ARTIGO – Azáfama final

   MARLI GONÇALVES(*)

Minha paixão por palavras inclui essa: azáfama. Linda, louca, sonora, rápida, e que eu acredito que também é translúcida. Nada melhor do que ela para definir os últimos dias pelos quais estamos passando, querendo descansar e atropelados.  

Felizes, mas angustiados com as incertezas. Cheios de amor para dar, e com saco cheio. Dias superfamília, e enchendo o pé de jaca com tomate pisado. Pensando muito, até demais, em quem não tem que pensar, mas ao mesmo tempo sendo lembrado por inacreditáveis pessoas que você mesmo nem pode acreditar. Esses últimos dias de todos os anos são mesmo de lascar! Nervos à flor da pele a La TPM e outras letrinhas, dinheiro saindo de baldinho, gentilezas obrigatórias à parte, eventos e ventos, providências e programações, tudo ao mesmo tempo agora. Não é uma azáfama?

Aí descubro que azáfama é, ainda, um verbo, com todas as conjugações que tem de direito, azafamando no gerúndio; azafamado, no Particípio. Eu azafamo, eu azafamei, eu azafamava, eu azafamara, eu azafamarei, eu azafamaria. Que eu azafame! Se eu azafamasse… Azafama tu.

Ufa!Afã. Não te faz lembrar as filas e as atividades que enfrentou? Um só eu fazendo muitas coisas. Assim, acho que é isso, uma atividade intensa. Uma pressa, uma urgência, afã. Ufa!

Calma, está passando. Do meu ponto de observação, vejo que nas ruas a calmaria pode ser sentida. Já aparecem até as primeiras ofertas e liquidas, off-off, queimas, vem-cá-meu-bem. Ah! E na vitrines, surpresa! Tudo já está aquele branco, angelical.

Todos os dias os jornais mostram a situação das praias. Pergunto: para que mostrar? Para dar água na boca de quem não está lá? Mostram também a neve na Europa. A mesma coisa: a gente aqui na cidade morrendo de calor, suando até pelas beiradas, e de repente aquele frio entra pela casa, baixa a sensação térmica, mas de querer um gelinho daqueles! Os floquinhos serelepes caindo, aquelas bochechas vermelhas sorrindo…

Atchimmm!

Espera aí. Não vê que ainda estou procurando e tentando achar algum coisa boa nisso, nesse período de entressafra de vida do ano, para citar? E prometo não fazer aquela barbeiragem de dizer que “a cidade fica ótima sem ninguém”. Fica não. Fica não; fica é muito da sem graça. Seja ela qual cidade for.

A verdade verdadeira é que a tudo a gente se adapta. Só neste último ano sobrevivemos à Copa, às eleições, ao Morro do Alemão, algumas das muitas situações que deslocam nossos cotidianos, ao mesmo tempo, a cada dia menos programáveis. Pode faltar luz – e tudo hoje depende dela – até os trequetreques modernos uma hora precisam ser carregados. Pode chover muito e te ilhar. Pode haver um tiroteio, e você precisará é se proteger. Pior: pode faltar luz, chover e você cair no meio de um bang-bang.

Como sempre, estamos cercados de perigos e probabilidades, de um lado e de outro, igual canoas cambaleantes. Mas tudo isso pouco importa, o Carnaval está aí, e logo depois, a Páscoa. Nós correremos nossas maratonas individuais.

O ano nem está aí, mas daqui a pouco já acabou. É ou não é uma azáfama?

São Paulo, cheia de gente de fora, na transição do último zero para 1.

  • (*) Marli Gonçalves é jornalista. Brinca, não! Isso dá nome de Deusa, de perfume, de marca de tênis, de escuderia feminina, de… Acho que este ano vou investir em criar umas coisas. Topas?
 
 
 

Um 2011 lindo e azafamado do bem e do bom, para todos nós!

 

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ARTIGO – Balanço Geral

MARLI GONÇALVES

Não tem jeito. Pode acontecer hoje, ou entre hoje e amanhã, na semana que vem. Mas até que os últimos segundos do ano cheguem você também vai parar, nem que seja por um minuto, e pensar no que fez, deixou de fazer. Ou no que pretende ou ao menos “devia tentar” já no espocar de 2011.  

O jornal trouxe meu horóscopo diário mais direto que o habitual. Achei até que podiam estar me espionando, olha a nóia! Gêmeos: “Clima astral intenso para você, às voltas com miudezas e delicadezas, gente querendo muito e você disposto a quase nada. A vontade é de fugir para longe, se entregar ao mundo idealizado. É um clássico no fim do ano, aguente firme” .

Entendeu? Foi direto. Como um conselho amigo, mas que me fez foi rir do espelho. Final de ano é mesmo um porre. A pressão da panela sobe e o apito gira; os nervos ficam à flor da pele, com as emoções na ponta dos dedos e todo mundo tenta resolver ou fazer que resolvam coisas para as quais tiveram o ano inteiro, principalmente se puderem jogar todas essas coisas a fazer para cima de você e partirem, lépidas, em suas viagens. Pá! Batata!

As contas, ah, as contas chegam muito mais rápido do que o normal – as de janeiro, porque acho que o povo tem medo que você viaje e nunca mais volte. Em dezembro, algumas já vieram em dobro por conta do 13º Salário, como se todo mundo o recebesse, o que decididamente não é o caso. E tem as cartinhas e bilhetes grampeados nas contas, nos jornais, todos apelando por sua generosidade. As listas, as lembranças, os presentes, a comida, a bebida, a roupa de Natal, a roupa de Ano Novo (e os sapatos). Os “plantões” (e as folgas que têm de conceder). Os acertos familiares ideais para não rolarem crimes por causa de encontros desprogramados.

Se eu que tenho só uma familinha passo por isso, imagino vocês, casados, com filhos, netos, sogras, sogros, cunhados e cunhadas. Além dos agregados de todos os matizes. Sinto muito.

Como de hábito estou duranga total, e com contas parceladas até os meados do Futuro. Assim há mais ou menos um mês, decidi: separei um pouquinho de dinheiro e comprei uns apetrechos. Acreditem, resolvi fazer com as minhas próprias mãos alguns dos presentes para as pessoas que amo ou devo, por dever ou amar. Consegui até uma pistola de cola quente, que já quase torrou foi o meu dedo. Separei tudo – pedrinhas, brilhos, cartões postais, colagens, brinquedinhos, fotos, para ideias de todas as espécies dos meus presentes “personalizados”. Pergunte: quantos estão prontos? – Ah, nenhum! E o tempo para o diletantismo? Mas com a tal pistolinha já arrumei um monte de coisas quebradas e descoladas que eu tinha lá em casa.

Ainda tenho que dar a famosa geral nos armários, separar as contas e papéis, trocar de agenda, correr atrás de legalização de documentos de empresa, já que há mais novidades burocráticas surgindo e vigentes a partir de 01/01/2011, fazer umas compras básicas de subsistência, levar o carro para fazer revisão ambiental, levar a gata para vacinar, etc. E põe etc. nisso.

O tempo que me sobrar – dá licença – usarei para o Meu Balanço Geral, ou você pensou que eu tinha esquecido o tema?

Há de se ter muito cuidado nessa área, nessa hora, para não rolar é uma boa de uma depressão com as avaliações do ano que já está indo com Deus. Afastar a sensação de que nada adianta e que não adianta tentar porque nada funciona – tem uma série que não funciona mesmo, mas não é culpa sua. Afastar a idéia de que nada dá certo – algumas coisas (e pessoas) dão.

Sei também que não adianta querer programar muito as coisas. Isso pode torná-las chatas. Nossa vida é um punhado de desejos que saímos buscando, mesmo sem saber quais são, e às vezes nos deparando com surpresas. Precisamos é desejar mais, querer mais, tentar melhorar, enquanto gente, enquanto estivermos por aqui, com quem amamos e amaremos.

No Balanço Geral é bom tomar decisões positivas contra coisas negativas. E tentar não ser tão duros com nós mesmos, ao avaliar alguns ângulos. Além de propor a si próprio não se contentar com esmolas emocionais, nem intelectuais, nem com a barbárie. Não se submeter a nenhum tipo de escravidão. Ah, e nada de passividade bovina.

Entre as coisas que vou mentalizar incluirei que nada falte para mim nem para os meus; boas noites de sono. Prazeres, que sejam aguçados. Encontros, que sejam em maior número do que os desencontros e que eu encontre várias, muitas vezes, com o meu prazer e que, pertinho de mim, ele também será mais feliz e mais forte, como se no Paraíso estivéssemos nesses momentos, fugazes, mas fortalecedores.

No Balanço, que também será projeção, ainda pedirei desafios que consiga ultrapassar, conhecimentos que consiga obter e a tranquilidade necessária para criar. Menos barulhos. Mais risadas e lágrimas que sejam só de emoção, daquelas que limpam a gente por dentro.

É, mais uma passagem de ano em que não poderei ir pular ondinhas nem tomar o banho de descarrego no mar. Mas tudo bem, porque como em todos os anos ocorre, até por falta de tempo, farei o Balanço quando estiver totalmente nua, no chuveiro, no último banho do ano.

Eu me conheço.

Brasil, São Paulo, Capital. Quase, quase o ano que a gente nem sabe, mas vai rolar.

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Ainda não sabe a cor da calcinha que vai usar na tradicional passagem de ano. Nem se vai usar  calcinha. De repente, melhor deixar tudo livre, como as ideias e os desejos.

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ARTIGO – Coisas que faremos juntos

                                                                                                                         Marli Gonçalves

Esta é uma Mensagem de Natal que, como recado em garrafa atirada ao mar, espera encontrar o seu endereço. E que seja recolhida e acolhida, ou novamente distribuída para outros corações e mentes. São desejos.   

 

     Que as águas límpidas e aquela sensação de frescor, de banho tomado, de mergulho no mar contra ziquiziras, e uma brisa suave nos acompanhe hoje, amanhã e sempre.

     Que nosso coração se fortaleça, e nos mantenha vivos como regentes harmoniosos de nossos destinos. Que nossos olhos enxerguem longe – tanto as injustiças, como que consigam ver quaisquer ameaças veladas tramadas contra nós ou nossos amores. Que nossas mãos sejam estendidas aos que as merecem, e que nossos pés toquem o solo reproduzindo vida e criação em sementes carregadas nas solas dos nossos sapatos. De nossa boca, que saiam respostas e soluções; ou perguntas inquietantes. Que se rompa o medo que fez o silêncio muitas vezes comandar os arrependimentos que carregamos.

     Que o peso da balança seja mais leve, e que a fita métrica meça e mostre sua altivez diante do mundo. Que você tenha energia e equilíbrio para enfrentar percalços e perdas, tomando-as como ganhos e sabedoria, ou desígnios. Que seus sonhos sejam sempre confortantes e restauradores, mesmo que viva só com seu travesseiro já roto, mas sabedor calado de segredos, dúvidas, angústias, pecados, fraquezas e cansaços. Que você viva bem com você, com o espelho – do carro, do elevador, do banheiro, do hall de entrada, do reflexo do vidro, do copo de água bebido, da poça de chuva. Tal qual Narciso, tenha a honra de bem se mirar. E se ainda não puder fazê-lo, que consiga mudar a tempo para o ano que vem. Mas que consiga se ver.

     Que uma seiva como a da alfazema, a luz do Sol, a beleza das flores e o canto dos pássaros, o amor bem feito, sejam os seus vizinhos, convidados a entrar todos os dias em sua morada, por menor que seja o espaço dela, ou sendo apenas o seu próprio corpo, sem teto, sem terra, sem lenço, sem documento. Anárquico, mas com as janelas abertas. Para que nenhuma clausura se justifique, a não ser na sua renovação, na meditação, e na procura por trilhas.

     Que você seja um ser muito amado. E odeie menos. Que perdoe mais, e que expire suas culpas antes que elas cresçam. E que todos os dias receba ao menos um olhar límpido da atenção de uma criança, que também pode estar em espírito dentro de um velho, do maltrapilho, do passante. Nos animais que parecem tudo saber e sentir quando nos pedem afagos, quando se esfregam em nossas pernas, quando emitem sons para os quais ainda não há tradução formal, mas você sabe.

     Que consiga ultrapassar as barreiras impostas pela moral reinante de alguém a quem não se autorizou, e respeite todos os outros sexos, todas as outras manias, todas as outras crenças e não-crenças, todas as outras estéticas, culturas, hábitos. Mas jamais aceite a imposição de qualquer delas, se delas depender para ser aceito.

     Não há tanta poesia no mundo, bem sei. E isso não mudará quando o calendário passar por qualquer das estações, sejam as do mundo, ou as do rádio que irradiará a realidade junto com sucessos musicais. Certamente que não poderá comprar tudo o que deseja, e pode estar certo que dia após dia estará mesmo envelhecendo de alguma forma – como o vinho, como a madeira, ou como o alimento vendido nas prateleiras. Mas há a reciclagem. De nossas cinzas e de nossas ideias. Seremos, sim, substituídos. Só podemos rogar que sobrevivamos na memória dos que ficam, e enquanto ficam, e que assim a gente fique sempre.

     Você já viu: começaram a chegar mensagens de Natal. Boas Festas. Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade. Que tudo se realize no ano que vai chegar. Sempre gerais e quase utópicas e iguais, impressas, com seus envelopes, alguns até garbosos. Por debaixo da porta, e não pela chaminé, entram os Papais Noéis, as guirlandas, caixinhas e lacinhos, sinos, renas e trenós. A tradição volta e se espalha pelas cidades, em luzes, nos enfeites nas janelas, alguns pelo amor. Outros, pelo comércio. Pouca ousadia para não cometer pecados numa época que todo mundo fica bonzinho, manso, solidário, principalmente com as pobres criancinhas pobres.

      Como se fossem dois mundos incutidos religiosamente nas cabeças desde a infância, há a procura pela família, os agrados dos presentes, lembrancinhas e dinheiro em listas, as cestas de Natal, as caixas de espumantes, os panetones. O vai-e-vem, aqui, vira a forma metódica de ano após ano afirmar os caminhos pelos quais trilhou nos últimos meses. Uma espécie de revisão, nas barbas do tal Noel.

     Não se impressione com isso agora. Você pode todos os dias fazer um Natal interior. Que os anos sejam como os dias. Para a gente nascer, viver e morrer felizes, no que ainda der para salvar.

São Paulo, 2010-2011, de um mundo todo girando, girando, girando. Todos querendo uma resolução. Uma revolução.

 (*) Marli Gonçalves é jornalista . As coisas ( bem gostosas) que faremos juntos são muitas mais. No coletivo, só vale o que é recíproco. E o que é recíproco é verdadeiro. 

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ARTIGO – Constrangidos e vazados.

                                                                                             
Marli Gonçalves

  Nosso avião nem sai do lugar. Quando sai, ainda fica mudando de plataforma e a gente pulando mais do que perereca no pântano dos aeroportos. Nossos segredos vazam mais do que os córregos em dias de chuva, e a gente nem mais se constrange. Nunca antes nesse mundo todo quem tem a hierarquia não preza mais por ela, a vergonha sumiu e a memória vai acabar virando uma nova bactéria, alimentada por outros gases. Os hilariantes.

  Mais do mesmo, que já foi, mas volta. Até aí, ninguém esperava mesmo muitas mudanças. Falo do Novo Governo , que vocês bem estão vendo, integrado quase que completamente pelo velho. Ou por piores. Li outro dia uma frase genial no Twitter: “parece que Dilma está convidando Lula para ser presidente da República, e ele vai aceitar”. Genial. Mas maldade, porque a coisa agora deve é ficar mais precisa, finalmente. Compraremos os aviões mais caros da França, porque compraremos. Os ministros faltantes nos tribunais devem finalmente ser indicados, a partir de critérios discutíveis – sejam eles quais forem. O Exército ocupa alguns morros e o tráfico vai acabar. Pelo menos naqueles terreiros. O pré-sal é mais embaixo, o Planalto mais acima.  

E quando nos preparávamos para o Bye-Bye monumental , somos surpreendidos como nunca antes nesse país – e não só pelos documentos secretos vazados, que enrubesceram até os pelinhos dos maiores dirigentes mundiais, que se descobriram fofocados. Ficamos tristes, magoados, foi com o sincero e guardado desabafo de Lula sobre o seu aviãozinho do poder. Imagine aquele, mais novinho, um brinquedinho, e ele tem nos deixado cons-tran-gi-dos perante o mundo, oh, dó! Por não possuir autonomia suficiente para ir lá… bem looooooonge .   

Gente! Precisamos comprar outro, rápido! Nosso Air Force One emborcou.

A situação do Rio de Janeiro, nossa Haiti, fotografada e radiografada, reproduzida no mundo? Isso não constrange. A corrupção? Ora, bolas, do que é que vocês estão falando? A falta de estrutura para a Copa e outros esportes que ganhamos como endereço? “No final dá tudo certo”, dizem os otimistas. principalmente os que vão encher o bolso na Hora H, longe do crivo de concorrências, porque  já-já virarão emergências. Também não devemos nos constranger por ver voltar quem ainda nem julgado foi, ou outros alguns que deixaram o caráter na maternidade, quando nasceram.

 Não vejo também porque se constranger com a violência. Reparou que até ela já está, digamos, cooptada? Já viu os anúncios do “idolatrado” Rapper MV Bill, néé Alex Pereira Barbosa, bajulando o Bolsa-Família? Mano, o cara é ativista com obras publicadas: Cabeça de Porco, Falcão – Meninos do Tráfico, Falcão – Mulheres do Tráfico. Cineasta, com obras como Falcão – Meninos do Tráfico, Sonhos Roubados e participação naquele programa educativo, sabe qual? – o Malhação, da TV Globo. Tem mais, a discografia: Traficando Informação, Declaração de Guerra, Falcão- o Bagulho é doido, Causa e Efeito.

Só cantando, comigo, no ritmo, no repente, o rap que fiz. Vem! É só se embalar como se alguém estivesse te dando um tranco, um solavanco. Pá. Pá. Pá – igual tiro.