ARTIGO- Todos somos olhos, caras e bocas. Por Marli Gonçalves

Todos somos olhos, todos somos repórteres? É perceptível a guinada que vem ocorrendo especialmente nos noticiários de tevê que observam, dão espaço e fazem render a ânsia que agora as pessoas têm de se mostrar, participar, dar pitacos.

todos somos olhos e bocas

Antes, no tempo do onça, para se comunicar com algum veículo de imprensa era preciso mandar uma carta para a Seção do Leitor, ou mesmo tentar ir à redação fazer seus apelos pessoalmente. Tempos bem idos lá longe porque hoje as redações estão como se hermeticamente fechadas, quando antes eram mais vivas, acessíveis. Até contato telefônico por números fixos basicamente impraticável. Com o advento do e-mail ficou mais simples um pouco. Mas principalmente na tevê, novas mudanças: primeiro disponibilizaram um número de WhatsApp, e agora pelo menos a Globo inovou: o telespectador é encorajado a acionar um QR Code, fazer um cadastro e voilà. Pode mandar mensagens, vídeos, fotos e etceteras dos fatos que acompanhou ou quer denunciar. As pessoas comuns estão na tevê, via câmeras de celular, e por mais simples que sejam aparecem de seus cantos, casas e barracos mostrando a realidade que vivenciam.

Assistimos assim, literalmente, a vida ao vivo. Assaltos, sequestros, cenas de violência filmadas de janelas. O desespero das falhas no transporte público e a falta de apoio, tudo registrado, e negando no ar, na hora, as tais providências alardeadas pelas autoridades. Os carros boiando em enchentes e o momento até da queda de aeronaves. Milhares de Grandes Olhos vigiando tudo, além das câmeras das ruas e das casas. Fico imaginando como é feita – e se é feita, dada a rapidez da informação, a checagem de milhares de mensagens que devem chegar diariamente.

Tenho refletido muito sobre a imprensa, como jornalista há mais de 45 anos e vinda de uma escola, o extinto Jornal da Tarde, que prezava acima de tudo os fatos ocorridos na cidade, São Paulo no caso, e a busca de uma visão sempre mais humana em bons textos e imagens. Assim, consigo ver muitos aspectos positivos nessas mudanças, e reparado como vem sendo grande também a busca por levar ao ar muito mais prestação de serviços – agendas de lazer, explicação de preços e fatos políticos, sociais e econômicos de forma mais simplificada – além do registro das condições e realidade (repara: há repórteres que parecem estar se especializando nisso, pé na lama, só não sei se de bom grado ou se sempre obrigados por chefias).

Em artigo anterior, Influenciadores e Influenciados, foquei no absurdo aumento de todos os tipos de influencers, e acabou surgindo uma discussão sobre se seria isso jornalismo. Um debate. Insisto que não. Jornalismo é coisa séria, requer regras e ética, técnicas, experiência, embora pareça que andam esquecendo de ensinar muito disso nas poucas universidades que ainda restam. Mas não posso deixar de notar que, por outro lado, cada vez mais os “influencers” têm criado notícias e estas invadem os portais e jornais. Sem compromisso, têm cara de pau  que jornalistas não têm para fazer coisas e muitas vezes formular perguntas, e  que nem poderiam, até por muitas beirarem insanidade, desrespeito ou alguma curiosidade exótica. Os influenciadores, produtores de conteúdo como se denominam, têm. E conseguem respostas que acabam virando notícias reconhecidas. Confidências sexuais, fofocas, desavenças, os tais flagras que chegam até a ser engraçados porque muitas vezes quase teatrais, armados, ensaiados, pensados.

A imprensa séria, oficial, no geral, está em crise, e buscando de todas as formas sobreviver e se reinventar, mas seu campo é limitado. Seus espaços, os profissionais limitados, o papel, e até o lugar onde habitualmente é vendida, as bancas, virando verdadeiras lojas de badulaques e onde agora ocupam cantinhos. Apostam tudo nas edições digitais, assinaturas, ofertas. Na tevê, agora, também em simpatia, proximidade e descontração.

Para completar, ultimamente têm precisado esconder sua cara de tacho depois que as intensas coberturas cheias de certeza de anos a fio estão sendo arruinadas. A Lava Jato, o juiz justiceiro, os acordos de leniência, as delações premiadas, as prisões, as gravações, muito do que se noticiou – tudo indo por água abaixo. E ainda precisando duelar diariamente com as fake news cada vez mais perigosas, mesmo que tolas, e que se espalham mais do que qualquer notícia séria. Pior, com gente achando graça.

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marliMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Influenciadores e influenciados. Por Marli Gonçalves

Influenciadores, influenciadoras, influencers. São notícia todos os dias. Para o bem e para o mal. Virou quase uma praga: cuidado que você pode ir tomar banho e encontrar um deles dentro do seu box indicando algum shampoo ou sabonete. Olhou no espelho? Repara que deve ter alguma por perto mostrando um creminho que faz maravilhas. Abriu o armário? Pronto: olha a tendência, com forte acento no ê.

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Os influenciadores, influencers, são um fenômeno impressionante dos últimos anos de redes sociais digitais e que a cada dia se amplia em todos os aspectos da vida. Não tem como escapar, embora cada pessoa, parece, tenha os seus, de “estimação”. A cada dia surgem outros, em todos os cantos, em todos os assuntos. Nomes alçados a celebridades e que a gente nunca ouviria falar até que apareçam. Ultimamente, inclusive, nas páginas policiais quando maravilhados com ganhos incríveis se atolam em crimes, como jogos de azar, rifas falsas, golpes amorosos.

Uma nova categoria humana, baseada sempre em números, de seguidores, curtidas, apoio de empresas, vida pessoal mostrada como reality, dancinhas. Se espalham atraindo e reunindo pessoas em torno delas, em geral tudo iniciado com um golpe de sorte, alguma viralização, esse cavalo bravo que ninguém sabe bem exatamente de onde vem, como se monta ou como se doma.

Muitos já são conhecidos, como artistas, jornalistas, cozinheiros, BBBs e quetais, mas uma grande parte dos que ouvimos falar surgem quase que do nada. Pior é quando sabemos que existiam só quando morrem ou se metem em alguma encrenca, o que anda sendo bem comum.

Você tem algum de estimação? Quem é que o influencia? Influência é poder, e o poder sempre pode ser muito perigoso, principalmente quando descamba para a política, para ser dono de alguma verdade, como vimos muito por aqui nos últimos tempos causando controvérsias e crises com a disseminação de mentiras, como as da questão das vacinas e que tantas vítimas ainda podem estar causando.

Muitos mostram mundos irreais, para a maioria inacessíveis vidas de luxo. Em qualquer evento é comum encontrar alguns e algumas carregando consigo a tiracolo assessores e fotógrafos para que se registrem como se naturais fossem atos absolutamente programados. Pagos. Amo, inclusive, a nova expressão incorporada: “recebidinhos”. Presentes, brindes, etc. que amealham com os números que exibem em posts regiamente pagos, que juram ser de produtos que realmente usam.

Já surgem influencers de tudo. Assim como na internet onde se acha qualquer coisa, esse impressionante tudo. Basta procurar. Você acha; e vai encontrar também alguém especialista que procurará nortear seu entendimento sobre o assunto, por mais local e restrito que seja. Uma forma de comunicação que merece a atenção e uma análise mais aprofundada porque acabam se tornando veículos de transformação, seguidos por legiões.

Não consigo, no entanto, deixar de lembrar, pensar e associar perigos nos influenciadores e suas “flautas” ao incrível e triste conto dos Irmãos Grimm, sobre a lenda do estranho flautista que surgiu na Alemanha, Cidade de Hamelin, em 1284, e que mais precisamente em 26 de junho daquele ano teria sumido com 130 crianças que o teriam seguido hipnotizados pelo som da flauta, pela floresta, de onde nunca mais apareceram. O homem, assim, se vingava da cidade onde havia sido contratado para acabar com uma infestação de ratos que a tudo destruía. O flautista assim o fez, mas como não quiseram lhe pagar o combinado pelo serviço, usou o mesmo estratagema com as crianças, aproveitando quando todos estavam na igreja. Teriam sobrado, segundo a mesma lenda, apenas três crianças: uma era surda e não ouviu a música, outra era cega e não conseguiu ver para onde todas iam; uma terceira, com problemas nas pernas não teria conseguido acompanhar a turma.

Há muitas versões, inclusive de como houve mesmo uma inspiração real para os Irmãos Grimm escreverem muitos séculos depois o famoso conto sobre essa terrível história. As crianças poderiam ter morrido com a peste negra, transmitida por ratos, e o flautista seria apenas a personificação da morte. Com a extrema pobreza, há outras versões, inclusive a de que as crianças teriam sido mandadas embora pelas suas próprias famílias, para que fugissem da fome. A mais terrível: o flautista poderia ter sido um pedófilo. Como a lenda persiste até hoje, a rua onde as crianças teriam sido vistas pela última vez é chamada Bungelosenstrasse (rua sem barulho). Leva esse nome por que ali ainda seria proibido tocar música ou dançar.

Daí lembrar que é sempre bom ver e ouvir com atenção que apito tocam os influencers que seguimos encantados.

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MARLI GONÇALVES Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

ARTIGO – Cringe? Mas o que é que é isso, minha gente? Por Marli Gonçalves

Cringe? Algum Trapalhão falando? Alguma ferramenta de desentortar parafuso? Ah, ainda está é para nascer quem, independente de geração, seja X, Y, Z, XPTO, venha dizer o que usar, fazer, vestir, pensar, para ganhar algum imbecil selo de aprovação social. Rótulo é para produto em prateleira de supermercado.

CRINGE?

Pois eu vou cringear uns tantos! Está tudo bem, maravilhoso, não? Ninguém mais tem o que fazer, no meio dessa hecatombe que estamos vivendo, além de querer patrulhar costumes? Decidir, impor, o que pode ou não pode, o que é legal ou não?  Mais uma bobageira surge com o tal termo da moda para os uniformizados que seguem os tais influenciadores – cringe, que chatinho! Vergonha alheia, o que significa? Ok. A gente tem, mas você bem sabe de quem, no momento. Aliás…

Um país caminhando para a lama movediça e a moçada (termo bem cringe…) aqui do pedaço, e que adora copiar gringos, vem querer ressuscitar “guerra de gerações”? Milennials (nascidos nos anos 80) X Geração Z (anos 2000 em diante) andam se batendo por aí querendo determinar o que se deve ou não fazer, usar, vestir, ver, viver, etc.

Chegou ao cúmulo da idiotice. Engraçado é que ultimamente eu já vinha reparando num expressivo aumento desse tipo de coisa, de comportamento, mas que ainda não tinha nome, nem ainda era “moda”, pelo menos nem tanto para ganhar, como agora, matérias e matérias discorrendo nababescamente sobre o que significaria o tal termo cringe. No Instagram, a hashtag #cringe já passa de 23 milhões de publicações. No Tiktok, vídeos com essa hashtag já ultrapassaram 10,5 bilhões de visualizações. No Google a busca pelo termo cringe aumentou 70% nesta última semana.

Esse politicamente correto de querer obrigar – especialmente entre os mais jovens, adictos de redes sociais e adoradores da vida de influenciadores digitais, essa nova espécie humana – a seguir uma régua é um malefício tão grande à diversidade, à liberdade, que dá nos nervos, especialmente de quem, como eu da geração lá atrás, chamada Baby Boomers, nascidos nos anos 50 em diante.  Lutamos tanto por conquistas, pelo futuro, pelas revoluções, tanto sangue se perdeu nisso! Para agora virem nos dizer que – é bobagem desse nível, escuta só – por exemplo, que café da manhã é cringe. Que falar boleto é cringe. Qual emoji usar! Paro por aqui para não enjoar ninguém. Que a lista é longa. A palavra, em inglês, existe, e na verdade é verbo. Significa: sentir-se muito envergonhado ou constrangido; encolher-se ou recuar com medo de alguém ou algo que pareça poderoso e perigoso. Sentir-se “cringido” é, então, sentir-se menor, pior?

Querem coisa mais reacionária do que isso em comportamento?

Mas, como ia dizendo, e já estava até mesmo prevendo escrever sobre isso alguma hora, venho me irritando muito em perceber como algumas pessoas – na verdade gente sem graça e sem personalidade – gostam muito de tentar estabelecer o que é que é “chique” – e falam assim, como se fosse grande verdade, acentuando o “chique”. Daí – só pode ser – o número de carros prata, gente cinza, prédios cinza, prédios e pessoas beges e assemelhados, essa sem graçura que domina o que é “aceito” socialmente, inclusive tentando determinar a idade de quem pode ou não pode usar isso ou aquilo, se não quiser receber risadinhas, olhares de muxoxo ou reprovação. O .

Viva a comunidade LGBTQIA+, esta que subverte, colore, se revolta e modifica, se arvora e bem por isso tem conseguido se destacar e se impor em meio à mesmice. Ela é a reação de todas as gerações a esse maldito maniqueísmo que hora ou outra tentam nos impor, inclusive e especialmente na política.

A propósito, alguém pode me explicar que “mané” é essa nova onda de ser “embaixador/ embaixadora” que acomete o país? Ninguém mais é representante de marca ou causa. Agora é “chique”: contratam pessoas famosas para serem embaixadores e/ou embaixadoras. No meu tempo, que é o dos dicionários, o sentido é outro: 1.  categoria hierarquicamente mais importante de representante diplomático de um Estado junto a outro; 2. na carreira diplomática, título de ministro de primeira classe.

Coisa mais cringe essa, né?

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MARLI - cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Conscientizadores digitais: onde estão vocês? Marli Gonçalves

Balela essa história toda de influenciadores digitais, além de ser muito chato ficar lendo quantas bobagens incutem na cabeça dos coitados e coitadas que os seguem cegamente. Ou melhor, vidrados nas telas das maquininhas que teclam desesperados e esparramam não sabem nem mais o que, para onde. Crias artificiais, espalham vento, à base de muita grana e contando que a internet aceita tudo. Quero ver nascer os conscientizadores digitais, fundamentais em um momento tão importante como esse agora

Você pega uma bacia, enche de água quente, joga umas ervas aromáticas. Chá? Para beber? Faz bem à saúde? Nãoooo! É para, digamos, sentar em cima, para fazer uma tal vaporização genital. Tem ainda quem pague até 50 dólares (o que na nossa moeda daria uns 200 contos) para que alguém faça para ela esse tal “tratamento”, já que deve ser mesmo muito difícil ferver uma água e jogar matinhos cheirosos dentro. Para o que serve além da chance de queimar os fundilhos ainda não descobri.

Isso é só um exemplo das bobagens indicadas pelos tais influenciadores, e que os portais ainda têm a pachorra de publicar com destaque e passar para a frente todos os dias, e o que é pior, tudo isso figura sempre entre os itens mais lidos – mesmo quando o mundo está se acabando. Reparou, né?

As tais blogueiras de moda, influenciadoras, por exemplo, essas então se divertem, ganhando muito dinheiro e tudo para indicar produtos, o que fazem com a cara mais lavada ou pintada do mundo. Uma hora dizem que o quente é usar maiô; depois o quente é usar de novo a asa delta dos anos 70 – mas que seja mais profunda, fique bem aqui em cima, tipo o estilo que o Borat usa. Não, esquece! Agora a onda já é usar a parte de cima do biquíni ao contrário. “As famosas estão usando” – é o mote. Peraí, que enquanto eu escrevia, mudou tudo: o legal agora é usar biquíni branco. Atenção, que isso também já pode ter mudado enquanto você lê. Quem paga mais?

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Papai, sábio papai caboclo velho, sempre dizia que tem otário para tudo. E dizia isso sem saber que as coisas na internet estavam muito piores do que as que via no mundo real. As pessoas gostam, praticamente pedem, imploram, para serem enganadas, ludibriadas, “influenciadas”, guiadas. Miolo mole, papai definia, seguido de um palavrão e um resmungo: “papagaios de botina” – já escrevi sobre essa expressão. (https://marligo.wordpress.com/2010/05/22/artigo-os-nomes-das-coisas-e-as-coisas-dos-nomes/)

Visto de forma um pouco mais poética, essas coisas me fazem lembrar de O Flautista de Hamelin, dos Irmãos Grimm. Contratado para acabar com uma infestação de ratos na cidade, o flautista os hipnotizou e os afogou, mas na hora de receber o que tinha sido combinado pelo serviço, desconversaram. Ele não teve dúvidas: tocou sua flauta de novo, só que desta vez hipnotizou e sumiu com todas as crianças da vila, que o seguiram la-la-lá alegremente, sendo trancafiadas numa caverna.

Aqui, os tais influenciadores – palavra que já está ficando chata de tanto ouvir – tocam suas flautas incessantemente. E o som se expande pelas redes sociais: são notícias mentirosas, pesquisas manipuladas, celebridades e subcelebridades fotografando, filmando e divulgando até os gases que aspiram. Centenas de agências juram que podem ensinar – com dicas óbvias, mas dadas como se fossem o maior segredo de Estado – a quem pagar, certamente, para também ser flautista. Mesmo que isso custe a própria dignidade como vimos essa semana em denúncia recente na área política. Já não são só mais robôs que manipulam informações; são gentinhas que recebem um trocado. Para trair atraindo.

O mundo verde e amarelo dos dedos tamborilantes precisa agora urgente da ação de um maior número de conscientizadores, didáticos, que falem sobre as histórias que viveram. Levante a blusa, mostre as cicatrizes se for o caso. Fale dos livros que não pôde ler, dos filmes e peças de teatro que não pôde ver porque tudo era proibido, censurado. Trate das dificuldades que enfrentou, e lembre principalmente do quanto isso atrasou a sua vida, tempo irrecuperável, quase tanto quanto o desse momento que agora nos castiga. Recorde a eles os planos econômicos enlouquecedores. Você pode provar tudo o que fala.

Recortes de jornais, velhas gravações, arquivos gerais. Muito bom espaná-los sempre com ares democráticos frescos. Só assim serão todos senhores de seus ouvidos. E de suas decisões.

Precisamos, agora, urgente, nos precaver: resguardar as nossas conquistas para que, aconteça o que acontecer, não mais sejamos atingidos tão brutalmente. Por ninguém.

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Marli Gonçalves, jornalista – Cadê vocês? – apareçam. Prometo: vou curtir, seguir, compartilhar.

marli@brickmann.com.brmarligo@uol.com.br

Setembro, finalmente.