ARTIGO – Aqui, agora. Aqui e agora. Perigo. Por Marli Gonçalves

Aqui Agora, lembro bem, o telejornal dos Anos 90 que, diziam, espremia sangue na tevê. Com apelo popular mostrava barbaridades e requintes de crimes, sempre com doses de novelas radiofônicas. Pois bem: vivemos o Aqui Agora na pele todos os dias, e o noticiário geral hoje não nega. O medo e a violência ao nosso lado, e em um segundo sua vida pode não valer é nada. Precisamos falar sobre isso. Aqui, agora, já.

MFC auf X: „dois caras numa moto https://t.co/6l9scdnX78“ / X

Na última quinta-feira, fraquinha, ainda me recuperando do esgotamento de energia de um resfriado daqueles (sim, fiz o teste – negativo) peguei minha sacolinha e como costumeiramente rumei para a feira. Tudo bem normal. Já no final das compras, na barraca de flores, que já contei para vocês jamais deixo de ter em casa, escolhia entre gérberas e antúrios. Não foram mais de dez segundos. A pouco mais de um metro, aos berros de sai, sai, sai, um homem enorme e com a cara toda ensanguentada, arma na mão, monta na moto de um entregador que acabara de estacionar para uma entrega. Outro, também enorme, monta na garupa e saem, derrapando, quase caindo; se alguém estivesse à frente não teria tido tempo de pular. E tudo ali virou um perigoso rebuliço. Pertinho das sempre povoadas barraquinhas de pastel.

Uma manhã como qualquer outra, mas algo mais poderia ter dado errado. Soube depois que o ensanguentado tentara antes roubar alguém e, flagrado, tomara capacetadas na cabeça. Na fuga, e como disse, ele não agia sozinho, o comparsa na garupa, pegaram a moto e se foram, velozes. Não é o primeiro assalto ou roubo que presencio, mas sei bem quais poderiam ter sido as suas consequências e desta vez eu estava lá, dentro delas. Uma lágrima rolou, sem jeito. A vida seguiu. Graças.

Mas é como se todos estivéssemos sendo visados o tempo inteiro. Uma moto, duas motos, as cenas se repetem com as pessoas sendo perseguidas, e suas coisas recolhidas. Não tem mais hora, nem lugar, rico ou pobre, velho, mulher ou criança – parecem seguir ordens de um demônio qualquer, obrigados talvez a cumprir metas de coleta, como se estivessem em empresas, como os que aterrorizavam coletando impostos. Não são pobres trombadinhas, moleques, são gente grande, bem grande. Tão cedo não esquecerei o olhar de ódio do ensanguentado.

Nunca se ouviu tanto em todos os lados os verbos agredir, atacar, ferir, desferir, roubar, bater, surrar, matar. Por qualquer coisa, aliás, armas espalhadas como objetos de morte, se mata. O funcionário da empresa de energia. O maluco que fugia ele próprio da morte por sua organização criminosa que toma o ônibus e faz reféns no Rio e atira a esmo fazendo vítima alguém que apenas iria viajar. A briga no trânsito. O feminicídio. A bala perdida. A força policial descontrolada, e justamente por tudo isso somando pilhas de cadáveres em suas procuras.

Tem ainda outro tipo de arma não controlada. Os motoristas bêbados na direção de carros e caminhões desgovernados que podem até entrar no seu quarto, enquanto dorme. Todas as horas e lugares parecem errados para a gente. Até dentro de casa. Em um segundo, um átimo, a vida pode mudar ou acabar.

Que sociedade é essa que vivemos, que estamos criando? Violência urbana. E rural. Cidades grandes, e nas pequenas também. Não há caminho de fuga. Temos os “tradicionais” bandidos, ladrões e criminosos, e gente que de um segundo para outro vira assassino, como se aquilo estivesse guardado ali dentro de si, despertado por um estalo. A polícia declara que investiga, pede que se registrem as ocorrências, mas é comum chegar às delegacias, não ter atendimento ou você mesmo preencher o B.O.

E tudo fica, em geral, por isso mesmo. Me digam se pode haver investigações reais de todos os casos com os efetivos que temos, muitas vezes demonstrando total despreparo. Com o poder político contaminado, sem resolver o assunto, mais preocupado em criminalizar de vez do que pensar em legalizar algo que – cá entre nós – sentimos o cheiro verde queimando tranquilamente no ar. E não é esse o foco da violência, os rastafaris diriam.

Notícias populares. E impopulares. Aqui, agora.

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marli goMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

ARTIGO – Medos terrenos e desassossegos voadores. Por Marli Gonçalves

Está fácil não, viver. Simplesmente viver. Os medos se multiplicam, por mais que a gente deles fuja, e até tente controlá-los. Como é que se fica tranquilo, por exemplo, com essa história da dengue, dos malditos insetos que não vemos nem para lhes dar vassouradas? Ou melhor, vemos toda hora seus bebês malditos se multiplicando nas águas paradas mostradas em todos os lugares? Mas tem mais, muito mais, do que dengue.

Medos

Calor agoniante, chego à janela para uma refrescada, um ventinho, fumar um cigarrinho. Logo capto a aproximação de um mosquitinho voador volitante.  Pavor. Pra mim ele é preto e branco, com listinhas, e o afugento com uma baforada certeira. Ufa. Esse eu vi, nem sei quem era, se era o tal Aedes aegypti, o mais famoso do momento. Vou dizer: odeio insetos em geral. Podem me enumerar teses científicas da importância deles para qualquer coisa, até pra evitar uma Terceira Guerra, que não vai adiantar. Para mim esses sujeitos podem acabar com a humanidade, pior que putins, trumps, e até uma guerra nuclear – dizem que muitos deles sobreviveriam. Odeio. Moscas, mosquitos, formigas, aranhas, traças, cupins, baratas e suas variações.  Poucos escapam à minha sanha, como joaninhas e vagalumes. Mariposas, então, chegam a me causar angústia. A gente fica “psíquico”, como gente simples define.

Já parou para pensar o momento que estamos vivendo, além do real já pavoroso, esse mundo quase invisível para o qual pouco adianta se armar, praticar tiro ou fazer curso de apertar o spray da lata de inseticida? Ficar procurando e destruindo qualquer lugarzinho de água parada em seus domínios, sabendo que ali perto pode ter muito mais em terrenos baldios, piscinas largadas. Qualquer lugar. Podem estar lá, as tais larvas rebolantes crescendo para virar bichos, que podem te picar, deixar bem doente, matar? Qualquer lugar, qualquer um, tampinha, buraquinho. Não tem vacina garantida para todos. Não adianta por máscaras contra eles. Nem beber repelente, já que passar na pele, ficar empastado o dia inteiro, acredite, parece improvável a real eficiência, possibilidade, e já tem é muita gente enriquecendo vendendo essa indicação de defesa.  Se as pessoas não conseguem nem comprar filtro solar!

Surgiu agora uma nova nóia e de nome mais apavorante chegando perto, vinda lá do Amazonas, a tal febre Oropouche, mais uma arbovirose — doença, como a dengue e zika, transmitida por insetos, mosquitos, aranhas, carrapatos. Essa pode vir de infernais bichinhos ainda muito mais comuns, maruims ou mosquitos-pólvora e os pernilongos, esses todos que em todos os cantos zunem nos nossos ouvidos, picam nossas pernas, coçam. Se picarem alguém infectado, pumba, passam a ser transmissores.

O filme de terror da atualidade, agravada com as mudanças climáticas, El Niños, Niñas e outras previsões malignas só aumenta. Que tal a infestação de mortais escorpiões amarelos que vêm sendo encontrados até no interior de ônibus urbanos, além de você poder, dependendo de onde vive, calçar sapatos que são suas moradas? Todo mundo criando galinhas, os novos cães de guarda de quintais.

Já ficou psíquico também? Pois, então, se conseguir ultrapassar os insetos preciso enumerar mais uns bons motivos para cada dia estar mais complicada a nossa situação, além do que comemos, se ultraprocessados, envenenados, cancerígenos; além de  enchentes, raios faiscantes ou choques em fios nos postes de ruas que também podem se abrir em rombos quando por elas passamos; roubos e assaltos à luz do dia, golpes com amor e sem qualquer amor; balas perdidas.

As balas encontradas. Granadas. Fuzis, metralhadoras, muita pólvora. Não! Não estou falando do crime organizado não, nem de comandos coloridos. Tudo isso pode estar na casa do seu vizinho, como aconteceu em Campinas com a explosão do apartamento no prédio onde morava todo bonitinho um coronel, general, sei lá, militar verde e amarelo de merda com sua aposentaria de quase 30 mil reais. BOOM! E vocês me perguntam? Esse “cidadão” foi preso imediatamente? NÃO! Ficou ali conversando com os policiais que atenderam a ocorrência, com dezenas de feridos, e saiu andando. Talvez assobiando. Apareceu depois, de coitadinho que teria tentado suicídio (com um canivete que não é besta de se matar mesmo) e até agora não sabemos o que será feito dele. Quantos iguais a ele estarão por perto, os tais colecionadores, CACs, caçadores e cacas permitidas que espalham armamentos e sorriem?

Eu ia escrever sobre nós, mulheres, que o Dia da Mulher, 8 de Março, vem aí, cada vez mais vilipendiado e comercial. Claro que também aí escreveria sobre medos e sobressaltos de nós, que somos mais da metade da população do país. Todos os dias cruelmente assassinadas – essa semana um monstro não só matou a esposa como arrancou seu coração. Como se não bastasse a violência geral, os estupros, temos ainda de enfrentar a ignorante perda ou discussão de alguns poucos direitos nossos tão duramente conquistados nas últimas décadas.

E guerrear contra os malditos mosquitinhos.

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marli goMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

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ARTIGO – Halloween mundial e real. Por Marli Gonçalves

Vai ser – na verdade até já é e está estranho – muito estranho – viver o Halloween este ano, uma vez que as bruxas já estão soltas, os esqueletos se espalham, fantasmas e almas surgem das tumbas dos bombardeios e as crianças que vemos – sequestradas, reféns, feridas sob escombros, órfãs, pedem doces ou brincadeiras, ou qualquer coisa para comer e beber. Pedem para sobreviver.

E olhem que o Halloween é na sua origem uma celebração de culto aos mortos. Por aqui as coisas são de plástico, aos montes enchem as ruas do comércio popular. Abóboras, morcegos, esqueletos, fantasminhas e fantasmões, fantasias de monstros e bruxas competem há dias com os enfeites de Natal nas vitrines – outra data que também já vimos não será fácil com a sua terra e origem religiosa sitiada, abalada pelo medo.

Guerras são sempre fora de hora, nunca param, parece que jamais serão banidas de nosso vocabulário. Os humanos se alimentam delas, os senhores da guerra, fabricantes da morte, os líderes religiosos e dirigentes, os países ricos, as instituições mundiais que se enfraquecem, inábeis ou mesmo inúteis. Vivem da destruição, dos conflitos, das questões geopolíticas intrincadas. Na do momento já perdemos jovens brasileiros, famílias, e as crianças e mulheres claramente são suas principais vítimas. Milhões de pessoas em todo mundo estão apreensivas e só isso já afeta e faz muito mal, e por um longo tempo, à saúde mental de todos.

A guerra nos ocupa. Parece que tudo segue para um segundo plano após a sua eclosão. O meio ambiente, os esforços globais para transformar e salvar o que há de se salvar da natureza para evitar os grandes desastres climáticos, estes a forma que a natureza encontra para sinalizar os limites das destruições, desce o patamar. Tudo entra em suspensão. Não bastou a pandemia.

Incrível ser muito chamada de guerreira tendo verdadeiro horror às guerras. A minha guerra, como a de tantos de nós, guerrilhas diárias, é particular, quase solitária. Vivemos e agimos com elas. Mas guerras de países, de ideologias, de territórios, perturbam sobremaneira, como devem perturbar a todos os que ainda tem sentimentos, e captam estas, sim, uma forte energia coletiva, a da apreensão. Onde tudo vai dar? Onde cairão os respingos? Do que a humanidade ainda é capaz?

Que nossos Santos todos – de todas as fés, religiões, credos – nos protejam. Aos ateus, que apelem ao mais racional para todos juntos tentarmos brecar essa terrível escalada de violência. Óbvio que no momento o conflito no Oriente Médio é o que assistimos horrorizados, o inferno aberto pelos terroristas, com o fogo e o cheiro da morte alimentado na defesa raivosa. Mas aqui também estamos cobertos de guerras e fatos.

Senão o que mais é a luta de “comunidades” contra “comunidades” no Rio de Janeiro? Os confrontos entre traficantes e milicianos, e destes com policiais, todos armados até os dentes, prontos a perder suas balas no corpo de inocentes?

O que fazer nesse país de dimensões continentais extraordinárias quando, de um lado, rios secam, florestas queimam numa estiagem sem igual; de outro, cidades inteiras boiando debaixo da água, inundadas pelos rios que sobem fora de seus cursos.

São todos fatos históricos, índices históricos que se sobrepõem acelerados dia após dia. No meio de um tempo de pouca gentileza e muito individualismo. Embora sabendo o que o contrário significaria, e querendo ainda viver muito, ando bem cheia de presenciar a história e os seus fatos, sem doces ou brincadeiras. Muito menos fantasias.

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foto: @catherinekrulik

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).

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ARTIGO – O que saiu disso tudo. Por Marli Gonçalves

Saiu, não, na verdade, que ainda está saindo, e não é coisa boa. A gente agora vê uma parte bem legal, o povo nas ruas, feliz, voltando às festas, sorrisos à mostra sem máscaras, corpos juntos, aglomerados, coloridos e diversos, o fim de tantos bloqueios da danada da pandemia. Legal. Mas, e sempre tem o “mas”, lembram que achávamos que sairíamos dessa muito melhores?

O que saiu disso tudo

Não diria que sinto decepção, porque sempre fui bastante cética a respeito desse assunto, talvez por perceber quase desde sempre a natureza humana, suas idiossincrasias, observando bastante, me preparando, até para evitar sofrer tanto.

Tudo bem que nem adianta, porque a cada baque apenas aprendemos como tudo pode ir infinitamente bem mais fundo, vide agora o submarino e os tripulantes lá no fundo do mar fazendo companhia aos restos do Titanic. Alguns milhões de dólares gastos numa aventura por algumas horas para milionários. Mais uma. Só que essa, ao contrário dos passeios espaciais de minutos, aquela olhadinha do lado de fora da Terra, não deu certo. Não é como o padre sonhador voando com seus balões mágicos.

O que chama a atenção é a busca contínua e insana por feitos e coisas exclusivas, muito além de bolsas e roupas de grife; cada vez mais e mais, de forma a reafirmar o poderio econômico nesse mundo tão cheio de disparidades. Muito além dos esportes de aventura que desafiam o corpo humano, mas que servem à Ciência, testando os limites possíveis. Muito além, inclusive do que esses dólares poderiam fazer se aplicados aos estudos que pudessem evitar a eclosão de novas pandemias, novas interrupções de tantas vidas, sonhos, futuros – outra tenebrosa e possível pausa obrigatória. A luta contra vírus, bactérias, insetos, muito do invisível e do visível.

Não se preocupem que não vou – e nem saberia como fazer isso com precisão – calcular quantas casas populares, pratos de comida, etceteras poderiam ter utilizado essa grana toda dos passeios dos ricos em prol de ao menos mais pessoas, um teco da humanidade. Aponto apenas como mais um fato de como, mesmo depois da mortandade que assistimos e sentimos, o egoísmo prevalece. Isso sem contar alguns outros bons dinheiros gastos nas tentativas de salvar essas pessoas de suas próprias maluquices.

Assim também de alguma forma é a guerra mais visível do momento, ultrapassando quase um ano e meio. Os milionários aventureiros mortos, que eu saiba, não eram das indústrias de guerra, que estes se mantém ocultos, quietinhos, apenas contando ganhos com balas para lá e para cá, tanques, mísseis, seus brinquedinhos mortais que alimentam o ódio, o horror. Uma guerra que a poderosa Rússia começou em plena pandemia, e que acabou chamando o mundo todo para dançar com ela, de um lado ou outro. Os senhores da guerra e seus investidores agradecem passando a mão em suas generosas barrigas, juntos, fumando charutos em algum lugar bem protegido.

O desperdício – a palavra-chave – de dinheiro, de energia, de alimentos, de atenção com as necessidades reais, retratado em discursos emocionantes, superados por outros dias após dias, ainda é a marca do que está saindo disso tudo.

Não sei se exatamente por medo, por perceber a fragilidade e as surpresas da vida, por oportunismo ou insensibilidade, se pelo imediatismo, parece que todas as promessas de que seríamos melhores foram mesmo esquecidas em algum canto por aí. No espaço. Afundadas no oceano. Explodidas no ar ou atingidas por disparos.

A esperança? Ah, essa foi vista batendo a cabeça por aí.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon).

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(foto: Catherine Krulik)

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ARTIGO – Não chamem mais o seu nome. Por Marli Gonçalves

Passamos mais de quatro insuportáveis anos ouvindo todos os dias o tal nome falar alguma bobagem, fazer uma grosseria, atacar a inteligência, a Ciência, minorias, o que viu pela frente. Ouvindo o nome ser dito, denunciado, e nada ser feito. Chega. Não façam mais propaganda dessa marca. Estamos fazendo o jogo dele, que é manter o nome no ar, que se torna irrespirável a cada lembrança do tempo que destruiu, dividiu, atrasou, perturbou e arrasou a nação.

Ele vai tentar aprontar muito ainda. Não tem limites. Nunca teve, lembrem. O jogo é claro, e tudo o que está acontecendo parece exatamente na medida do que o tal nome pretende: continuar no Brasil sem estar no Brasil de corpo presente. Sendo citado, mesmo que atrelado ao pior, que é mesmo o que pensa e como age e manipula. Ele não tem escrúpulos, e isso é visível até mesmo entre os seus eleitores, ou apoiadores, digo, citando apenas aqueles que ainda merecem de nós algum respeito. Pessoas que existem e precisam ser respeitadas pela opinião; não são aqueles vândalos golpistas uniformizados de verde e amarelo que tentaram destruir a democracia a porrada, porretes, babas, nem foram acampar em quartéis. Apenas votaram e perderam a eleição, apostando no tal nome, em quem de alguma forma acreditavam, ou apenas não queriam o principal adversário. Devemos contar com eles para preservar a democracia. Nem sempre ela estará atrelada apenas a dois lados, como tão tristemente vem acontecendo há algum tempo. Haveremos de conquistar novamente a diversidade também nesse ponto.

Em comunicação isso é muito claro, repetição é marcante – alguém por favor alerte o atual presidente dia e noite sobre isso. O tal nome não quer sair do ar, e está provocando e conseguindo isso de uma forma inequívoca nesses primeiros dias de autoexílio, mais conhecido como fuga, nos Estados Unidos, onde até já montou um cercadinho no berço de uma terra onde a extrema direita tem a sua cara, seu jeitão. De lá, o tal nome comanda as suas turbas, se fazendo de inocente, comendo com as mãos alguma coisa gordurosa nas lanchonetes das esquinas. Cria as notícias. É claro que o tal nome está por detrás dos malfeitos e precisará ser punido, mas talvez a cilada seja citá-lo também em cada coisa que se tenta arrumar, melhorar, reorganizar. Frases nas quais nem precisa citar o tal nome – todo mundo já sabe de cor e salteado quem foi o anterior, o malfeitor.

Uma pesquisa rápida aqui – 45 segundos – feita no Google, apenas juntando o nome dele e o de Lula, trouxe 720 milhões de citações. Muita coisa para quem precisa não só ser esquecido, mas quando lembrado que o seja nas páginas mais tristes da história política nacional. E que está conseguindo um fantástico marketing ao ser citado em todos os discursos. O que acirra ânimos da sua turba, mobilizada principalmente nas redes sociais e no anonimato de perfis barulhentos que manipulam os algoritmos. Mesmo que lembrado negativamente, isso vira exatamente música para os ouvidos deles tocando a mesma cantilena que os mantém nesses tempos tenebrosos de veneração e defesa.

Ele sabe disso. A ponto de – planejadamente –  não deixar nem que o respiro que o país deu aliviado assistindo à posse, troca de comandos, alegria no ar, não passasse de uma semana, tudo substituído por um sem fim de problemas e espaços ocupados, ao fim e ao cabo pelo seu nome, ao invés de por avanços ou notícias diferentes. No noticiário, os espaços não se alargam – e o nome dele continua lá, todos os santos dias, e em todas as seções – ele se espalha ocupando todas as áreas.

Não digam, não chamem mais o seu nome, não o repitam a cada passo. Ou melhor, chamem-no somente pelo nome que lhe convém chamar – forma, adjetivo,  xingamento ou piada – e jeito especial certamente achado por cada um de nós que acompanhou o seu desgoverno, ficou doente, perdeu alguém amado por conta de seus atrasos e ignorância, e ainda viu muita gente ser perigosamente armada, esperou todos esses anos para vê-lo indo embora e para isso até votou no outro lado mesmo que de forma crítica.

A variedade é enorme. Todos saberão exatamente de quem estaremos falando.

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marli gonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon).

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Os novos e esquisitos terroristas. Por Marli Gonçalves

Os novos terroristas brasileiros deste século, ainda bem que se filmam e fotografam, porque se a gente contasse sem estas imagens seria difícil acreditar, até parece piada. Seria cômico se não fosse trágico. Mas a vontade de rir deles acaba com a visão da destruição que promoveram em Brasília no fatídico 8 de janeiro deste novo ano. Idosos, gordinhos, feios, classe média, aposentados, maioria branca, deselegantes, uniformizados com bandeiras nacionais que improvisam como decoração e adereços, lenços, cangas, capinhas de super-heróis prestes a levantar voo
DONA FÁTIMA - TERRORISTA
NOVOS TERRORISTAS DO SÉCULO – Essa é Dona Fátima
Vovó que quebrou tudo em Brasília tem antecedentes - Extra Classe
NOVOS TERRORISTAS DO SÉCULO – Essa é Dona Fátima, em ação, orgulhosa dos estragos que fez

O olhar alucinado, a impressão até que uma baba escorre de suas bocas, uma ignorância sem limites, o traço comum entre as centenas de “terroristas”, como foram imediatamente taxados, e que invadiram e depredaram tudo o que encontraram pela frente na Praça dos Três Poderes. Alegres, sem qualquer compromisso a não ser o grave ataque em massa às instituições do poder e democráticas, buscavam – em um passeio turístico até a Capital Federal – um Golpe de Estado, como fica cada vez mais claro com o andar das investigações. Com organização, financiamento e comando de cabeças que esperamos nos sejam entregues imediatamente, foram gestados em “células” – outra piada, porque as tais células eram em grande maioria ao ar livre em acampamentos diante de quartéis, com comida, sombra e água fresca. Será que tinham roupa lavada também? Inclusive, com ajuda de custo.

Com tudo isso tão ao descoberto, durante meses antes e após a eleição presidencial, outra boa pergunta é como se deixou que essa situação se mantivesse. Anote aí, são vários detalhes que precisamos saber as respostas.

Ao contrário dos terroristas da luta armada atuando na clandestinidade contra a ditadura militar, em geral jovens idealistas, intelectuais, alguns estudiosos e já respeitados em suas áreas de atuação, os atuais, de acordo com a relação oficial dos presos, são na maioria pessoas que ouviram o passarinho cantar alguma coisa no ar, desinformados por suas próprias redes de mentiras, reunindo donas de casa, senhoras e senhores moralistas capazes de levar criancinhas vestidinhas de verde e amarelo como escudo, como se fossem a um passeio dominical. Crianças, aliás, com as quais deveremos ter cuidado com o passar dos anos. Quando crescerem podem ser inimigas ou, no mínimo, precisarem de apoio psicológico após se verem em fotos acompanhando os avós nesse dia de terror.

Ao invés de rifles, muitas bengalas; máscaras? – as comuns contra a Covid, que muitos ainda acreditam ser mito, antivacinas que demonstram ser. Claro, há exceções. Muitos foram ao “passeio” municiados com máscaras antibombas, estacas, estilingues, facas e outras, digamos, ferramentas. Coisas turísticas, não? –  De quem viaja horas em ônibus vindo de várias cidades, inclusive sem pagar a passagem, ainda ganhando algum, no meio de outros tantos iguais entoando o Hino Nacional.

GOLPISTAS TERROISTAS QUE ATCARAM BRASILIA
Fotos de alguns “terroristas” identificados – Estadão

A vergonhosa e inesquecível cena do grupo sendo escoltado por policiais não sai da cabeça. Assim como a surpreendente cena do dia seguinte, com a desmobilização dos acampamentos e a alegre e organizada entrada de todos nas dezenas de ônibus rumo à prisão, mas que achavam que estavam indo, inocentes, lalalalá, de volta para suas casas, e protegidos pelo Exército que tanto conclamaram. Não é por menos que os bolsonaristas radicais foram apelidados de minions.

Estou convencida, no entanto, que muitas dessas pessoas não são totalmente do mal. Acharam um grupo social para chamar de seu, uma ocupação para suas vidas, talvez solitárias, igual àqueles passeios organizados que levam pra lá e para cá em vans. Fizeram amigos, turminhas, e como crianças juntas seguindo o mais diabinho acharam divertido quebrar tudo, fazer arruaças que nunca devem ter feito. Se esbaldaram. Comportamento de manada é o nome. Desgarrados. A tal boiada do ministro em ação na realidade. Boi não conhece arte, limites, monumentos. Levanta poeira. Se atiram em precipícios. Foi o caso, e agora haverão de ser repreendidos severamente. Que não fiquem só sem a sobremesa.TERRORISTAS - NOVOS TIPOS ATACAM BRASILIA

Este dia que já passou tristemente para a História nacional ainda vai muito longe em sua repercussão e investigações, como acompanhamos boquiabertos que havia claramente em curso – surgem documentos – uma tentativa de Golpe de Estado envolvendo alguns importantes agentes públicos e ex-dirigentes nacionais. A massa dessa manobra eram os minions. Esses novos terroristas munidos de celulares, com os quais pedem ajuda a Ets, usam e abusam de aplicativos de mensagens em grupo, e que acabaram criando provas contundentes contra si mesmos, em detalhes, adiantando o serviço dos policiais. Muitos, ao serem identificados, puxaram suas próprias “capivaras” – muitos condenados, procurados, corruptos. Uma ficou famosa, Dona Fátima, de Santa Catarina, já condenada por tráfico de drogas com envolvimento de menores. Liberada em caráter humanitário por ser idosa, foi ativa no quebra-quebra e nas ameaças gravadas contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, do prédio que adorou ajudar a destruir e onde falou aos quatro cantos ter defecado.

Só mais uma observação: contei quase uma centena de fervorosas notas de repúdio aos atos golpistas, vindos de tudo quanto é tipo de entidades, instituições, sindicatos, grupos, etceteras, algumas até surpreendentes. De tão vazias. Me fizeram lembrar uma obra de arte que vi em uma galeria, um enorme mural construído com muitas notas destas, produzidas e sem respostas, ao longo dos quatro longos anos de ações e falas do governo – esse mesmo, o anterior, que construiu e propiciou que chegássemos ao que vimos.

E isso tudo, convenhamos, não tem a menor graça.

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MARLI -MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon).

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

ARTIGO – Os próximos longos três meses. Por Marli Gonçalves

Pensa que acabou? Seja o que for, o que resultar, teremos ainda longos três meses pela frente para acabar de roer as unhas até o toco, acalmar o coração, parar de ouvir tantas aleivosias, mentiras e preconceitos, poder sentir o que é que exatamente vem por aí

os próximos meses

89 dias. 2136 horas. 128.160 segundos. Uma eternidade. Viveremos ainda mais algumas guerrinhas de nervos daquelas pro bem e pro mal. Até as posses, chuááá, muita água ainda vai rolar e é difícil prever se ela, a principal, do presidente da República, será serena, limpa, transparente, se escoará naturalmente pelo rio da democracia, ou se alguma pororoca poderá vir nos assustar, com monstros soltos e atiçados.

Faz tempo, muito tempo, que não respiramos aliviados. E aí que está. Vamos ter de aguardar mais. Há tanta coisa para se arrumar no país escangalhado, dividido, raivoso, que só após muito tempo com alguma acomodação das forças – que costumam mesmo ser díspares – proclamadas vitoriosas em todo o país, poderemos ter uma leve noção do que exatamente emergiu das urnas.

Considerando que o debate para a eleição presidencial tomou para si boa parte da atenção geral, o resultado da ocupação dos legislativos poderá ser temerário. Com a eleição do mesmo dos mesmos bem ruinzinhos, chegada dos até então ainda mais desconhecidos e que vieram no pó da estrada grudados você bem sabem onde dos majoritários. Podem chegar de paraquedas, surpresos eles próprios, pelos quocientes eleitorais dos partidos e seus números jogados como loteria, patinhos na lagoa, cabalísticos, mágicos, ou chutados qualquer coisa. No Congresso Nacional e nas casas legislativas dos Estados fica a panela onde se cozinham os acordos, as leis, as verbas, as ideias, os ingredientes, as ameaças e liberações. O freio ou o acelerador das mudanças. Oxalá esse resultado seja ao menos melhor do que o que está aí, embora a gente saiba que, infelizmente, sempre pode mesmo piorar, e que o descuido e desconhecimento dos eleitores sobre essas pessoas faz parte de nossa estranha formação política.

Haverá uma reacomodação de terreno – isso será certo. Pedidos de desculpas entre quem se atacou dentro de um mesmo arco ideológico, para agora buscar um cantinho, uma lasquinha do vitorioso, alguma nomeação. Muitas viradas de costas, bananas e traições para os derrotados – algumas que vimos até logo durante o processo eleitoral. Os barcos vão sendo abandonados nas margens, à cada pesquisa divulgada. Uns vão fingir que não viram, não disseram, não pensaram, não conspiraram; os outros vão fingir que acreditam. No caso, não é varinha de condão, mas a caneta, e que esperamos que seja mais sofisticada em suas assinaturas pelo menos um pouco mais do que a tal Bic que suportamos nos últimos quatro anos.

De acordo com o resultado que sair das urnas, saberemos se haverá, se demorará, o resgate da bandeira nacional e suas cores, a coitada, sequestrada. Se a vitória for de um lado mais avermelhado, saber se os outros tons, mais róseos, digamos assim, serão por eles respeitados, já que certamente tomaram forte posição e importância nos últimos dias em prol de um resultado que afastasse o perigo de ruptura e de uma grave e dolorosa crise institucional.

Teremos de ter muita paciência e perseverança nas próximas semanas. Quando saberemos o quanto nos livraremos do circo cercadinho, das ridículas lives de toda uma turma desprezível, dos robôs da familícia, do desprezo pela Ciência, da misoginia, do racismo e desrespeito à liberdade religiosa e de gênero; que sejam desmascarados os pastores pecadores, os agro e tóxicos, os ministros que ninguém sabe o nome e  suas boiadas e fogo passando destruindo nossas matas. Dos metidos a besta em paragens onde não tinham posto os pés. Das ameaças de armas, CACs (caçadores de quê?) e de valentões de cara feia. Se recuperaremos alguma boa imagem junto à já atordoada comunidade internacional, de quem precisaremos ter apoio para nos levantarmos.

Especialmente, apenas nos próximos tempos poderemos sentir se a oposição, centro e esquerda, enfim amadureceram. Se saberão rever seus graves erros com pelo menos alguma humildade, aceitando que enfim e ao cabo foram esses erros que nos levaram ao atual desgoverno de direção.

Se todos poderão se sentar à mesa para o mais rápido possível compartilhar seus pratos e intenções para servir aos mais necessitados. Com respeito, educação e saúde.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – A gente não quer só…Por Marli Gonçalves

A gente não quer só eleições, a gente quer muito mais: eleições livres, e que nos livrem, seguras e, pelo que parece, divertidas, embora a realidade seja de chorar. A gente quer respeito. Embora também pareça que queremos conflitos, ao menos nas redes sociais onde os grupos se enfrentam diariamente armados de memes, hashtags e arrobas num velocidade espantosa.

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O problema geral é que não estamos vivendo uma piada, mas uma situação e um momento entre os mais sérios dos últimos anos. Quem está no poder está usando isso, aproveitando as grotescas gracinhas nesse ambiente para passar outras boiadas, muitas boiadas. Como a dos empresários do horror planejando golpe de Estado, as motociatas e passeios em pleno momento expediente e o Brasil à deriva.

Tudo é marketing político, para um, pra outro, para outros, ou mesmo para quem se dá bem sendo compartilhado com a assustadora rapidez em que as coisas acontecem nesse mundo virtual povoado de gente e robôs, de informações e mentiras, mas também de uma criatividade sem limites.

Todo dia tem novidades, e essa semana foi especialmente pródiga, culminando com o impagável chamado de “tchutchuca do Centrão”, ouvido na rebordosa que um jovem e  confuso youtuber promoveu no cercadinho do Planalto, e que irritou o presidente a ponto dele próprio voar para cima do menino tentando tirar seu celular que tudo gravava. Uma cena antológica.

Só que ele já estava com uma baita indigestão, e o tchutchuca foi gota de água cuspida no presidente capaz de falar mais besteiras por minuto de que temos notícia e de destratar jornalistas e seus próprios assessores quando se vê emparedado.

Começou com a festejada posse de Alexandre de Moraes na presidência do TSE, Tribunal Superior Eleitoral, que reuniu desafetos de toda ordem. O próprio ministro, com Bolsonaro sentadinho ao lado mais do que com cara de poucos amigos, com cara de tacho, cara de “o que eu tô fazendo aqui?”, entre outras que você pensou aí se viu as imagens. Diante dele, sentadinhos na primeira fila, um festejado Lula, e Dilma, Sarney, Temer. E também, na pontinha, mostrados de vez em quando, os inquietos e abismados ministros do STF indicados recentemente, André Mendonça e Kassio Marques. Um dos maiores registros de saia justa literal de que tivemos notícia.

O caloroso discurso de Alexandre de Moraes a favor do processo eleitoral e da democracia arrancando aplausos entusiastas da plateia, que chegou a aplaudir de pé em alguns momentos. O presidente pálido, crispado, parecia estar brincando de estátua! – assim como o filhote chefe da campanha. Sobrou até para o tchutchuca anterior, Paulo Guedes (assim foi chamado numa recente audiência pública), que teve de sair mais miudinho do que já é explicando porque deu as mãos, cumprimentou Lula. (Fora isso, claro, teve a cena de Dilma Rousseff de cara virada pro Michel Temer).

Isso é que foi festa.

Mas do lado de fora desses encontros, nas redes sociais, na internet, é que se dão tanto as nossas alegrias com piadas, charges, memes impagáveis, quanto os confrontos com as tentativas de respostas nesse triste ambiente ainda tão dividido. Pelo menos ali não rola sangue. Só grosserias nada chiques capazes de corar os influencers de etiqueta social que achavam que o saco roxo do Collor poderia ter sido o ápice.

A agilidade – no Twitter em poucos minutos centenas de milhares de citações, com compartilhamento dos vídeos, charges, memes, trocadilhos, e até versões musicais do tchutchuca do Centrão, o apelido que veio pra ficar – foi realmente impressionante, espantosa.

Mas na realidade silenciamos, porque pode até parecer brincadeira – mas não é – quando esse presidente anuncia exultante em suas lives a diminuição de impostos sobre jetskis, ou sobre – no país que tem muita fome – de whey protein, albumina, de suplementos nutritivos esportivos. E seu próprio perfil oficial publica a foto de um fisiculturista com uma cara parecida com a sua e o seu número de campanha grudado na sunga.

O que a gente faz? Ri ou chora copiosamente de vergonha?

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Se até o santo desconfia. Por Marli Gonçalves

Quando a esmola é demais, o santo desconfia. Nós, também. Os pobres, mais ainda. Se liga, que nem é esmola, ninguém é santo, e o dinheiro que está entrando e vertendo nesse jogo enganador, populista, sórdido, é seu, meu, nosso. Estão batendo nossa carteira na cara dura, buscando votos, roubar a eleição, deixando o país ainda mais na tanga do que já está.

esmola demais, santo desconfia

Somos nós que abastecemos esse cofre cada vez mais arrombado esta semana e que já vinha sendo dinamitado sem dó. Se as notas, tal qual os bancos fazem para proteger os caixas eletrônicos de assaltos, fossem manchadas de tinta rosa, aí que a gente ia ver o que é pink money, e não seria a criativa economia LGBTQIA+. Mostraria a devassa do verdadeiro cangaço reinante na política, escangalhando nossa economia, ao qual sucessivamente estamos sendo submetidos, A PEC Kamikaze foi só mais um passo na direção do abismo, e de muitos outros que nos derrubam ao despenhadeiro.

Quase cinco bilhões de reais já tinham sido destinados aos partidos políticos – essa miríade de letrinhas sem ideais que se confundem e se fundem – para essas próximas sofridas eleições deste ano. No Congresso Nacional, nessa que é uma das piores legislaturas de que se tem notícia nas ultimas décadas, pelo menos as que vivi, e olha que já vi coisa bem ruim, falar em situação e oposição parece até piada. De lá só chega alguma péssima notícia, manipulação, retrocesso em questões sociais, corte de verbas para áreas essenciais, reuniões clandestinas, orçamento secreto com distribuição de emendas, sabe-se lá de quê, para onde vão, e mesmo se chegam a algum lugar. E por qual preço, qual apoio, qual fala mais reacionária que outra; qual explicação mais esdrúxula para isso tudo passar, lindo, liso, votação após votação. Com números chocantes.

Falam em ajudar os pobres, os mais vulneráveis, inventam um tal estado de emergência, estupram a Constituição, e são todos filmados fazendo isso. Não disfarçam nem ao datar o que fazem em ano eleitoral – auxílios, sem cálculos reais, e com data precisa de vencimento, fim desse ano mesmo, dirigidos em busca de votos de quem, por graça e alguma sorte, em filas na chuva e no sol, chegar a receber a tal esmola, ops, apoio, cala boca, fumaça nos olhos, decantada, especialmente por esses que nos delegam que os próximos meses até outubro serão tenebrosos, violentos, e que até lá vão inventar de um tudo para melar qualquer decisão, entre as muitas que estarão em jogo.

Não vai funcionar, porque as pessoas não são bestas. Sabem que falta tudo, comida na mesa de milhões de brasileiros, remédios básicos, cuidados mínimos com o que é nosso em todos os terrenos, todos os campos. A inflação corroendo qualquer mínimo esforço por melhoria de vida, juros destrutivos, ricos ficando cada vez mais ricos e fanfarrões, enquanto ouvimos as mesmas cantilenas. Pior, agora também já são ouvidos berros horrorizados. De quem precisa, de quem dá e de quem tira.

Assistimos – e inacreditavelmente, ainda impassivos – ao desmonte geral do pouco que conseguíamos construir nos poucos anos vividos de democracia capenga depois da ditadura militar que nos enlutou por mais de duas décadas, e que de novo tentam fazer ressurgir das cinzas em focos que não conseguimos extinguir, que se esconderam em baixo de peles de cordeiro. Até porque nosso extintor não funcionou nem para promover um mínimo de educação política, formação de novos quadros. Olhe bem: na geral são aqueles mesmos, de sempre, no comando, e do que se costuma chamar situação e oposição; os outros aparecem apenas como fantoches, sobrenomes de continuidade, ou nomes aos quais se adaptaram como pastor tal, cabo xis, coroné não sei quem – que nos lembram a miúda política eleitoral geral, o Pedro do Açougue, o Claudinho da Geladeira, o Manoel do Posto. Em sua maioria, ainda, homens, com poucas mulheres, muitas apenas a reboque.

As costas largas da pandemia já se mostram pequenas para arcar com todo o peso que aproveitadores desse momento desgraça nela descarregam, até como se realmente estivessem preocupados com isso, com as ondas que continuam crescentes, mortais. Mas não conseguem nem conter nem explicar a loucura instalada, agora ainda com tremenda violência política e com ideias delirantes brotando da cabeça inclusive de militares assanhados e doidinhos para fazer que sejam sacadas as armas que espalharam.

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Marli - perfil cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Juras de Junho. Por Marli Gonçalves

Junho sempre é mês especial, até porque nele inclusive fecho mais uma dessas voltas ao redor do Sol na vida louca. É mês que marca muitas festas populares, muitos santos reverenciados, promessas, arrasta-pés que levam a um estado de embriaguez e cheio de corações cata-enamorados espalhados nas vitrines. Mas…

Como anda difícil simplesmente ser feliz, viver a vida, quando se é sensível. Quase metade do ano já se foi e, teimosos, nos mantemos esperançosos neste imenso país tropical, nessa gigantesca aldeia global, onde creio que, espaço tem, deve haver algum cantinho desconhecido onde ainda seja possível manter-se alheio à realidade assoladora e aos fatos inquietantes próximos ou distantes.

Aiaiai, quanto mais a gente reza, mais o nosso coração sofre com as notícias que chegam de todos os lados, uma sobrepujando a outra, como se todas elas fossem naturais e devêssemos apenas seguir em frente.

A imagem daquele homem assassinado sufocado por gás dentro de um carro de polícia no Sergipe seguirá aterrorizando nossos sonhos e ficará esperando a Justiça onde quer que se vá. Assim como daquele que teve seu pescoço apertado por coturnos longos minutos se debatendo. Tudo registrado, provado, visto. Real. Se repete.

A malvadeza, se pode dizer, atinge a todos: especialmente os negros, as mulheres, as crianças, os povos originários que vivem naquele cantinho onde havia paz e uma comunidade. Ou nas comunidades emanadas da miséria que recebem a visita do que seria a lei, e o saldo são corpos cravejados contados em números flutuantes.

E ainda tem guerra, melhor, guerras, muitas, as reais e as que travamos diariamente contra nossos próprios medos. As crianças mortas por balas que zunem e elas não tinham a menor culpa de haver uma indústria que movimenta toda a política internacional, dos Senhores das Armas, e que também aqui, infelizmente, encontra guarida e incentivo.

A loucura piorada que atinge a todos de uma forma ou outra, seja os jovens desesperançados que compram as armas e matam, sempre pensando numa vingança que os dominou durante a vida social com a qual não souberam lidar, seja a que libera a maldade em atos inexplicáveis, como essa recente maldição das madrastas – uma que joga o enteado pela janela durante uma briga; a outra que trama envenenar os seus, mata uma, dois meses depois tenta acabar com o outro, e da mesma forma, ainda por cima fazendo sofrer, por envenenamento. Eram pessoas acima de suspeita, sabemos depois.

Pessoas acima de suspeita estão sempre muito perto de nós. E as que suspeitávamos e tentamos tanto avisar, sem sermos ouvidos, do perigo que representavam, estão aí, aqui, ali, inclusive mandando, governando vários povos, como o nosso, e cercando-se sempre de outros seres piores ainda.

Ah, mas a história diz que sempre foi assim. Não. Não tem de ser. Tanta modernidade, tecnologia, vem servindo para o quê? A comunicação que acreditávamos ampliada nos divide, e sem que possamos nem reagir já que são como fantasmas, muitas vezes criados apenas para o terror, para a mentira, para espalhar o ódio.

É junho. Sabia de uma coisa? Eu não sabia. Junho sempre tem chuva de meteoros. Nenhum mês começa no mesmo dia da semana que junho em qualquer ano. E todos os anos termina no mesmo dia da semana que termina março. Começa no mesmo dia que fevereiro do ano que vem. Nele, a floração das rosas atinge seu máximo e junho já foi chamado de Rosa Lua. Não faz diferença, não muda nossa vida, mas é leve.

Aqui, comemoramos três populares santos: Santo Antônio, São Pedro, São João. Vamos ver bandeirinhas coloridas espalhadas, vai ter quentão, danças de roda e a quadrilha, mas a boa, aquela que nos junta batendo palmas, cantando, dançando, tentando nos embriagar para esquecer que, como já disse, repito: aiaiai, quanto mais a gente reza, mais o nosso coração sofre com as notícias que chegam de todos os lados, uma sobrepujando a outra, como se todas elas fossem naturais e devêssemos apenas seguir em frente .

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Marli - perfil cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Os nossos loucos (primeiros) dias de setembro. Por Marli Gonçalves

O que será, que será? Posso quase apostar que muito barulho por nada, que vão dar com os burros n`água. Sempre aprendi que cão que muito ladra fica rouco e não morde. Poderemos esperar, contudo, que uma primavera floresça – sementes também têm surgido em meio a esse setembro que já chegou, veio se esgueirando entre tantas ameaças. O golpe deles já foi esse: exatamente como queriam, passamos os últimos dias falando dessa gente, de suas ameaças e boquirrotices.

loucos dias de setembro

Nem contamos até 10 – nem precisa, porque já andavam armando confusão desde bem antes deste mês. Coisa chata, como se não tivéssemos tanto a resolver no nosso dia a dia. Como se o país estivesse a mil maravilhas e não com uma inflação galopante e ameaças reais, as de falta de água, de energia, de saúde, vacinas, e tudo o mais.

Mas setembro chegou e com ele umas luzes poderosas que ainda podem realmente mudar algo, se forem coesas. Vindas da total perda de paciência com o desgoverno e inquietude agora bastante expressa objetivamente pelos empresários líderes dos principais setores da economia, surpreendentemente até do agronegócio, que souberam até afugentar e se sobrepor aos medrosos que pularam fora com medo de puxão de orelha e bicho-papão. Os que ficaram firmes em seus manifestos sabem que tudo vai melhor com democracia e paz. Claro, sempre melhor para eles, diga-se de passagem. Mas têm poder.

Quando até os bancos e banqueiros se mexem, o sinal está claro. E de qualquer forma ele ainda está fechado para nós, os que assistimos ainda inertes ao andamento desse espetáculo deplorável, o momento da política nacional que tanto nos fraciona, estilhaça; não é mais nem que nos divide, porque agora tem de um tudo.

Tem os adoradores, os que antagonizam, com seus erros de cada lado. Adoradores! Seja de um, seja de outro, se me entendem. Aí não tem conversa, nem explicação, apenas uma espécie de amor platônico. Precisam de um paizinho que os guie, acima de tudo, seja o que fazem ou fizeram, mesmo que tenha sido em situações justamente que nos levaram ao desastre atual.

Entre os adoradores estão os que ainda não conseguem perceber ou já estão se dando muito bem com o fundo do poço; tem os que pensam igual, e sonham dia e noite, rezando ou não, para que retrocedamos em tudo ao século passado no que ali havia de pior, de atrasado. Do outro lado, os que ainda não admitem qualquer outra nova possibilidade, mesmo que próxima do razoável para unir – só enxergam um homem, sua barba e, ultimamente, também as suas coxas firmes. Tudo bem, vai, que ninguém mais pode fazer tanto mal quanto o atual perturbador geral da Nação está fazendo.

Perigosos, nessa miríade há os que acham que estão, como meu pai diria, por cima da carne seca, sendo que no fundo estão é como nós, à mercê de tudo de ruim. São os que – só pode ser – cegos e surdos, mantêm-se ocupados em se desfazer de informações sérias, da imprensa, que xingam cada vez que esta os chama à realidade. Gostam das mentiras que os alimentam, e imaginam uma Pátria toda verde e amarela, não gentil, armada, onde pensam que um dia poderão se dar bem. São agressivos e a maioria dos que devem ir sem máscaras às ruas dia 7 para apoiar a familícia, já que a vida comezinha deles também não lhes dá outras diversões além da beligerância com que tratam temas sociais ou de comportamento.

Agora surgem – o que até positivo é – os mais ou menos, que há dois meses preparam outra grande manifestação, mas para o dia 12: arrumadinhos, esses, entre eles muitos arrependidos com o apoio que deram a Bolsonaro em 2018, tentam consertar o que acabaram criando. Têm e mantém críticas aqui e ali a algumas decisões do Poder Judiciário, STF incluso, ao Congresso, se apresentam como centro e centrados, numa pauta confusa, e buscam uma pista, uma terceira ou quarta via, mas que tenha afinidade com a mão inglesa, direção à direita. Também prometem fazer barulho e são organizados.

Enfim, há opções para quase, ressalte-se, quase, todos os gostos. No dia 7 até com locais diferenciados para não se estranharem ainda mais.

Passando tudo isso pode ser que surjam novas brechas onde, então, poderemos – nós, o que ainda não acharam espaços confiáveis – nos encaixar.

Aí, então, será a primavera.

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Marli GonçalvesMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Alvoroço no Alvorada. Por Marli Gonçalves

Virou praxe. No nascer do dia, logo após o toque de cornetas, clarins e tambores nos quartéis ao amanhecer, na alvorada, surge um homem completamente alterado à porta de seu Palácio, o Alvorada. Ele vai abrir a boca, dizer sandices, um ou dois ou mais palavrões, gesticular, ameaçar a democracia e as instituições, pior, por isso ser aplaudido por um pequeno grupo fazendo alarido no seu quintal

Agora esse homem deu até de usar gravata ostentando o símbolo de suas loucuras. Pequenos fuzis em verde e amarelo, como tão bem registrou o genial repórter fotográfico de Brasília e da história, Orlando Brito. Outro dia mesmo, Brito, mais de setenta anos, foi ao chão, teve os óculos quebrados por essa turba que surrupia as cores e símbolos nacionais para enaltecer o obscuro, para tentar que o Brasil novamente anoiteça sem liberdade. Outro repórter, Dida Sampaio, derrubado e chutado.

Não era sem tempo que alguns dos principais meios de comunicação do país deixassem de presenciar essa cena macabra ocorrendo sob o brilhante céu da Capital da República, onde diariamente – além de registrarem esses descalabros – ao tentarem fazer perguntas, recebem de volta ironias, provocações e ameaças que vêm aumentando em escalada, sem que providências sejam tomadas para garantir minimamente sua presença no local. Essa semana muitos deram um basta.

Mas o homem não para. A cada dia mais violento, ameaçador, faz desse show matinal material para os vídeos que planta na internet para serem dispersados por uma equipe que coordena milhares de robôs e gente que se diz “patriota”, entre outros que, coitados, acreditam que os robôs sejam gente de verdade. Nessa semana vimos bem a cara de alguns desses seres digitais capturados na realidade da rede de uma parcela da Polícia Federal que se esmera pela independência.  O homem chiou, os olhos chisparam, mais disparates foram ditos, feitos, anunciados e ordenados em ameaças, inclusive de grave descumprimento da ordem constitucional.

A cada alvorecer mais preocupante, os dias nacionais quando já acordamos em sobressaltos, como se já não bastassem os milhares de mortos, os números que diariamente sabemos no crepúsculo dos dias em meio à pandemia, ao desencontro de ações, dos conflitos entre regiões, do vazio verde-oliva ocupado na Saúde por patentes e coturnos.

A vestimenta da Alvorada traz detalhes que acabam passando, como se lei não tivéssemos mais: talvez vocês não tenham reparado ainda que o homem da gravata com fuzis agora aparece cercado por seus seguranças ostentando máscaras de proteção com a sua figura carimbada, em um personalismo que conhecemos no século passado durante a ascensão do mal do fascismo e nazismo.  O “e daí?” usado alegremente na máscara da deputada que já estaria cassada em momentos normais. E naquela reunião do dia 22 de abril que agora, perplexos, assistimos, vários ministros e autoridades regurgitaram suas ignorâncias em alto e bom som, sem que tenham sido presos. Aliás, o que é compreensível, se ali tivesse havido voz de prisão entre uns e outros não sobraria quem apagasse a luz daquele salão.

O alvoroço não é pouco, e se distribui muito além da alvorada e do Alvorada, das manhãs, tardes e noites, causando inquietação no nosso sono das madrugadas, do Planalto às planícies; entre os Poderes, agora em isolamento social, engaiolados em lives e encontros digitais, reuniões extemporâneas, declarações e notas de repúdio em redes e folhas de papel que não duram minutos respirando até que outras tenham de substituí-las.

Fosse só o homem, mas ele tem os filhos enumerados, porque agora é moda, além do banheiro, o ir lá fazer 01, 02, que já era bem ridículo como expressão. Temos por aqui mais zeros, sempre à esquerda, nunca nos lugares onde no mínimo deveriam estar trabalhando, mas tentando desgovernar juntos, como clones do sobrenome que precisamos urgentemente, e antes que seja tarde, parar.

Nosso alvoroço – dos que prezam pelas liberdades individuais e pelo respeito – tem de começar a ser sentido lá no Alvorada.

Nossa alvorada haverá de ser muito melhor. Do jeito que está, sujeita a trovoadas, poderá nos levar a uma noite terrível. Mais terrível dos que os pesadelos que atormentam nosso sono buscando sobreviver, além da pandemia, além deles, e de todo o atraso e violência que claramente representam.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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FONTE: OS DIVERGENTES – FOTO DE ORLANDO BRITO

ARTIGO – Matemática da cilada. Por Marli Gonçalves

 Ô mania que grudou na imprensa! Você fica lá prestando a maior atenção e aparecem aquelas tabelas e tabelas torturando números, comparados a algum lugar do passado, para o bem ou para o mal.  São os percentuais, ou porcentuais, que dá na mesma, e você entendeu do que estou falando. Os coitados dos números, surrados, dizem qualquer coisa quando obrigados

É muito chato mesmo. Mas virou mania. Querem dar uma notícia, por exemplo, que tal situação melhorou. E lá se vai em busca do número usado em algum lugar do passado, e que provavelmente foi o último dado por alguém ou algum. Chegam as manchetes! Diminuiu em tantos porcentos o número de acidentes nas estradas. Se parar para prestar atenção mesmo, com caneta e papel ou calculadora, vai perceber que teve decréscimo de umas migalhinhas. Tipo eram 12, e esse ano 10. Condições do tempo, das estradas, dos veículos e dos etceteras? Eram as mesmas?

Não costumo assistir a jogos de futebol, mas quando assisto dá uma irritação danada ouvir os locutores falando, falando – e lá atrás na imagem você vê que está acontecendo uma jogada bem importante que fica sufocada – e derramando números sobre dribles, jogos do século passado, enfrentamentos da história recente. Isso tudo piorou muito na era dos computadores, que fazem cálculos e cálculos, como se todos fôssemos e pensássemos como tabelas de Excel.

Engraçado. Embora tenha tido boas notas na época nas aulas de Estatística, nunca gostei muito dessa matéria. Na faculdade, no Diretório Acadêmico, acabei como “representante dos alunos no Departamento de Métodos Quantitativos”. O que valeu foi uma enorme dor de cabeça e mais uma inscrição na ficha do Dops dos terríveis tempos da ditadura. Como os caras não sabiam do que se tratava, esse fato está lá na minha ficha de “subversiva”. Mal sabiam ou sabem eles que fui parar aí porque eu era a única boa aluna que conseguia tratar melhorzinho com o professor dessa matéria na faculdade, e que era um horror. Vai explicar! Bem que tentei, mas creio até hoje que acharam que eu era guerrilheira e estrategista de alguma célula especializada em manufatura de bombas, ou alguma outra coisa desse jaez.

Hoje mesmo tive a sensação de ter ouvido que diminuiu em num sei quantos porcentos o número de notificações de violência contra as mulheres. Só se for porque elas morreram antes de denunciar. Todo dia, toda hora, das formas mais grotescas e cruéis as mulheres estão morrendo, assassinadas por ciúmes, por causa da loucura humana e do destempero das relações.

Essa semana, repara – aliás, já estamos ouvindo essa ladainha há quase um mês – tem a tal da Black Friday, onde se quer aparentar uma maravilha, mágica, onde todos os produtos ficarão mais baratos do dia para a noite, os comerciantes resolveram dar uma força e se desapegar de seus lucros, uma coisa impressionante – para onde olhar vai ver números gigantescos de descontos, com o percentual do lado. Pega o óculos, a lente, o binóculo, a lupa. Perto dele, ali bem pequenininho, vai ter também uma palavrinha: “Até”. Esse “até” é a grande questão. Faz o teste. Procura o que é exatamente que vai ter desconto de “até” 80%, 90% na lista ofertada.

Propaganda já foi a alma do negócio. Vem sendo usada – de braços dados com o marketing, que é mais complexo – de forma indiscriminada e enganosa, sem que providências sejam tomadas contra isso.  E para não acharem que estou tentando me desviar da política, vou citar duas coisinhas dessa semana, que serviram apenas para cilada.

Uma, a do deputadozinho que me recuso terminantemente a dar o nome, que resolveu prestar homenagem para o ditador Augusto Pinochet na Assembleia de São Paulo. Queria apenas ficar conhecido, esse indigesto. Para ir contra, fomos obrigados a falar dele, saber se sua vil existência.

number_ball_tMais conhecido, talvez, entre esse grupo de – dizem, mas vamos esperar as próximas pesquisas – cerca de 30% (!!!) que parece que ainda apoiam a loucura que se estabeleceu no governo de nosso país. Esse do “38”, o número do partido que pretendem criar com suas balas e dedinhos em forma de arminha, borrando o verde e amarelo de nossa Nação com seus pensamentos de baixíssimo calibre.

Mais uma 100% cilada.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano- Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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#ADEHOJE – O ÚLTIMO CAPÍTULO DE NOSSAS NOVELAS

#ADEHOJE – O ÚLTIMO CAPÍTULO DE NOSSAS NOVELAS

SÓ UM MINUTO – Se pudéssemos gravar um ou dois fins para o desfecho de nossas vidas, como o fazem os autores das novelas! Estou muito triste hoje, apreensiva e ansiosa para saber notícias reais do Gugu, de quem gosto muito. Fico sabendo da morte, em Miami, do Rabino Henry Sobel, vítima de câncer de pulmão. Um herói de nossa história recente, que, com coragem, denunciou a tortura nos bárbaros tempos de ditadura militar que vivemos. Nossos dias têm sido difíceis, de apreensão, com destaque nossa apreensão política e no visível retrocesso que vivemos em questões morais, de comportamento, de crise de liderança.

Tem coisa mais absurda do que um presidente como este aí, ser horrível com sua equipe horrível, falar em criar um partido “Aliança pelo Brasil”, dar a ele o número 38 fazendo alusão ao armamento? Tem coisa mais absurda do que a tal excludente de ilicitude? Uma espécie de libera geral da morte.

#ADEHOJE – AVE! LAVA,LAVA, LAVA JATO E O CRIME IMAGINADO

#ADEHOJE – AVE! LAVA,LAVA, LAVA JATO E O CRIME IMAGINADO

SÓ UM MINUTO – Quem me conhece e acompanha sabe que tenho uma tese: só pode ser a água que bebem, diferente. Essa do Janot confessar, e sem ser apertado, que foi armado, em março de 2017, para o STF, com o plano e ideia fixa de matar o ministro Gilmar Mendes e se matar em seguida, é uma prova cabal. Segundo ele, seria para vingar as fofocas de Gilmar sobre sua filha. Para que falou agora? Para divulgar o livro que lançará? Para dar uma força ao processo de decapitação da Lava Jato? Incompreensível, vamos aguardar. Gilmar mandou ele se tratar no psiquiatra, como resposta.

Sobre a água e a insegurança: não é que o (%$#%¨@&*) impronunciável Eduardo Bolsonaro divulgou em suas redes sociais fotos falsas da Greta Thunberg, e ainda criticou mais ainda em cima?

Acho que, se os senadores aceitarem a indicação desse indivíduo desqualificado para a embaixada de Washington, precisaremos fazer um levante. Mas daqueles, de não deixar dúvidas sobre nosso desgosto absoluto com o que estamos vivendo. Motivos já temos aos montes. Soluções, ainda não.

VIVA COSME E DAMIÃO! VIVA A VITALIDADE E PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS!

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cOSME E DAMIÃO

#ADEHOJE – O SHOW DE DODGE

#ADEHOJE – O SHOW DE DODGE

Só um minuto – Toda de vermelho, sempre clássica, com voz suave, aquele jeito de falar próprio, Raquel Dodge deixou ontem a Procuradoria Geral da República. Acusada de ter andado, digamos, guardando algumas investigações, seu discurso foi bastante enfático com relação ao momento que o país está vivendo. Sobrou pro Governo Bolsonaro e seus constantes absurdos. Ela mostrou também – igual a nós – estar temerosa do caminho que o país toma. Reafirmou as suas convicções pelas liberdades democráticas. Pediu ainda que o STF revogue o decreto de armas, que pode levar a um país mais violento ainda e deixou claro que o inquérito sobre a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes foi manipulado para não chegar aos reais mandantes do crime ocorrido há um ano e meio.

Enquanto o Augusto Aras não é sabatinado e aprovado pelo Senado, Dodge está sendo substituída por seu vice, Alcides Martins, que já anunciou a volta dos procuradores da Lava Jato que haviam se3 rebelado recentemente por discordar de Raquel Dodge.

Pra gente ter medo: Carlos Bolsonaro diz que o pai está bem e já prepara discurso para a Conferência na Assembleia geral das Nações Unidas, semana que vem.

Todo mundo rezando para não passar mais vergonha do que já temos enfrentado, hein?!?

#ADEHOJE – GIRASSÓIS PELA VIDA. E OS AMANTES DA MORTE

#ADEHOJE – GIRASSÓIS PELA VIDA. E OS AMANTES DA MORTE

 

SÓ UM MINUTO188 é o número do CVV – Centro de Valorização da Vida, de apoio e combate ao suicídio, que vem apresentando números aterrorizantes, especialmente entre jovens e adolescentes. Estamos no setembro amarelo, mês de conscientização sobre esse problema. Precisamos falar muito sobre isso. Girassóis são o símbolo escolhido para a campanha.

Enquanto isso, os filhos de Bolsonaro (e o próprio) continuam dando graves sinais de incivilidade e autoritarismo. Eduardo, o que quer ser embaixador, Deus nos livre, foi visitar o pai, com uma arma na cintura que fez questão de mostrar na foto que publicaram. O outro, o Carlos, aquele que adora pegar carona no banco de trás do Rolls Royce nas solenidades, andou escrevendo, vejam só, “Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos…”

O que significaria uma grave ameaça de ruptura institucional.

Esse povo delira e é perigoso.

A propósito, os números sobre violência e violência contra a mulher são aterradores.

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#ADEHOJE – UM TERÇO DE BRUCUTUS NO PAÍS

#ADEHOJE – UM TERÇO DE BRUCUTUS NO PAÍS

 

Só um minuto – Depois de dias de um ataque de declarações estapafúrdias do homem que nos desgoverna, vamos começando outra semana, agora com a volta dos trabalhos nos Parlamentos e no Judiciário e nas escolas… Eles param, nós continuamos sempre. Matérias hoje mostram o óbvio, 1/3 dos brasileiros pensa igual ao presidente, dessa forma tosca, em relação ao meio ambiente, direitos humanos, tudo o que nos é tão caro. Esse um terço será sempre o que ele guardará sob a asa que esperamos não se espalhe. Ao contrário, diminua a cada dia, o que de alguma forma já estamos vendo, porque bom senso não faz mal e precisamos que o país seja melhor.

O SÉRIO DESMATAMENTO QUE PRETENDEM ENCOBRIR TRAZ NOVOS CAPÍTULOS. Agora querem por um militar no Inpe e mudar a forma de monitoramento.

Trump, depois de dois ataques em apenas um fim de semana, com dezenas de mortos e feridos, reage. Promete pena de morte! Como se quem atira estivesse preocupado com isso.

ARTIGO – Limites terrivelmente irresponsáveis. Por Marli Gonçalves

 

Nossa paciência tem limites. O que podemos ou não fazer têm limites. Até a loucura tem limites. Nesse momento quem está dirigindo o país está brincando de testar os limites. E isso tem um limite. Não é política. É provocação.

Todo dia, toda hora, aqui, ali, em áreas técnicas, sociais, comportamentais: o presidente Jair Bolsonaro está abusando não só dos seus próprios limites, e ele têm muitos, limitado que é, como de nossa inteligência, paciência, honra e capacidade de suportar os ataques que desfere. Como se brincasse, parece. Como se não tivesse o que fazer e ficasse inventando. Como se estivesse se divertindo com nossa agonia. Não é agonia de ideologia, de direita, esquerda, de quem é a favor ou contra, esse insuportável debate no qual o país está mergulhado. Já são mais de seis meses que estouram em nós os limites do seu amadorismo, desconhecimento, pessoalidade.

Essas últimas dessa semana transbordaram. Primeiro, em encontro com pastores, a promessa verdadeiramente ameaçadora de indicação em breve de um ministro do Supremo Tribunal Federal, STF, “terrivelmente evangélico”. Como assim? Além de termos de buscar o máximo de laicidade nas instituições, o que isso significaria, especialmente na cabeça dele? Um ministro da Corte Máxima, seja o que for pessoalmente, homem, mulher, gay, católico, ateu, umbandista, evangélico, alto, baixo, magro, gordo, vegano, preto, branco, pardo, caboclo – o que for – deve seguir uma única luz: a Constituição Federal. O que é que Bolsonaro acha que alguém como ministro “terrivelmente evangélico” modificará? Descerá sobre nossas cabeças novas leis? Todas as imagens sacras serão execradas? Teremos de usar saias abaixo dos joelhos, como as mulheres-postes? Cortar cabelo nunca mais? Proibir unhas e batons vermelhos? O dízimo já pagamos.

Desculpem, mas respeito muito os evangélicos, e sei que entre eles há gente do bem, inclusive trabalhei com muitos que conseguiram que eu própria revisse meus preconceitos. Sei que até eles, em particular, não concordariam com muitos dos ideais e pensamentos bolsonarescos, porque sabem que estaria sendo celeremente criada mais uma terrível forma de discriminação contra eles próprios – aliás, já a caminho.

Para completar, o presidente resolveu dar um inesquecível presente de aniversário ao filho 03, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL/SP. Sua indicação à embaixada brasileira nos Estados Unidos, em Washington, o mais importante cargo da diplomacia nacional, de estratégica importância política e econômica. As qualidades do moço? “ele fala inglês e espanhol”, “não é aventureiro” … entre outras que é melhor nem citar para não nos aborrecer ainda mais, a todos nós.

Mas o próprio Eduardo Bolsonaro foi ainda mais longe na sua própria apresentação, acrescentou que fez intercâmbio lá, e que fritou hambúrgueres. Disse acreditar que será melhor visto por ser filho do presidente, que não é nepotismo e acena com a aprovação logo de quem? Do doido chanceler sabujo de Olavo de Carvalho, Ernesto Araújo.

O prestigiado Instituto Rio Branco e o Palácio Itamaraty já devem ter começado a ter as paredes trincando, rachando, implodidas. Que o Senado nos livre de mais essa barbárie, recusando a indicação, furando bem furado mais esse balão de ensaio.

Não tem graça. Em seis meses está havendo um desmonte de toda uma organização, de todo um país, de conquistas fundamentais, qualquer coisa que se pergunte resulta em mostrar a total divisão do país, numa dialética maligna.

Mais: é cruel termos de dar atenção a assuntos de tanta ignorância em um momento do país em crise, com discussões envolvendo nossas vidas e nossos futuros, como a Previdência. Aliás, já fez os cálculos? Acha mesmo que será essa reforma que salvará a pátria? Só se a gente viver e sobreviver – e muito – para ver.

Isto não é política. É acinte. Passa terrivelmente de qualquer limite.

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Marli GonçalvesJornalista, Consultora de comunicação, Editora do Chumbo Gordo. Repara que a campanha presidencial já começou. E repara também que não é exatamente para a próxima eleição marcada para 2022. É para antes, bem antes.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

Brasil, quanto falta?

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#ADEHOJE – DROGAS NO AVIÃO DE BOLSONARO E COMITIVA: COCAÍNA

#ADEHOJE – DROGAS NO AVIÃO DE BOLSONARO E COMITIVA: COCAÍNA

Só um minuto – Preciso dizer a você o número de piadas, memes, cartuns, reações imediatas à prisão do Sargento do Exército com 39 quilos de cocaína lá na Espanha, em Sevilha? Ele estava no avião da FAB parte da comitiva do presidente, que viajou ao Japão e teria escalas também na Espanha. O humor brasileiro se mantém acima de qualquer liturgia. Bolsonaro acabou fazendo escala em Portugal. As piadas continuam no Brasil, onde o mínimo que se diz é que o avião presidencial sempre carrega drogas, não é surpresa.

Antes de viajar, mandou projetos de lei sobre armas – mas tudo igual que nem. Vamos ver como o Congresso reage.

Reforma da Previdência dando seus passos curtinhos, pulinhos. Vai chegar só no segundo semestre pelo que vimos, assim como o julgamento de Lula. O pessoal do STF ontem deu mais uma volta na chave, pelo menos até agosto.

#ADEHOJE – BRASIL DA DIVERSIDADE. E DA VIOLÊNCIA TAMBÉM

#ADEHOJE – BRASIL DA DIVERSIDADE. E DA VIOLÊNCIA TAMBÉM

 

SÓ UM MINUTO – Presenciar a parada gay com mais de três milhões de pessoas em paz, se divertindo juntas em São Paulo é uma grande alegria, e uma experiência que se renova ano após ano, com seu colorido e diversidade. Assim como seria ver também a Marcha para Jesus não fosse seu aproveitamento político para o que há de pior, e com a presença do homem que nos desgoverna fazendo arminha em um evento que deveria ser só, óbvio, de paz, religiosidade e consideração.

As meninas da Seleção foram guerreiras até onde puderam. Os meninos ainda estão tentando na Copa América… Torcida chocha.

Irã e EUA se estranhando muito para o gosto do mundo.

No entanto, a violência nesse feriado nos faz pensar. Um mecânico é morto porque o pai tentou protegê-lo dos bandidos usando uma garruchinha 12. Mais mulheres mortas por seus ex-companheiros. Acidentes nas estradas. Fogo em barracos improvisados em pontes que acabam queimadas também e, interditadas, param a cidade. Por que não veem isso tudo antes?

Finalmente, nosso voto para que Benicio, filho de Huck e Angélica, saia dessa sem complicações.

(FOTOS MARLI GONÇALVES)

ARTIGO – Nossos invernos infernos internos. Por Marli Gonçalves

Pode até fazer frio, mas o clima continuará bem quente por aqui no país do dedinho de arminha, da torneira que não vai parar de vazar e das falas, atos e decisões do homem que nos desgoverna sem ter ao que parece qualquer preocupação ou noção dos estragos que semeia com olhar tenso e sem brilho. Pare para pensar quem é que está se dando bem com tudo isso

O inverno é isso. O país tropical anda rendido. E absolutamente perplexo no dia a dia dos últimos meses assistindo a um espetáculo diário de besteirol sem qualquer graça, sem roteiro e com o apoio solene de comediantes medíocres de stand up. Sim, eles, de pé, em cima de palanques, tribunas, altares, púlpitos, onde quer que estejam, é só esperar, dali coisa boa é que não vem. O caso é pensar como chegaremos às próximas estações.

E, seja em quem foi que você, leitor, possa ter votado, não é possível que não perceba que estamos na famosa sinuca de bico, beira de precipício,  esquina do horror, e que não há reforma que resista a uma crise depois de outra, a tanta insanidade em verde amarelo, azul e branco – que agora aparece até na gravata que o homem coloca para anunciar  os amigos nos espaços vazios das crises.  O patriotismo é mais do que apenas refúgio; pode ser o biombo que esconde a incompetência ou algo mais que ainda não se revelou por completo. Apenas em parte.

Não adianta em público fechar os olhos, fazer marra, considerar-se feliz por tanta perturbação, pelo quanto pior, melhor, ou bater no peito, arrumar briga nas redes sociais, xingar a todos de comunistas ou “petistas”, dizer que “estamos” atrapalhando, e que não queremos o fim da corrupção, patati patatá. Esses discursos não cabem mais depois de 180 dias de sandices, isso sem contar todas que já foram disparadas durante o período eleitoral. O governo anônimo, sem marca, do Marcelo Álvaro Antonio e agora do Jorge Antonio de Oliveira Francisco, os nomes de nomes.

Tudo o que se poderia até ter acreditado que ocorreria, veja só, não ocorreu. Os índices continuam ladeira abaixo, nenhuma reforma, e agora até de reeleição já ousou falar, convencido, o mesmo que a negava. Se alguém ainda punha fé na ampla presença de militares de alta patente no sistema, apure seus ouvidos e ouça o burburinho que anda entre eles, tratados com desprezo, este sim, bem patente. No masculino governo sumiram até com as leituras de libras antes tão aplaudidas. Reparou?

Seis meses que se passaram de tal forma que até ser oposição tornou-se dispensável. Também … com essa que temos, desorientada, sem novos quadros, sem liderança. Ser imprensa acaba sendo apenas uma cruel repetição de gritos no escuro. Registra-se de dia o que à noite será mostrado nos telejornais, isso se não tiver havido algum recuo, uma dança sem par.

Depois eles se explicam lá no Programa do Ratinho. Em geral, gravado antes, bem editado. Não é sintomático?

Alguém, em algum lugar, nesse exato momento, deve estar se dando muito bem com isso tudo. É você? Temo que não.

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Marli Gonçalves, jornalista. Observadora.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

Os incríveis primeiros seis meses de 2019

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#ADEHOJE – OS GENERAIS CAÍDOS E A VOZ DO MINISTRO

#ADEHOJE – OS GENERAIS CAÍDOS E A VOZ DO MINISTRO

 

SÓ UM MINUTO – Pré-feriado. Sergio Moro que fala por horas na Comissão de Constituição e Justiça vai ter que fazer voto de silêncio para ter gargantinha, e falar de novo a semana que vem no Senado. A famosa perda de tempo porque quem acha que ele tá certo vai continuar achando e quem acha que ele pisou fora continuará achando. Mas é legal ele ir mostrar firmeza, porque os vazamentos não param. Ontem teve mais um, e aí na conversa que apareceu ele e o MP deram uma livrada na cara do FHC.

Caiu o decreto que flexibilizava o bang bang.

O presidente dos Correios, General Juarez Cunha, chegou ao ponto da fritura e se manda, depois de ter sido torpedeado pelo homem que nos desgoverna. Demorou! Os militares não devem estar gostando desse tratamento: o segundo que cai em uma semana.

O caso do pastor dos 55 filhos assassinado continua: arma foi achada no quarto de um dos filhos. Ainda vai aparecer coisa aí, pode crer.

#ADEHOJE – CAFÉ COM BOLSONARO: MESMICES E SANDICES

#ADEHOJE – CAFÉ COM BOLSONARO: MESMICES E SANDICES

SÓ UM MINUTO – Mais um café da manhã do presidente com os jornalistas e mais uma coleta de ar. Bolsonaro tentou justificar suas falas sobre a classe política, e disse também que não vê nada de mais em crianças usarem armas ao lado de seus pais…Mas está tentando fazer o bonzinho nesse período pré-manifestação marcada para o próximo domingo, que seria de apoio a ele, mas que está juntando tudo quanto é traste e palavras de ordem.

Moro engole seco mais uma vez. Perdeu o Coaf – que volta de novo ao Ministério da Economia. O Coaf é o Conselho de controle de atividades financeiras, que ajuda muito em investigações de corrupção, mas que os políticos não querem ver na mão do justiceiro Moro. Em compensação os auditores fiscais ganharam a queda de braço – vão continuar podendo fazer as investigações.

#ADEHOJE – CAMÕES, CHICO, ARMAS.

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SÓ UM MINUTO – Claro que pode ter sido uma resposta – e das boas – ao momento que vivemos. Mas é com grande orgulho que temos de receber o Prêmio Camões, o mais importante da literatura mundial em língua portuguesa, para Chico Buarque de Holanda, pelo conjunto de sua obra.

Vale muito. Vale muito mais agora que estamos nessa inacreditável seara de pensamentos, vivendo sob ataque de ignorantes, rasos, desprovidos de qualquer senso.

O decreto de armas foi revisto, mas está lá vivo. Mortos estarão os brasileiros com mais gente armada. Mortes brutais, principalmente ontra mulheres, vêm ocorrendo, causada por todas as armas; a de ontem, em Porecatu, Minas, foi causada por canivetadas. Depois o assassino saiu atirando dentro de uma igreja evangélica. A loucura está solta – não é hora para armar ninguém, nem com pistolinha de água.

#ADEHOJE – APREENSÃO TOTAL. AQUI, ALI, LÁ

#ADEHOJE – APREENSÃO TOTAL. AQUI, ALI, LÁ

 

SÓ UM MINUTO – Como ficar em paz quando:

– O próprio presidente do país chama para uma manifestação que amplia ainda mais o conflito político que a tudo paralisa? Contra as instituições estabelecidas, jogando grupos uns contra outros, com textos provocativos? Ele ainda diz eu está pensando em ir! Quando começará a entender o que é ser presidente?

– Quando um decreto de armas beneficia claramente uma empresa e pretende armar a população até com fuzis?

– Quando o talude de uma mina da vale – a GONGO SECO – em Minas Gerais tem expectativa de rompimento a cada minuto e pode causar mais um desastre de grandes proporções? Em Barão de Cocais, região central de Minas.

– Quando a maior potência mundial, EUA, briga com outra, a China, comercialmente, e ameaça outra que tem potencial atômico, o Irã?

– Quando a gente fica sabendo que a área protegida da Amazônia perdeu quase 10 mil km² nos últimos 30 anos?

– E muito mais…

#ADEHOJE – OS APUROS DE FLAVIO E DOS ETCETERAS

#ADEHOJE – OS APUROS DE FLAVIO E DOS ETCETERAS

Só um minuto – O senador Flávio Bolsonaro, um dos Filhos do Capitão, está pulando miudinho com a gigantesca quebra de sigilos em suas contas e de seus arredores. Vultuosas quantias, transações imobiliárias questionáveis, o levam a ser acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, entre outras. Enquanto isso, Bolsonaro pai, em Dallas, EUA, se cerca de apoiadores que ficam gritando enquanto a imprensa o entrevista, e se empolga, saindo a falar besteiras por metro, como chamar os manifestantes de idiotas, e que o semblante de George Bush, ex-presidente com quem se encontro, demonstrar que está preocupado coma Argentina.

E pulam na fogueira sob os pés o Ministro da Educação, que a gente ainda não sabe a que veio, e Moro, que tenta justificar o injustificável, o Decreto de Armas, entre outros sapos que mastiga, comendo letras.

#ADEHOJE – OBVIEDADES DE BOLSONARO E O MINISTRO DESORIENTADO

#ADEHOJE – OBVIEDADES DE BOLSONARO E O MINISTRO DESORIENTADO

 

SÓ UM MINUTO – Bolsonaro declarou agora pela manhã que semana que vem enfrentará um tsunami, e ninguém sabe exatamente o que quis dizer com isso. Em um evento na Caixa, onde mais uma vez usou um termo – digamos, sexual – para falar sobre o “amor à primeira vista” com o presidente da instituição, o festival de obviedades ataca. Presidente afirmou que sua gestão enfrenta alguns problemas devido à forma como ele escolheu governar. Não nos diga!! Se é que há um governo que nos governa, e não uma loucura atrás da outra como a que estamos assistindo ainda inertes.

O Congresso já disse também que o decreto de armas é inconstitucional e deve ser derrubado, se é que ainda reta um mínimo de sanidade.

Semana que vem, quarta-feira, dia 15, tem manifestação grande do pessoal da educação, com greve. A situação da educação vai de mal a pior com esse ministro Weintraub maníaco que inventaram – caso claro de problemas com ele próprio, com a matemática e com a língua portuguesa. Quase 3500 bolsas de pesquisa canceladas! O Brasil em marcha-a-ré.

 

#ADEHOJE – Bem pior que uma decepção

#ADEHOJE – Bem pior que uma decepção

SÓ UM MINUTO – Bem pior que uma decepção. Vou usar o título do editorial do Estadão de hoje, porque ele é perfeito ao se tratar do governo que nos governa. Mas o editorial trata só das questões econômicas, as que não entendo bem. Mas entendo de comportamento, educação, saúde, segurança pública, e tenho posição firme com relação a esses temas. Não é coisa de direita ou esquerda. É coisa de respeito com a população. Destruir (mais ainda) a Educação, cortando verbas e fazendo trapalhadas, liberar armas, inclusive para crianças e adolescentes, cancelar radares nas nossas estradas perigosas para agradar caminhoneiros, deixar que esse debate imbecil entre ele, os filhos, os militares prossiga, as falas preconceituosas, decretos autoritários, vaivéns… Muita coisa. Enfim, eu não tinha dúvidas, mas sei que quem nele votou depositava esperanças, e eu estou vendo muitas dessas pessoas inclusive até sendo atingidas pelos raios desencontrados que saem daquela cabeça

#ADEHOJE -AS CENAS QUE ASSISTIMOS E QUE NOS TORNAM REFÉNS

#ADEHOJE -AS CENAS QUE ASSISTIMOS E QUE NOS TORNAM REFÉNS

SÓ UM MINUTO– Tem cena mais vergonhosa do que esta, dos integrantes da bancada da bala fazendo o sinal de arminha com a mão, ao lado do presidente Bolsonaro assinado o decreto que facilita o porte de armas carregadas para várias categorias? Ampliado para políticos, advogados que atuam na poder público (como procuradores e defensores), motoristas de veículos de carga, proprietários rurais, jornalistas, conselheiros tutelares, agentes socioeducativos, entre outros.

Isso não é governo. É acinte. O que está acontecendo com esse país? Já pensaram em caminhoneiros armados? Aliás, começarão certamente a estourar inúmeras greves que põem o governo como refém, uma vez que a estratégia dos caminhoneiros parece estar surtindo efeito. Não podemos tolerar que se crie mais insegurança ainda nas estradas, tirando radares, com motoristas armados, entre outras. Parece que não percebem que com o país parado, a produção parada, o problema dos caminhoneiros será não ter o que transportar nas nossas esburacadas vias.

Outras : o nome do bebê real e Archie. E o tal Olavo de Carvalho desocupado continua a infernizar os militares junto aos filhos do Capitão, de forma agressiva, desrespeitosa, lamentável. O ministro da Educação a cada dia se mostra mais ignorante do que o anterior, o que já era bem difícil.