9 jornalistas feridos.Por PMs. Nota da Abraji dá detalhes

 

policia com farolPM fere nove repórteres em ação na Paulista

 

Repórteres e fotógrafos foram novamente agredidos pela Polícia Militar durante ação contra manifestantes concentrados na Av. Paulista, em São Paulo, na noite de ontem (12.jan.2016). A Abraji identificou pelo menos 9 profissionais da imprensa vítimas da ação policial. Imagens registradas por câmeras de celulares e equipes de televisão mostram que, mesmo identificados, repórteres foram alvo de golpes de cassetete, empurrões e bombas. 

Fernanda Azevedo, da TV Gazeta, foi ferida duas vezes. Primeiro, quando se viu encurralada num ponto de ônibus atrás de um grupo de policiais integrantes da chamada “tropa do braço”. Após o início da repressão aos manifestantes, Fernanda sentiu uma explosão na altura do rosto. Como segurava uma máscara antigás contra o nariz, sofreu queimaduras no punho esquerdo e no peito, e teve o relógio destruído. Mesmo ferida, seguiu na cobertura até uma bomba de efeito moral explodir muito próximo a seus pés: o segundo ferimento foi provocado por um estilhaço na panturrilha.

A repórter não soube dizer se o que explodiu próximo a seu rosto era uma bomba lançada pela PM ou algum artefato atirado pelos manifestantes. Mas o cinegrafista do UOL Adriano Delgado registrou o momento em que um agente vai até a viatura, apanha alguns explosivos e lança-os para trás, justamente em direção a um grupo de jornalistas. 

Pedro Belo, da equipe de vídeo da Veja São Paulo, sofreu uma queimadura no joelho e na panturrilha. Enquanto filmava as agressões, bombas explodiram perto de suas pernas. Pedro foi atendido no local e estava no pronto-socorro 24 horas depois dos ataques para realizar novos curativos. 

Márcio Neves, videorrepórter do UOL, registrava a revista a que eram submetidos os manifestantes que chegavam à Praça do Ciclista quando notou que um PM fotografava seu crachá. A pedido, apresentou-lhe também a carteira de jornalista emitida pela Fenaj, mas não conseguiu ler o nome do policial, que escondeu a identificação da farda cruzando os braços. 

Alice Vergueiro, fotógrafa da Folhapress, foi encurralada e agredida junto com manifestante por PMs que usavam os cassetetes indiscriminadamente; é possível identificá-la em um vídeo divulgado no Facebook. Continuou fotografando, apesar de ter perdido os óculos e estar com os olhos irritados por gás lacrimogêneo e spray de pimenta. 

Francisco Toledo, fotógrafo da agência Democratize, foi atingido por um estilhaço de bomba de efeito moral na batata da perna direita, nas proximidades de um hotel na avenida Paulista. A bomba explodiu a cerca de 2,5 metros de distância. Operado, recebeu sete pontos no ferimento e deve ter dificuldades de locomoção nas próximas duas semanas. O estilhaço da bomba, de 2,5cm,  ficou alojado no músculo.

Camila Salmazio, repórter da Rede Brasil Atual, foi encurralada junto com manifestantes na rua Sergipe e tentou sair do cerco erguendo os braços, mostrando o crachá e gritando por socorro. Foi ameaçada por um agente armado e obrigada a retornar ao local onde bombas explodiam. Conseguiu escapar depois de alguns minutos e permaneceu deitada no chão, com dificuldade de respirar por causa da quantidade de gás inalada.

Felipe Larozza, fotógrafo da VICE, registrou um momento incomum: dois PMs atropelaram um homem na esquina da rua da Consolação com a rua Maria Antônia. Os agentes prenderam a vítima do atropelamento, e Felipe registrava a ação quando foi abordado por um dos PMs. Identificou-se como jornalista, mas se recusou a mostrar as fotos em sua câmera. Nesse momento, foi agredido com golpes de cassetete, mas conseguiu fugir.

Raul Dória, fotógrafo freelancer, estava próximo ao cordão de isolamento da esquina das avenidas Rebouças e Paulista quando foi surpreendido por uma explosão muito próxima de suas pernas. Os ferimentos foram leves, mas, com o impacto, caiu no chão. Foi carregado por um policial militar e por um manifestante para dentro de um hotel.

Alex Falcão, fotógrafo da Futurapress, também foi alvo de um artefato detonado muito próximo de seus pés. Ele relata que a situação já estava calma e que nenhum dos profissionais havia furado o bloqueio, mas que mesmo assim houve, inclusive, disparo de balas de borracha. Com pequenos ferimentos nas pernas, seguiu o trabalho.

Caio Cestari, fotógrafo autônomo, estava com um grupo de pessoas próximo ao local onde policiais prendiam um homem, na descida da rua da Consolação. Outros agentes atiraram bombas de gás na direção de todo o grupo, inclusive dos colegas que efetuavam a prisão. Estilhaços feriram-lhe o braço.

Agressões de policiais contra profissionais da imprensa durante o exercício de suas atividades é prática característica de contextos autoritários. O papel das forças de segurança é proteger cidadãos e garantir o direito de a imprensa trabalhar.

A Abraji repudia os ataques a jornalistas praticados pela Polícia Militar de São Paulo durante o protesto dessa terça-feira (12.jan.2016) e espera que a Secretaria de Segurança Pública apure os abusos registrados, punindo os responsáveis pelos atos contra a imprensa. 

A entidade também espera que repórteres, fotógrafos e cinegrafistas possam cobrir a manifestação marcada para amanhã (14.jan.2016) sem sofrerem ameaças e agressões.

Diretoria da Abraji, 13.jan.2015

 

Nota Abraji sobre como estão fazendo jornalistas de saco de pancada.

brazilW_animadogirl_cop_chasing_thiefAbraji registra 38 casos de violações contra jornalistas em manifestações no período da Copa

A Abraji contabilizou 38 casos de prisões, agressões e detenções envolvendo 36 profissionais da comunicação durante a cobertura de manifestações de 12 de junho a 13 de julho de 2014.
Seguindo o padrão observado desde junho do ano passado, a maioria das violações (89%) partiu da polícia. Dentre estas, 52% foram intencionais – ou seja, o comunicador se identificou como profissional a serviço ou portava identificação à vista. As demais agressões partiram de manifestantes e de seguranças privados da FIFA.

O protesto na tarde de ontem (13.jul.2014), no Rio de Janeiro, concentrou o maior número de ocorrências: foram 14, todas de autoria da polícia.

Os casos evidenciam o uso desproporcional de força por parte da polícia durante manifestações e o desrespeito ao direito fundamental da liberdade de expressão. Agressões deliberadas contra comunicadores configuram atos diretos de censura e não podem ser tolerados. A Abraji insta as autoridades responsáveis a apurar e punir com rigor os autores desse tipo de violação, sejam agentes de segurança ou manifestantes.

journaux011

ARTIGO – Vai folgar, trabalhador! Por Marli Gonçalves

bouwvakkers04Faltando pouco mais de um mês para a Copa do Mundo, esse evento que está nos deixando ansiosos para ver no que vai dar, a grande conversa é se vai ter ou deixar de ter feriado, onde, quando, de que horas a que horas. E como em ano de política tudo pode acontecer, creio que serão muitos dias de não trabalho neste país que está mais parecendo um tatu bolinha, se enrolando todo, tropeçando em pedrasWorkman

Vai trabalhar, vagabundo! O título do filme nacional virou expressão popular…Trabalha, trabalha, nego…A estrofe de Terra Seca, musica de Ary Barroso, 1943, virou lamento ou até ironia quando somos obrigados a trabalhar mais, um pouquito mais, e principalmente quando nos pedem um daqueles trabalhos que não são bem nossos, aquela abusada de chefe, e lá vamos resignados cantarolando o trecho da música que, completa, é triste de fazer chorar de tanta pena do nego véio moiado de suor, sua rotina e velhice.

watchmakerTrabalho. É interessante pensar no Trabalho, assunto de mil facetas e formas, inclusive de leis da Física, onde significa movimento, – e por que não dizer? – da religião. São Paulo está forrada de cartazes de charlatãs e charlatões, se dizendo videntes, mestres ou gurus, prontos , oferecendo-se para fazer um trabalho que consiga o que o desesperado (só pode estar desesperado para procurar uns caras desses) do consulente deseja. Trabalho que é trabalho em umbanda e candomblé tem nome mais bonito. Chama oferenda. Mas aí alguém que queira saber mais, que faça um trabalho, de pesquisa, de escola. Ou de campo, que é quando a pessoa tira a derrière da cadeira e vai ao local dos fatos. Não confundir com trabalho do campo, rural, bucólico e pesado.

Para tudo o que a gente faz e precisa é necessário trabalhar. Até para não fazer nada é preciso trabalhar, certo esforço. A gente também trabalha muito pensando. Para nascer, quem está dentro trabalha para sair; quem está fora trabalha para empurrar, fazer nascer – é o trabalho de parto, o trabalho que enaltece a mulher, especificamente. Sem concorrências.worker19

Por falar nisso, andei ouvindo uns dados sobre trabalho, emprego, desemprego, taxas, e a briga das estatísticas e pesquisas divulgadas pelos governantes desse país maravilhoso que aparece na tevê, um tal Brasil. Nele, tudo só e bom; se acreditarmos no que comerciais com modelos sorridentes informam não há problemas na saúde, nem na educação, muito menos na habitação. Todo mundo tem crédito a hora que quer, sorri, e a inflação é só da nossa imaginação. Sem violência, sem medo, tudo limpinho. Como é que é mesmo? Pais rico é país sem pobreza. Será que só eu acho esse slogan o óbvio ululante, parecido demais com os confusos discursos da timoneira? Vejam bem...

hairMas quero falar de umas preocupações sobre o que ouvi de orelhada. Não haveria tanto desemprego entre jovens porque eles estão ficando mais em casa, só estudando, bancados pelos pais? As mulheres – que tanto lutamos para poder sair para o mercado de trabalho de igual para igual, etc. e tal – estão fazendo as contas e descobrindo que ficar em casa tomando conta dos filhos é mais econômico? É isso mesmo? Confere, minha gente?

bouwvakkers24Não tem alguma coisa errada nisso? Não nas decisões das pessoas, mas nos fatos que as obrigam a isso. Os gastos com transporte e alimentação fora de casa, crescentes. Estudantes que, se estiverem na de aprender mesmo, têm de passar mais tempo estudando? Ou, por outro lado, moçada apática que fica esperando herança, gastando o que tem, sem perspectivas, sem desafios? Uma geração BBB que só pensa em ser famosinho, modelo, aparecer na tevê, cantar funk, puxar ferros? Todo mundo buscando uma imensa loteria. Trabalho que e bom, nada de pitibiribas. Aquele tal de Hércules devia ser um chato, sem ter o que fazer, sem redes sociais, sem baladas, sem rolezinhos.barber

Pouco sobrou do oficio, do amor ao que se faz, o capricho no fazer, a gentileza no trato com o público, no serviço público e no privado. Quem adquire experiência é escorraçado do mercado, e depois flana porque já tem idade – mesmo que hoje se veja tantos rompendo 70,80 com pleno vigor.

Por outro lado, para quem pega no pesado, a situação continua triste. Sindicatos atrelados, sugando contribuições e não entregando. Condições de trabalho e salários baixos, sem formação técnica, sem incentivos. Assédio moral, sexual, total. “Ande na linha”, “olha que a coisa tá preta ai fora”, “se você não quiser, tem quem quer, uma fila”. Nesses últimos tempos está um tal de dar férias coletivas toda hora que não é nada bom; é a famosa folga que o trabalhador passa rezando, e para voltar ao mesmo posto. Não vende, não produz, não vende; não compra, nem produz. Chicote maluco.

bouwvakkers28Não. Folga. O feriadão está aí, e este agora é o dia que todos os políticos ou candidatos põem as manguinhas de fora, em palanques, falando aos trabalhadores, invariavelmente atraídos até ali por causa dos shows populares, ou sorteios. Prometem aumentos, fazem juras de amor.

Os feriadinhos, o montinho do legado pela Copa, também já estão sendo gestados nos gabinetes, e serão ótimos para refrescar os ânimos que andam quentes ou secos, tanto quanto os reservatórios.O comércio está a-do-ran-do, para não dizer o contrário, essa brincadeira com o calendário.

019São Paulo, 2014bouwvakkers05Marli Gonçalves é jornalista Tanto tempo trabalhando, ouviu contar sobre uns tais frutos. Onde é que a gente os recolhe?

********************************************************************
E-mails:
marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.br

Tenho um blog, Marli Gonçalves, divertido e informante ao mesmo tempo, no https://marligo.wordpress.com. Estou no Facebook. E no Twitter @Marligo