós nos rebaixaremos tanto que mostraremos os fundilhos ao mundo que nos observa, num misto de pasmo com curiosidade? Quanto mais se abaixa, diz o provérbio português, mais o fundilho se lhe vê. Aliás, não é exatamente fundilho a palavra que usam. Nem mesmo muitos brasileiros temos ainda capazes de encantar. Jogadores também nos envergonham, e era uma de nossas artes.

Que números mostraremos às mães? Quantas serão as crianças doentes? Que acontece que somente agora viram o que a mosquita carregava em seus voos, sem ser incomodada por nada, nem fumaças, nem autoridades sanitárias, ou outra autoridade qualquer, e a lista aumenta, ameaçando severamente a nós todos? Qual bobagem dirá o ministro, se é que ele não vai precisar ir até ali por algumas horas participar de alguma votação importante – para ele?

Vergonha. Se não chove, não tem água. Se chove, acaba a luz. O lixo entope os bueiros, água sobe, as árvores caem, as pessoas se desesperam e nada acontece e assim por diante já sabemos o que vai acontecer assim que o céu ruge.

Que faremos? Se de um lado nos divertimos com os Trapalhões, de outro temos de ver como substituir esse espetáculo dantesco, e o que se vê diante de nós é tosco demais, filme-B, Z.

 São Paulo, 2016, sonhos de uma noite de verãoshame

Marli Gonçalves, jornalista Só cantando, com o grande Nélson Cavaquinho, porque tem coisas que a gente não pode falar. (…) “É o juízo final. A história do bem e do mal. Quero ter olhos pra ver. A maldade desaparecer” (…)

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ARTIGO – Vamos xingar? Xingar? Por Marli Gonçalves

brazilB_animadoOK, mas se é para mostrar descontentamento vamos fazer direito.Não será por falta de motivos, mas não podemos nunca perder a razão. O que estamos vendo ocorrer contra a presidente é grosseria, não um xingamento que possa ser justificado, e nem ao menos explicado. Uma falta de educação absurda contra uma mulher, antes de tudo. O problema – admito e acho que não vai ter cura – é que já “pegou”, virou moda, mantra, e agora, onde ela for, vai ouvir o povo dando essa ideia de outro lugar para ela ir e o que deveria fazer lámulheer faz o jardim

Tivesse ela um pouco de humor e sem o peso da liturgia do cargo, responderia o que eu respondo quando alguém – em geral, no trânsito, ou em discussões banais – me destina esse mesmo xingamento: “Deus te ouça!”

Mas eu sou palhaça. Às vezes escuto essa mesma coisa até de um amigo ou amiga, numa conversa qualquer, boba. É usual. Quando alguém quer encerrar um assunto, tira da cartola o desejo, sim, o desejo, de que você vá ter a sensação de ir lá fazer aquilo. Acho até engraçado porque para um número cada vez maior dos que se assumem, se levada ao pé da letra a expressão…como disse.

A presidente, não. Não pode, coitada, revidar. Agora já está se fazendo de vítima, torturada, torcedora mesmo torturada, cara de beijinho no ombro. E os seus defensores, gente com memória fraca que, não adianta, quer fazer acreditar a muitos que foi só no dia da abertura da Copa que ela foi xingada assim, tentar nos convencer de que foiuma coisa armada e localizada (combinada entre 68 mil pessoas!), pela elite, aliás, elite, como dizem, branca, convidada ( esqueceram do endividada também), e que nem pagou o ingresso. Foi por isso que ela foi xingada, segundo eles – não teria sido o povo. Esqueceram o despencar nas pesquisas, outros jogos, shows, protestos, adesivos, etc…E os bons motivos.

O problema é que ao xingar dessa forma, perdemos muito da razão. Sei que o ato de xingar nunca vem acompanhado de flores, perfumes, hálito de menta. Mas há outras formas, ah, isso há. Graça Foster, que o diga. Alucinada, anta, fingida, dissimulada, besta, idiota, mentecapta, petista, dois de paus, dois neurônios, -muitas formas. Nós é que nos viremos e arrumemos as rimas.women4

Enfim, voltando ao ´cerne da questão, igual verruga. Não é assim, xingando palavras que inclusive, obrigatoriamente, não podem ser transmitidas pela tevê, porque de baixo calão, que vamos mudar o país. Mas, sim, apontando exaustivamente os erros, as falhas. Mostrando que não somos bobos para ficar quietos ouvindo a presidente falar o que quer, com cara de desentendida, listando respostas e bobagens no horário oficial, com discurso lido, totalmente escrito por outrem, cumprindo tabela.

e8mmdv3zAcredito que a estaremos xingando muito bem nas urnas, no dia da eleição. (Tá, eu sei que está duro olhar as opções, mas aí é um problema que a gente tem de analisar depois. É o que temos no momento.).

Também não é xingando nas redes sociais, inventando eventos e protestos “virtuais”, que isso é babaquice total. Vamos falar sério.

Temos de participar da vida política do país, escrever, denunciar desmandos, fotografar, filmar, divulgar, discutir. Mas com base na realidade, que ela por si só já basta – não é inventando que vai ter bolsa para prostituta, que a lei de ficha limpa ainda não foi aprovada ( recebo uns três por dia com essas bobagens), que o filho de não sei quem barbudo é dono de açougue, muito menos de frigorífico, nem repassando fotos de mansões de sheiks árabes dizendo que é de gente do governo atual.

Precisamos crescer e amadurecer.

women mudando de roupaFizemos um papelão na abertura da Copa com aquela apresentação de quinta categoria, vergonhosa, de fundo de quintal, de escolinha primária, com umas arvorezinhas, florzinhas rodando para lá e para cá, um monte de criancinhas (mas que deviam ser muito mais pelo menos para ocupar os espaços) com cara de miosótis e sempre-vivas, índios mal amanhados arrancados de tribos tão urbanas como os guaranis, para quem nunca ninguém dá bola, deixando-os morrer por aí, bêbados ou suicidas. A única coisa que salvava era a bola no meio do campo, mas só até se abrir e trazer aqueles três que até agora estou pasma, ali apenas para contentar seus patrocinadores. Gastaram, parece, 18 milhões naquilo. Não temos que xingar essa roubalheira? Temos profissionais maravilhosos que, por muito menos – até por já estarem acostumados a não ter recursos -, teriam feito melhor que esses dois gringos que nunca ninguém ouviu falar, inventados sabe-se lá por quem.Fora o papelão do exoesqueleto, das pombas, dos estádios inacabados. Da governante atrás da vidraça.

Precisávamos completar com o xingamento feio? È covarde isso. Era melhor que todos que estavam ali, vaiando anonimamente, se ligassem “na real” e, então, fossem para as ruas, engrossar protestos firmes. Assuntos para as plaquinhas que segurarão nas mãos não faltarão. Façam o gigante acordar, mas sem xingar com palavrões. Só com palavrinhas.

Sem xingão, mas com xingadelas.frank1-4

88womanSão Paulo, Brasil, Copa 2014, mundo voltado para nós aproveitarmos, 2014 Marli Gonçalves é jornalista Se levar a sério o xingamento que vem sendo dirigido em altos brados à presidente, restará uma pergunta: quem é o ativo e o passivo dessa história? Pensa.

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