ARTIGO – Passe de pólvora e cores. Por Marli Gonçalves

Passe de fogos de artifício. Não ria, por favor, mas quem não tem ondinhas pra pular tem de ter alguma criatividade para os seus rituais. Na passagem de ano mais uma vez fui à Avenida Paulista tomar um passe de fogos de artifício. Sim, foram mais silenciosos, se é que se pode definir assim os seus estrondos.

Passe de pólvora e cores.

Sem entrar na confusão, mas ficando lá atrás do palco cada vez mais pomposo, longe da muvuca geral na avenida, e em frente ao prédio da esquina de onde são lançados os tais dez minutos de saudação ao Ano Novo. Parece que no palco, naquele momento, Chitãozinho e Xororó cantavam Evidências, com acompanhamento da plateia. Mas isso não ouvi. Na hora da passagem, de onde estava, a viagem era outra. Acima da cabeça, as cores explodiam no anúncio da chegada desse novo tempo. Tempo que corre rápido. Os Reis Magos já marcam a volta à realidade, o desmonte dos enfeites, o sumiço das luzinhas nas janelas e das árvores de Natal, os pinheirinhos que  logo serão vistos abandonados nos lixos, árvores desmontadas e sinos, anjos, estrelas, papais noéis e renas guardados em algum canto, alguma caixa ou sacolinha, algum armário.

Sempre adorei ver fogos de artifício. Na urbanidade total, sem as sonhadas ondinhas, foi a segunda vez que faço isso – passar a meia noite sob os fogos – e com o céu limpo foi um espetáculo, como se fossem apenas para mim, consagrando o espocar do ano, brilhante, colorido, desenhando o céu. O cheiro de pólvora no ar queimando todas as mazelas, o baixo astral.  A união com a alegria do povo cantando e dançando ao lado. Um banho diferente de esperança para o bissexto ano de 2024, com seu dia a mais e que, pelo que vemos, já começou bem quente e cheio de tragédias além das muitas que já vêm sendo carregadas há meses. Fora as costumeiras e às vezes assustadoras (além de óbvias, muitas delas) previsões dos videntes, sensitivos e tal, anunciando os tempos futuros para o mundo e celebridades, sejam separações, mortes, encrencas de saúde.

Antes da badalada meia noite vi um retrato de nosso povo, entrando em fila na avenida que nesse dia recebe a festa, e durante todo o ano é palco da manifestação de milhões de pessoas o tempo inteiro, seja em passeios, corridas, trânsito, celebrações, ou em protestos de todo o tipo e direções. Estavam felizes em suas roupas novas. De branco pela paz ou hábito ou com detalhes em cores que informavam seus desejos mais íntimos: amarelo, dinheiro; verde, esperança; vermelho, amor; e muito, mas muito mesmo, brilhos, lantejoulas, as chinesas tiaras de luz ligadas na cabeça que se espalharam este ano, assim como a moda popular. Muitas croppeds para todos os sexos, muita pele de fora que São Paulo agora se mostra um lugar mais libertário do que no seu sisudo outrora. Muito tudo, como é São Paulo. Muito todas, como são todas as formas de expressão, seus povos, raças, idades. E o destaque para a cada vez mais visível presença de estrangeiros, de refugiados de nações em guerra e fome, da África e do Oriente Médio, agora felizes com a pátria que acharam, enfim, para chamar de sua.

Voltamos. Começar de novo, a sensação, embora de um minuto a outro nada realmente tenha mudado a não ser mesmo esse momento de alegria, esses minutos e horas de sincera celebração e de descanso, porque mesmo sem parar nesses tempos de fim de ano a gente se desliga um pouco da realidade.

Agora é esperar o Carnaval chegar. E depois, a Páscoa, as festas juninas, a primavera, o verão novamente, o Natal e o espocar de novos anos que queremos ver e viver, sempre o nosso maior desejo.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Consegui. Conseguimos. Lá vamos nós. Por Marli Gonçalves

Consegui. Conseguimos. Chegou! Chegamos, aliás. Que bom. Difícil ter ainda o que falar após mais um ano tão cheio de desafios, e até como se todos não fossem exatamente assim. Temos de olhar para o futuro nessa época, mas o engraçado é que o passado é que fica martelando. Será para nos prevenir de errar novamente?

Why Am I Having Weird Dreams? - Know The Reasons | DreamCloud

Tenho recebido verdadeiros tratados psicológicos sobre a “dezembrite”, que seria um estado de espirito que nos abateria no último mês do ano. Ok, vou ficar aguardando os tratados sobre a “janeirite”, “feveirite” e assim por diante, porque pensa se todo mês a gente não tem bons motivos de alteração para o bem ou mal. Janeiro tem o verão, para quem pode curtir; e as contas – IPTU, IPVA, outros is e aumentos –  anuais. Fevereiro! Tem Carnaval, tem Carnaval. E depois das fantasias a pressão novamente para se pensar no futuro, aquele mesmo que, admita, acaba esquecido logo após as promessas e planos que a gente sempre faz no final do ano, e que voltam a nos assombrar. Todo mês carrega suas características.

Mas essa coisa de balanço de final de ano é que é mesmo perturbadora, mais ainda com o passar do tempo, quando vamos acumulando o histórico do que já passamos, enfrentamos, conquistamos, nos safamos, desistimos, nos ferramos, levantamos e sacudimos a poeira dando a volta por cima, sofremos – e aí sentimos se tínhamos ou não razão – , ou tantas coisas que festejamos, o que devemos mesmo fazer a cada conquista, sem qualquer culpa.

Nos últimos dias parece até que quem (sempre muito curiosa sobre quem ou o que é que organiza essa fábrica na nossa cabeça) comanda meus sonhos noturnos está querendo que eu escreva uma autobiografia tantos flashes têm passado como um cineminha, uma série cheia de temporadas, lembranças. Anda bem legal dormir. O roteiro de cada noite/capítulo se mistura, fazendo lembrar até o excepcional formato da série This is Us, que vai e que vem, explica aqui o que aconteceu lá. Embora no meu caso não haja tantos protagonistas, ou filhos e gerações. Eu sou sempre a condutora. O formato é que desencadeia, por isso dou como exemplo. Se amei demais, de menos. Se fui fiel demais, e fui – o que pouco ou de nada valeu. O vácuo intrigante de certos rompimentos. Os momentos equilibristas sem rede de proteção. Quantas vezes precisei ser forte mais do que era; aprender a renascer, mudar a estrada por obstáculos, percorrer caminhos mais longos.

O estranho é que não tem tristeza, nem acordo me sentindo diferente. Não sinto nenhum problema em ter revisto até partes bem difíceis. Sem arrependimentos. Ao contrário, a sensação é boa, de vitória por ter tanto para contar, viva. Vem sendo como abrir um arquivo, rever álbuns de fotos, espiar o Google Fotos. Já foi. Já passou. Consegui. Conseguimos, aliás, porque imagino que você também tenha um bom livro da vida. Fico curiosa em saber como você lida com esse momento.

Fechando a temporada deste ano, não posso deixar de agradecer a companhia de todos, muitos, a força de cada recado, bilhete, curtida, comentário, resposta aos artigos e também o apoio à batalha que alguns conhecem e acompanham. Vamos todos sonhar, sim, com um mundo melhor, com liberdade, em paz, com espíritos de luz que nos protejam da insanidade, seja ela vinda dos poderosos ou dos que tentam justamente bloquear o futuro dos outros porque não conseguem nem ver a saída para o seu próprio.

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CONSEGUI. CONSEGUIMOSMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).

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ARTIGO- Cosmopolitas. E apavorados. Por Marli Gonçalves

O conceito de que somos cosmopolitas, digamos, precisa ser aberto considerando sua definição oficial. “Cidadãos do Mundo”, aqueles que acreditam ser o mundo todo a sua pátria e mais uma série de patacoadas bonitas, sobre pessoas que viajam muito e se adaptam às diferentes culturas e modos de vida. Conceitos filosóficos que buscam nos igualar no mundo globalizado, o que é quase impossível com tantas e reais diferenças nesse momento tão estranho.

Desenhos para Colorir - Amor e Paz - Brinquedos de Papel

Cosmopolitas ou não, se realmente todos nos conectássemos nesse belo sonho de união e convivência o que ouviríamos assustados seriam gritos lancinantes de socorro, porque parece que o freio se soltou de vez e a violência de humanos contra humanos pelos mais variados motivos saiu do controle faz tempo, levando junto o bom senso, os princípios humanitários. E todo esse amor, paz, igualdade, fraternidade e união propostos em larga escala especialmente nessa época do ano se desfaz no ar. Vira fumacinha de um noite de verão que se aproxima, mas que já nos ferve.

Então estamos todos bem assustados?  Pena que a verdade seja que nem todos – há os que vêm se vangloriando e cada vez mais crescendo para cima da liberdade, em nome da economia, da riqueza, do poder. Uma guerra não acaba e logo vem outra, se somando sanguinária. Nem bem se fala em um assunto e chega agora mais receio ainda de malucos invadindo territórios aqui bem pertinho, e buscando envolver até quem está quietinho em casa. Sobra pra todo o mundo, isso sim.

Cadê a reação? Otimista que sou, a mim parece próxima quando cada vez ouço as pessoas dizendo que não aguentam mais tanta violência, tanta guerra, matanças, tentando fugir dos noticiários de todas as formas, buscando quase se isolar. Penso que foi exatamente assim que surgiram os movimentos do final dos Anos 60. O “paz e amor”, os hippies, Aquarius, os movimentos de libertação de tudo, o amor livre.  Colorido que se espalhou e com extraordinários acontecimentos, artistas, líderes, obras que sobrevivem, marcantes. Ali era muita guerra, e uma juventude ávida pela vida. Buscavam a luz, a alegria, cantavam e dançavam como se vivessem os últimos momentos, mas foi só assim que sobreviveram em seus protestos. O problema é que hoje parece que essa geração envelheceu e esqueceu suas propostas, talvez por medo que agora elas possam se sobrepor ao que obtiveram. Não é por menos que também tanto ouvimos novamente falar de lutas por direitos civis, feminismo, contra o racismo, e pela identidade de gênero, além dos alarmes de emergência climática. Movimentos que sobrevivem, mas novamente abafados por violências também sem igual que os classifica até como terroristas, como fez a Rússia.

A coisa mais globalizada que vivemos recentemente foi a pandemia, o horror do qual surgiram cenários antes inimagináveis, e ainda mais mortais. Autoridades e chefes de Estado fazendo de seus povos cobaias ou os jogando no fogo com suas inações e declarações estapafúrdias e negacionistas. Juntos já eram um prenúncio da ascensão novamente de ideias perigosas, primitivas, reacionárias, racistas, de dominação social, religiosa, econômica. Tentam apagar as conquistas tão duramente obtidas no século passado.

Para tanto usam com sucesso a mais moderna das ferramentas, a tecnologia digital, veias abertas onde correm suas intenções e contaminam, para grande tristeza, as gerações atuais que desatentas e despreocupadas buscam ali alimentos e saem envenenadas. E envenenando.

Por aqui, sempre não tomamos providências quando elas deveriam ter sido tomadas, e não cortamos o mal pela raiz. Então, depois, assistimos abismados ao crescimento das ervas daninhas nos provocando em todos os fronts e se fortalecendo bem debaixo de nossos pés, aqueles mesmos que como cosmopolitas batemos no peito dizendo “minha pátria são meus pés”.

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marli - imprensaMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).

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ARTIGO – Azáfama. Por Marli Gonçalves

Azáfama, não é linda a palavra? Sonora? Você ouve e logo até já se põe em movimento. Lembro muito dela aos finais de ano, quando a humanidade parece entrar no estágio do “corre”, para fazer tudo o que não fez os outros meses.

AZÁFAMA

Tudo vira urgência, afinal agora faltam poucos dias para virar o ano, todo mundo já de cabeça virada pensando em Natal, Ano Novo, viagens, verão, férias, essas coisas, que inclusive diminuem os dias, digamos, úteis, deste mês de dezembro. Parece que alguém lá de cima estalou o dedo e as pessoas imediatamente se põem a pensar, correr, e daí vem um estresse danado. Como se não bastasse o normal do dia a dia, as coisas se aceleram, atropelam. São atropeladas.

A lista é grande, em geral de coisas que lá no começo do ano a gente se prometeu fazer e se dá conta só agora que não fez, não realizou, ou até esqueceu, mas acaba lembrando e isso é bem chato. Mais chato ainda é quando ainda por cima se é a vítima da azáfama dos outros, que viram suas baterias contra nós exigindo que façamos em azáfama o que poderia ter sido feito muito tranquilamente antes – e isso é bem comum, jogar a lista para a frente. Se prepara! Dezembro chegou, e passou tudo tão rápido que vai ter quem repare que o ano praticamente já acabou só a partir de hoje, de agora, da chegada do mês que já vem sendo anunciado por enfeites, luzinhas espalhadas em janelas, árvores de Natal, 25 de Março em polvorosa, ou melhor, na azáfama. Tô falando: tem palavra melhor para definir essa época?

O sentido dela pode ser bom ou mau, dependendo de como levamos a vida; tem o lado da pressa, afobação, confusão, imprudência, açodamento que pode trazer problemas inclusive para os próximos tempos se não ficarmos atentos. O lado bom? Ao menos começar a caminhar na direção sonhada, mesmo que atrasado alguns meses.

Andei pensando que coincidentemente quase todas as vezes que me mudei de um lugar para outro foi em dezembro. Essa coisa de começar o ano com vida nova que a gente aprende desde que, inclusive, se entende por gente, vai sendo renovado pelas tradições. Todos os anos pensamos e passamos pela mesma coisa: que à zero hora do dia 1º do ano que chega tudo vai mudar, inclusive nosso próprio comportamento. Aí fazemos as tais promessas, planos, epifanias. Pior, logo descobrimos que em geral o que mudou mesmo foram só os números. Do ano, do mês, e sempre ganharemos – e se tudo correr bem, Oxalá! – inclusive mais um ano de vida. Ah, os números também mexem com as contas que sempre aumentam.

Mas, bem, você há de pensar, e eu vou concordar, que a azáfama tem vivido entre nós o tempo inteiro, não só agora. A de viver, sobreviver, e também a de aparecer, especialmente essa, tem tornado a vida uma aventura e tanto para um número cada vez maior de pessoas em busca de virar rico, celebridade, influencer ou se contentando até em ser sub tudo isso. Toda hora sabemos de alguém que despencou de um penhasco tirando uma selfie ou se estatelou num poste gravando algum vídeo. Uma loucura essa azáfama de se dar bem com pouco esforço que anda bem na moda.

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– MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).

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ARTIGO – 2022, que os patinhos na lagoa nos ajudem. Por Marli Gonçalves

2022, Dois mil e vinte e dois, dois patinhos na lagoa, como a gente chama o desenho bonito do número. Um ano que chega se arrumando, tentando se reorganizar, mas por mais otimistas que possamos ser, traz também tantas incertezas que os patinhos da lagoa estarão nadando em círculos

2022 dois patinhos na lagoa

2021 foi realmente um dos mais difíceis anos, e acredito que também deve ter sido o mais difícil de muita gente. O esgotamento geral após dois anos de pandemia; a sobrevivência física e financeira. O equilíbrio emocional perdido nos frangalhos, nos baques de perdas irreparáveis e notícias esquisitas todos os dias.

Difícil mesmo se situar em um planeta bolinha que parece ter sido sacudido por um chute tão certeiro que tantas coisas ficaram sem pé nem cabeça geral, e que já vamos para mais de dois anos de vidas modificadas.

Estamos fazendo um rescaldo e quando já estávamos até mais alegrinhos, boom, chega essa nova cepa ômicron – daqui a pouco, nesta toada, logo se esgotará o alfabeto onde se busca seus nomes para batismo. O fim de ano de todos está balançado, ainda inseguro com suas festas limitadas e o receio do que virá por aí.

Na verdade, já estamos sentindo muito claramente o que tanto temíamos, que essa coisa toda, e põe coisa nisso, não vai passar assim de uma hora para outra. Que as tais ondas ainda podem nos dar um caldo.

Outro dia, até fiz silêncio ao ouvir de um amigo que entende dessas coisas de medicina fazer uma observação pertinente, e que lembrou até de forma bem humorada: se nem os dinossauros resistiram aos primeiros seres da criação, as tais bactérias e vírus!

Com o tempo até desenvolvemos formas de lutar essa batalha, as vacinas entre elas. Mas ainda, infelizmente, não desenvolvemos formas de combater a ignorância que parece agora se alastrar de forma avassaladora sugando a energia de todos nós e, como nos mais terríveis filmes de ficção/ terror, tomando o corpo e a mente de alguns habitantes por ela contaminados e que passaram a circular no planeta disseminando não só a própria ignorância, como o ódio, aumentando todos os perigos enfrentados. Pior, alguns desses seres governam. Chegaram ao poder e nele efetivam como podem seu rastro de destruição.

O Brasil está contaminado, aqui aconteceu, e pelo pior tipo, o malvado, cínico, que se diverte enquanto a natureza queima, as pessoas passam fome, a violência se alastra. Agora, quer dizer, na verdade não só agora, porque as crianças sempre são as primeiras vitimas de tempos obscuros, até elas estão no alvo deste enredo fantástico, quando se pretende negar de todas as formas que possam ser imunizadas.

2022 bate à porta, e parece que não chega com roupa nova. Vem novamente acelerado, cheio de datas para as quais precisaremos estar bem preparados e, embora esgotados, buscarmos forças para o combate. Chega cheio de perguntas: vai ter Carnaval, vai ter Copa? – as mais inocentes delas.

Aqui teremos eleições, e cheias do dinheiro que tiraram do que nos seria mais importante, desviado para campanhas e partidos. Um país que já começa o ano num buraco danado, com crises institucionais, com uma inflação que corrói, ricos ficando mais ricos, pobres mais pobres, e os do meio achatados como sardinhas.

Um redemoinho que já faz com que aqueles dois patinhos na lagoa batam suas perninhas patinhas bem firmes para tentar parar de rodar e conseguir chegar em alguma margem segura. E que ninguém sabe onde está.

Até 2022!

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ARTIGO – Dezembros vividos e vívidos. Por Marli Gonçalves

Desde, especialmente,  a eleição do desgoverno atual, os meses têm sido ainda mais difíceis e absurdos do que normalmente já o eram no país. Uma escalada dramática e 2022 está por perto tentando abrir a porta da esperança. Resolvi – veja o quanto somos resilientes – rever algumas frases de meus artigos publicados justamente nos três dezembros passados e que acabam por nos dar conta dessa agonia, porque elas ainda, infelizmente, tratam do nosso cotidiano atual. Parece que foi hoje, foi ontem, e precisamos mudar o amanhã

DEZEMBROS

“A bola de cristal se enevoa.  Uma nuvem de fumaça cobre as reais intenções de um jogo que está no tabuleiro, onde as peças, escolhidas e posicionadas, em grande parte são militares, outras evangélicas. O objetivo comum, convergente para o centro, mas uns já pensam em “comer” (linguagem de jogo) os outros, ou derrubá-los no caminho”. PREVISÕES: FURDUNÇO GERAL (8-12-2018)

“O problema é sempre o homem, o real. Assim acontece em outras crenças, devoções, lideranças religiosas de todos os credos. Excelentes comunicadores, hábeis negociantes, constroem impérios com tijolos da crença, que mantêm com financiamentos a pleno vapor. Tudo em nome de Deus, da criação, da Bíblia, das juras, imposição de pecados e culpas, de uma moral para os outros”. A MORAL ALHEIA E OS SALVADORES CHEIOS DE CULPAS (14-12-2018)

“Não por menos agora a moda seja a comunicação de tudo, vai, me diz se não é verdade, de tudo, sendo feita via redes sociais. O Twitter é o predileto dos políticos que anunciam o que bem querem, o que pensam e muitas vezes nem pensam para escrever, o que fazem muitas vezes em alterados estados na madruga…e depois do rolo, correm para apagar. Outra coisa que também é digna de nota: escreveu, não leu, o pau comeu, ou seja, não dá mais para apagar. Em algum canto do planeta alguém copiou, printou, fotografou, guardou, salvou, arquivou e vai esfregar na cara de quem disse que não disse, na primeira hora que for possível. Por enquanto a única saída é alegar que foi hackeado, que teve o computador invadido e as contas usadas”. COMUNICAÇÃO DO ALÉM. PARA ALÉM DE NÓS. (21-12-2018)

“Que os próximos trezentos e tantos dias sejam de Paz, boas notícias, que não percamos nunca a força de enfrentar a maré e voltar à tona. Inclusive fazendo ondas, inventando modas e nos reinventando”. MERGULHE. E VOLTE SEMPRE À TONA. (28-12-2018)

“O que é amizade nesses tempos atuais? Nas redes sociais, temos e chamamos de amigos pessoas que nem conhecemos, pior, muitas que jamais conheceremos. Fazemos e desfazemos esses laços apenas com um clique, sem dor. Agora é hora do tal amigo secreto, quando pessoas que se odeiam se sorteiam e pensam seriamente em dar presentes mortais”. AMIGO NÃO É PARA SER OCULTO (6-12-2019)

“Apavorante, repito. Discursos de ódio, manipulação nas eleições, ataques aos movimentos sociais, as relações humanas, tudo poderá ser afetado de forma ainda mais violenta do que o que já vem ocorrendo celeremente em todo o mundo. Tudo virtual, não haverá como prender o autor de calúnias, difamações, informações falsas que aparecem nas imagens, porque ele simplesmente não existirá”. DEEPFAKES: O FUTURO QUE NOS ESPERA E ENGANARÁ (13-12-2019)

“Chegou o final do ano e ainda está lá. E muitos dos que me leem entenderão a surpresa porque, inclusive, nem achávamos que seria tão ruim assim; só que foi ainda pior do que as previsões, coisa de louco esse time todo, e que se mantém com apenas uma pequena parte de jogadores em forma. Os outros só deformam, chutando bola plana, pisando no tomate e arremessando abobrinhas”. O JOGO CONTINUA (20-12-2019)

“É desejar muito que tenhamos mais consideração, respeito, que nossos ouvidos não ouçam tantas bobagens e provocações, cada uma que até parece duas? Esse desejo é geral, antes que eu esqueça de frisar, porque esse será ano eleitoral e vai ter muita gente querendo meter os pés pelas mãos. A política não pode se distanciar das pessoas e é a municipal, a que nos cerca mais de perto, que deverá ser escolhida agora. Sua cidade, seu bairro, sua rua, sua casa.

 Não quero mais também ver tanta gente jogada nas ruas dormindo um sono como se tivessem sido desligadas de repente. E ali caíssem, como sacos de lixo, em sarjetas, calçadas, debaixo de árvores, pontes e viadutos, ou vagando nas ruas com suas mochilas rotas onde levam o muito pouco que têm”. É DESEJAR MUITO? (26-12-2019)

“E daí? Daí, nada. Nadica. Do jeito que estava, está, ficará, derrubará mais. Não há como não fazer um paralelo com a situação política. O que adianta tantos comentaristas, tantas notícias, análises, tantas revelações, reportagens, denúncias, médias móveis de casos e mortes na montanha russa dos gráficos? O tal presidente, os tais ignóbeis Filhos do Capitão, os tais ministros, os políticos em suas amadas reeleições até por falta de opções, a insana marcha da doença nas burras aglomerações que espalham a morte – tudo aí, assim como as esburacadas calçadas, passeios e meios-fios”. TROPEÇOS E TROPICOS (4-12-2020)

“Parem! Essa exaustão contínua, diária, nos leva a caminhos sem volta, nos tornando – a todos – tristes, amargurados. Revoltados. Descrentes. Apavorados. Tudo já andava muito difícil, mas a pandemia chegou para tornar a situação brasileira praticamente insuportável pela insanidade que atinge os que deveriam buscar soluções; pior, aplaudidos por desinformados por essa impressionante turba de ignorantes gestados nesses tempos e que vêm saindo dos ralos”. POR FAVOR, PAREM, AGORA! (11-12-2020)

“Nunca, creio, pelo menos desde que nasci, e isso já faz tempo, desejamos tanto um ano realmente novo e que ocorra uma mágica –as coisas sendo resolvidas, a pandemia controlada e que uma luz de consciência se abata sobre os governantes. Ou, então, que eles sejam abatidos, pelo nosso bem”. 2021, O ANO QUE TANTO DESEJAMOS (18-12-2020)

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Terrivelmente tudo. Por Marli Gonçalves

O momento terrivelmente que passamos é total, com a expressão podendo ser aplicada para definir praticamente todos os acontecimentos pelos quais passamos ou somos informados. A pergunta é: e se piorar, o tempo vai fechar mais ainda?

CORONAVIRUS - TERRIVELMENTE

É terrível.  Tenho me sentido assim, terrivelmente aborrecida, e lutando, girando igual Giroflex, movimentando a cabeça para todos os lados, buscando encontrar coisas, pessoas, experiências legais que possam me fazer sentir, de alguma forma, ao contrário, melhor, terrivelmente feliz, animada, mais confiante em mudanças. Aqui e ali até que tudo bem, mas sei ser mais por conta de meu espírito otimista e bem humorado, e que às vezes nem sei bem como ainda consigo manter.

O clima de final de ano já não ajuda muito, convenhamos. O clima de final de ano de dois seguidos dominados pela pandemia e tudo o que significa, e as mudanças que ela não para de trazer, eis o mundo transformado numa caixinha de surpresas. O que estamos encontrando aí fora, no tal novo normal, bem diferente, e tenho passado um tempo observando para entender melhor, ainda sem clareza e com muitas dúvidas.

Vejo os estádios de futebol lotados e as festas dos times campeões nas ruas. Vejo de longe, claro, nas telas. Incrível como nosso país se mobiliza pelo futebol. Se mobiliza também pelos shows, especialmente os gratuitos, que andaram pipocando nesse momentinho de maior abertura. Nessas horas o medo é substituído pela euforia. Aglomerações nesse momento parecem provocações para forçar até onde tudo isso vai.

Mas raramente vemos o país mobilizado para melhorar. Ouvi, e você também, e com toda a certeza, muitas vezes, que assim que fosse possível haveria manifestações para mostrar o desagrado com a política desse governo cada vez mais mal avaliado – nas pesquisas, nos papéis frios, nas decisões e indecisões, excesso de bobeiras, nos resultados cada vez terrivelmente ruins em todas as áreas,  economia, saúde, educação, saneamento, uma lista enorme que inclui a incapacidade de controle, organização, compreensão e ação efetiva.

Estou aqui esperando, sentada, balançando a perninha. Sem entender porque – à beira de um ano eleitoral fundamental – ainda estamos tratando com os mesmos candidatos, alguns do século passado, nos mesmos debates e embates, as mesmas divisões, os mesmos erros prontos a serem novamente cometidos. Ou pior, perpetuados. O povo nas ruas, sim, no futebol, nos shows, e também no bate perna de milhões à procura de emprego, de algum trabalho, do que levar para casa, aglomerados em filas e plataformas de transportes públicos que nunca se expandem, a não ser em promessas.

Já ouvimos os batuques ecoando um incerto Carnaval. Sabemos de festas já canceladas de Ano-Novo. Máscaras continuarão obrigatórias, tenha certeza, por mais um bom tempo, embora cada vez mais estejam sendo abaixadas, criando conflitos com os que querem se cuidar. Corremos para vacinar mais e mais, ao mesmo tempo que as nossas porteiras e fronteiras continuam sedutoras aos que se recusam a elas. O coronavírus continuamente trocando de roupagem arreganha os dentes para todo o planeta.

Aí chega uma dúvida cruel. O que acontecerá se acaso as coisas se complicarem demais e novamente? Ou seja, se for preciso que se tomem decisões verdadeiramente radicais? Quero dizer, fechar tudo, parar tudo. Isso é terrivelmente possível.

Vai ter guerra? Desobediências que poderão levar a conflitos civis? Quem mais tentará se aproveitar desse momento? Qual será o comportamento nacional?

O futuro comprometido está próximo de, além de ter sido aceito um ministro “terrivelmente evangélico” para integrar pelas próximas décadas o principal tribunal de decisões fundamentais, todos entendermos na pele que esse não é um bom advérbio. Terrivelmente é tudo de ruim; assustador, forte, violento.

Temos de falar sobre isso. Ainda teremos muito o que falar sobre isso tudo.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Os medos de dezembro. Por Marli Gonçalves

Difícil tocar nesse assunto desagradável, mas temos que bater a real: este dezembro será muito esquisito, tanto quanto quase o ano inteiro de 2020 foi, ou até um pouco mais, se novamente formos cobertos por mais uma onda alta sem que nem tenhamos recuperado o fôlego e já com nossa saúde mental tão afetada

DEZEMBRO

Lembro de fevereiro, o povo nas ruas, fantasiando suas liberdades e alegria atrás de trios elétricos, se espremendo, se encostando, se pegando, suor, brilhos, unicórnios, purpurina. Em quantas coisas ainda, persistentes, acreditávamos. Que Bolsonaro não resistiria mais muito tempo com suas sandices, que já ouvíamos sem acreditar que pudessem piorar, uma das principais. E, para aumentar mais ainda a desilusão de tudo o que os outros meses acabaram nos trazendo, o homem está aí, cada vez mais celerado e fora de si, criando fatos e nomeando pessoas que tornam ainda piores e incertos nossos dias.

No Carnaval e até antes, na passagem de ano, eu estava por perto, assistindo às festas nas ruas, mas já muito ressabiada com os ventos que sopravam do Oriente sussurrando uma doença que se espalhava pelo ar fechando cidades inteiras. Por precaução já tentava me manter mais longe, também até por conta do pânico de aglomerações, pavor que ganhei há alguns anos após um acidente no meio de uma delas. Sempre preciso estar perto de uma saída, sempre preciso saber como escapar, sempre preciso conhecer a área onde estou para me sentir segura. Agora não existe mais essa área, essa saída segura, o beijo, o abraço, e nem sorrisos mais são vistos.

Mas, admita, creio que nunca imaginamos de verdade o que poderia ocorrer aqui. O que aconteceu em todo o mundo. Que tantas vidas seriam levadas, de gente tão próxima, tão rápido. Que, ao contrário das ruas transbordantes, veríamos por meses portas fechadas, ruas desertas, capitais que viraram cidades mortas, fantasmas, onde transitavam apenas entregadores em motos e bikes. Que tanto álcool em gel seria usado em nossas mãos que se esfregam nervosamente. Que os rostos seriam cobertos por máscaras, e elas não eram de fantasias. Que nossos passos, o ir e vir, seriam determinados por regras governamentais. Que esse pesadelo se estenderia por todos esses meses, sem cura, sem solução.

…Adoraria afirmar que os alquimistas estão chegando com uma fórmula mágica. Mas a verdade é outra: os oportunistas estão chegando; estão chegando os oportunistas.

Que outra fase dessas viria e ainda há quem nela não acredite. Pior. Muitas portas permanecem fechadas. E as ruas? Lotadas, como se não houvesse amanhã, apenas outros dias anormais.

Agora chegou dezembro, e quando pensávamos que os caminhos estariam mais livres, eis que podemos ser cobertos por outra onda, e nem bem passou a espuma da primeira, que nos deu um caldo, afogou muita gente, detonou o país. Agora, ainda sem vacina ou proteção especial, estamos sem recursos, cansados, descrentes ao ver que pouco se aprendeu, e que muitas pessoas, principalmente jovens, estão preferindo apostar no pior, pouco se importando se espalham vírus que matam gente que elas nunca chegarão a conhecer ou nem a saber que foram as culpadas.

Pensam, talvez, que estejam praticando a liberdade, a desobediência civil? Exercendo “sagrados direitos inalienáveis”, curtindo a clandestinidade, desafiando o proibido, ou apenas vendo se adiam um pouco mais a volta às aulas onde aprenderiam que o futuro poderá penalizá-los de forma cruel por essas atitudes?

Como passaremos esse final de ano me parece um grande mistério, entre os maiores que já vivi. Há festas marcadas, lugares com reservas esgotadas. Como fechar as praias onde estarão indo e vindo as irresistíveis sete ondinhas a serem puladas? Que regras serão impostas? E quem as fiscalizará de verdade? Como as famílias se reunirão, sendo que algumas não tiveram contato entre si todos esses meses até agora? Como preservar os idosos?

Com a economia no buraco, a miséria e o desemprego, será que este ano vai bater aquele sentimento comum às festas de fim de ano quando todo mundo vira bonzinho da forma muito superficial, e quem pode finalmente abrirá a mão, o bolso, dividirá o pão? Ou alguns desses que podem, que mandam e desmandam, apenas aproveitarão para poder mais, dar ordens que não deviam, fazer muxoxo dos que se protegem, fazendo que um outro vírus que já se aproxima célere espalhe ainda mais incertezas?

Adoraria afirmar que os alquimistas estão chegando com uma fórmula mágica. Mas a verdade é outra: os oportunistas estão chegando; estão chegando os oportunistas.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Amigo não é para ser oculto. Por Marli Gonçalves

O que é amizade nesses tempos atuais? Nas redes sociais, temos e chamamos de amigos pessoas que nem conhecemos, pior, muitas que jamais conheceremos. Fazemos e desfazemos esses laços apenas com um clique, sem dor. Agora é hora do tal amigo secreto, quando pessoas que se odeiam se sorteiam e pensam seriamente em dar presentes mortais

Fico imaginando umas caixas maravilhosas embaladas com laços e contendo aranhas e serpentes peçonhentas, venenos, mágoas, respostas não dadas durante todo o ano. Ou presentes escolhidos entre os piores, coisas sem uso, presentes ganhos e guardados para serem repassados para a frente na primeira oportunidade. Imaginem esse ano, com a crise de grana e com a cisão política que se estabeleceu entre nós e que deve estar sendo usada justamente para romper relações distanciadas e já estremecidas por outros motivos. Como chamar de amigos? Como deverá estar sendo o tal amigo secreto deste ano, nas firmas e famílias? Desde criança considero o Natal como uma das datas do ano onde as pessoas mais falseiam umas com as outras.

Como considero amizade de verdade algo raro e sagrado, estranho o nome dado à essa tradição que para mim tem a melhor definição de nascimento não na Grécia, ou num sei aonde, mas realmente no mundo, durante a Depressão de 1929. Ninguém tinha dinheiro ou condições para presentear todos – melhor sortear, dividir essa lista – para mim, veio mesmo daí. Não que seja má ideia, mas que é momento saia justa, ah, isso é. Amigo secreto, oculto, invisível.

Adoro também o “tabelamento” de preços de presente adotado. A quantas anda esse ano? 50 reais? 100 reais? Precisa de nota fiscal para quem quiser trocar o bagulho? “Achei que era sua cara…” – uma das maiores ofensas.

Com as mudanças econômicas ocorridas, desemprego absurdo, home office, trabalho esporádico, empreendedorismo individual devem estar sendo bem poucas pessoas que ainda manterão a tal tradição de, rezando, sortear o nome de alguém, e, rezando, esperar que alguém de bom gosto e posses sorteie o seu. Vivemos cada vez mais isolados.

Sou pessoa de muitos amigos. Sou pessoa de pouquíssimos amigos.

 Ambas as afirmações são absolutamente verdadeiras. Mas a segunda trata mais da vida real e considero amigo coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, no cérebro, na vida. Estejam eles perto ou longe, em outro continente, como é o caso de uma família de amigos que se mudou para Madri, e porque esse país não dá lugar a gente boa.

Amigos. Sempre. Vivos ou mortos, sempre inesquecíveis. Dos quais os melhores presentes serão sempre as lembranças de momentos vividos juntos. Ou objetos que significam algo que só os dois lados compreenderão, porque é amigo com amigo, cada um com outro, exclusivo; grupos de amigos é outra coisa, há de convir.

ariel com o linguado amigoPensei nisso de forma especial porque lembrei do que considero uma grande coincidência. Tive um “Melhor Amigo”, que perdi em 1993. Dele, de quem lembro diariamente, guardo os anjos que tanto adorava e o hábito de jamais deixar de ter flores em casa, assim como a sua generosidade e caráter. Ele era nascido a 12 de dezembro, Sagitário, por acaso, signo complementar ao meu, Gêmeos. Hoje, tenho como um grande amigo uma outra pessoa de outro lugar, outras histórias e uma compreensão mútua absurda, só possível numa relação sincera e verdadeira. Nascido em 12 de dezembro, também. Significa? Coincidência? Pode ser.

Com esse texto pensei em ser presente de aniversário para ele, que mora longe, uma boa lembrança, e o que posso dar no momento. Acabei pensando que amigo mesmo, para assim ser chamado mesmo, não pode ser oculto, secreto, tem de ser declarado.

Aliás, quantos amores garantiríamos que seriam, depois do fim, nossos amigos eternos quando passadas as relações e que hoje, eles sim, viraram apenas pó, invisíveis, ocultos e esquecidos; em muitos casos, inclusive, inimigos?

Amigos,amigos. Viva o dia do Amigo

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ARTIGO – Desembrulha, dezembro! Por Marli Gonçalves

 

Confesso que fiquei tentada a escrever com “z”, “dezembrulha”,  para o trocadilho com dezembro, que já chega todo cheio de prosa, desejos, roupas brancas e douradas nas vitrines, luzinhas, ofertas fantásticas que, se aceitas, já deixarão o ano que vem cheio de contas e prestações a pagar, mais as que sobraram deste ano maluco que nem sei como estamos conseguindo chegar ao fim levando aos trancos e barrancos, com nossos corações e mentes aos saltos e sobressaltos

Imagem relacionada

Tudo está esquisito, e você, de qualquer forma, seja como pensa ou deixa de pensar o momento nacional, há de convir. Esquisito. Mais uma vez a esperança de muitos foi trocada por decepção. E estou falando com decepção pra tudo que é lado, inclusive com a nossa própria capacidade de reagir.

Não passa um dia sem que tenhamos tido notícias vindas de fronts de guerras que não são as nossas, mas tiram nossa paz. Uma marcha lenta na economia onde cada medida tomada e anunciada com pompa, ao ser analisada, tira de um, não dá ao outro, e prejudica todos. Quer dizer, quase todos. Sempre há uma minoria que ganha.

Chegamos em dezembro e falamos em árvores de Natal, cada vez mais plásticas, porque até os simples pinheirinhos ficaram caros demais, e agora aquele canto da casa está cheio de luzes chinesas, enfeites chineses, e até a ponta da estrela daqui a pouco vai ter um chinesinho pendurado. Tudo muito uniformizado, produzido e vendido aos borbotões fazendo a festa lá no outro lado do mundo. Olha só as etiquetas, tudo made in bandas de lá.

Que pacotes e caixas de presentes colocaremos ao pé de nossas árvores? Que desejos conteriam? Claro, primeiros, os mais próximos, pessoais, para nós, nossas famílias e amigos: saúde, prosperidade, paz, harmonia, liberdade, que nada falte na mesa. Desejar que já a partir de agora não tenhamos tantas tragédias como as que tivemos de lidar desde os primeiros dias, repletos de mortes, lama, água, fogo, desabamentos.

Gostaria de desembrulhar muitas coisas que não podemos comprar, mas lutar firmemente por elas. A começar por uma democracia que não seja ameaçada nem por um, nem por outros. No nosso caso o pacote deve conter um pouco mais de responsabilidade dos líderes e suas equipes, de todos os Poderes. Decerto você também adoraria passar o próximo ano sem escutar tantas sandices, ter certeza de que delas estaremos de certa forma protegidos, sem que as queiram praticá-las.

Devemos buscar de todas as formas por fim ao ciclo de violência que a todos envolve e atormenta, cidadãos, policiais, que cada um exerça sua parte. E que definitivamente tudo seja feito para que não repitamos novamente os terríveis índices de feminicídios e mortes de mulheres, nem os de crianças mortas feridas por balas perdidas. Que a segurança pública se reorganize para que possamos novamente abrir nossas janelas e portas para deixar entrar o ar, assim como a luz do Sol e que possamos também aproveitar a noite e as estrelas, sem nos preocuparmos com qualquer sombra que se aproxime.

Tudo isso caberia de alguma forma numa caixa só, onde encontraríamos a promessa principal: a de que o país parará de retroceder.

Um detalhe que já nos traria alegria. Sentimento que anda faltando no mercado.

PRESENTE

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#ADEHOJE, #ADODIA – DESEJOS. FELIZ ANO NOVO!

#ADEHOJE, #ADODIA – DESEJOS. FELIZ ANO NOVO!

Hoje passo aqui para desejar paz a todos. Saúde, alegria, amores, prazeres, paixões. Começamos agora em 2019 um novo tempo para o Brasil. Vamos enfrentar com otimismo, resistência correta e torcendo para que haja responsabilidade da parte de todos os envolvidos.

Agradeço a todos pela audiência, peço mais uma vez que se inscrevam no Canal no YouTube e nas minhas redes sociais. Continuarei fazendo de um tudo para todos os dias estar aqui, só um minuto, mas com vocês. Já é 2019 em algum lugar do mundo, aliás, em muitos, e nós vamos que vamos.

FELIZ ANO NOVO!

Feliz Ano Novo!

 

#ADEHOJE, #ADODIA – FIM DE ANO É BEM LOUCO

#ADEHOJE, #ADODIA – FIM DE ANO É BEM LOUCO

Chega essa época, estamos cansados, loucos pra ver se vira e se vira algo bom. Hoje nossa conversa é sobre os desejos que as coisas melhorem, progridam e que possamos conversar mais sobre boas notícias. A cor é laranja, porque dela viria sabedoria – daí os monges usarem. Onde estiverem que estejam felizes.

 

#ADEHOJE, #ADODIA – NOTÍCIAS DAQUI DA TERRA

#ADEHOJE, #ADODIA – NOTÍCIAS DAQUI DA TERRA

O ônibus aumentou para R$ 4,30 aqui em São Paulo. PT e o Psol resolveram boicotar a posse de Bolsonaro, como se isso servisse para alguma coisa, a não ser demonstrar que não sabem perder e não sabem se organizar como uma oposição de fato, sem bobeiras, séria. Sergio Moro já defende que em 100 dia seja divulgada um a medida oficial pra flexibilizar o porte de armas. João De Deus denunciado por crime sexual. Israel e Brasil engatam namoro rumoroso. No caso da morte do menino no Metrô em São Paulo, acredite, ninguém lembrou de acionar a alavanca de emergência para parar os vagões. Prefeito Rafael Greca, de Curitiba, passa por cirurgia de emergência no intestino; informações são de que tudo correu bem. 280 milhões vão sair na Mega da Virada para quem tiver um voltado para a Lua

 

 

#ADEHOJE, #ADODIA – CALOR DOS ACONTECIMENTOS. DOS “S”. DO QUE VEM POR AÍ

#ADEHOJE, #ADODIA – CALOR DOS ACONTECIMENTOS. DOS “S”. DO QUE VEM POR AÍ

Não param de acontecer coisas nesse final de ano movimentado, e com um calor nas principais capitais de fritar ovos e nossos miolos. São malas de dinheiro indo e vindo, denúncias, mitos caindo, operações da PF. O Super ministro Paulo Guedes ameaçando vir com faca para cima de conquistas, como o Simples, ou do Sistema S, uma das poucas coisas que ainda funcionam bem no país. Aí já na diplomação aqui par ao Governo do Estado já teve pega pra capar, com o Frotinha dando voadoras. Só se abanando muito. Não deixe de se inscrever no Canal do Youtube!

 

#ADEHOJE, #ADODIA – PLANTÃO: VOU TE CONTAR AS COISAS QUE TÊM PARA ACONTECER NESTE QUENTE VERÃO

#ADEHOJE, #ADODIA – PLANTÃO: VOU TE CONTAR AS COISAS QUE TÊM PARA ACONTECER NESTE QUENTE VERÃO

 

FIM DE ANO, SOL, VERÃO. ESTOU DAQUI VENDO VOCÊ FAZER PLANOS, ARRUMAR MALAS, CONFERIR PASSAGENS, TUDO PARA SAIR POR AÍ. NÃO ME ABANDONE. FICO AQUI DE PLANTÃO. AINDA MUITA ÁGUA VAI ROLAR NÃO SÓ NOS PRÓXIMOS QUINZE DIAS, COMO ESPECIALMENTE NOS PRIMEIROS QUINZE DIAS DO ANO QUE VEM. VEJAM SÓ: TEM JOÃO DE DEUS FORAGIDO, PARA SE ENTREGAR… SERÁ? COM 35 MILHÕES NO BOLSO. SEI NÃO SE ELE JÁ NÃO PODE ESTAR LONGE FAZENDO RETIRO EM ALGUM TEMPLO DO LUXO. TEM CESARE BATISTTI COM UM AVIÃO ESPECIAL PARADO ESPERANDO POR ELE PARA LEVÁ-LO DE VOLTA À ITÁLIA CONFORTAVELMENTE. E O QUEIRÓZ, O ASSESSOR DO BOLSONARINHO FLÁVIO QUE SUMIU? E LEVOU A FAMÍLIA, MAS MANTEVE A CONVERSA NO NOTICIÁRIO SÓ PIORANDO PRO LADO DOS QUE VÃO ASSUMIR A DIREÇÃO DO GIGANTE ADORMECIDO. E DEPOIS? O QUE ACONTECERÁ COM O TEMER E OS INQUÉRITOS QUE PAIRAM SOBRE ELE AMEAÇADORES. COMO SERÁ A POSSE, OS NOVOS GOVERNOS? O VERÃO VAI SER QUENTE MESMO.UM FORNO. VOU TE CONTANDO, VOU TE CONTAR.

#ADEHOJE, #ADODIA – DECRETADA PRISÃO DE JOÃO DE DEUS.AEROPORTOS CONFUSOS. E MARIELLE, CESARE, JOÃO, OS MUITOS NOMES DE NOSSOS DIAS

#ADEHOJE, #ADODIA – DECRETADA PRISÃO DE JOÃO DE DEUS.AEROPORTOS CONFUSOS. E MARIELLE, CESARE, JOÃO, OS MUITOS NOMES DE NOSSOS DIAS

 

A JUSTIÇA DE GOIÁS DECIDIU AGORA ACATAR O PEDIDO DE PRISÃO DE JOÃO DE DEUS. SERÁ O DESENROLAR DO DIA. Nos aeroportos, especialmente o daqui de Guarulhos, Sp, a confusão, o forrobodó, já está armado. As empresas culpam a chuva, mesmo que ela tenha caído horas antes. Voos atrasados, pessoas no chão, sem hotéis, sem comida, sem nada. Já vimos…e não é por menos que houve essa liberação para empresas estrangeiras entrarem no setor, logo – coincidentemente, claro – após a Avianca ter pedido recuperação judicial. No Brasil, hoje faz noves meses que a vereadora Marielle Franco e seu motorista foram exterminados. Agora a polícia do Rio apresenta quem seriam os culpados: o s milicianos, por questões de terra. E o vereador Marcelo Miliciano, ops, Siciliano, está em apuros. Caso João de Deus: já passam de 300 mulheres denunciando e a cada dia surgem novos detalhes das diferenças do homem João e o médium João. Para completar, faltava essa: pedido de prisão e extradição para Cesare Battisti, que está foragido, deu no pé.

#ADEHOJE, #ADODIA – À PROCURA DE ALGUMA LEVEZA

#ADEHOJE, #ADODIA – À PROCURA DE ALGUMA LEVEZA

Aceito sugestões para que todos possamos nos sentir melhor. Botei até roupa bem colorida. Trouxe um flor para ficar junto. Não está fácil para ninguém em particular. Mas é no coletivo que as coisas estão se definindo como muito loucas, com surtos das pessoas, violência e fatos que nos trazem grandes tristezas e desapontamentos, inclusive com os líderes. Inclusive com os mitos. Que caem um a um aos nossos pés. Costumo dizer que a adoração é sempre problemática, porque ninguém é perfeito. Claro, tem quem exagere, como estamos vendo muitos adeptos do governo Bolsonaro que esquecem que a política é igual às nuvens, pro bem e pro mal. A tragédia da igreja em Campinas foi mais uma, isso porque hoje já teve incêndio em área de grande concentração popular, e até o Joao de Deus reapareceu para não dizer nada. Pode escrever que daqui a pouco ele será internado com algum mal… hoje já falaram em problemas de pressão. Literalmente, inclusive, muita pressão para ele se explicar

ARTIGO – Previsões: Furdunço Geral. Por Marli Gonçalves

 

Acho que eu ainda não tinha exatamente contado pra vocês que disponho de sentidos extras, quase mediúnicos, e posso antever alguns fatos e acontecimentos. Na verdade, acho que todos nós temos esse dom. Você também já está aí percebendo o furdunço, os forrobodós se armando. Nada como um fim de ano como esse de 2018 para previsões: os fatos nem esperam chegar no futuro, já estão até rolando, apressados.

 Bem que falamos. Espero que tenham registrado que, independente de posição política, que não sou de lá nem de cá, já tinha previsto que a coisa toda ia ser bem produtiva de fatos, fitas, frases lapidares, revelações, pensamentos aterradores, brigas de caçarolas. Tanto que logo comecei meu programinha #ADEHOJE, #ADODIA. Zástrás. Um minutinho só. Com um diferencial: o humor, que é preciso para assistir ao espetáculo alucinado que nos entregam. Como um velho amigo entendedor da política me disse, ao elogiar, humor, uma boa e atraente forma de análise crítica.

E como ultimamente até se você estiver falando de uma receita de bolo o povo acha que está falando mal do próximo presidente e ataca ferozmente, já adianto que as previsões atingem bastante não só a ele, essa equipe indicada, os filhos, mas também outros ex-presidentes, inclusive o atual de hoje e que virará ex nos próximos dias. Também aquele lá, preso, mas sempre bem acompanhado porque visitas não lhe faltam.

A bola de cristal já é bola para não ter essa coisa de direita/esquerda. Quando a gente olha em seu interior consegue ver um país, gigante, movimentando-se lentamente, tentando sair do lodo. E quando ele começa a fazer isso, escorrega e tem de começar tudo de novo.

A bola de cristal enrubesce. Começam a passar em seu interior as frases que ouviremos – algumas a gente até já decorou. Ex-ministro mais poderoso de um governo anterior passa dias contando fatos, conversas e acertos, esclarecedores. Qual é a frase? “É mentira, não pode provar, está falando só para sair da prisão”. A propósito, mais uma vez os advogados entrarão com algum recurso, e darão entrevista dizendo que é política a prisão desse ex-presidente, e que ele não viu nada, não sabe de nada, e que nada é dele. Que apenas tem cuecas que deixa por onde passa, como o farelo de pão da história.

A bola de cristal se enevoa.  Uma nuvem de fumaça cobre as reais intenções de um jogo que está no tabuleiro, onde as peças escolhidas e posicionadas, em grande parte, são militares, outras evangélicas. O objetivo comum, convergente para o centro, mas uns já pensam em “comer” (linguagem de jogo) os outros, ou derrubá-los no caminho.

Esportes. Os mais comuns serão queda-de-braço, capoeira com rasteira certeira, corrida miudinha, boca batendo a língua nos dentes, soco abaixo da linha do equador, arremesso de informações para a imprensa quando interessa, arremesso de pedras na imprensa quando não interessa. Veremos também a modalidade barra pesada, trapézio bajulado pendurado vocês sabem onde, assalto duplo corrupto.

Na Cultura, ah, muito stand up. Vai ter um festival para saber quem faz mais comédia. Principalmente de improviso. Será o astronauta? A pastora do Ministério dos Enjeitadinhos? O vice? O ator pornô? A deputada que se acha a lata de leite condensado do pão do presidente? O próprio? Os filhos se enroscando com os aliados no palco da vida? O ministro que está tão bem com a sua consciência que responde a uma pergunta esbravejando com outra que não tem nada a ver com as calças?  O major? O general?

Na Sala da Justiça as coisas seguirão animadas. Um prende; outro solta. Sorrindo, se odeiam lado a lado, e seguirão desafiando e contrariando as previsões mais otimistas que poderíamos tentar encontrar.

Chega, que a bola de cristal esquentou muito e parou. A carga foi pesada demais para ela. Só mandou um recado antes de ferver: espera só até o Carnaval chegar.

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 Marli Gonçalves, Jornalista Concentrando! Bola de cristal, sites, cartas na mesa, tevê, búzios, jornal, mapas, rádio, todo o material necessário.

2018-2019, tudo em transição, transferência, intervenção

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ARTIGO – Ser mutável. Por Marli Gonçalves

Pablo Picasso. Femme Assise Accoudée. 1939

 

Chegou dezembro, com os seus ho-ho-ho, luzinhas piscantes coloridas, árvores enfeitadas e renas estilizadas despregadas de sótãos, porões e garagens onde se abrigaram empilhados durante todo os outros dias. Todo mundo se programa até para o que vai comer no fim do mês. Tempos complicados para os seres mutáveis que só querem a alegria de volta nos dias seguintes que chegarão ao ano que vem

Acho lindo e respeito quem tem condições de se organizar, planejar metodicamente todos os passos adiante, preparar até o pé-de-meia. Principalmente em um momento tão atribulado como o que passamos aqui na terrinha.

Nunca consegui. Fora isso, tenho horror, sempre tive, a compromissos agendados com muita antecedência. Nem aniversário, o meu, gosto de comemorar, marcar nada, porque no dia posso, e vai ser normal, eu não querer ir, e tem uma certeza que sempre tive: o dia é meu, faço o que quiser, embora quase sempre passe mesmo na mesma, trabalhando, que é o que tem para hoje e o que quase sempre ocorreu nos dias 8 de junho. Manter a cabeça fora d`água para continuar respirando. Exercitando a apneia quando tentam te dar um caldo, e você quer tentar emergir.

Ser mutável, pensa, não é fácil não. E Deus me fez mutável. Veja que isso também não quer dizer que seja ruim, ser mutável também é ser versátil, variado, e até volúvel. Adoro.  É, mais ainda, não ser uma coisa só, birrenta, que fica batendo pezinho muito tempo. Não deu, não deu, vambora, vambora.

vamos achar o Norte, o Nordeste... e mudar o IrãPor mim realmente os dias seriam sempre diferentes, cheios de novidades e aprendizados. Eu teria o luxo de poder usar inúmeras personalidades, exercitar todos os meus alteregos inclusive visualmente. Escrever como diferentes personagens, nomes e pseudônimos. Não desisto de conseguir essa liberdade verdadeira um dia.

Só que a realidade é dura. A gente não vive só com a gente, convive e depende de outras pessoas, dos acontecimentos, das compreensões, e estas teimam em podar os ímpetos, ou querendo impor tudo dentro da rotina, uma coisa engessada. Confortável para eles.

Até mudar de ideia anda complicado, com esse bando de gente de um ou do outro lado do rio, nas margens; e poucos navegando nas fluidas águas do futuro.

Dezembro chegou, e com ele todo o rol daquelas coisas que todo ano se repetem, novamente todo mundo contando para onde vai, perguntando para onde você vai, correndo para ser bonzinho, e também para mandar para cima de outro alguém tudo o que podia ter sido feito durante todo o ano. Começa o corre-corre. Os apelos, e com eles, a tristeza, a sensação de vazio e decepção. As revisões.

No Brasil desses dias, em que estamos em suspensão – não negue, porque ninguém tem condições de saber no que vai dar tudo isso, o novo Governo, o novo presidente e sua saúde, as pessoas que estão sendo instaladas nos locais, as decisões que dão dois passos para a frente e três para trás – seres mutáveis como eu sofrem muito.

Queremos pensar positivo, manter o otimismo, além, mas sempre surgem obstáculos, incertezas que nos amarram numa angustiante mesmice, dependências que tiram a paz de qualquer atitude criativa. Afinal, se não dá para pensar nem no dia seguinte, ficamos tolhidos, tentando acertar o passo, com medo de cair nos inúmeros fossos destampados, do qual não param de sair e surgir assombrações e ameaças.

Não dá para viajar. Nem em pensamento. Mas dá para se distrair um pouco. Por isso – só por isso – é bom ser mutável.

mudanças

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Marli Gonçalves, jornalista – As gravações do meu programinha de um minuto – #ADEHOJE, #ADODIA (acompanhe! Estrelando nas redes sociais e nos nossos sites) – pelo menos têm me ajudado a cada dia poder pensar diferente sobre os fatos.

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Fim de ano, 2018


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ARTIGO – Balança, balanço, balança. Por Marli Gonçalves

Daqui a pouco começaremos a ver as plaquinhas nas portas arriadas  – “Fechado para Balanço”. É o controle que muitos comerciantes fazem logo no início do ano.  Nós, individualmente (creio que todo mundo, de alguma forma), fazemos nessa época, nos nossos cantinhos, com os nossos botões, o nosso balanço interno. Pomos tudo na balança. O ano que se vai, pensa só, foi deles, do balanço e da balança, e olha que nosso chão chacoalhou um bocado.

O século vai chegar à sua maioridade.  A gente fica remoendo ali nos pensamentos se fez tudo o que tinha para fazer. Lembra tudo o que aconteceu – nessa hora a memória funciona que é uma beleza, principalmente para lembrar maus bocados. Aí imediatamente procuramos quais foram os momentos bons para contrapor, enquanto tentamos recordar tudo o que prometemos, lá no final do outro ano, que faríamos neste ano. Fizemos? Ainda bem que muita coisa só a gente sabe que se prometeu, melhor assim, menos mal. Fica mais fácil falhar.

Passou rápido demais. Se me permitem, sinto que está mesmo passando tudo mais rápido. Deve ser esse afã impressionante que o mundo digital abriu diante de nós. Fica tudo tão em constante mutação que ficamos correndo atrás, numa infrutífera tentativa de alcançar a ponta da linha. E ela corre de nós.

Viver nesses tempos é distante da calmaria da imagem do balanço, aquele dos parques, das redes, das cordas nas árvores, dos playgrounds, e que alguém vem por detrás e empurra para dar impulso, e que a gente dá aquela risada nervosa quando vai lá na frente, tentando não se estabacar no chão.

Estamos mais para o navio que balança no mar bravio. Enquanto o samba toca, a gente balança, requebra, dá um remelexo. Assim superamos os solavancos, os abalos, que nos deixam tão balançados. Ô, marinheiro marinheiro/Marinheiro só/Ô, quem te ensinou a nadar/Marinheiro só/Ou foi o tombo do navio/Marinheiro só/Ou foi o balanço do mar…

Amor, amor deixa balançado. Desamor também. Tomar decisão deixa balançado. Medo de tomar algum revertério.

Ficar doente deixa tudo muito balançado. O corpo da gente também vive entre a balança e o balanço, às vezes bom, dançando. Balançamos a cabeça, os ombros, os braços, as pernas quando a cadeira em que sentamos é maior do que nós.

A balança que não serve só para nos fazer prometer regime, corta isso, corta aquilo, é também equilíbrio, harmonia, proporção. Os dois pratinhos paralelos. Quando a gente pesa os prós e os contras a sua imagem é recorrente. Uma balança ajuda em muita coisa. Tanto foi ano dela que em boa parte do tempo estivemos  ligados em decisões de tribunais, que andam regendo os movimentos e desígnios do nosso país. Ritmos loucos.

O balanço geral, hoje chamado muito pomposamente de demonstração contábil, é parecido ao que fazemos pessoalmente – especialmente nesta última semana do ano, quando a coisa “bate” que o tempo passa. Medindo ativos, quantas vezes o fomos; passivos,  quantas vezes nos submetemos. Mais: o capital que conquistamos, os lucros, os prejuízos, o aspecto geral de nossos negócios.

Anote bem os resultados. Esse ano, quando o século chega à maioridade, devemos estar mais maduros, responsáveis, prontos para encarar o futuro. Esse futuro aí, o da realidade, não aquele que ganha voz de conselheira nos comerciais de final de ano dos bancos na tevê – logo eles que na realidade tanto empatam o nosso.

Vamos pular essas ondas. Que venha 2018. Tomara que nele o maior balanço seja mesmo o do nosso andar faceiro, da nossa ginga por todas as boas estradas que o destino nos levar.

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Marli Gonçalves, jornalista – Olha só que definitiva a letra dessa música do Tim Maia, “Balanço”: Deixo de viver o compromisso/ Longe de qualquer opinião/Farto de conselho e de chouriço/ Maltratando o velho coração. Ovo de galinha magra/ Gora/Todo mundo que eu conheço/Chora.

2018, pode entrar. Estamos te esperando

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WOW! 34% dos brasileiros já fizeram sexo na festa da firma, revela pesquisa. (informações fundamentais que recebo e divido com vocês)

34% dos brasileiros já fizeram sexo na festa da firma, revela pesquisa

 

O evento tem mais pegação do que parece: 89% considera uma ótima oportunidade de transar com a pessoa que paquerou o ano inteiro

A famigerada “festa da firma” é um dos eventos mais aguardados (e comprometedores) entre funcionários de empresas. Sempre tem aquele que bebe demais, passa vergonha e vira piada; e também tem a turma que aproveita a situação pra jogar xaveco na paquera da mesa ao lado.

Uma pesquisa feita pelo Sexlog, maior site adulto de relacionamento da América Latina, revelou números surpreendentes sobre o comportamento dos brasileiros nas confraternizações de final de ano.

Um terço dos respondentes assumiram já terem feito sexo em alguma “festa da firma” e apenas 8% foram pegos “no flagra”. Mesmo assim, 99% não se arrependem e fariam de novo. Dos que não transaram (52%) ou só ficaram nos amassos (14%), 64% confessou só não ter avançado por falta de oportunidade.

Só amigos

Apesar de acharmos que as pessoas podem ter dificuldade para lidar com a situação depois, 86% disseram que nada mudou na relação profissional depois do sexo, inclusive, 82% relataram uma relação mais íntima. Apenas 1% se demitiu. Talvez seja mais fácil quando acontece com alguém de um departamento diferente do seu, o que aconteceu em 66% dos casos.

Fetiches?

A pesquisa também revelou que coordenadores, supervisores e gerentes (22%) são os que mais dão aquela escapada da festa para curtir a pegação; seguido de técnicos (20%) e especialistas (16%). Diretores e presidentes representam 10%, enquanto estagiários são 5%.

Disparado na frente como lugar onde o “fervo” mais acontece está o estacionamento da empresa (39,4%); banheiro (28,6%) e 16,6% já transaram na própria sala. Entre os lugares citados na pesquisa ainda estão escada (13,8%), sala de reunião (10,3%) e copa (4,5%).

Entre os profissionais, a galera da Administração (14,1%) e Comércio (12,3%) é a que mais assumiu aproveitar a festa para fins, digamos, sexuais. Os de Filosofia, História e Veterinária são os que menos representaram na pesquisa (0,1% cada).

*Participaram da pesquisa online 4.243 pessoas entre os dias 15 e 20 de novembro.

SOBRE SEXLOG

Sexlog é a maior rede social de sexo e swing da América Latina, com mais de 10 anos e quase 7 milhões de usuários cadastrados. São milhares de fotos e vídeos reais publicados por dia, com o melhor do prazer amador. Troca de mensagens, convites para encontros e divulgação de eventos também fazem parte da rede, proporcionando prazer real para quem quer expandir ainda mais os sentidos.

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FONTE ASSESSORIA DE IMPRENSA SEXLOG

ARTIGO – Contagem progressiva. Por Marli Gonçalves

1, 2, 3, pra frente. Os dedinhos das mãos, dos pés, pega mais alguns emprestados de quem estiver aí do seu lado para a conta dar certo. Pode contar. É bom olhar pra frente. Às vezes muito melhor do que olhar para trás. Conta o quanto falta para você chegar lá. No ano que vem. No que deseja.  No dia que se sentirá em glória absoluta.

No caminho vá plantando coisas boas. Não aceite provocações – tente. Não aceitar não é ignorar, mas apenas preparar pra comer o prato frio depois, saboreando até os ossos. Cada segundo que passa é para a frente: é mais, temos de pensar, ao contrário de imaginar um tempo que passa e se escoa.

A vida não é foguete que a gente lança para o espaço naquela expectativa da tensa contagem regressiva.  A gente a conta das mais variadas formas. Como contamos os degraus de uma escada que descemos ou subimos, os quilômetros que nos farão chegar ao destino. Vivemos contando tudo.  Então que seja para o progresso. Pensamento otimista para crer que a terra sob nossos pés pode parar com essa tremedeira que escangalhou nossos planos recentes. Precisaremos fazer novos cálculos.

Não é para menos que se demonstra que há matemática em tudo. A existência é uma sucessão de equações que vamos resolvendo em busca de desvendar as incógnitas. Pensa se não. Algumas equações são tão intrincadas que ficam sem solução até o fim, mesmo que você diariamente se pergunte o que foi que calculou errado, quais valores usou, onde cruzou os fatores. Quem somou, quem subtraiu, quem dividiu. No amor essas são as maiores variáveis.

Filosoficamente, multiplicamos menos do que deveríamos, e somamos muito timidamente. Deram agora de querer emplacar o dividir, mas isso acaba não levando a lugar nenhum, porque somos um só conjunto buscando intersecções. Não há probabilidade de dar certo.

Os números nos rodeiam, nos norteiam. Nos desnorteiam quando estamos devendo, quando a eles são aplicados juros e correções. Nos alegraram quando foram notas boas, que ainda sou do tempo do 0 a 10, nada de A, B, C, mais ou menos, AAA. Era nota precisa, também bem diferente dessas notas que a gente vê jurado dando na tevê, que todo mundo ganha com decimal  e sempre entre o 9 e o 10.

Nesse mundo que busca destrinchar tudo, quem anda bem por cima é o percentual. Tudo é percentual – esses dias mesmo soltaram rojões e fogos de artifício com o crescimento de 0,1 da economia do país. Isso é que é otimismo. Bom, pelo menos um pouco, para a nossa positiva contagem progressiva.

No futebol! Não tem jogo a que a gente consiga assistir sossegado sem que os locutores fiquem que nem matracas falando em percentuais, citando números que  decididamente não farão a menor diferença na partida. Quantos chutes, quantos pontapés, quantas vezes um time venceu , empatou ou perdeu do outro. Quantos cuspinhos no ar. Os computadores facilitam muito isso, esses cálculos com as informações inseridas.

Pena que a gente não venha com um botãozinho de apertar e a resposta do tempo aparecer. Abastecemos nossas vidas continuamente e o caminhar se chama destino.

O melhor é pensar nele avançando, sempre de forma que seja esplêndido e surpreendente. Inusitado.  Se quiser contar quanto falta para as coisas que já sabe, aí tem lugar que responde rápido: http://www.contadordedias.com.br/.

Você só tem de inserir a data inicial e a final, para saber quantos dias, quantas semanas, o que será a sua contagem. Bom para acalmar a ansiedade. Matematicamente.

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Marli Gonçalves, jornalista Já disse que conto três vezes, três chances que dou?
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ARTIGO – Sonhos pra que te quero. Por Marli Gonçalves

Do que são feitos, como os formamos, os alimentamos? Podemos ter o poder mágico de desejar tanto algo que aquilo se realiza? Sonho é motor da vida, o que lhe dá algum sentido. Sonhos também são termômetro de amor, e a base sobre a qual se pode construir as relações e tecer a realidade. Se não houver um sonho comum, por menor que seja, saia fora.

Fim de ano começa, não tem jeito, a cutucar a cabeça da gente aqui e ali instigando o famoso balanço, avaliações, cosquinhas nos fatos e decisões, checagem no nosso almoxarifado interno. Adoraríamos poder projetar minimamente lá na frente. Mas nem com toda essa modernidade, isso ainda não foi inventado.  O destino está sempre um ou dois passos adiante.

Aprendi de forma muito dura, pensando nessa nossa capacidade de sonhar, um detalhe. O de que uma relação amorosa não segue em frente se não houver um sonho, um plano, uma vontade onde ambos estarão incluídos. Nesse sonho de amor, não há egoísmo; não pode haver; é ganha-ganha. É sonho de valsa que se dança junto, rodopiando pela vida afora. Obtido, deve ser sempre seguido de outro, de outro. Talvez seja essa a tal chama do amor.

Toco no assunto porque é fim de ano quando todo mundo faz planos que não deixam de ser sonhos.

Mas também porque cheguei a me emocionar ao encontrar um amigo que há muito não via, mas que há anos acompanho em sua grande paixão pelo companheiro, a parceria que estabeleceram. Fiquei – e ficaria mais algumas horas – ouvindo-o falar dos planos, do sonho. Pega isso, vende isso, pega o dinheiro, divide, faz isso; uma parte para a família, irmãos, irmãs, para que eles consigam começar algo.

Constrói isso e isso, aluga por tanto, que vai render tanto.

Quando a conversa acabou, tal a objetividade e a lógica dos passos, dos cálculos, tal a vivacidade da descrição que já praticamente eu também via aquilo tudo realizado, e o que tenho certeza se concretizará em breve. Um terreno na praia, alguns chalés coloridos, quatro de cada lado de uma pequena capela ao centro, tudo bem bonitinho e simples, enfeitado por flores e plantas, um espaço para casamentos. Nada de pousada,  que isso aí dá é muito trabalho. A norma para quem alugar é devolver tudo exatamente como encontrou. Limpo. Pronto.  Uma boa horta, com alimentos para consumo próprio e que possam ser distribuídos para projetos sociais.

Estou falando de um casal jovem, menos de 40 anos, ambos bem estabelecidos. Querem antes de mais nada sair fora de São Paulo. Ali nesse espaço do sonho que construirão pretendem viver e morrer. Juntos, alegres, parceiros.

Com a crise nacional, essa névoa de tristeza pairando sobre os costumes e a liberdade,  mais e mais sei ou vejo deslocamentos, amigos arrumando malas, enxugando a vida, tentando se livrar das aporrinhações , vivendo novos sonhos, buscando qualidade de  vida.

Tudo surpreendentemente planejado, ironicamente para poder morrer em paz, e viver mais leve e feliz até esse dia inevitável.

Perseguimos sonhos, corremos atrás deles, nos esbodegamos por eles. Ele podem ser bem doces como o pãozinho recheado que leva seu nome e que quando bem feito é mesmo um sonho.

E podem ser bem amargos quando largados no caminho, quando viram pó, pisoteados pelo abandono. Mas não se pode esmorecer.

Importante é que eles sempre se renovam, ouvi dizer.  Os sonhos de que trato são aqueles tipos de sonhos para se viver acordado, bem acordado. Por que não?

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Marli Gonçalves, jornalistaAnda perguntando por aí, para se alimentar da esperança dos outros: Qual é o seu principal sonho?

 Brasil, noites de verão com esse misto de luzes e sonhos

 

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ARTIGO – Climão de fim de ano alerta

por Marli Gonçalves Cuidado. Não adianta mais nada agora. Ele está aí, nem digo para ficar, porque daqui a pouco já foi. Já entrou tudo, ou melhor, já saiu. Como passou rápido esse ano! Esse e os outros que nos deixam os cabelos brancos, ruguinhas, e a sensação de sempre, de que poderíamos ter feito mais e melhor.

Não ria. Conheço um monte de gente que faz igual. Chega dezembro e começa a fazer balanço do que deu para fazer e do que fez até sem dar, o que acontece com muita frequência. Fora os planos que vêm sendo carregados, tal qual fardos – ano após ano – no papel ou no âmbito das frustrações. Tem quem goste de tudo isso, e não é o meu caso, que acho um porre essa época e todos os salamaleques, obrigações e sentimentos que se dispersam na primeira esquina. Todo mundo fica bonzinho – deve ser resquício de quando precisávamos nos comportar para ganhar presentes de Papai Noel, para passar de ano, para o papai-do-céu nos perdoar. É o povo se fazendo de bobo para viver, como se dizia.

Este ano tudo chegou antes: as árvores, as luzinhas. O climão. Quando vi a rua já estava coberta de apelos natalinos, com a visível predominância – repare – de bolas, aquelas frágeis que eu não sei como chamam, e que a gente dependura nos galhos, brilhantes, coloridas, de vários tamanhos. Devem ter sido produzidas ainda mais em massa lá na China, o país que influencia os penduricalhos e a moda de uns tempos para cá. Você pode até correr, mas difícil vai ser não acabar envolvido com tantos apelos comerciais, de consumo, alguns até para começar a pagar só depois do Carnaval, e ficar devendo o ano inteiro, mês após mês. Sentiu o frio na nuca? Pois olha só o que consegui focando o climão e o que vem junto dele: uma lista de coisas com c. C de casa. C de comida. (O resto é por sua conta).

Chegam as compras todas que você vai ter que fazer, nem que não queira. O cansaço que vai sentir se tentar ir dar um “olá” em todos os lugares para o qual acaba chamado para aquele abraço de confraternização. Fora o cansaço de atender todas as demandas que deveriam ter sido planejadas, não foram e acabaram sobrando, adivinha, para nós, coitados de nós, na última hora. As chopadas, a cambada de livros que lançam, a coleção de amigos que aparecem e de graças a distribuir por aí, para não passar o ano vendo gente de cara feia, como os porteiros, entregadores, entre outros.

Já pensou e comprou as comidas para as ceias? E as cestas? Vai ter festa na firma? Cuidado com os ciúmes – nessa época é difícil casal que não brigue porque um quer ir ali e o outro lá, e quando sozinhos aproveitam para se soltar. Cuidado com os micos das festas, e as cantadas típicas que acontecem quando um monte de gente se reúne e se destrava com bebida e esquece de comer os canapés. E lá vem o cabeleireiro necessário, e mais compras – as roupas que não dá repetir. Convites não faltam. Contas também não e elas são um chute nos sacos, que nem laços têm.

A verdade é que no mundo real – neste que a gente vive, fora da ficção cor de rosa e choque dos governos, passamos 365 dias pulando mais do que pererecas sapecas, e está cada vez mais difícil dançar conforme a música. Todo mundo chamando urubu de meu loiro.

Deve ser por isso que a decoração barata e tímida, racionalizada, dizem – toma conta das ruas. Deve ser por isso que alguns lugares chiques resolveram buscar uma temática animal para seus enfeites, pelo menos aqui em São Paulo. Uma coisa da natureza, de um lado, tipo ecológica; mas também real, como a boca do leão aberta, e a selva. Coitadinhas das renas – até elas andam com medo de ser atacadas na região da Avenida Paulista e aguardam com ansiedade a votação da Lei anti-homofobia (essa semana) para poder por a cara para fora, sem medo, as coitadas das gazelinhas.

O climão também não está para peixe, o olho da cara, atravessando o verão que também chega este mês, e que é bom para uns; ameaça para outros, com as águas que levam ano após ano suas coisas e suas mágoas.

O climão está aí. E mais uma vez, mais um ano chegará ao fim, sem grandes novidades para contar, e embora eubem mereça, não dá para viajar, parar, descansar. Tem que chegar, sorrir, sumir. Pelo menos nas festas. Já aprendeu a fazer um carão?

São Paulo, arrematando 2011

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Jura que tem sido muito boa “menina”, se comportado direitinho. Espera poder ganhar pelo menos alguns dias de papo para o ar, mas tem muitas dúvidas se os pedidos feitos chegarão ao correio dos seus bons velhinhos.

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ARTIGO – Coisas que faremos juntos

                                                                                                                         Marli Gonçalves

Esta é uma Mensagem de Natal que, como recado em garrafa atirada ao mar, espera encontrar o seu endereço. E que seja recolhida e acolhida, ou novamente distribuída para outros corações e mentes. São desejos.   

 

     Que as águas límpidas e aquela sensação de frescor, de banho tomado, de mergulho no mar contra ziquiziras, e uma brisa suave nos acompanhe hoje, amanhã e sempre.

     Que nosso coração se fortaleça, e nos mantenha vivos como regentes harmoniosos de nossos destinos. Que nossos olhos enxerguem longe – tanto as injustiças, como que consigam ver quaisquer ameaças veladas tramadas contra nós ou nossos amores. Que nossas mãos sejam estendidas aos que as merecem, e que nossos pés toquem o solo reproduzindo vida e criação em sementes carregadas nas solas dos nossos sapatos. De nossa boca, que saiam respostas e soluções; ou perguntas inquietantes. Que se rompa o medo que fez o silêncio muitas vezes comandar os arrependimentos que carregamos.

     Que o peso da balança seja mais leve, e que a fita métrica meça e mostre sua altivez diante do mundo. Que você tenha energia e equilíbrio para enfrentar percalços e perdas, tomando-as como ganhos e sabedoria, ou desígnios. Que seus sonhos sejam sempre confortantes e restauradores, mesmo que viva só com seu travesseiro já roto, mas sabedor calado de segredos, dúvidas, angústias, pecados, fraquezas e cansaços. Que você viva bem com você, com o espelho – do carro, do elevador, do banheiro, do hall de entrada, do reflexo do vidro, do copo de água bebido, da poça de chuva. Tal qual Narciso, tenha a honra de bem se mirar. E se ainda não puder fazê-lo, que consiga mudar a tempo para o ano que vem. Mas que consiga se ver.

     Que uma seiva como a da alfazema, a luz do Sol, a beleza das flores e o canto dos pássaros, o amor bem feito, sejam os seus vizinhos, convidados a entrar todos os dias em sua morada, por menor que seja o espaço dela, ou sendo apenas o seu próprio corpo, sem teto, sem terra, sem lenço, sem documento. Anárquico, mas com as janelas abertas. Para que nenhuma clausura se justifique, a não ser na sua renovação, na meditação, e na procura por trilhas.

     Que você seja um ser muito amado. E odeie menos. Que perdoe mais, e que expire suas culpas antes que elas cresçam. E que todos os dias receba ao menos um olhar límpido da atenção de uma criança, que também pode estar em espírito dentro de um velho, do maltrapilho, do passante. Nos animais que parecem tudo saber e sentir quando nos pedem afagos, quando se esfregam em nossas pernas, quando emitem sons para os quais ainda não há tradução formal, mas você sabe.

     Que consiga ultrapassar as barreiras impostas pela moral reinante de alguém a quem não se autorizou, e respeite todos os outros sexos, todas as outras manias, todas as outras crenças e não-crenças, todas as outras estéticas, culturas, hábitos. Mas jamais aceite a imposição de qualquer delas, se delas depender para ser aceito.

     Não há tanta poesia no mundo, bem sei. E isso não mudará quando o calendário passar por qualquer das estações, sejam as do mundo, ou as do rádio que irradiará a realidade junto com sucessos musicais. Certamente que não poderá comprar tudo o que deseja, e pode estar certo que dia após dia estará mesmo envelhecendo de alguma forma – como o vinho, como a madeira, ou como o alimento vendido nas prateleiras. Mas há a reciclagem. De nossas cinzas e de nossas ideias. Seremos, sim, substituídos. Só podemos rogar que sobrevivamos na memória dos que ficam, e enquanto ficam, e que assim a gente fique sempre.

     Você já viu: começaram a chegar mensagens de Natal. Boas Festas. Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade. Que tudo se realize no ano que vai chegar. Sempre gerais e quase utópicas e iguais, impressas, com seus envelopes, alguns até garbosos. Por debaixo da porta, e não pela chaminé, entram os Papais Noéis, as guirlandas, caixinhas e lacinhos, sinos, renas e trenós. A tradição volta e se espalha pelas cidades, em luzes, nos enfeites nas janelas, alguns pelo amor. Outros, pelo comércio. Pouca ousadia para não cometer pecados numa época que todo mundo fica bonzinho, manso, solidário, principalmente com as pobres criancinhas pobres.

      Como se fossem dois mundos incutidos religiosamente nas cabeças desde a infância, há a procura pela família, os agrados dos presentes, lembrancinhas e dinheiro em listas, as cestas de Natal, as caixas de espumantes, os panetones. O vai-e-vem, aqui, vira a forma metódica de ano após ano afirmar os caminhos pelos quais trilhou nos últimos meses. Uma espécie de revisão, nas barbas do tal Noel.

     Não se impressione com isso agora. Você pode todos os dias fazer um Natal interior. Que os anos sejam como os dias. Para a gente nascer, viver e morrer felizes, no que ainda der para salvar.

São Paulo, 2010-2011, de um mundo todo girando, girando, girando. Todos querendo uma resolução. Uma revolução.

 (*) Marli Gonçalves é jornalista . As coisas ( bem gostosas) que faremos juntos são muitas mais. No coletivo, só vale o que é recíproco. E o que é recíproco é verdadeiro. 

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