Artigo -Chove lá fora, e aqui. Por Marli Gonçalves

Chove lá fora, e chove de um tudo, muito além da água que inunda um Estado inteiro. Nossos olhos chovem incontroláveis vendo as cenas da tragédia no Sul. Mas chove também preconceito, tirania, violência, mentiras e incompreensão.

 

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Uma chuva para a qual não adianta abrir guarda-chuvas, porque não existe nenhum tão grande e forte que nos resguarde de tantos acontecimentos que, pasmos, assistimos nos últimos tempos molhados e escaldados pós-pandemia, aquela que acreditamos severamente que mudaria o mundo para melhor. Piorou. E parece que muito.

Guerras se multiplicam e permanecem, e os que as promovem mantêm seus ouvidos moucos a qualquer apelo de cessar fogo, acordos, tentativas de mediação de nações e organismos internacionais cada vez mais fracos. Vencem os senhores da guerra, os donos das armas.

Não são os alquimistas que estão voltando. São os moralistas e hipócritas haja visto a impressionante avalanche deles que, por exemplo, sucedeu o show de Madonna, inundando, sim, todas as redes sociais, e com comentários inacreditáveis em pleno 2024. Pior, os chatos foram quem botaram galochas para fazê-los, alguns muitos anônimos; outros, infelizmente, entre nossos próprios grupos e amigos, o que foi mais terrível constatar, apareceram mostrando a verdadeira cara. Há muito não lia tanta hipocrisia, moralismo barato, desconhecimento, maldade, absurdos e bobagens como nessa semana, ultrapassando qualquer limite. Nunca tinham visto, talvez, um espetáculo livre de amarras, curtido um rock, ido a um teatro, lido um texto forte de tantos autores que temos, e não é de hoje, odeiam a arte. Ah, também não fazem sexo; Oh! – mas o que é isto? Não têm prazer, nem admitem que exista, que há quem goste, que a diversidade abriu as portas, escancarou as janelas.

Até parece. Santos do pau muito oco. São os mesmos que alimentam a audiência absurda de sites e perfis pornô, e nem se fala mais no escurinho do cinema. Ficaram mais incomodados ainda porque o espetáculo passou também na tevê, além daquele um milhão e meio de pessoas registrado nas areias de Copacabana, e que tudo correu em paz, ao contrário do que eles previam e até apostavam contra. Aliás, eles também assistiram, alguns até pessoalmente, como a turma da extrema direita captada mexendo os pezinhos com a música e que depois correram para se explicar para seu grupo maldito. Um deles ousou dizer que foi ao show de Madonna porque ela é “amiga de Israel”.

Chove ignorância. Chove preconceito, e no caso também mais uma mostra do etarismo que condena as mulheres – Madonna, 65 anos, quase 66! Nem viram nada quando ela chegar aos 80 rebolando mais que Mick Jagger quase com 81, ambos leoninos da gema.

Chove, acima de tudo, negacionistas, uma enchente. Negacionistas, não só de mudanças climáticas, embora já claramente as estejamos vivendo. Negam tudo que não seja para eles. Gostariam que o mundo regredisse ao estágio que sonham ainda poderiam controlar, e que nos tiraria os direitos tão duramente conquistados. Se aproveitam inclusive da liberdade, que conquistamos, pela qual tantos morreram, para espalhar sem limites as mentiras, o ódio e a tirania, as malditas divisões que promovem.

Essa chuva de horror tem de parar, para evitar novas tragédias que nos enlameiem ainda mais enquanto sociedade civilizada.

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marli goMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

ARTIGO – Quero gente! Por Marli Gonçalves

Quero gente de novo no atendimento das empresas, pelo menos um pouquinho, alguém que possa compreender o mínimo quando mais delas precisamos de alguma resposta ou posição, ou que entenda uma reclamação. Praticamente não conseguimos falar com mais ninguém de carne e osso, tudo é máquina, respostas prontas, frias e comuns, alternativas que quase nunca são as que precisamos. Tá bem difícil essa vida digital.

gente -

Não me matem, mas ando tendo saudade até do gerúndio pavoroso das mocinhas do telemarketing, daquela dificuldade de escutá-las no meio dos ruídos de conversas, do “vamos estar vendo”, “vamos estar ligando”.  Não sei vocês, mas estou bem preocupada porque quase não há mais formas de contato real, o famoso telefone, aquele numerozinho fixo – lembram?  Fazia trim trim – e a gente podia tirar uma dúvida rápida, falar com algum filho de Deus na hora do aperto.

E olha que eu conheço um pouquinho dessas coisas de computador, de acesso, de senhas para todos os lados que nos deixam doidos. Fico imaginando a dificuldade que mais pessoas devem ter ao lidar com essas inovações tecnológicas. Pela idade, pela visão, pelo conhecimento, pelo telefone celular antigo, tudo, até pelo fato de ter ou não internet. Lembro bem quando se dizia “… Ah, mas todos tem carro!…”. Nananinanão. Nem todos. E o acesso é caro.

Você pagou a conta, mas é quem tem de provar isso. Já tentaram? Enel, Comgás, falar com as robozetes, atendentes virtuais? Chamam chatbots. Ah, serviços públicos, operadoras. Protocolos infinitos. Orientações de contatar e-mails e números que não existem, ou que te deixam em looping, mandando você ligar para o que te mandou ligar lá. Prefeitura? Você até consegue denunciar, mas no que deu? Fora os 60 dias pedidos quando a providência era para ontem. Exemplos não faltam. Já estou até vendo você também fazendo a lista das vezes que também quis esganar os robozinhos mal treinados. E trucidar a empresa.

Claro que há empresas que funcionam bem nesse meio, como um reloginho. Posso até citar uma: a Porto Seguro. Tudo bem registrado. Que assim seja mantida. Mas que é uma raridade todos hão de concordar.

Para vocês verem, fui comprar ingressos em um desses aplicativos contratados pelas produtoras, que mataram as bilheterias. Ok. Preço, tanto. Todos os dados preenchidos. Ah, que bom, pode dividir em parcelas, até 12 vezes – está caro para burro, gente, mesmo a meia entrada para os idosos bem salgada, porque compensam no preço cheio. Pois bem. Tudo certo, consigo chegar ao final e o preço… subiu! Apareceu uma taxa, sem qualquer explicação, uma vez que até isso, os ingressos, agora são digitais, ninguém tem que imprimir, entregar nada em sua casa. Vasculhei e não consegui qualquer contato que pudesse explicar que raio de taxa era aquela: de sentar na poltrona? Ah, e sobre o parcelamento, nem conto os juros cobrados. Quem paga nas tais 12 vezes vai lamentar isso o ano todo. Comprei, em duas vezes, porque quero mesmo assistir esta peça, e para isso fiz uma coisa que, como geminiana, tenho enorme dificuldade: a antecedência. Nem penso em programar minha própria festa de aniversário. Não sei se no dia vou poder ir, ou mesmo se vou querer ir!

Estamos reféns dessa vida digital, e dos ataques cibernéticos, e golpes que não param, e não consigo deixar de imaginar esses novos ladrões virtuais roubando sentadinhos de casa, sem perigos, bebendo uma. Conto mais de dúzia de tentativas diárias por aqui – precisa ficar sempre com as orelhas em pé. Alerta.

A tal Inteligência Artificial, IA, AI, é a nova panaceia. Não andam pensando até em usá-la para pensar livros didáticos? Nem consigo imaginar o que isso vai dar. Mas, pior, é ela que agora guia guerras. Que comanda os drones e mísseis que viajam milhares de quilômetros para matar e destruir. Mas sabe-se lá se os humanos que os orientaram deram endereço certo. E se der bug? Cair a rede de controle? Fica sempre a dúvida.

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marli goMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

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ARTIGO – A claque dos bananas que aplaudem e dão gritinhos. Por Marli Gonçalves

Vamos tentar nos entender, por favor. Falar sério sobre comportamento, honra, orgulho, liturgia do cargo, capacidade, seriedade, educação e outros muitos “quesitos más” necessários a quem se elege presidente da República.  Seja ele ou ela quem for. E, no caso, o atual ocupante do cargo passa dos limites e abre a porteira da ignorância em todo o país. Por onde passa o boi, pode passar uma boiada incontrolável…

Um mau exemplo. Um péssimo exemplo e, pior, comportamento insano que vem sendo seguido como engraçadinho por outros integrantes do governo e pessoas que o cercam, os ainda apoiadores, talvez acreditando que somos todos bananas tropicais, povo pacato, alheio, que essa situação se estenderá, que ficará por isso mesmo, e que eles mandam e desmandam. Pensam, ou pior, se articulam para tal, que ficarão neste comando muito tempo.

Pisamos em brasas. Eles passaram; mas não ficarão – e isso é certo se mantivermos atenção e cuidados com a liberdade de expressão, críticas, comentários, força e união, assim como a devida responsabilidade necessária entre os formadores de opinião. A imprensa, onde me insiro.  Entre as mulheres, onde batalho. Entre os ecologistas, que apoio. Entre os gays, que defendo. Entre os líderes, entre os livres, que buscam Justiça, onde pretendo me manter, sempre, sem fechar os olhos aos desmandos, e como sempre fiz ao longo da vida que já é longa o suficiente para me gabar disso.

Já. O momento é já. Buscarmos novas lideranças, arejar a política, ocupar os espaços vazios, combater a beligerância, a ignorância, o oportunismo e o radicalismo de outras partes é obrigação que temos com a história e com o futuro, e mesmo que nele não estejamos. Aceitar que saímos do ruim para o pior.

Os últimos acontecimentos, as bananas que o presidente nos manda, sorridente e agressivo, como foi nas falas contra a repórter da Folha de S. Paulo, as inacreditáveis e baixas afirmações e ameaças – outro dia disse que seu amigo, o carioca deputado negro Hélio Lopes,  aquele que está sempre por perto dele, olhos arregalados, é negro devido ao tempo a mais que ele teria passado na barriga da mãe; teria dado uma “queimadinha” no forno por demorar dez meses para nascer. Sim, ele também disse mais essa, em uma live de quem pensa que está brincando de internet, de ser piadista, e dando aquela risadinha ridícula já nos dá náuseas. Isso não é humor, não tem graça, nem nunca teve.

Não há tom de brincadeira que possamos aceitar. Até porque visivelmente não é brincadeira. Ele pensa desse jeito torto. Os militares de alta patente que ocupam cada vez mais o governo sabem disso, e não é por menos que estão se espalhando. Nunca confiaram no Capitão, sempre visto como mau militar. Não confiam em sua capacidade de governar. O fato de estarem agora até na Casa Civil(!) é bastante revelador, e o intestino do poder está se alimentando fora de casa.  Os fatos vêm se sobrepondo – todo dia, sem parar, problemas, falas que afetam e trazem desconfiança ao mercado, falas feitas naquele cercadinho ridículo ao qual a imprensa incompreensivelmente ainda se sujeita, com aquela claque nojenta, uma escalada que culmina ainda com a clara e antiga ligação a grupos milicianos.

Não é brincadeira. Não tem graça, nem nunca terá. O Carnaval passará. 2020 precisa acontecer, sim, e não temos mais como perder outra década ensacando ventos, com sacos roxos, precisando “manter isso daí”, nem com gente que lavou dinheiro a jato, se lambuzou e deixou esse buraco da política para agora vir a ser preenchido por um amador em tudo: como militar, como homem, como presidente, e até como engraçadinho.

O que não tem decência. O que não tem juízo. Nem nunca terá.

Está chato. E nós queremos dar nossas risadas. Usando a mais ( e irritante ) nova expressão, que surgiu há alguns dias, temos de “cancelar” todos esses caras.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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ARTIGO – Moro, na marra, morou? Por Marli Gonçalves

Morou? ( entendeu, compreendeu, manjou, sacou, apreendeu, atinou, captou, percebeu? ) Já fui logo correr atrás de uma gíria bem de época para poder combinar com o climão geral. É uma brasa, mora! Ele já deu entrevista dizendo com todas as letras que jamais seria político, mas voltar atrás no que já se disse, e esquecer o que se escreveu ou prometeu, é praxe por aqui, e ele não será mesmo nem o primeiro nem o último. Como se moverá Sergio Moro nesse tabuleiro?

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Não aguentei o ar de suspense em torno da decisão do juiz Sergio Moro de aceitar ser o xerife do novo Governo Bolsonaro, ops, aceitar ser o Super Ministro da Justiça + Segurança Pública + Funai + CADE + PF + uma penca de órgãos. É de um amigo a melhor definição sobre o fascínio e atração do poder: a limusine na porta. Essa limusine veio caprichada, com o tanque de combustível tão cheio que pode chegar até a próxima eleição, daqui a quatro anos. Se não for abalroada, porque também pelo que assistimos não faltarão inimigos, que esse povo é mesmo uma brasa, mora!

Primeiras sugestões: tirem os espelhos das salas. Comprem paletós para os egos. Aumentem as soleiras das portas. Não bebam nada que oferecerem. Não aceitem bombons de estranhos. Rezem. Depois penso outras formas de sobrevivência no habitat Bolsonariano.

Mas tudo vai depender de tudo, morou? Primeiro de não ocorrer nenhum pega interno, por exemplo, com o astronauta Marcos Pontes, que deve estar se mordendo todo. Indicado Ministro da Ciência e Tecnologia, despencou do noticiário assim que o Moro apenas informou que iria se encontrar com Bolsonaro para conversar e decidir. E logo já chegou ao Rio de Janeiro com uma nota oficial prontinha no bolso do paletó. Prevenido, esse juiz.

Imaginem a ciumeira geral e aquele certo temor. Afinal, ninguém sabe ao certo a dimensão de tudo o que o paladino juiz sabe, ouviu, leu, guarda na toga, esconde atrás do sorriso enigmático.

De um lado cartada de mestre de Bolsonaro – “mito” atrai “mito” para perto de seu controle – não consigo deixar de pensar, porém, que também ele arrumou uma boa sarna para se coçar, abriu a porta de casa ao único e maior rival que poderia ter nesse momento. O povo brasileiro resolveu acreditar que existe e sair atrás de seres novos para arrumar os trilhos.

Ao mesmo tempo, também muito espertamente, com Moro, Bolsonaro alivia as próprias costas, divide as responsabilidades.

Heróis, paladinos, donos da verdade no Céu e na Terra, concentração de poderes, emissão contínua de motes religiosos, juntando gente certinha, aparadinha, tradicional. O momento que se espalha pelo país é masculino, branco, cara lavada, usa cashmere jogado nos ombros, passa gel no cabelo, adora uma camisa branca engomada, um terno cinza mal cortado. Não tem brinquinho, barba, nem tatuagem, rabo-de-cavalo e tiara, então nem pensar. A República agora é “Barra da Tijuca”, classe média, zóio azul, vai em outro hospital, e até o time para o qual torce não tem só preto e branco.

man_hampsterÉ aguardar no que vai dar, e logo, o que vai mudar até na moda e costumes que espalharão. Não será uma revolução nem um golpe. Dois meses até a posse e ainda muita água pra rolar debaixo das teias que Bolsonaro planeja montar e que já atraem as moscas azuis.

Está tudo tão rápido que até resolvi fazer e convido você a participar: um programinha – faço gravações quase diárias #ADEHOJE, #ADODIA, em vídeos curtos e naturais de conversa ou mesmo desabafo sobre as incertezas do momento e o nosso inabalável otimismo e vontade de que as coisas deem certo, mesmo quando ficamos com os dois pés atrás. Nas redes sociais, Facebook, Instagram, no YouTube, no site e no blog. Me acha, vai!

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Marli Gonçalves, jornalistaA gente precisa ficar conversando o tempo inteiro, para ninguém dormir no ponto.

Brasil, Final de 2018, na organização para andar

 

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ARTIGO – Conscientizadores digitais: onde estão vocês? Marli Gonçalves

Balela essa história toda de influenciadores digitais, além de ser muito chato ficar lendo quantas bobagens incutem na cabeça dos coitados e coitadas que os seguem cegamente. Ou melhor, vidrados nas telas das maquininhas que teclam desesperados e esparramam não sabem nem mais o que, para onde. Crias artificiais, espalham vento, à base de muita grana e contando que a internet aceita tudo. Quero ver nascer os conscientizadores digitais, fundamentais em um momento tão importante como esse agora

Você pega uma bacia, enche de água quente, joga umas ervas aromáticas. Chá? Para beber? Faz bem à saúde? Nãoooo! É para, digamos, sentar em cima, para fazer uma tal vaporização genital. Tem ainda quem pague até 50 dólares (o que na nossa moeda daria uns 200 contos) para que alguém faça para ela esse tal “tratamento”, já que deve ser mesmo muito difícil ferver uma água e jogar matinhos cheirosos dentro. Para o que serve além da chance de queimar os fundilhos ainda não descobri.

Isso é só um exemplo das bobagens indicadas pelos tais influenciadores, e que os portais ainda têm a pachorra de publicar com destaque e passar para a frente todos os dias, e o que é pior, tudo isso figura sempre entre os itens mais lidos – mesmo quando o mundo está se acabando. Reparou, né?

As tais blogueiras de moda, influenciadoras, por exemplo, essas então se divertem, ganhando muito dinheiro e tudo para indicar produtos, o que fazem com a cara mais lavada ou pintada do mundo. Uma hora dizem que o quente é usar maiô; depois o quente é usar de novo a asa delta dos anos 70 – mas que seja mais profunda, fique bem aqui em cima, tipo o estilo que o Borat usa. Não, esquece! Agora a onda já é usar a parte de cima do biquíni ao contrário. “As famosas estão usando” – é o mote. Peraí, que enquanto eu escrevia, mudou tudo: o legal agora é usar biquíni branco. Atenção, que isso também já pode ter mudado enquanto você lê. Quem paga mais?

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Papai, sábio papai caboclo velho, sempre dizia que tem otário para tudo. E dizia isso sem saber que as coisas na internet estavam muito piores do que as que via no mundo real. As pessoas gostam, praticamente pedem, imploram, para serem enganadas, ludibriadas, “influenciadas”, guiadas. Miolo mole, papai definia, seguido de um palavrão e um resmungo: “papagaios de botina” – já escrevi sobre essa expressão. (https://marligo.wordpress.com/2010/05/22/artigo-os-nomes-das-coisas-e-as-coisas-dos-nomes/)

Visto de forma um pouco mais poética, essas coisas me fazem lembrar de O Flautista de Hamelin, dos Irmãos Grimm. Contratado para acabar com uma infestação de ratos na cidade, o flautista os hipnotizou e os afogou, mas na hora de receber o que tinha sido combinado pelo serviço, desconversaram. Ele não teve dúvidas: tocou sua flauta de novo, só que desta vez hipnotizou e sumiu com todas as crianças da vila, que o seguiram la-la-lá alegremente, sendo trancafiadas numa caverna.

Aqui, os tais influenciadores – palavra que já está ficando chata de tanto ouvir – tocam suas flautas incessantemente. E o som se expande pelas redes sociais: são notícias mentirosas, pesquisas manipuladas, celebridades e subcelebridades fotografando, filmando e divulgando até os gases que aspiram. Centenas de agências juram que podem ensinar – com dicas óbvias, mas dadas como se fossem o maior segredo de Estado – a quem pagar, certamente, para também ser flautista. Mesmo que isso custe a própria dignidade como vimos essa semana em denúncia recente na área política. Já não são só mais robôs que manipulam informações; são gentinhas que recebem um trocado. Para trair atraindo.

O mundo verde e amarelo dos dedos tamborilantes precisa agora urgente da ação de um maior número de conscientizadores, didáticos, que falem sobre as histórias que viveram. Levante a blusa, mostre as cicatrizes se for o caso. Fale dos livros que não pôde ler, dos filmes e peças de teatro que não pôde ver porque tudo era proibido, censurado. Trate das dificuldades que enfrentou, e lembre principalmente do quanto isso atrasou a sua vida, tempo irrecuperável, quase tanto quanto o desse momento que agora nos castiga. Recorde a eles os planos econômicos enlouquecedores. Você pode provar tudo o que fala.

Recortes de jornais, velhas gravações, arquivos gerais. Muito bom espaná-los sempre com ares democráticos frescos. Só assim serão todos senhores de seus ouvidos. E de suas decisões.

Precisamos, agora, urgente, nos precaver: resguardar as nossas conquistas para que, aconteça o que acontecer, não mais sejamos atingidos tão brutalmente. Por ninguém.

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Marli Gonçalves, jornalista – Cadê vocês? – apareçam. Prometo: vou curtir, seguir, compartilhar.

marli@brickmann.com.brmarligo@uol.com.br

Setembro, finalmente.

ARTIGO – Postes desencapados. Por Marli Gonçalves

PosteNão encoste no poste. Eles são frágeis, sem ideias, a não ser as que colam neles, servem só para atravancar e segurar mal e porcamente os malditos fios que teimam em não ser enterrados. Agora, metidos, querem de novo participar das eleições

Estaca, pau, toco, se já é difícil definir melhor os postes, agora eles tentam nos atrapalhar novamente nas eleições. Se estamos nessa penúria já é por causa de uma posta presidenta que caiu tarde, nos deixando a sua sombra da meia-noite, o vampiro que se escondia por detrás da chapa quente. Não é que agora estão tentando “emplacar” outros e outras?

Não sei se dar com a cara no poste é pior do que os acintes que nos impõem dia após dia. Auto concessão de aumentos de salários de e para quem já ganha o máximo e que, se aprovados, farão uma perigosa transmissão de valores para todas as esferas, ressonantes. Pior, quem poderia parar essa gracinha são justamente aqueles que – justamente pelos agraciados – serão julgados logo mais à frente.

Bem, e as aterradoras discussões do espetado país que solta para o Dia dos Pais quem matou o seu com requintes de crueldade?

Justiça? Querem debater para intervir sobre nossa cultura e religião, os nossos corpos, e aceitam, plácidos como postes inertes, que um preso por eles julgado, julgado e julgado se arrogue da porta para fora com megafone, receba mais visitas do que as casas da mãe joana, e ainda queira ser candidato à presidência da República. O espetáculo continua: agora, além do ap triplex, alguém já tinha ouvido falar da chapa triplex? Preso, poste, vice. Três em um. E um monte de inteligentinhos batendo palmas pros malucos dançarem. O que bebem para se encostar nos postes? Acham mesmo que essa é uma atitude avançada, de esquerda, de compromisso social, popular, correta?

Ou será apenas tanta insegurança que acham que seguir um líder, um Messias, um Bessias, os salvará? O mesmo com relação aos patriotinhas de araque, quem quer o poste Palmito, apelido que ele próprio disse que tem mostrando seus pálidos cambitos, e que pretende pendurar insígnias militares no nosso viver, contaminando tudo com toda a sua atroz ignorância.

O momento é sério. Estamos em grandes dificuldades. Não temos um candidato sequer que possa ser defendido sem ruborizar. Para relaxar, até porque já não tem mais outro jeito a não ser esperar o dia seguinte, estamos brincando, fazendo memes, até nos esforçando para tentar ouvi-los em debates e entrevistas para ver se, quem sabe, espremendo bem, sai algo que preste. E dia a dia só piora. Falam uma língua desconhecida, desqualificam nosso idioma, usam termos pomposos, prometem o que é impossível e fazer o que nunca fizeram quando puderam.

E os “novos” – que surgem, batendo no peito que são novos e chegam com as mais milenares práticas do dá aqui, que eu retribuo lá?

Não fizemos reforma política. Agora será uma maçaroca e é no que eles mais uma vez se fiam com a nossa distração. Talvez poucos entendam ainda que no dia da eleição vão encontrar uma urna repleta de fotos, e que terão que apertar para presidente (que vem com o vice dependurado), dois senadores, governador, deputado federal e estadual. Seis vezes aquele irritante alarme triiimmmm vai tocar. Pela ordem: deputado federal, deputado estadual ou distrital, senador primeira vaga, senador segunda vaga, governador e presidente da República.

Um monte de postes. Um do lado do outro. No meio da rua. Para tropeçarmos, darmos topadas neles. E estarão interligados transmitindo essa energia ruim que já sentimos no ar. Aterrados estamos nós.

Mariposas, quem nos dará uma luz?

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Marli Gonçalves, jornalista – Se tivesse um cachorro, o levaria para irrigar esses postes.

Brasil, 2018

marligo@uol.com.br e marli@brickmann.com.br

ARTIGO – Nossa derrubada Torre de Babel. Por Marli Gonçalves

Nossa derrubada Torre de Babel

MARLI GONÇALVES

Tá louco. Você fala uma coisa e o povo entende outra. Escreve sobre uma coisa e o povo entende outra. Parece que a cada dia a comunicação entre os seres se torna mais difícil e os deuses agora devem estar é tampando os ouvidos para não se afetarem por tanta besteira vinda de um certo país da América do Sul

Conta a Bíblia, no Gênesis, que a uma determinada altura dos acontecimentos os homens quiseram subir até bem perto do céu para demonstrar sua tecnologia e capacidade de instalar-se perto de Deus. Imagine, eles lá no bem bom dando ordens e nós aqui embaixo só levando pedradas. Também queriam ficar conhecidos, ganhar poder. Teriam então se disposto a construir uma gigantesca e colossal cidade em uma torre de barro, pontuda, semelhante a uma lança, desafiadora, que chegasse até lá em cima. Tarefa a que deram início em conjunto porque inicialmente ali todos se entendiam, falavam a mesma língua. Não era igual obra ou reforma de hoje em dia que você pede para fazer uma coisa e te entregam outra.

Teria então o Senhor, irritado com a arrogância e soberba dos construtores, decidido mostrar quem é que que mandava ali (ou aqui nisso tudo). Não gostou nada do que viu, embora tenha até se espantado com a capacidade humana, até a achado bonitinha, mas quis parar logo com tudo aquilo, prevendo que dali sairia uma espécie de poderosa empreiteira que poderia mandar em tudo.

Não deu outra. De uma só canetada acabou com a brincadeira. Desceu, confundiu a língua de todos, e os dispersou sobre a Terra. A maior confusão.

Nesse pisão – maior barata voa da história – pode ter escorregado e empurrado aqui para esse continente umas turmas muito estranhas. A brasileira, entre elas. Assim, não há Cristo que faça com que nos entendamos século após século, década após década, dia após dia, principalmente quando perto de períodos eleitorais ou quando se trata de jogos e times de futebol e escolas de samba, entre outros competitivos assuntos.

constructionAqui tenta ganhar quem grita mais alto. Se bate no peito quando fala em outro idioma, mesmo que seja esquecido o próprio, natural. Somos criativos até para mudar o sentido das palavras, ou para impostá-las, fazendo firulas que as tornam formas de poder e domínio, vide contratos de seguradoras, bancos, leis, tratados e teses que não se entende nada desde seu próprio título, muito menos ao que se referem e para o que podem servir.

Aqui se fala e não se cumpre o que se fala. A palavra dada não tem valor. Palavras lançadas como flechas apenas pairam no ar, como se fossem, hora dessas cair bem em cima das nossas cabeças. Esqueçam o que se falou. esqueçam o que se escreveu. Esqueçam o que foi prometido. Mentiras são como praga de gafanhotos, devastadoras.

O problema é que está chegando a hora de tentarmos nos entender. De ser dada informação e uma educação suficiente para que a população consiga raciocinar, discernir, compreender sozinha o que é que está sendo dito, o que significa e aonde levará. Hora de usarmos uma linguagem clara e comum. Agora, sim, tipo a daquele locutor de tevê que durante o jogo fica o tempo inteiro dizendo exatamente o que está acontecendo, como se não fôssemos capazes nem de enxergar e precisássemos de sua santa ajuda para entender o que se passa ali naquela partida.

Agora, sim, entraremos em outro campo, precisaremos saber tudo sobre os jogadores, o seu passado e o que pretendem de futuro com suas jogadas e estratégias, quais bandeiras levantarão, se as jogadas serão individuais ou coletivas, como se movimentarão no cenário global. E, principalmente, quais serão os seus salários. E os nossos.

Que tudo isso seja dito em linguagem bem clara, olhos nos olhos. Inclusive utilizando sinais – bem simples, para todos poderem entender, e com as mãos poderem apertar as melhores opções nas teclas. Confirmar.

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Marli Gonçalves, jornalistacomo a música de Caetano, (…)“A língua é minha Pátria/ eu não tenho Pátria: tenho mátria/ Eu quero frátria”…”(…)“Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões/ Gosto de ser e de estar E quero me dedicar a criar confusões de prosódia/ E uma profusão de paródias/ Que encurtem dores/ E furtem cores como camaleões”(…)

marligo@uol.com.br/ marli@brickmann.com.br

Babel, faltando pouco mais de dois meses, 2018

ARTIGO – A estupidez é humana. Por Marli Gonçalves

A estupidez é humana

Resultado de imagem para estupidez animated gifsPor Marli Gonçalves

Ignorante, grosseiro, insensível, bruto, desinteligente. O estúpido é a própria manifestação da rudeza da dura palavra que o define, e nos assusta com a dimensão que um ato seu pode tomar de uma hora para outra nos trazendo graves problemas com as suas ações. É assustador ver o mundo povoado de estúpidos, tropeçamos neles nas ruas e em todos os setores – na internet se multiplicam. A estupidez é exclusivamente humana, uma doença maldita que pode ser de estirpe ou transmitida pela ganância e pelo egoísmo

Todo mundo tem a capacidade – e até certo direito – de ser estúpido vez ou outra. A possibilidade de sê-lo em algum momento de raiva e embotamento. Ter surtos de estupidez. Fazer uma quando acorda enviesado, e até sem se aperceber disso. Mas que seja passageiro e, depois de consciente, curado desse mal, até revertê-lo positivamente. Não pode deixar entrar no sangue.

O que anda me afligindo e creio que você, meu querido leitor, também possa estar sentindo o fato grave: estamos assistindo a gigantescos surtos de estupidez humana coletiva. Tipo um estúpidozinho novamente conseguir puxar cordões de outros estúpidozinhos iguais para segui-lo, levantando bracinhos, abanando bandeiras e rabos, dando gritinhos com palavras de ordem que a ouvidos sensíveis soam como bombas. Já vimos filmes assim que pensávamos estar superados – e eles têm um desenrolar “não bom”, “nada bom”.Resultado de imagem para stupid animated gifs

Uma grande amiga ligada desde sempre a sintonias mais invisíveis e elevadas me conta que alguns mestres estão sentindo e reportando explosões esquisitas, de rompimento de energias estranhas, para assim dizer, simplificando um pouco. Preveem que já estamos passando por momentos espirituais perturbadores, para os quais só podemos escapar se nos prepararmos tentando manter corações abertos e pensamentos positivos. Aí é que está difícil.

Além do mundo invisível da energia, encafifei por identificar a estupidez em vários desses fatos entrelaçados que nos angustiam. Einstein disse que a estupidez humana certamente era infinita, talvez mais até que o próprio Universo, e vemos provas disso quando a nação mais poderosa do mundo elege em seus caminhos tortuosos um de seus mais impressionantes e significativos exemplos, Donald Trump. Uma sombra moral que vomita preconceitos e que desenterra o que de mais horroroso pode haver, o moralismo, a intolerância, a incongruência, a divisão, o ódio, as divisões de classe, de gênero, de religião.Resultado de imagem para estupidez animated gifs

Ele quer muros, exclusão. Talvez até nem queira mesmo de verdade tudo isso, mas juntou milhões de pessoas que disseram sim, revelando ao mundo o perigo da estupidez, e o número de contaminados.

O historiador italiano Carlo Cipolla (1922-2000) produziu um conhecido ensaio que estuda o que chama as Leis Fundamentais da Estupidez Humana, e onde as lista com precisão que nos ajuda a saber mais, identificar, e entender porquês. Para ele, alguns estúpidos causam normalmente apenas perdas limitadas, enquanto outros conseguem causar danos impressionantes não só a um ou dois indivíduos, mas a inteiras comunidades ou sociedades.

“Sempre e inevitavelmente cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos em circulação”;

“A probabilidade de certa pessoa ser estúpida é independente de qualquer outra característica desta mesma pessoa”;

“Às vezes uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa um dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem, ao mesmo tempo, obter qualquer vantagem para si ou até mesmo sofrendo uma perda”;

“A pessoa estúpida é o tipo de pessoa mais perigoso que existe”;

“As pessoas não estúpidas subestimam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular, os não estúpidos esquecem constantemente que, em qualquer momento e lugar, e em qualquer circunstância, tratar e/ou associar-se a indivíduos estúpidos demonstra-se infalivelmente um custosíssimo erro”; “O estúpido é mais perigoso que o bandido”.

Enfim, a liberdade é azul, a fraternidade vermelha, a igualdade, branca. E a estupidez, humana e invisível. Descolorida.

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Marli Gonçalves, jornalista – Vinganças que matam; amores que matam; mentiras que pregam: não há elogio possível à estupidez que caiba nesse ensaio. Este ano, não mesmo.

SP, no impressionante 2016

ARTIGO – Pode me escutar um minuto? Por Marli Gonçalves

conversaTem de pedir por favor? Pagar? Comprar uma ficha? Você diz uma coisa e respondem outra. Ninguém mais dá mais atenção um ao outro? Reparou? Virou uma competição de egos, de desgraças, coisa para novos estudos sobre intercomunicação e a nova Torre de Babelconversa 2

Melhor falar com o espelho, com a parede, com o teto, pensar em voz alta para achar que tem alguém ouvindo, mesmo que esse alguém seja você. Pelo menos não ficará frustrado com a forma que as relações tomaram ultimamente, nesses tempos de internet, que não há por que negar influenciam e vêm mudando de modo impressionante a nossa forma de interagir. Talvez seja por isso que tanta gente conversa longamente com seus bichos de estimação, esses nos dão atenção, pelo menos podemos achar isso – e todo mundo precisa de atenção por mais de um minuto.

Pega o exemplo de um post no Facebook. Ando apavorada com isso, com o jeito que cada pessoa tem de entender algo e que se desvia de tal forma com o comentário que faz do que você escreveu que é preciso até voltar, reler, verificar o que foi que você próprio escreveu, se não está maluco, se não foi mudado por algum hacker ou pelo próprio teclado cheio de vontades.

Tudo superficial. Não adianta “desenhar” também, nem falar lentamente, nem usar palavras fáceis, mais didáticas, arroladas com toda a calma que Deus lhe concedeu. A impaciência se une à prepotência e aí a coisa degringola de vez.

Leandro Karnal, o historiador meio filósofo, outro dia em um programa de tevê tocou nesse assunto. Chamou a atenção para a absoluta falta de continuidade das conversas, o que eu já vinha notando há algum tempo. Nunca a expressão palavras ao vento soou tão verdadeira. Você diz que está morrendo e a pessoa fala que está frio, ou que também está morrendo, você precisa ver como ela anda se sentindo mal, precisa ir ao médico e não tem tempo, mas é assim mesmo, e aí desfia um rosário particular – ai se não prestar atenção. E à esta altura você, lá, morto, caído, estirado, pronto para ser enterrado.

animated_conversationPara Karnal há, inclusive, uma nova linguagem surgindo. Fiquei horrorizada porque ele ainda admitiu que ela não levará muito mais em conta, por exemplo, o uso de plurais. Os “s” todos mordidos, comidos, em extinção. Os verbos andam massacrados, e às vezes as notícias têm de ser lidas mais de uma vez para serem entendidas tal a confusão da narração. Há dias, acreditem, apareceu uma mulher com cabelos azuis numa matéria e que até agora não ficou clara sua participação na história.

Como ultimamente se fala feio; como se escreve feio! Frases capengas com vocabulários pobres e alterados como as rosas de Hiroshima.

Como se pensa feio. Há uma crise na intercomunicação que deve ser levada em conta para entendermos o momento atual de um país onde idiotas viram heróis e qualquer coisa é celebridade por dez minutos ou dez dias, esquecidos mais rapidamente ainda.

Imagino os professores nas salas de aula falando para dependentes de smartphones loucos para teclar com quem está fora dali, mandar uma selfie, curtir, compartilhar. Nunca se foi tão social e ao mesmo tempo antissocial.

Dentro desse quadro psicótico se desenvolve a nossa política, ouvimos aqueles discursos delirantes e coligações inimagináveis, que vêm produzindo um dia a dia insuportável e cada dia mais cansativo para quem ainda esperançoso aguarda mudanças.

Essa semana vai ser difícil, com a patética escolha da nova presidência da Câmara, já com mais de dez candidatos, uma baciada de sujeitos e sujeitas que não representam nem apresentam nada de bom. Fomos aos milhões às ruas, mas como cada um falava uma coisa, parece que acabamos todos não sendo ouvidos e assim condenados a ficar trocando seis por meia dúzia por mais algum bom tempo.

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Marli Gonçalves, jornalista – Me escuta aqui um minuto.

São Paulo, 2016

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ARTIGO – Fúrias, furiosas fúrias. Por Marli Gonçalves

Gifs%20Anim%E9s%20Feu%20%2850%29Muito impressionada com a capacidade humana para odiar, maldizer e amaldiçoar, pensar mal sobre quem não pensa igual. Muito triste também por estar vendo um país nervoso, dividido sem necessidade e perdendo a essência e alegria que é o nosso próprio rebolado

Depois de escrever o artigo da semana passada, sobre a minha visão, sobre como eu vi ou não vi passar esses 50 anos desde o Golpe de 1964, senti na pele e fiquei totalmente horrorizada com a incapacidade de diálogo que parece estar permeando esse nosso Brasil, até outro dia um simpático, amoroso, musical e cálido país da América do Sul. Fui chamada de tudo quanto é coisa – de petralha, comuna, esquerdinha, entre as mais “publicáveis”, nesse território qualquer coisa que é a internet e anonimato misturado com covardia. Virou mesmo o campo dos covardes, dos brutos, dos incitadores. Sites e jornais importantes publicaram o artigo, e pude ler centenas de comentários e ver grande repercussão, incluindo os muitos xingamentos, até porque é bom lembrar que quem quer xingar tem muito mais afinco do que quem quer falar bem. Faz questão de ir lá xingar, ofender, falar impropérios, vomitar sua bílis, ocultos atrás de computadores. Eles não querem só ter a razão, não admitem a outra parte. E nesse caso apareceu gente defendendo tortura , morte, ditadura. Apavorante.

Apareceram homens e mulheres que obviamente não conheço, e sinceramente nem pretendo. Duvidaram até da minha memória, como se crianças de seis anos fossem abobados sem relação com seu redor. E ai de quem tentou defender o mesmo ponto de vista que o meu! Tomou bordoadas uma em cima da outra. Não há chance de entendimento.

Resolvi não responder a nenhuma agressão, mesmo as que me dirigiram diretamente. Não há argumentação possível para quem acha certas coisas. Por outro lado, também recebi cartas até legais e absolutamente válidas de pessoas que fizeram questão, na boa, de me dizer como para elas não foi tão ruim esse período, que viveram felizes, livres, sem problemas. O que eu poderia dizer a elas? “Que bom que para você foi assim. Para mim não foi” – ia ser pouco. Sempre haverá quem estará bem enquanto outros não; é de lei.

Insistiram comigo que naquele momento não havia corrupção, nem roubalheiras, e que os militares e conspiradores estavam caindo do céu, para livrar o país do perigo vermelho – que devíamos agradecer esse tempo de horror.

LOVEAinda bem que é só virtual, pela internet onde agora todo mundo vira revolucionário, e só por ali – igual ficar rico em Banco Imobiliário. Tanta gente perigosamente pensando em fechamento que insistiram em tentar, botando as manguinhas de fora, sem qualquer base real, nem sentimento, nem emoção, muito menos organização, reeditar uma marcha de outrora, totalmente sem sentido para os dias de hoje, 50 anos depois. Meio século. O chabu foi histórico, gracias. Não é assim que se acaba com a praga, com os atuais carrapatos no poder.

cookiesA fúria dos ataques me fez lembrar até das mitológicas Fúrias, ou Erínias, as três pavorosas irmãs com asas de morcego e cabelos de serpentes famintas, nascidas de gotas de sangue – Tisífone (Vingança), Megera (Rancor) e Alecto (Cólera). Vingadoras, atacavam os mortais gritando, enlouquecendo-os, perseguindo-os, fazendo-os penar, castigados.

Vejam só onde chegamos. Como poderemos modificar as coisas agindo assim de forma tão funesta? Já não bastam os informes que nos chegam diariamente de Brasília dando conta de uma presidente sempre colérica, de difícil trato, sempre em fúria com todos que a cercam apavorados? Escrevi “Dilma irritada” no Google – em segundos, 3500 resultados se apresentaram. “Dilma furiosa”, 678 resultados apareceram em 0,38 segundos, junto com imagens destes momentos. Apavorantes. Muitos esgares presidenciais. Poucas soluções. Nenhuma temperança.frank1-7

Política é coisa séria. Mas estamos vendo virar enorme piada de mau gosto, atropelados todos os dias por revelações espantosas, vindas de todas as direções. Quem é honesto, batalha direito, mas patina enquanto outros lesam com facilidade. Penso que se realmente essa turma toda estivesse preocupada com valores morais estaria batalhando em muitas outras direções, ao invés de ficar batendo só nesta tecla, pobre tecla, os governantes.

Estamos com furiosos soltos na praça, Que dizem que é a mulher que provoca o estupro. Um povo de ascendência predominantemente negra que se junta e vai aos estádios promover o racismo, ou que se junta para espancar o torcedor do outro time. São bandos atrás de desgarrados. Médicos que atendem idosos no chão, ou que se recusam a ajudar uma grávida em trabalho de parto. Policiais que ferem e arrastam suas vítimas. Bandidos que atiram pelas costas. Bebês atirados no chão. Organizações criminosas no comando de instituições, oficial e extra-oficialmente. A barbárie de justiceiros amarrando pés-de-chinelo em postes e se comprazendo em praticamente chicoteá-los. Pedaços de corpo encontrados em bairro nobre da cidade dentro de sacos de lixo cuidadosamente espalhados. É ou não é a fúria que enfrentamos?

parler_beaucoupSome-se a estas, estas nossas fúrias, as outras, invencíveis, fúrias da Natureza, que devastam, secam, molham, inundam, avançam, queimam. Que nos tiram a água, a terra, o ar, a energia e a Paz.

Por onde começar para não terminar?

chuva de floresSão Paulo, perplexa, 2014
Marli Gonçalves é jornalista Com as melhores intenções.

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as três fúrias:

ARTIGO – Insinceridades e sincericídios. Por Marli Gonçalves

mickey-mousePode ser o maior trubufu da história, caída ou caído. Ou um bebezinho todo enrugado recém nascido. Talvez um vira-lata estropiado. Postou uma foto no Facebook ou outro desses lugares e não dá dois segundos começa a enxurrada de interjeições iguais ou similares ou genéricas. Linda! Lindo! Lindésima! Lindão! Lindona! Que bonitinho! Tem variações como “cada dia melhor, hein?”, entre outras frases que, certamente, nem a pessoa-alvo está gostando de ler porque sabe mesmo que é mentira. E que, de verdade, está só descobrindo um puxa-saco

Impressionante. A cada dia fica mais claro que, se proibidas forem algumas expressões, a internet e as redes sociais acabam. Minguam. Desidratam. Ficarão sem assunto. Não precisa nem de marco civil, militar, controle não sei mais de quê. E se cobrassem, então, por essas palavras? Tem quem iria ficar na miséria. Se apitasse cada vez que alguém escreve algumas destas letrinhas ou expressões seria ensurdecedor. Acho que para parar essa mania só espalhando que, cada vez que uma mentira dessas for postada, uma criancinha morrerá lá na África, ou crescerá uma verruga, ou aumentará o aquecimento solar. Só ameaçando.

2“Linda (o)” e todas as suas variações – como bela, belíssima; kkkkkk e rsrsrsrsrs, para dizer que achou engraçada alguma coisa. E o “Bom Dia”, então? Deve ter gente que não é capaz de cumprimentar o porteiro ou o vizinho dentro do elevador – mas dá “Bom Dia” na internet. Tem também o “Boa Noite” – falta só pegar a moda de falar “vou mimir” – Graças a Deus que pelo menos entre meus amigos ainda não li nenhum. Fora o beijo no coração, beijo na alma, em um monte de lugares não eróticos.0014

Outra coisa é a mania de postar foto da comida que está comendo. Cada comida besta, bife e arroz com ovo, de vez em quando até aparecem iguarias, mas para que eu quero ver? Muitas vezes a imagem só está querendo dizer que a pessoa “pode” – está comendo num restaurante caro em alguma quebradinha “exclusiva” do mundo. Alguém conta para as pessoas que alimentos são uma das coisas mais difíceis de fotografar e de sair bem na foto? Precisa ser profissional e, em geral, inclusive, utilizar de técnicas e produtos falsos para a produção, como massinha, gelo, luz, ângulo, gotas, etc. – coisa de quem vive do que está postando, por isso o faz bem quando faz, não é para qualquer um. Essa semana, no Instagram, uma conhecida apresentadora de tevê que anda babando e poetando em cima do seu bebê postou uma foto de um copo cheio de um negócio que, sinceramente, parecia vômito, meio bege. O copo também era daqueles de bar, feioso, de geleia. “Suco do dia: polpa de morango, folha de brócolis, couve, blueberry, proteína de arroz, gengibre e capim-cidreira! A cor é feia mas o gosto é bom!” – dizia a legenda.

XRAYDRG_animadoBom apetite! – diria eu. Aproveite bem! Beba até o fim. Fosse fazer algum comentário, ainda diria: “Corajosa” ou “O que aconteceu com seu paladar? Foi a gravidez?”, ou ainda poderia também perguntar “Está fazendo alguma promessa?”

Se ver fotos de comida engordasse, estaríamos todos obesos. Na hora do almoço é pior, mas tem também a versão jantar, café da manhã e lanche da tarde. Sadismo explícito.

shark on a boardFico a cada dia mais surpresa com a criação e desenvolvimento desse ambiente virtual. Na tevê, propagandas, concursos e informações importantes mostram como única alternativa o endereço da internet “para maiores esclarecimentos”, “Saiba Mais”, como se todo o mundo desse nosso tão desenvolvido país tivesse acesso. Computador, ao menos. Sinal de Wi-Fi. Smartphone. Do jeito que as coisas vão, nem radinho de pilha!

KKKKK. Na sua cara se é um dos que acham que “todo mundo” tem carro, e que “todo mundo” tem internet. Se nós que temos acesso, e até trabalhamos com isso, de vez em quando ficamos completamente vendidos e isolados por essas operadoras/provedoras e outras, digamos, “orras”… Imagino nos rincões como anda a coisa!

Aqui na megalópole São Paulo, entre as cinco maiores cidades do mundo, toda rica, poderosa, industrial, estamos sendo enganados todos os dias por governos, sejam tucanos, estrelados, socialistas, comunistas, coronelistas, qualquer um. Anunciam em grande estilo que várias praças e avenidas passarão a ter Wi-Fi gratuito, acesso livre, que estão criando não sei quantos postos de atendimento, que vão passar talco cheiroso em nossos bumbuns. Vai procurar!

Um roteador funcionou mal e porcamente na Praça Dom José Gaspar – Biblioteca Mário de Andrade, a maior e mais importante do Estado, com placas. Pufff! Sumiu o sinal, sumiram as placas e ninguém viu, ninguém sabe, pergunta ali para aquele ali. E o tal ACESSA SP? Pufff também. Nem tchuns de satisfação. Ou Feedback, como os empolados falam, com tom quase britânico.

Tudo isso para dizer uma coisa só: não acredite em tudo que escuta; não acredite em tudo que lê ou vê. Não acredite no que esses caras prometem. Mentem deslavadamente, ou omitem, digamos assim, os detalhes e condições.

Vá se preparando para o ano que vem.

São Paulo, 2013
smoochingMarli Gonçalves é jornalista – De vez em quando pega um tempo só para checar a realidade e o funcionamento desse lindo mundo cor-de-rosa que tentam pintar

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Uma pensata sobre o que anda acontecendo. Sobre o anonimato que não existe mais, pelo menos na Internet

 

O fim do anonimato na internet

FONTE: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA – Por em 27/06/2011 na edição 648

De uma briga entre torcedores de hóquei e policiais em Vancouver, no Canadá, há pouco mais de uma semana, surgiu uma fotografia inusitada. Em primeiro plano, um policial fora de foco com um escudo de proteção vem em direção ao fotógrafo. Ao fundo, são vistos mais policiais correndo atrás de pessoas. Entre uma coisa e outra, deitado no asfalto, está um casal – flagrado durante um beijo. À primeira vista, a cena causa estranhamento. O que estariam os jovens fazendo ali, no meio da rua, aos beijos, no meio daquela confusão?

A resposta para o mistério foi rápida. Depois de publicada e divulgada na internet, a foto logo ganhou uma explicação. Quem identificou os personagens foi o pai de Scott Jones, o homem que aparece beijando a namorada. Ela havia sido agredida e derrubada por um policial, estava machucada no chão, e ele, cavalheiro, deitou ao seu lado para confortá-la. Este breve momento tornou-se agora eterno pela lente do fotógrafo freelancer Rich Lam. E, poucos dias depois, lá estavam Jones e a namorada, Alex Thomas, dando entrevista no programa matutino Today, na rede americana NBC.

O caso do jovem casal ilustra bem o que se tornou a internet: antes vista como um lugar ideal para o anonimato, a rede mundial de computadores abraça cada vez mais o significado de “rede” e mostra que se tornou o lugar onde o anonimato tem fim.

Inteligência coletiva

Também nas últimas semanas, uma mulher foi filmada durante uma discussão com uma funcionária de um trem em Nova York. No meio da discussão, após ser repreendida por estar falando alto demais ao celular, ela disse: “Você sabe em que escolas eu estudei e como tive boa educação?”. O vídeo foi parar na internet, a mulher foi rapidamente identificada – ela estudou na NYU – e foi alvo de críticas e piadas em blogs e redes sociais.

“A inteligência coletiva dos internautas e as impressões digitais que tantas pessoas deixam nos sites se combinam para fazer com que cada vídeo vergonhoso, cada foto íntima e cada e-mail indelicado seja atribuído à sua fonte, queira ela ou não. Esta inteligência transforma a esfera pública em mais pública do que nunca e, por vezes, força a vida pessoal dentro dos olhos do público”, afirma o jornalista Brian Stelter em artigo no New York Times [20/6/11].

Caça às bruxas

Para algumas pessoas, continua ele, este fenômeno pode ser comparado aos agentes de governos repressores do Oriente Médio que monitoram protestos online para agir offline. Junto com a foto do casal em Vancouver (que alega que não estava participando do confronto), outras imagens levaram à identificação de pessoas envolvidas na confusão. Uma estudante fotografada em meio ao conflito com a polícia escreveu posteriormente em seu blog que se tratava de uma “caça às bruxas do século 21”.

Ainda que seja ruim para quem é flagrado fazendo algo errado, o fenômeno tem, diz Stelter, inúmeros efeitos positivos: a internet pode ajudar a combater a criminalidade, desmascarar mentirosos e tornar pessoas comuns em ícones. Foi o que aconteceu com um menino australiano em março deste ano. Ridicularizado pelos colegas de escola por ser gordinho, Casey Heynes foi filmado enquanto sofria com as implicâncias de outro menino, mais novo e menor que ele.

A cena, que devia ser corriqueira, mostrava o menino o empurrando e lhe dando socos. O que não se esperava é que, pela primeira vez, Casey fosse reagir ao abuso. Irritado, ele pega o outro menino e o joga com força no chão. O vídeo foi parar na rede, e Casey virou celebridade instantânea. O garoto recebeu milhares de mensagens de pessoas em todo mundo o elogiando por ter revidado e se tornou uma espécie de símbolo contra o bullying nas escolas.

 

Redes sociais

A “erosão do anonimato”, diz Stelter, é um produto do aumento do uso das mídias sociais, do barateamento dos celulares com câmeras, dos sites gratuitos de foto e vídeo e, mais importante, de uma mudança no modo como as pessoas vêem as diferenças entre público e privado. Especialistas em comportamento na internet dizem que esta mudança foi impulsionada pela popularidade de redes sociais como o Facebook, que estimulam os internautas a usar suas identidades verdadeiras e os encorajam a compartilhar suas opiniões, fotos e vídeos.

É fácil se tornar personagem na rede. Apagar suas marcas, por outro lado, é mais complicado. A mulher filmada discutindo no trem em Nova York fechou suas contas no Twitter e no LinkedIn assim que viu seu nome pipocando na blogosfera. A pessoa que postou o vídeo o tirou do ar, mas já era tarde: outras pessoas já o haviam copiado e colocado novamente na internet.

Dicas da Febraban, no Dia Mundial da Internet Segura. Hoje, 8 de fevereiro.

MATERIAL DIVULGADO PELA FEBRABAN, FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS

Dia da Internet Segura:

conheça as dicas para navegar sem sustos

 Hoje, dia 8 de fevereiro, é o Dia Mundial da Internet Segura, uma iniciativa adotada em 65 países. Conscientes da importância do tema, os bancos brasileiros investem, anualmente, cerca de R$ 1,94 bilhão em segurança eletrônica. Também promovem debates a respeito do tema e vêm discutindo a necessidade de aprovação de uma lei específica para esses crimes, assim como de legislação regulamentadora da Internet no País que facilite a ação dos órgãos repressores.

 As fraudes eletrônicas impactam o cliente, o banco e a sociedade, uma vez que os recursos ilícitos podem ser utilizados para irrigar a criminalidade e viabilizar outros tipos de crimes violentos.

Por fim, a FEBRABAN reitera os cuidados que os usuários devem adotar no dia-dia para o uso da Internet com segurança. A regra é estar atento. Desconfie quando ocorrem circunstâncias diferentes das habituais como solicitação de dados, comandos desconhecidos ou aparecimento de telas no Internet Banking que você nunca viu. Também não acredite em “estórias” que lhe contarem em e-mails, no MSN ou no Facebook e no Orkut, por exemplo. A mensagem estranha recebida no computador provavelmente tentará induzir o usuário a instalar um programa espião. O uso da Internet para transações financeiras em locais públicos como Cybercafés aumenta a exposição aos golpes, pois você não sabe se o ambiente é seguro, o que está instalado no computador ou se suas operações podem ser monitoradas.

Antes de dar o primeiro clique no carrinho de compras virtual dos sites de compra pela Internet, lembre-se das regras básicas de segurança. Muitas delas são medidas simples, mas eficazes para transações seguras.

 

1.     Se for efetuar compras com seu cartão pela Internet, procure, antes, saber se o site é confiável e se tem sistema de segurança para garantia das transações

2.     Atenção com e-mails de origem desconhecida, que aguçam a sua curiosidade ou que contenham mensagens como “Você está sendo traído”; “Seu nome está na lista de devedores do Serasa (ou do SPC)”; “Confira: fotos picantes”. Esses e-mails costumam ser a porta de entrada para programas espiões que roubam as senhas do usuário e dão origem às fraudes. Na dúvida, delete o e-mail antes mesmo de abri-lo;

3.     Mantenha seu sistema operacional e programas antivírus atualizados e utilize um firewall;

4.     Evitar acessar sua conta por meio de sites de bancos (Internet-banking) se estiver utilizando computadores instalados em locais de grande circulação de pessoas, como cyber cafés, lanhouses e outros computadores, mesmo que pessoais, de seu local de trabalho ou estudo que são compartilhados com outras pessoas;

5.     Troque periodicamente a senha utilizada para acessar seu banco na Internet;

6.     Mantenha em local seguro e fora da vista de terceiros os dispositivos de segurança de seu banco, como cartões de senhas e tokens;

7.     Se estiver em dúvida em relação à segurança de algum procedimento no Internet-banking, entre em contato com o banco. Prevenção é a melhor forma de segurança;

8.     Acompanhe os lançamentos em sua conta corrente. Caso constate qualquer crédito ou débito irregular, entre imediatamente em contato com o banco;

9.     Os bancos nunca ligam ou enviam e-mails para o cliente para solicitar senhas, nem pedem que digite todos os dados usados para autenticação de uma só vez. Em caso de desconfiança ou de estranhar o formato da tela ou algum pedido por telefone, o usuário deve entrar em contato, imediatamente, com o banco e expor claramente a sua suspeita.

 FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos