Post de Fernando Gabeira no blog do Estadão –
Corrupção
– Uma ponte para a imaginação –
FERNANDO GABEIRA

Custou um bilhão e noventa milhões de reais. Maior ponte fluvial do Brasil, a ponte do Rio Negro tem 3596 metros.
Levou três anos e meio para ser concluida e hoje é uma estrela no twitter:#Ponte do Bilhão.
Algumas lacunas no planejamento, obrigaram importar equipes estrangeiras para solucionar os problemas da obra.
Grande parte deles, problemas ambientais: acidez da água, fluxo do rio, coisas que um bom relatório de impacto ambiental deveria ter indicado antes da licença de construção.
A ponte vai integrar a região metropolitana de Manaus, composta de oito cidades, e com dois milhões de habitantes.
Está sendo considerado, ao lado do Teatro de Manaus, um dos grandes monumentos da cidade.
A ponte sobre o Rio Negro.
Todas as vantagens do projeto devem ser ressaltadas hoje, no discurso de inauguração.
No entanto, o preço incendeia a imaginação num momento em que se discute tanto os gastos do governo e os desvios de verbas públicas.
O empreendimento envolve o BNDES e o governo da Amazônia. O jornal a Crítica fez um levantamento dos gastos do governo no semestre, indicando que pagou R$105 milhões só à Camargo Correia.
Num semestre o governador Omar Aziz já gastou R358,4 milhões com a ponte e empenhou R$908 milhões. Para os recursos do estado e os ganhos econômicos imediatos, é uma obra faraônica.
Segunda maior ponte da América Latina, é maior sobre o Orenoco, na Venezuela, a Manaus-Iranduba já atrai a atenção da imprensa internacional, em busca das mega obras.
A China acaba de concluir uma delas, a maior ponte sobre o mar no mundo:42 quilômetros. O custo do quilômetro foi de R85 milhões contra R$360 milhões da ponte brasileira.
A ponte brasileira não é a maior, mas desponta como a mais cara do mundo. O Tribunal de Contas do Amazonas está examinando os gastos. Mas o dinheiro já foi gasto.
O custo da manutenção da ponte está orçado em R$1 milhão por mês. Mais um encargo que os opositores da obra consideram pesado para os contribuintes do Amazonas. Será, no entanto, uma eterna vitrine para os políticos que determinaram sua construção.
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