ARTIGO – Tudo o que você quer ouvir de verdade

Marli Gonçalves

 Preparei uma listinha básica de coisas para desejar agora, para mim e para você, esperando que esta mensagem lhe encontre onde estiver. Mesmo que não a leia jamais, mesmo que ela fique presa na caixa de spams, mesmo que você nem me conheça. A esta altura da vida já descobri que nenhuma felicidade pode ser completa, se não fizer a alegria de mais alguém e que não custa nada tentar

Feliz Natal. Jingle Bells! Feliz Ano Novo. Pronto. Dito o geral, sei bem que cada um de nós tem desejos bem particulares que gostaria de poder pedir ao Papai Noel, mas só se este existisse, o que você já deve ter descoberto que não é bem verdade. Como a moda agora é compartilhar tudo, bem, preparei uma lista de itens que não podem faltar neste finzinho de ano, junto com a boa comida, bebida, o sorriso e abraço franco de quem a gente ama.

Queria mesmo, para começar, ter o dom e poder dizer tudo o que você quer ouvir. E que você fale e seja compreendido pelos seus.

Você pode e deve sonhar por um mundo melhor, por uma vida melhor. Porque não?

Você merece. Às vezes é tão pouco o que no seu íntimo deseja que ninguém acreditaria, mesmo se contasse.

Onde estiver, quero que respire o ar puro como o das montanhas. Sinta a brisa do vento como o que bate quando caminhamos leves e soltos numa praia, preferencialmente tranquila, deserta, calma, mas com pelo menos uma barraquinha para a água de coco gelada, o peixe fresquinho, uns camarõezinhos fritos, quiçá uma lagosta. E caso esteja mesmo nas montanhas, dias lindos, cheiro de relva. Se chover, que nada alague. Que ela seja bem refrescante, como era quando éramos crianças e gostávamos de chapinhar na água, ficar debaixo dela, levar bronca depois.

Se viajou, se viajar, uma viagem segura e tranquila. E se houver perrengues pelo caminho – sabe como é – que os resolva de forma bem humorada, sem perder a razão. Que os caminhos levem e tragam você de volta ainda melhor do que foi.

Sei o quanto queria que sua família pelo menos – vá lá – se entendesse, para poder continuar pensando nela como uma família, algo bom. Se tem filhos, que estes tragam mais alegrias do que preocupações, e que eles percebam que mesmo quando erra o faz por amor demais. Talvez até eles tragam outros filhos, e uma segunda chance de ver crescer uma pessoa íntegra, que faça a diferença no futuro, quando não mais estaremos aqui.

Espero que tenha por perto alguém em quem possa confiar, confiando a esse eleito até alguns entre tantos segredos que carrega e às vezes chegam a pesar sobre seus ombros. Que nem agora, nem nunca, seja traído, para não saber jamais a imensa dor que isto causa, para não ter jamais de passar a desconfiar de tudo e todos a partir daí. Para jamais temer o abandono. Para nunca conhecer o terrível silêncio e vazio que se segue ao ver alguém lhe virar as costas quando mais precisa.

Que possa comprar, senão tudo, algumas das coisas que cobiça e que farão – por mais bobas – o seu dia a dia melhor, mais confortável ou divertido. E que ainda sobre algum, para presentear e ver a alegria que dá atender ao sonho de outros, mesmo os pequeninos.

Que ocorra uma mágica de Natal, um bom milagre, à mesa: que tudo esteja ótimo, com bom tempero, fartura. E que você possa comer sem engordar, sem ter problemas, nem com o sal nem com o açúcar, nem com o álcool em boa medida, como se momentaneamente sua pressão e seu índice de açúcar acabem de ser decretados normais e regulares, e assim fiquem por bom tempo. Que possa ainda beber sem tontear, pelo menos nem tanto para fazer besteiras das quais se arrependeria. Que seu coração palpite no ritmo da boa música que haverá de estar tocando, suave, em volume e em ritmo.

Que sua memória reviva todos os que puder lembrar, e que as lembranças sejam as melhores e possam levar luz e elevação para os seus espíritos. Ou, no mínimo, se for cético, que estas pessoas possam realmente ter mantido suas inscrições no livro de sua vida.

Que na noite de Natal você possa também falar de si próprio, contar as façanhas pelas quais passou, e ser ouvido atentamente. Que ouça delícias de seu amor, ao pé de ouvido, as palavras que sempre espera sejam ditas.

Que possa brilhar como uma estrela na ponta de uma árvore, de verdade, no céu, ou de Natal, em sincronia colorida, como as luzinhas que fazem brilhar os nossos olhos nos enfeites.

Que me queira bem.

São Paulo, iluminada, últimos dias de 2011, e toda esperança nos dias que seguirão.

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Pena que o Natal também nos deixe tristes. Pena que não possamos fazer tudo acontecer tanto como gostaríamos.

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Mais um vídeo do encontro de gerações que criaram o Jornal da Tarde. Não esse que está aí. Aquele, de outrora.

Esse vídeo é uma homenagem à Milai, a portuguesa que atravessou o oceano para vir encontrar com a turma. Engraçado, para mim, é ver como as coisas mudam ano após ano.Na época tinhamos um difícil e estranho relacionamento. Era a época que jornalistas tinham que ser sisudos ( ainda hoje é um pouco assim) para serem “sérios” e aceitos. E quando mulheres ainda causavam furor se expusessem suas características mais libertárias.

Como já disse: sempre fui séria. Mas nunca fui sisuda.

Estive com essa turma entre os anos 81 e 85, e com eles aprendi muito. Antes, durante e depois.

Essa é a forma de manifestar meu carinho

ARTIGO – Feliz Ano Novo, e que tudo se realize…

Por Marli Gonçalves

…no semestre que vai chegar! Acabou a primeira fase de 2011. Foi tudo muito rápido, meu bem, e não deu tempo nem de sentir prazer. Vamos, então, festejar o réveillon do segundo semestre, para ver se pelo menos agora vai.

É hábito de muitos anos. Sempre comemoro, mesmo que em silêncio, o que chamo de réveillon do segundo semestre, e é agora, esta semana. Voou; não passou. Chegou julho. O tempo, esse maluco, anda parecendo motoqueiro furando trânsito em São Paulo – não respeita mais nada, nem ninguém, nem qualquer previsão ou expectativa. É cruel: comigo, com você, com as contas, com a Dilma, e também com a leseira dos tais preparativos para a Copa, que já estão dando no saco.

Tudo parece que foi ontem. A chegada do ano e sua presidente, com seus porquinhos, brancas-de-neve e cinderelas, além dos personagens eternos, como o Mordomo, o Bigode, o Empertigado e, claro, O Barba. Muitos não ficaram nem até a meia-noite na festa, e a lua-de-mel com o povo quase dura menos do que as do Fábio Jr. Tem bruxinhas voando para todos os lados, e se há alguém que não acredita em duendes, até pode ser. Mas aloprados há aos montes. Desgovernados, todos nós. E alucinados, lunáticos, despropositados e afins andam procriando mais do que os embriões manuseados por aquele médico maluco que nos deu uma banana, literalmente, e fugiu por aí.

Os tais grandes eventos, que não sei mais quem ainda acredita que vão mudar nossa situação, já faz tempo que foram anunciados. Que preguiça! E? Nada. Aeroportos, estradas, serviços, comunicações e todos os etceteras continuam lentos, quase parando, piorando, sigilosos, e já nem mais é segredo por quê. Contrato bom é contrato feito de emergência. Foi um brasileiro quem – quase certo – inventou a máxima: no fim, tudo dá certo. Só pode ter sido. E nem sempre é verdade, também sabemos.

Nesses primeiros seis meses assistimos foi a muitas desgraças, cruz credo. Enchentes, deslizamentos, inundações, acidentes, desgovernos, denúncias, corrupções & bandalheiras, barrancos e barracos vindo abaixo. Lá de fora recebemos uns borrifos de sangue de Osama, cinzas de vulcão, ares carregados de medo, inclusive nucleares, tremores e deslocamentos de terra e da Terra, bactérias-monstro, notícias de primaveras de liberdade que até agora não deram flores.

Precisamos de um descarrego. Não, não é preciso criar mais um ministério para isso, calma. Já viu que agora tudo o que a gente fala ou pede perigas virar mais um órgão público onde sentam um apaniguado de algum partido ou de alguém? Temo que eles estejam precisando de mais espaços. Melhor ficar junto à parede. Porque até siglas são pomposas. Que tal, por exemplo, a Autoridade Pública Olímpica? APO. APOlogia, para políticos APOsentados, ou APOiados em APOstas que dão com os burros n`água. De autoridades estamos é cheios.

Pela frente serão só mais seis meses para chamarmos de nossos. Ano que vem tem eleições de novo, e então seremos mais uma vez invadidos por aquela estranha sensação de sentir alguéns passando a mão em algumas partes de nossas, digamos, estruturas. É o caso de começarmos nossos planos, todos, de novo.

Assim, primeiro, você, mulher: a cor da calcinha que vai usar nessa virada. Como é de quinta para a sexta, sugiro uma branquinha com detalhes em verde, com elástico amarelo e uma fitinha vermelha. Você, homem: uma cuequinha simples, branca, que vocês nem se ligam muito nessa, mesmo. E como diria aquela travesti que ficou famosa na internet, tomar uns “bons drink” pode ser uma. Mas sem sair de casa para não cair em nenhuma malha, nem rodoviária, nem policial, nem leonina. Nada de cavalos, também, que estes andam quebrando as costelas da oposição, como se precisasse e elas não quebrassem sozinhas.

O importante será a concentração em termos de boas ideias, mais do que intenções, e pensamentos elevados. Tipo que o inverno não seja rigoroso porque logo já vai ser Dia dos Pais e tudo sobe o preço, inclusive chinelos, pijamas e cobertinhas. Pensando bem, melhor ser mais geral: concentrar-se contra a inflação que está mesmo afiando as garras.

Vamos olhar para frente, marchar para continuar protestando, e esperar. Temos seis meses pela frente até podermos comemorar outro réveillon, outro despertar.

Como sempre, o melhor é começar tentando manter-se entusiasmado por alguma coisa. Quem sabe o verão?

São Paulo, seco como o Saara, cof cof cof, 2011. Por enquanto, 2011.

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Adoraria poder vaporizar as ideias deste país que dá dois passos para frente, três para trás.

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ARTIGO – Hormônios, chatices e chateações

MARLI GONÇALVES

Tem uns assuntos que são bem chatinhos, e a gente evita a todo custo até lembrar-se deles, quanto mais comentar ou tocar neles. Entre alguns, o de pensar e avaliar nossas próprias limitações, o que acontece no nosso organismo, ou admitir dores, fraquezas, cansaços e idiossincrasias, inclusive sexuais. Cobrar amigos também é um porre, igual aguentá-los quando eles estão de porre. A lista é enorme. E dependem de nossas descargas hormonais do dia. Descobri o culpado pelos males do mundo: os hormônios.

Prato do dia: hormônios efervescentes à Provençal. Oferta do dia: hormônios equilibrados, com baixas calorias e irritações. Na sobremesa, altas taxas de compreensão e, de quebra, um livrinho iogue qualquer, com exercícios para manter a cabeça no lugar quando o que se quer mesmo é arrancá-la do tronco, se não for a sua própria, especialmente aquela cabeçorra de quem está aborrecendo você.

Nos meus retiros espirituais, como diria Gilberto Gil, descubro certas coisas tão normais. Só que eu não tenho tempo para retiro algum, e ando vendo as coisas normais absolutamente anormais. Por exemplo, você faz uma compra pela internet justamente por causa da urgência que tem. Os caras não só não te entregam logo, como ainda cozinham seu galo em banho-maria. Só resolvem quando você ameaça, e mais, você precisa brigar e lutar via todos os canais competentes, com a boca no trombone e a mão na catapulta. Não seria mais fácil resolverem sem isso? Levei um mês para conseguir receber uma lavadora. Uma saga.

Nada mais se faz – me parece – de forma simples. Outro dia resolvi me libertar, em minha casa, do jugo da Telefonica. Gastava e pagava sem usar. Quando usava pagava mais do que gastei. Enfim, resolvi. Vocês já tentaram se livrar de uma operadora? Foram quase duas horas de puro desgaste, espere um momentinho, departamento x, para departamento y, perguntas, respostas, mesmas perguntas e, claro, as mesmas respostas. Parecia aula de jornalismo. Por que, quando, onde.

O melhor foi uma enorme e variada quantidade de coisas que me ofereceram tentando me demover da ideia, só faltou (uma pena) oferecerem um cruzeiro no Caribe. Se podiam me dar tudo isso, porque não deram antes? Juro: foi difícil demais da conta. As atendentes só faltaram me contar histórias de como elas seriam açoitadas caso me deixassem partir. Agiram como amantes abandonadas à própria sorte, grávidas, no meio do Congresso Nacional assistindo a discurso do Suplicy.

Eu, de minha parte, senti-me uma carrasca, com a no final, como está tanto na moda, a fria, a insensível por abandonar uma empresa tão “legal” depois de dezenas de anos de convivência. Deve ser mais fácil separar-se do marido do que desvencilhar-se das operadoras. Eu consegui, mas ando atormentada se algumas dessas atendentes não foram demitidas por minha causa. As pessoas do caso da máquina de lavar, ao contrário, não me comoveram. Por mim, desejei que todas elas e eles comprassem no mesmo lugar e tivessem o mesmo problema para ver como é bom para a tosse, e enfiassem aquelas respostas cretinas que me davam em um lugar bem legal.

A mim parece que o mundo todo está no limite, ou sendo levado até ele. O tempo. A política. A natureza. O bom senso. As relações humanas. Será que estamos recebendo descargas atômicas junto com todas essas chuvas? Será a nossa alimentação? Não há teses falando dos hormônios das carnes dos animais que comemos, e dos efeitos dos agrotóxicos, que nem barato dão? Será o ar que respiramos? Será culpa do governo? Do Obama?

Aí, saquei o que acontece. Os hormônios – verdade! – parece que têm, sim, boas partes de culpa no cartório. Eles estão na corrente sanguínea ou em outros fluídos corporais. Esses casos nervosos acabam envolvendo todos, os masculinos, os femininos, os vegetais (é, são fundamentais), os dos adolescentes. Sou a favor de penas mais leves, por exemplo, para mulheres que cometeram crimes durante o período de TPM.

Fui fazer uma pesquisa sobre isso, tentando entender o meu próprio organismo. Estou num tal de climatério, palavra bonita, mas que acaba irritando mais porque lembra calor e cemitério. Dizem por aí que o citado dá ondas de calor, suores noturnos, insônia, menor desejo sexual, irritabilidade, depressão, ressecamento vaginal, dor durante o ato sexual, diminuição da atenção e memória. Ufa! Não cheguei a tudo isso, mas pensei que se tem quem passa por metade, imagine pisar sem querer no calo dessa mulher.

É tudo culpa dos hormônios, sim! Só pode ser a falta ou excesso de estradiol, progesterona, testosterona, esterona, cortisol, melatonina, um bando a quatro, os culpados pelos males do mundo. Descobri até um que chama premarim, estrogênio artificial receitado com frequência, porque protegia pessoas com problemas cardíacos, mas também já contribuía para o aumento do câncer de mama e do endométrio (parte interna do útero). Os médicos tentaram melhorar a coisa, aliando-o ao provera (progesterona sintética), mas o risco de doenças cardíacas aumentou de novo. O pior vem agora: segundo consta, o premarim é feito com urina de éguas prenhas que são aprisionadas, tratadas estupidamente e sacrificadas para este fim. Socorro!. O que uma veggie, vegan, vegeta diria?

Não sei se estou certa ou não, mas fico mais tranquila em saber que não sou só eu que passa por tantos perrengues. Que esses hormônios atacam todo mundo, desde que nascemos até nossa morte. Nos adolescentes que quase piram, tantas transformações. Nas mulheres, por outro tanto. Nos homens, nos ossos, nos órgãos, nos acúmulos de gordura aqui e ali.

Por via das dúvidas já fui ao médico, fiz todos os exames e as coisas – por dentro – estão normais. O que me faz crer que, então, as chatices e chateações são da natureza.

São do dia-a-dia que temos que viver. Calma. Take it easy

São Paulo, o que ajuda na irritação, 2011

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Grita quando pisam no seu calo. Ia esquecendo de contar que descobriu que existe um tal de hormônio estradiol, que os pesquisadores dizem que eleva a auto-estima e faz com que as mulheres traiam porque acabam se sentindo menos satisfeitas com seus parceiros e menos comprometidas com eles, em um comportamento que chamaram de “monogamia oportunista em série”. Segundo os cientistas, isso se deve a um instinto de buscar parceiros com mais qualidades. Bonitinho esse desequilíbrio, não?
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ARTIGO – Azáfama final

   MARLI GONÇALVES(*)

Minha paixão por palavras inclui essa: azáfama. Linda, louca, sonora, rápida, e que eu acredito que também é translúcida. Nada melhor do que ela para definir os últimos dias pelos quais estamos passando, querendo descansar e atropelados.  

Felizes, mas angustiados com as incertezas. Cheios de amor para dar, e com saco cheio. Dias superfamília, e enchendo o pé de jaca com tomate pisado. Pensando muito, até demais, em quem não tem que pensar, mas ao mesmo tempo sendo lembrado por inacreditáveis pessoas que você mesmo nem pode acreditar. Esses últimos dias de todos os anos são mesmo de lascar! Nervos à flor da pele a La TPM e outras letrinhas, dinheiro saindo de baldinho, gentilezas obrigatórias à parte, eventos e ventos, providências e programações, tudo ao mesmo tempo agora. Não é uma azáfama?

Aí descubro que azáfama é, ainda, um verbo, com todas as conjugações que tem de direito, azafamando no gerúndio; azafamado, no Particípio. Eu azafamo, eu azafamei, eu azafamava, eu azafamara, eu azafamarei, eu azafamaria. Que eu azafame! Se eu azafamasse… Azafama tu.

Ufa!Afã. Não te faz lembrar as filas e as atividades que enfrentou? Um só eu fazendo muitas coisas. Assim, acho que é isso, uma atividade intensa. Uma pressa, uma urgência, afã. Ufa!

Calma, está passando. Do meu ponto de observação, vejo que nas ruas a calmaria pode ser sentida. Já aparecem até as primeiras ofertas e liquidas, off-off, queimas, vem-cá-meu-bem. Ah! E na vitrines, surpresa! Tudo já está aquele branco, angelical.

Todos os dias os jornais mostram a situação das praias. Pergunto: para que mostrar? Para dar água na boca de quem não está lá? Mostram também a neve na Europa. A mesma coisa: a gente aqui na cidade morrendo de calor, suando até pelas beiradas, e de repente aquele frio entra pela casa, baixa a sensação térmica, mas de querer um gelinho daqueles! Os floquinhos serelepes caindo, aquelas bochechas vermelhas sorrindo…

Atchimmm!

Espera aí. Não vê que ainda estou procurando e tentando achar algum coisa boa nisso, nesse período de entressafra de vida do ano, para citar? E prometo não fazer aquela barbeiragem de dizer que “a cidade fica ótima sem ninguém”. Fica não. Fica não; fica é muito da sem graça. Seja ela qual cidade for.

A verdade verdadeira é que a tudo a gente se adapta. Só neste último ano sobrevivemos à Copa, às eleições, ao Morro do Alemão, algumas das muitas situações que deslocam nossos cotidianos, ao mesmo tempo, a cada dia menos programáveis. Pode faltar luz – e tudo hoje depende dela – até os trequetreques modernos uma hora precisam ser carregados. Pode chover muito e te ilhar. Pode haver um tiroteio, e você precisará é se proteger. Pior: pode faltar luz, chover e você cair no meio de um bang-bang.

Como sempre, estamos cercados de perigos e probabilidades, de um lado e de outro, igual canoas cambaleantes. Mas tudo isso pouco importa, o Carnaval está aí, e logo depois, a Páscoa. Nós correremos nossas maratonas individuais.

O ano nem está aí, mas daqui a pouco já acabou. É ou não é uma azáfama?

São Paulo, cheia de gente de fora, na transição do último zero para 1.

  • (*) Marli Gonçalves é jornalista. Brinca, não! Isso dá nome de Deusa, de perfume, de marca de tênis, de escuderia feminina, de… Acho que este ano vou investir em criar umas coisas. Topas?
 
 
 

Um 2011 lindo e azafamado do bem e do bom, para todos nós!

 

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Puxa, Ricardo Setti disse tudo…Dá uma olhada. Sobre a dublê que arrumaram para a Dilma.

 Política & Cia – RICARDO SETTI –
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/no-ensaio-para-a-cerimonia-de-posse-dilma-merecia-uma-duble-mais-bem-aprumada/

No ensaio para a cerimônia de posse, Dilma merecia uma dublê mais bem aprumada

Com todo o respeito, mas os responsáveis, no Itamaraty, no Congresso e no Palácio do Planalto, pelo protocolo da solenidade de posse da presidente eleita, Dilma Rousseff, no próximo dia 1º, poderiam ter escolhido para dublê de Dilma no ensaio da cerimônia, realizado ontem, uma pessoa vestida com um pouquinho menos de desleixo do que a funcionária do Senado Juliana Rebelo.

Calças compridas gastas e amassadas, e não propriamente elegantes, blusa engruvinhada, cabelos em desalinho, um ar inconfundível de final de expediente. Sem contar a bolsa que pendia da mão, acessório que a presidente eleita certamente não portará durante os atos solenes do dia 1º.

O Itamaraty, principalmente, tão cioso nos detalhes, pisou na bola. A presidente eleita merecia uma dublê mais bem aprumada.

Ele voltou. Para o Jornalismo. Gabeira, no Estadão e outras estações!

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,‘a-tradicao-e-estar-onde-as-coisas-acontecem,655490,0.htm

DO ESTADÃO – ‘A tradição é estar onde as coisas acontecem’

Dezesseis anos depois de ter trocado a redação pela política, Gabeira volta à ativa como colaborador do ‘Estado’

Fernando Paulino Neto / RIO

Aos 70 anos e sem exercer o jornalismo há 16, desde que se elegeu pela primeira vez deputado federal, Fernando Gabeira planeja reinventar a vida e avançar como jornalista. Em seus planos está a colaboração para o Estado, onde estreia em janeiro como articulista da página 2, blogueiro do estadão.com.br e repórter especial multimídia do jornal. Nas reportagens especiais, fará texto e contribuições em áudio para a Rádio Eldorado e para a TV Estadão.

Na última vez em que fez uma cobertura internacional, a guerra da Iugoslávia, Gabeira utilizou o telex para enviar suas matérias. Hoje, acredita que a evolução tecnológica é importantíssima. Não só por permitir a utilização de diversas mídias em uma mesma reportagem, mas pela possibilidade de “sobrevivência sem papel e tinta”, com o advento do iPad.

Gabeira se propõe a fazer uma “quarentena” de temas mais próximos ao que abordou em recentes campanhas políticas. O objetivo é dissociar a imagem de político do jornalista. Pretende abordar principalmente assuntos como meio ambiente – em especial as enchentes -, Olimpíada, América Latina e questão nacional, “que, por enquanto, fica entre parênteses”.

Sua volta à redação traz com ele o espírito de repórter de prontidão. “Eu não sou jornalista de sentar e fazer só comentários. Minha tradição é de ir onde as coisas acontecem. Esse jornalismo que gosto de fazer se rege pelas mesmas leis que Gentil Cardoso determinou para o futebol: ‘Quem se desloca, recebe’. Você tem de estar lá.”

O que o sr. espera encontrar de diferente? As novas mídias são um desafio?

Os instrumentos à disposição hoje são muito maiores e mais perfeitos do que no passado. Significa que você tem mais tempo para fazer o trabalho e aperfeiçoá-lo. Agora descobriram uma nova bactéria que pode sobreviver sem o fósforo. Pode ser que o iPad seja uma nova vida para nós e possamos sobreviver sem o papel e a tinta. O processo de evolução está em curso. Isso é o mais importante que existe. Você tem também uma mudança no leitor, que passou a ser um usuário e um produtor, interagindo com o material. Mas, na verdade, são os jornais que gastam quase 30% de seu orçamento checando as notícias.

Qual seria o espectro da cobertura do Rio?

Existe uma curiosidade muito grande sobre o Rio no cenário internacional, o que já existia, mas foi estimulado pela Olimpíada e pela Copa do Mundo. Existe uma interrogação. O Rio tem condições de realizar bem uma Olimpíada? E, é claro, dentro dessa grande pergunta, a questão da segurança está envolvida. As UPPs foram construídas inicialmente como uma tentativa de criar um cinturão de paz em torno das áreas mais usadas pela Olimpíada.

O debate é se a segurança é para a Olimpíada ou para o Estado no conjunto. O cobertor não vai ficar curto?

No Alemão (conjunto de favelas na zona norte do Rio), o governo foi impelido a mudar de estratégia e antecipar a invasão. A presença do Exército, como Força de Paz, não há dúvida que estendeu o cobertor um pouco. Por que fugiram os traficantes do Alemão? Por que fizeram um cerco à Vila Cruzeiro e eles fugiram para o Alemão. E não havia cerco no Alemão. Ali era preciso no mínimo uns 2,5 mil homens para fazer frente aos 600 homens armados no Alemão. O cálculo é sempre de quatro para um. É uma tarefa para o Exército chinês. Precisamos contratar 7 mil policiais por ano para atender a essa demanda, sem contar os que são expulsos por mau comportamento. Nós estamos em duas comunidades no Haiti e isso já nos custa quase cinco vezes o gasto de segurança do Rio. Além disso, aqui no Rio foi um caminho invertido. Você fez obras infraestruturais e sociais onde o tráfico dominava, como Manguinhos, Alemão e Rocinha. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) começou de uma forma estranha. Ninguém escreveu ainda a história de como foi possível o PAC no Alemão. Embora eu tenha absoluta certeza de que a polícia tem gravações telefônicas e depoimentos que possam reconstituir essa história. Evidentemente que isso não vai aparecer, até porque o WikiLeaks não está interessado.

O sr. se preocupa com o problema das enchentes. O que mudou desde o ano passado?

Não mudou nem a organização da Defesa Civil. Nós temos uma série de dificuldades. A Defesa Civil não está estruturada como deveria, os bairros não estão se organizando para essa contingência. É preciso saber onde estão os barcos, onde está a lista das pessoas que não podem se mover. Uma série de providências que no Caribe, com os furacões, eles já estão acostumados. Aqui as enchentes parecem que acontecem de vez em quando. Então acontece o que eu vi no ano passado. Estavam construindo casas para pessoas que tiveram casas destruídas por enchentes no passado, mas os atuais flagelados as ocuparam. A leva de flagelados já era outra.

Como vai ser o governo Dilma em sua opinião?

Estou esperando algumas contradições internas na estrutura do próprio governo Dilma. Mais contradições entre os partidos que compõem a aliança do que contradições entre oposição e governo. Mas esse tipo de contradição vai resultar é em denúncia específica. Devo ficar um pouco à margem disso.

Como o sr. vê a questão do controle social da mídia?

Eu sempre tive uma posição contrária à expressão ‘controle da mídia’. Muitas vezes o que está por baixo da expressão ‘controle social’ é o controle de algumas entidades aparelhadas pelo partido do governo. Eu vejo com muita suspeição. Acho que a imprensa tem de ser deixada livre e trabalhar com todas as possibilidades. É claro que uma regulamentação do setor do ponto de vista de ajustar o papel das teles, o papel das telefônicas, é viável e possível. Mas não nenhum tipo de controle.

Que momento é hoje o da América Latina?

America Latina não é uma coisa única. Eu gostaria de fazer uma passagem pelos países que estão experimentando esse novo tipo de política, como a Bolívia, o Equador, a Venezuela e, parcialmente, a Argentina, para ver o que está se passando, qual o mecanismo dessa democracia plebiscitária. Os caminhos da Venezuela começam a ser bastante complicados. É um momento histórico interessante. Não com uma visão apologética, mas porque acho que vai haver problemas.

ARTIGO – Balanço Geral

MARLI GONÇALVES

Não tem jeito. Pode acontecer hoje, ou entre hoje e amanhã, na semana que vem. Mas até que os últimos segundos do ano cheguem você também vai parar, nem que seja por um minuto, e pensar no que fez, deixou de fazer. Ou no que pretende ou ao menos “devia tentar” já no espocar de 2011.  

O jornal trouxe meu horóscopo diário mais direto que o habitual. Achei até que podiam estar me espionando, olha a nóia! Gêmeos: “Clima astral intenso para você, às voltas com miudezas e delicadezas, gente querendo muito e você disposto a quase nada. A vontade é de fugir para longe, se entregar ao mundo idealizado. É um clássico no fim do ano, aguente firme” .

Entendeu? Foi direto. Como um conselho amigo, mas que me fez foi rir do espelho. Final de ano é mesmo um porre. A pressão da panela sobe e o apito gira; os nervos ficam à flor da pele, com as emoções na ponta dos dedos e todo mundo tenta resolver ou fazer que resolvam coisas para as quais tiveram o ano inteiro, principalmente se puderem jogar todas essas coisas a fazer para cima de você e partirem, lépidas, em suas viagens. Pá! Batata!

As contas, ah, as contas chegam muito mais rápido do que o normal – as de janeiro, porque acho que o povo tem medo que você viaje e nunca mais volte. Em dezembro, algumas já vieram em dobro por conta do 13º Salário, como se todo mundo o recebesse, o que decididamente não é o caso. E tem as cartinhas e bilhetes grampeados nas contas, nos jornais, todos apelando por sua generosidade. As listas, as lembranças, os presentes, a comida, a bebida, a roupa de Natal, a roupa de Ano Novo (e os sapatos). Os “plantões” (e as folgas que têm de conceder). Os acertos familiares ideais para não rolarem crimes por causa de encontros desprogramados.

Se eu que tenho só uma familinha passo por isso, imagino vocês, casados, com filhos, netos, sogras, sogros, cunhados e cunhadas. Além dos agregados de todos os matizes. Sinto muito.

Como de hábito estou duranga total, e com contas parceladas até os meados do Futuro. Assim há mais ou menos um mês, decidi: separei um pouquinho de dinheiro e comprei uns apetrechos. Acreditem, resolvi fazer com as minhas próprias mãos alguns dos presentes para as pessoas que amo ou devo, por dever ou amar. Consegui até uma pistola de cola quente, que já quase torrou foi o meu dedo. Separei tudo – pedrinhas, brilhos, cartões postais, colagens, brinquedinhos, fotos, para ideias de todas as espécies dos meus presentes “personalizados”. Pergunte: quantos estão prontos? – Ah, nenhum! E o tempo para o diletantismo? Mas com a tal pistolinha já arrumei um monte de coisas quebradas e descoladas que eu tinha lá em casa.

Ainda tenho que dar a famosa geral nos armários, separar as contas e papéis, trocar de agenda, correr atrás de legalização de documentos de empresa, já que há mais novidades burocráticas surgindo e vigentes a partir de 01/01/2011, fazer umas compras básicas de subsistência, levar o carro para fazer revisão ambiental, levar a gata para vacinar, etc. E põe etc. nisso.

O tempo que me sobrar – dá licença – usarei para o Meu Balanço Geral, ou você pensou que eu tinha esquecido o tema?

Há de se ter muito cuidado nessa área, nessa hora, para não rolar é uma boa de uma depressão com as avaliações do ano que já está indo com Deus. Afastar a sensação de que nada adianta e que não adianta tentar porque nada funciona – tem uma série que não funciona mesmo, mas não é culpa sua. Afastar a idéia de que nada dá certo – algumas coisas (e pessoas) dão.

Sei também que não adianta querer programar muito as coisas. Isso pode torná-las chatas. Nossa vida é um punhado de desejos que saímos buscando, mesmo sem saber quais são, e às vezes nos deparando com surpresas. Precisamos é desejar mais, querer mais, tentar melhorar, enquanto gente, enquanto estivermos por aqui, com quem amamos e amaremos.

No Balanço Geral é bom tomar decisões positivas contra coisas negativas. E tentar não ser tão duros com nós mesmos, ao avaliar alguns ângulos. Além de propor a si próprio não se contentar com esmolas emocionais, nem intelectuais, nem com a barbárie. Não se submeter a nenhum tipo de escravidão. Ah, e nada de passividade bovina.

Entre as coisas que vou mentalizar incluirei que nada falte para mim nem para os meus; boas noites de sono. Prazeres, que sejam aguçados. Encontros, que sejam em maior número do que os desencontros e que eu encontre várias, muitas vezes, com o meu prazer e que, pertinho de mim, ele também será mais feliz e mais forte, como se no Paraíso estivéssemos nesses momentos, fugazes, mas fortalecedores.

No Balanço, que também será projeção, ainda pedirei desafios que consiga ultrapassar, conhecimentos que consiga obter e a tranquilidade necessária para criar. Menos barulhos. Mais risadas e lágrimas que sejam só de emoção, daquelas que limpam a gente por dentro.

É, mais uma passagem de ano em que não poderei ir pular ondinhas nem tomar o banho de descarrego no mar. Mas tudo bem, porque como em todos os anos ocorre, até por falta de tempo, farei o Balanço quando estiver totalmente nua, no chuveiro, no último banho do ano.

Eu me conheço.

Brasil, São Paulo, Capital. Quase, quase o ano que a gente nem sabe, mas vai rolar.

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Ainda não sabe a cor da calcinha que vai usar na tradicional passagem de ano. Nem se vai usar  calcinha. De repente, melhor deixar tudo livre, como as ideias e os desejos.

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ARTIGO – Coisas que faremos juntos

                                                                                                                         Marli Gonçalves

Esta é uma Mensagem de Natal que, como recado em garrafa atirada ao mar, espera encontrar o seu endereço. E que seja recolhida e acolhida, ou novamente distribuída para outros corações e mentes. São desejos.   

 

     Que as águas límpidas e aquela sensação de frescor, de banho tomado, de mergulho no mar contra ziquiziras, e uma brisa suave nos acompanhe hoje, amanhã e sempre.

     Que nosso coração se fortaleça, e nos mantenha vivos como regentes harmoniosos de nossos destinos. Que nossos olhos enxerguem longe – tanto as injustiças, como que consigam ver quaisquer ameaças veladas tramadas contra nós ou nossos amores. Que nossas mãos sejam estendidas aos que as merecem, e que nossos pés toquem o solo reproduzindo vida e criação em sementes carregadas nas solas dos nossos sapatos. De nossa boca, que saiam respostas e soluções; ou perguntas inquietantes. Que se rompa o medo que fez o silêncio muitas vezes comandar os arrependimentos que carregamos.

     Que o peso da balança seja mais leve, e que a fita métrica meça e mostre sua altivez diante do mundo. Que você tenha energia e equilíbrio para enfrentar percalços e perdas, tomando-as como ganhos e sabedoria, ou desígnios. Que seus sonhos sejam sempre confortantes e restauradores, mesmo que viva só com seu travesseiro já roto, mas sabedor calado de segredos, dúvidas, angústias, pecados, fraquezas e cansaços. Que você viva bem com você, com o espelho – do carro, do elevador, do banheiro, do hall de entrada, do reflexo do vidro, do copo de água bebido, da poça de chuva. Tal qual Narciso, tenha a honra de bem se mirar. E se ainda não puder fazê-lo, que consiga mudar a tempo para o ano que vem. Mas que consiga se ver.

     Que uma seiva como a da alfazema, a luz do Sol, a beleza das flores e o canto dos pássaros, o amor bem feito, sejam os seus vizinhos, convidados a entrar todos os dias em sua morada, por menor que seja o espaço dela, ou sendo apenas o seu próprio corpo, sem teto, sem terra, sem lenço, sem documento. Anárquico, mas com as janelas abertas. Para que nenhuma clausura se justifique, a não ser na sua renovação, na meditação, e na procura por trilhas.

     Que você seja um ser muito amado. E odeie menos. Que perdoe mais, e que expire suas culpas antes que elas cresçam. E que todos os dias receba ao menos um olhar límpido da atenção de uma criança, que também pode estar em espírito dentro de um velho, do maltrapilho, do passante. Nos animais que parecem tudo saber e sentir quando nos pedem afagos, quando se esfregam em nossas pernas, quando emitem sons para os quais ainda não há tradução formal, mas você sabe.

     Que consiga ultrapassar as barreiras impostas pela moral reinante de alguém a quem não se autorizou, e respeite todos os outros sexos, todas as outras manias, todas as outras crenças e não-crenças, todas as outras estéticas, culturas, hábitos. Mas jamais aceite a imposição de qualquer delas, se delas depender para ser aceito.

     Não há tanta poesia no mundo, bem sei. E isso não mudará quando o calendário passar por qualquer das estações, sejam as do mundo, ou as do rádio que irradiará a realidade junto com sucessos musicais. Certamente que não poderá comprar tudo o que deseja, e pode estar certo que dia após dia estará mesmo envelhecendo de alguma forma – como o vinho, como a madeira, ou como o alimento vendido nas prateleiras. Mas há a reciclagem. De nossas cinzas e de nossas ideias. Seremos, sim, substituídos. Só podemos rogar que sobrevivamos na memória dos que ficam, e enquanto ficam, e que assim a gente fique sempre.

     Você já viu: começaram a chegar mensagens de Natal. Boas Festas. Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade. Que tudo se realize no ano que vai chegar. Sempre gerais e quase utópicas e iguais, impressas, com seus envelopes, alguns até garbosos. Por debaixo da porta, e não pela chaminé, entram os Papais Noéis, as guirlandas, caixinhas e lacinhos, sinos, renas e trenós. A tradição volta e se espalha pelas cidades, em luzes, nos enfeites nas janelas, alguns pelo amor. Outros, pelo comércio. Pouca ousadia para não cometer pecados numa época que todo mundo fica bonzinho, manso, solidário, principalmente com as pobres criancinhas pobres.

      Como se fossem dois mundos incutidos religiosamente nas cabeças desde a infância, há a procura pela família, os agrados dos presentes, lembrancinhas e dinheiro em listas, as cestas de Natal, as caixas de espumantes, os panetones. O vai-e-vem, aqui, vira a forma metódica de ano após ano afirmar os caminhos pelos quais trilhou nos últimos meses. Uma espécie de revisão, nas barbas do tal Noel.

     Não se impressione com isso agora. Você pode todos os dias fazer um Natal interior. Que os anos sejam como os dias. Para a gente nascer, viver e morrer felizes, no que ainda der para salvar.

São Paulo, 2010-2011, de um mundo todo girando, girando, girando. Todos querendo uma resolução. Uma revolução.

 (*) Marli Gonçalves é jornalista . As coisas ( bem gostosas) que faremos juntos são muitas mais. No coletivo, só vale o que é recíproco. E o que é recíproco é verdadeiro. 

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Gabeira: um parlamentar que fará falta. Muita falta. Mas está cheio de planos. Veja o que ele escreveu, para o país

Uma nova etapa no Brasil

(do site oficial www.gabeira.com.br)

foto oficial -  site campanha gabeira 43

Com o debate de ontem, na TV Globo, acabou a campanha presidencial. Foi mais longa do que pensávamos. No meu caso particular, com a difícil campanha de governo, já ansiava por um curto descanso e a retomada dos trabalhos parlamentares, com o objetivo de encerrar o mandato, recolhendo arquivos, transmitindo projetos e até experiência, se algum eleito precisar dela.

É um momento de profunda reorganização. Praticamente uma nova vida terá ser inventada, embora baseada nas aptidões do passado. Nosso site deverá retornar ao ar, com sua nova forma, na semana que vem.

Não será ainda uma forma definitiva. Mas aquela que vai nos manter em contato com vocês, nesse período de transição. Os meses de novembro e dezembro serão usados para amadurecimento dos projetos que temos para 2011. Em janeiro, então, começaremos oficialmente uma nova fase, sem mandato político, combinando a contribuição com o país com a luta pela sobrevivência.

Assim que os projetos forem postos em prática, vamos informar aos que acompanham nossa trajetória. Uma característica da nova fase, que passa também pelo jornalismo, é a tentativa de entender e transmitir a realidade. Algo um pouco diferente da ação exclusivamente política, onde ao invés de nos concentrarmos no entendimento das coisas como elas são, privilegiamos o discurso sobre como as coisas deveriam ser, Há uma diferença entre o repórter e o político, entre aquele que se dispõe a ser testemunha e o que se dispõe a ser ator.

Há vida fora de Brasília, há vida fora do poder. Nesses 50 anos de atividade pública, creio que só pertenci a um governo durante seis meses, no principio de 2003. Sempre fui oposição e nem sempre tive mandato político. Quando entrar 2011, grande parte da transição já terá sido feita e saudaremos o novo ano como o mais produtivo da última década, uma vez que os grandes problemas do país estarão em jogo e tratá-los na sociedade pode ser tão ou mais útil ao Brasil do que reduzi-los a um debate parlamentar.

Domingo é de dia de eleições. Mantive minha coerência na campanha ao governo do estado, apoiei no segundo turno a força política nacional que me apoiou no Rio. Para quem, como eu, não acredita apenas em pesquisas, resta esperar o resultado amanhã à noite. Em qualquer hipótese, a transição para uma nova vida é irresistível.

Até segunda, com as novas idéias para o ano que vem.

clique aqui para nos ver sendo jogados