ARTIGO – Halloween mundial e real. Por Marli Gonçalves

Vai ser – na verdade até já é e está estranho – muito estranho – viver o Halloween este ano, uma vez que as bruxas já estão soltas, os esqueletos se espalham, fantasmas e almas surgem das tumbas dos bombardeios e as crianças que vemos – sequestradas, reféns, feridas sob escombros, órfãs, pedem doces ou brincadeiras, ou qualquer coisa para comer e beber. Pedem para sobreviver.

E olhem que o Halloween é na sua origem uma celebração de culto aos mortos. Por aqui as coisas são de plástico, aos montes enchem as ruas do comércio popular. Abóboras, morcegos, esqueletos, fantasminhas e fantasmões, fantasias de monstros e bruxas competem há dias com os enfeites de Natal nas vitrines – outra data que também já vimos não será fácil com a sua terra e origem religiosa sitiada, abalada pelo medo.

Guerras são sempre fora de hora, nunca param, parece que jamais serão banidas de nosso vocabulário. Os humanos se alimentam delas, os senhores da guerra, fabricantes da morte, os líderes religiosos e dirigentes, os países ricos, as instituições mundiais que se enfraquecem, inábeis ou mesmo inúteis. Vivem da destruição, dos conflitos, das questões geopolíticas intrincadas. Na do momento já perdemos jovens brasileiros, famílias, e as crianças e mulheres claramente são suas principais vítimas. Milhões de pessoas em todo mundo estão apreensivas e só isso já afeta e faz muito mal, e por um longo tempo, à saúde mental de todos.

A guerra nos ocupa. Parece que tudo segue para um segundo plano após a sua eclosão. O meio ambiente, os esforços globais para transformar e salvar o que há de se salvar da natureza para evitar os grandes desastres climáticos, estes a forma que a natureza encontra para sinalizar os limites das destruições, desce o patamar. Tudo entra em suspensão. Não bastou a pandemia.

Incrível ser muito chamada de guerreira tendo verdadeiro horror às guerras. A minha guerra, como a de tantos de nós, guerrilhas diárias, é particular, quase solitária. Vivemos e agimos com elas. Mas guerras de países, de ideologias, de territórios, perturbam sobremaneira, como devem perturbar a todos os que ainda tem sentimentos, e captam estas, sim, uma forte energia coletiva, a da apreensão. Onde tudo vai dar? Onde cairão os respingos? Do que a humanidade ainda é capaz?

Que nossos Santos todos – de todas as fés, religiões, credos – nos protejam. Aos ateus, que apelem ao mais racional para todos juntos tentarmos brecar essa terrível escalada de violência. Óbvio que no momento o conflito no Oriente Médio é o que assistimos horrorizados, o inferno aberto pelos terroristas, com o fogo e o cheiro da morte alimentado na defesa raivosa. Mas aqui também estamos cobertos de guerras e fatos.

Senão o que mais é a luta de “comunidades” contra “comunidades” no Rio de Janeiro? Os confrontos entre traficantes e milicianos, e destes com policiais, todos armados até os dentes, prontos a perder suas balas no corpo de inocentes?

O que fazer nesse país de dimensões continentais extraordinárias quando, de um lado, rios secam, florestas queimam numa estiagem sem igual; de outro, cidades inteiras boiando debaixo da água, inundadas pelos rios que sobem fora de seus cursos.

São todos fatos históricos, índices históricos que se sobrepõem acelerados dia após dia. No meio de um tempo de pouca gentileza e muito individualismo. Embora sabendo o que o contrário significaria, e querendo ainda viver muito, ando bem cheia de presenciar a história e os seus fatos, sem doces ou brincadeiras. Muito menos fantasias.

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foto: @catherinekrulik

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Sansão e as sanções. Por Marli Gonçalves

Deu-se que lembrei nada mais nada menos do que de Sansão, aquele, o guerreiro bíblico, da força descomunal nos cabelos, da loucura por mulheres bonitas, que viveu a vida em guerra e vinganças.

Sansão

É sanção sendo atirada de um lado a outro. A palavra da semana, igual aos bombardeios cruzando o globo. Eu não compro mais isso, você não recebe mais aquilo. Ameaça vai; ameaça vem. Vamos ver no que vai dar o tira e põe. Sobra, claro, para todo o mundo, que acaba entendendo o que é sanção bem na própria pele, vide o absurdo aumento dos combustíveis que vai impactar ainda muito mais nosso suado e surrado dinheirinho. Na cadeia inflacionária descarrilada – e que só por acabar de ser informada do aumento já sai apitando nas esquinas, nas feiras, no supermercados num batida maldita que só trará mais miséria. E universal.

Muito louco como quando passamos por tempos difíceis como os que estamos vivendo coletivamente, de guerras, doenças, notícias esquisitas, de um tudo ao mesmo tempo agora, vem à nossa cabeça a lembrança de cada coisa, Igual sonho que puxa da memória o inimaginável, sabe-se lá onde estava guardado, e para onde volta depois.

O tal Sansão, antes que esqueça de frisar, não é personagem do cotidiano pessoal, já que por acaso histórias bíblicas, a própria Bíblia, admito, é para mim um estranho emaranhado de personagens, e não gosto nem um pouco de mexer com religião. Aliás, ultimamente só de ouvir falar em mito tenho urticária.

Lá, muitos personagens se destacam mais que outros, viraram expressões populares de fatos, como Caim e Abel, traição, assassinato entre irmãos. Muitos outros exemplos.

Aficionada, sim, mas pelas mitologias, onde também seus personagens esbarram entre si, gregos, romanos, cada povo contando seu lado. No caso, Sansão tudo a ver com Hércules, ambos fortes, másculos, violentos, e com mulheres tecendo suas histórias, em um caminho da destruição, da luta pelo poder, ordenamentos, opressão, divisões políticas e crenças.

Sansão nasceu durante uma guerra, com sua nação lutando contra os filisteus. Já nasceu com a missão de ser o libertador de Israel, um Nazireu, homens israelitas dedicados a servir a Deus. Eles tinham que se abster totalmente de álcool, nunca tocar em um cadáver ou cortar o cabelo. Daí seus longos cabelos serem tidos como símbolo de força – dada por Deus, aquele que dá e tira. Força que teria acabado e ele sendo aprisionado, cegado e torturado por confiar em uma mulher, que conhecemos como Dalila, que o vendeu por moedas aos inimigos ao descobrir seu segredo e tosar sua cabeleira. Seu final foi a própria morte, mas levando consigo um bom punhado de inimigos, assim que o cabelo cortado cresceu. E entrando para a história infinita como um herói bíblico. Cheio de recados com moral.

Resumi bem, porque assim vejo a guerra. Vítimas de todos os lados e banho de sangue, pelo poder. Claro que hoje temos ainda o terror nuclear, aquele boom do qual ninguém quer ser testemunha. Mas o crescendo que assistimos de explosões, foguetes e êxodo de milhões parece coisa antiga, aquela mesma que juramos há mais de 75 anos atrás que não se repetiria. O que mudou, o que é mais “moderno”, são as forças de cada lado, globalizadas, as nações envolvidas que ultrapassam o continente em questão, os tiros políticos com as balas de sanções que atingem distâncias muito maiores. Dezenas de gigantescas empresas e corporações que abandonam a Rússia nesse momento vão manter seus funcionários com salários, segurança, amor, carinho, leite e pão nesse período que já se mostra incalculável, seguidos acordos de paz fracassados?

Sanções também são censura. Não é que eu acabo de me por em risco falando do Sansão? Acredite: a Câmara votou urgência em projeto que proíbe o uso da palavra Bíblia fora do contexto desses caras que dela se apossaram.

“Fica terminantemente proibido os termos ‘Bíblia’ e/ou ‘Bíblia Sagrada’ em qualquer publicação impressa ou eletrônica de modo a dar sentido diferente dos textos consagrados há milênios nos livros, capítulos e versículos utilizados pelas diversas religiões cristãs já existentes, seja católica, evangélica ou outras mais que se orientam por este livro mundialmente lido e consagrado como Bíblia”,  primeiro artigo do projeto de autoria do tal deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA).

Aí vocês me perguntam. No meio de tanta coisa importante para se fazer, cuidar, resolver? Veja bem. E vou piorar a situação quando explicar que eles fizeram isso porque acreditam piamente que há quem esteja planejando uma Bíblia gay. Sem comentários.

O que foi que nós fizemos de mal para termos de aguentar essa sequência assassina de bombardeios de ignorância, preconceito, descasos, bobagens, retrocessos dia e noite aqui em nosso sofrido país?

Não admira os cabelos brancos revoltos pululando na cabeça de uma população que só queria deitá-los e dormir em paz. E que acordam sem eles, sem forças.

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Marli - perfil cg – MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Ah, é Guerra? Por Marli Gonçalves

É muita coisa junta atraindo, merecendo e roubando a nossa atenção. Pandemia, mortes; guerra, mortes; violência, mortes; usinas nucleares em chamas, o mundo todo envolto em dramas, pó, chamas. Gente chata. Busca por sobrevivência. Me diz: quanto tempo você está conseguindo ficar pensando só em sua própria vida? Planejando qualquer coisa? Como se concentrar sem ser egoísta?

ah, é guerra!

Um dia após o outro, com calma. Respire fundo. Tenha pensamentos positivos. Concentre-se. Reze, reze muito. Apegue-se ao presente. Não será por falta de conselhos, mesmo que alguns sejam praticamente inexequíveis nesta altura dos acontecimentos.

Não teremos mesmo muitas outras opções, pelo menos não nos próximos dias, talvez meses, e que não se permita que essa agonia prossiga por anos. O ar irrespirável da guerra, mesmo que lá a mais de 11 mil quilômetros de distância, nos tira o fôlego, e especialmente o tempo de pensar em nossas próprias vidas, problemas e soluções.

Por aqui, os dias do Carnaval, que já não estava aquela beleza, ficaram muito piores ainda com os ecos da invasão russa à Ucrânia, não bastassem os gritos de perigo da pandemia, seu vírus e suas cepas continuamente renovadas. Nos últimos anos aqui em São Paulo o Carnaval tinha virado uma temporada de alegria, com diversão, blocos na rua – as pessoas nem mais viajavam tanto, abandonando a cidade, abarrotando estradas – e agora já vimos tudo isso de novo. Como se todos que pudessem sair, corressem para algum lugar onde pudessem relaxar, esquecer, ouvir o canto de pássaros, mergulhar com peixinhos. A cidade aqui ficou uma tristeza só. E olha que em 2021 já tinha sido punk, mas agora somou-se pandemia e a guerra lá, com ecos por aqui, e que já nos aperta e morde os tornozelos.

É uma guerra não contida só em suas fronteiras. É uma guerra que envolve os brasileiros, seja por estarem lá, ou por perto, ou no todo ameaçado continente europeu – e isso é muita gente, contando seja com familiares, ou mesmo nossos amigos – tanta gente que havia se pinicado daqui em busca de futuro. Para completar, a política errática do desgoverno Bolsonaro, que não sabe se vai ou se fica, se pula ou corre, e que abraça, para nossa tristeza, o lado dos ditadores. Não, não vou deixar de criticar uma inacreditável parte da esquerda nacional ainda capaz de vomitar tantas sandices, abanando o rabo russo, como se esse lhe coubesse em um caso tão claro de violação de direitos humanos e espalhamento de terror.

Quem não se sente perdido nesse mar de bombas, fake news, autoritarismo, oportunismo ideológico e de outras nações, violações, alarmes tocando dia e noite, mais um êxodo migratório gigantesco e desconfortável?

Tudo isso em 2022, logo já em seu início. Ano que se já não era simples para nós, piorou, quando aguardamos ansiosos uma eleição ainda indecifrável, com lista de candidatos pouco atrativos e nessa grudenta divisão que nos assola há anos, limitante e emburrecedora, capaz de nos por aqui, também, em uma guerra particular.

Ah, não quero ouvir falar de guerra! Ah, não quero saber de números da pandemia! Ah, não quero saber de noticiário!  – Tenho ouvido tanto isso, que acabo entendendo a apatia em que nos encontramos. E exageram.

Para vocês terem uma ideia, acreditem ou não, ouvi da gerência da academia que frequento – a mocinha foi capaz de dizer aos meus ouvidos que a terra há de comer, como se diz –  que as tevês estavam ligadas em canais de esporte por conta do “ambiente esportivo”. O que passava quando reclamei, coisa que parece as pessoas esqueceram como é, submetendo-se silentes a tudo, e era de manhãzinha? Das cinco tevês, três sintonizavam uma mesma e sangrenta luta de boxe; as outras duas, comentaristas sportvianos sentados nas suas mesinhas, e visto em tevês claro que sem som. As boquinhas se mexendo.

(…e eu só queria ver o mar, por exemplo, nas ondinhas das surfistas do Canal OFF, ou uma Ana Maria Braga com suas receitas deliciosas, um desenhinho animado, uma previsão de tempo…).  

A guerra não é aqui. Mas vai sempre ter alguém ou algo bombardeando nosso mais que valioso momento reflexão.

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ARTIGO – Os bufões da guerra. Por Marli Gonçalves

Um amigo, sábio, silencioso, tranquilo, sempre muito equilibrado, de repente o vejo publicar no Facebook uma série de imagens de bufões, palhaços, saltimbancos. Apenas elas, sem qualquer texto. Nesta loucura que vivemos, até demorei um pouco para entender o claro recado que ele deixava – sua opinião sobre a guerra que assistimos atônitos

bufões da guerra

Mas entendi, e com clareza. Há mesmo vários bufões envolvidos nesse conflito mundial que desembocou na invasão da Ucrânia pela Rússia, e não estou querendo aqui fazer qualquer análise dessas super sérias de geopolítica ou histórica, que já tem bastante gente fazendo isso, alguns com aquela velha cara de “conteúdo”, de sabichões.

Faço apenas o registro atual de que nesse conflito e em tantos outros que vivemos eles estão lá, os bufões; pior, no poder, com poderes. São variados. Há os poderosos como Vladimir Putin, da Rússia. Os que caíram de paraquedas, como Volodymyr Zelenky, que preside a Ucrânia desde 2019, e que, portanto, era até há pouco apenas um ator humorista, alçado ao cargo por sorte e porque a política internacional também têm os nossos mesmos problemas – o voto tentativa no novo, no desconhecido, no salto no escuro, para tentar fugir da política tradicional, a aposta no tal diferente. Isso quando podem votar livremente, e o que não é o caso em locais como China, Coreia do Norte (do bufãozinho esquisitinho), a Venezuela de Maduro, e mesmo da Rússia, que ali também liberdade não há. Uns toda hora tentando derrubar outros. Com bombas, tanques, foguetes, envenenamentos, ataques hackers, poderio nuclear, estrangulamentos econômicos, patadas.

Tudo sem a menor graça.

Só que depois do inefável Trump, os Estados Unidos, a super potência, elegeu Joe Biden, o que tanto aplaudimos, mas que também rapidamente virou decepção com aquele eterno sorriso embutido, olhinhos fechados disparando ameaças de pouca efetividade. Claro que você está aí lembrando de vários outros nomes e interesses envolvidos nesse furdunço e entendendo como essa salada muito pouco divertida se transformou no maior conflito armado desde a Segunda Guerra.

Vai sobrar para nós. Aliás, já está sobrando com queda de Bolsa, aumento do barril do petróleo, escassez de produtos, problemas para a importação de trigo, e a angústia de centenas de famílias brasileiras com seus membros ilhados no meio de tudo isso.

Temos um bufão especial para chamarmos de nosso. O presidente Jair Bolsonaro se esmera em nos enrubescer e envergonhar ainda mais diante do barulhento e mortal cenário internacional com o seu comportamento irresponsável – que não encontrei palavra melhor para definir, no mínimo, a forma como está conduzindo o país nesta situação. Mais uma vez destoamos, inclusive de nossos vizinhos. Agora é torcer apenas para que a situação atual não se agrave ainda mais, torcer pelo cessar-fogo. Esperar para que mais essa ferida cicatrize. Mas a marca vai ficar. Já ficou.

Não sei se por conta da superficialidade das redes sociais, se por conta da pandemia que deixou todo mundo atazanado, das constantes crises econômicas, de uma confusão de extremos ideológicos, ou se da cultura do ódio que novamente vemos surgir, a verdade é que ninguém mais leva a sério nada.

E tudo é muito sério. Parece que tudo pode. Nem os próprios bufões são levados a sério entre eles, em parlamentos, grandes mesas, parlatórios, pronunciamentos, reuniões, em suas grandes entidades. Em seus próprios países.

Nós não os levamos a sério.

Ultimamente surgiu mais uma chatinha modinha de linguagem. O tal “é sobre isso”é sobre aquilo”, que talvez você já tenha notado, usado toda hora para resumir argumentos numa discussão, de forma a clareá-los. E encerrar a discussão.

Então, lá vai. É sobre isso. Ninguém mais se leva muito a sério, nem na hora do voto. Não se leva mais a sério nem os perigosos bufões. Mas os bufões, ah, estes pessoalmente se levam muito a sério, e querem permanecer poderosos, custe o que custar, já não são mais só apenas os bobos da corte. Vide os nossos.

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ARTIGO – O país precisa de você. E é agora. Por Marli Gonçalves

Atenda, por favor, ao chamado. O país precisa de você, precisa de todos. Rápido, antes que seja tarde demais. Participe. Atente. Comece já, votando, e de forma consciente. Lembra daquele famoso cartaz americano do Tio Sam com o dedo em riste? Lá, a convocação era para uma guerra. Aqui, não. A convocação é para a paz, para a mudança, para união, para melhorias, para o fim da insanidade que parece se espalhar como o rastilho da pólvora que não temos e nem queremos usar

PRECISA

Não é brincadeira de redes sociais que, tudo bem, nelas pelo menos ainda mantemos o humor nas piadas, memes, trocadilhos. E olha que não faltam assuntos, imagens, falas ou temas para esses chistes. Só nessa semana foi mais uma saraivada deles. Fomos chamados de maricas por não querermos morrer. Vimos a diplomacia morrer mais um pouco e a formiga chamando o elefante pra briga. Da boca do próprio, de onde jorraram impropérios, percebemos um presidente sem qualquer condição de governar, e que até admite isso ao se dizer sem sossego, satisfazer-se com a morte, negacionista, e a quem – parece – só resta apelar à violência e ao moralismo ignorante.

Mas ele imagina que está brincando, talvez, com soldadinhos de chumbo, uma armada Playmobil, joguinhos de tabuleiro, como parece ver as Forças Armadas; e esta já se incomoda clara e publicamente com essa forma de tratamento. Não é porque ocupou, loteou o governo como quis, com militares em postos importantes na administração, que todos se sujeitarão às suas ordens, deixam bem claro os principais comandantes, os mandachuva.

Não tem nada de normal em tudo isso. Precisamos refletir e falar sério sobre o que está acontecendo ao nosso redor, em nosso país, sobre as palavras que saem da boca do dirigente e de alguns de seus aliados pelo poder. O presidente aparenta não estar nada bem das ideias, para não falar outra coisa. A situação toda vem se degringolando com rapidez e é necessária mais rapidez na conscientização do que pode ocorrer se o tempo fechar.

A chuva será ácida. Há dois anos, desde a eleição de Bolsonaro, assistimos a uma escalada maliciosa, ignorante, e que não está levando o país a lugar nenhum, a nada melhor. Pensa. Aponte algo que melhorou. Não precisa pôr a culpa em pandemia, que essa só se agravou mais com as suas posições.  Ao contrário, diante do mundo, do qual cada vez mais há interdependência econômica em uma sociedade globalizada, viramos piada, perdemos respeito. Internamente assistimos apenas a retrocessos, à piora dos índices, todos, sociais, econômicos. Levados a um país dividido que precisa se unir rápido para não ver repetir-se aqui o que vemos ocorrer lá no mais poderoso do mundo. Para não vermos repetir-se aqui uma nova noite como a que já atravessamos, e que durou mais de vinte anos.

Ninguém ganha nessa situação. Ninguém. Para tudo há um limite, e ele parece se aproximar mais rápido do que os dois anos que ainda nos separam de novas eleições estaduais e federais. Daí, já, agora, nessa eleição, municipal, a mais próxima de nós, já precisarmos votar com mais atenção, informação, análise, percebendo a fragilidade e falhas das estruturas e programas dessa miríade partidária absurda com a qual convivemos, cheias de cacarecos.

Sinta-se importante. Não apenas mais um brasileiro. Pense com sua própria cabeça, acompanhe os fatos, não acredite nesse tanto de notícias falsas disseminadas para fazê-lo pensar até que há em andamento um ataque à sua família, que seria invadida e destruída por monstros terríveis, amorais. No fundo, você sabe que não é assim.

Respeite a inteligência, a imprensa séria, os movimentos sociais, as ideologias, a liberdade, a Ciência.

Todos nós somos diferentes entre si, claro. Mas há uma gama, uma base, comum a todos nós, e que já pode ser a plataforma para a união, por um país que aponta, aflito: precisa de você. De todos nós.

Rápido! Antes que realmente seja tarde demais e não possamos nem mais rir de nossas próprias piadas, que ficarão sem graça alguma.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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ARTIGO – E daí, presidente? Veja bem as valas sem velas. Por Marli Gonçalves

E daí? Daí que já há alguns anos vínhamos cavando um fosso profundo de desentendimento em todo o país, e cavando fundo, cavoucando, com uma oposição perfumada, egoísta, e que alimentou e deixou crescer um monstro, nutrido pelo radicalismo e ignorância. O que não sabíamos é que teríamos de usar esse fosso para hoje sofrer e enterrar tanta gente, e que não temos mais como recolher o lixo que ficou desse embate; nem como reciclá-lo. Precisará ser destruído, e o quanto antes

Não faz alguns meses e falávamos apenas em um país dividido em dois, numa luta política como se houvesse espaço só para duas direções, o bolsonarismo, se é que isso, esse horror, pode ser chamado de corrente política, e o petismo, dos adoradores incondicionais de Lula. Caminhar fora dessa estrada ficava cada vez mais difícil, atacados por ambos, cobrados, perseguidos, não houve argumentação capaz de alertar e nos livrar do previsível desastre para onde fomos levados.

Amizades se desfizeram, famílias se desintegraram nesse trajeto, o bom senso foi esculhambado, as notícias falsas brotaram, ervas daninhas entre um povo desinformado, mas ávido e rápido para largar, infelizmente, sua própria tradição de cordialidade, boa convivência, alegria e gentileza.

O prejuízo disso tudo, e que ainda continua de forma maligna, agora nos apresenta uma conta tenebrosa e vemos na realidade estarrecedora um país estilhaçado, estraçalhado, esmigalhado, doente, ainda mais miserável, ainda mais dividido. Centenas de mortes anunciadas diariamente ao cair da tarde; milhares de infectados por aí, infectando outros milhares numa matemática cruel e em marcha insana pelas ruas, além de imprecisa por falta de testes, de contagem, de recursos.

No jogo, uma bomba-relógio programada é jogada de um lado a outro, com requintes, cheia de culpas e ganhando mais força. Uma esmolenta ajuda emergencial obrigando quem necessita se expor a cada dia mais em filas dobrando as esquinas na porta dos bancos oficiais. A crueldade de exigir de excluídos de tudo a tal inteligência artificial e digital, equipamentos, compreensão de quem nem ao menos muitas vezes sabe ler, reféns de boatos que rolam gravados em mensagens espalhadas nas redes sociais, e que refutam e agridem a lógica, a ciência, a razão e as informações sérias. Que punem os profissionais da Saúde, da imprensa e agora até do próprio governo, com a troca de ministros minimamente atuantes por blocos insensíveis de gelo, subserviência, ou uniformes cor de oliva.

E o que é pior: as tais duas direções, a princípio opostas, parecem já se juntar lá na frente para  se encontrarem como pontas descascadas e nos atazanar em momento tão delicado, se igualando em alguns assuntos, nadando desesperados em braçadas para alcançar uma margem eleitoral que nem sabemos mais se estará lá quando tudo for amenizado. Uma competição mortal, dramática, aliada à pandemia, à expansão do vírus que freou o mundo e que traz em sua coroa ampliada o emblema da guerra.

O fosso se transformou em dramáticas valas comuns, marcadas a ferro e fogo desde já em nossas memórias, espalhadas nas capitais, em corpos enterrados sem choro nem vela, às pressas. Pessoas desesperadas nas portas dos hospitais, sufocadas, buscando o ar, sem vagas nas UTIs lotadas onde poderia ser encontrado, com hospitais de campanha sendo usados, mas ainda mais nos embates políticos do que na realidade. Faltam profissionais, respiradores, equipamentos de proteção individual, vergonha na cara dos governantes locais e suas desencontradas declarações e medidas, capitaneadas pelo governante-mor que, se Justiça houver, um dia deverá ser severamente punido e responsabilizado. Porque essa negação não lhe daremos o direito de ter.

Nas ruas deste país chamado Brasil a bandeira foi usurpada em carreatas da morte ousadamente vestidas de verde e amarelo e clamando pelo horror.

Nos olhos de fora de máscaras – quando estas não estão penduradas em pescoços ou deslocadas – se lê a aflição, o medo, o temor,  a dúvida do que sairá disso tudo, que normal será esse, se é que um dia poderá ser chamado de normal esse breve e agitado futuro que nos aguarda.

E daí, presidente?

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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#ADEHOJE – ATÉ QUANDO? PERGUNTAS

#ADEHOJE – ATÉ QUANDO? PERGUNTAS QUE NÃO VÃO SER CALADAS

 

SÓ UM MINUTO –

  1. Por que o Ministro da Educação, o tal Abraham Weintraub, ignorante de carteirinha, ainda está Ministro?
  2. Até quando vamos aturar os arroubos de ignorância dos Filhos do Capitão e do tal Olavo de Carvalho?
  3. Como é que tem ainda quem defenda essa precariedade de inteligência grassando no nosso país?
  4. Até quando nossas cidades ficarão abandonadas? Não pode chover, não pode fazer Sol, estão caindo aos pedaços. Até quando?
  5. Como pode um ministro – se bem que até pode ter sido bom pra um míssil não ser enviado par anos – como o Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, tirar férias – e ficar nelas – em um momento mundial tão delicado como esse?
  6. Nenhum, de nenhum lado, por motivo algum. Qual o sentido da guerra?
  7. Por que o avião caiu?
  8. Como pode um juiz dar uma sentença de censura como a que suspendeu o vídeo do Porta dos Fundos sem corar?
  9. Até quando ficaremos quietos diante de tantos abusos?
  10. Como ajudar a diminuir os casos de feminicídio e violência contra as mulheres? Contra as crianças?
  11. A propósito, quem mandou matar Marielle Franco?

#ADEHOJE – TODOS EM ALERTA. TENSÃO 24 HORAS

#ADEHOJE – TODOS EM ALERTA. TENSÃO 24 HORAS

SÓ UM MINUTO – Tensão. É como um clima que se respira, vem pelo ar, uma tensão, o medo, parece que estamos todos vivendo sobressaltados o tempo inteiro. E não é só por causa de possibilidade de guerra no Oriente Médio, por causa dos Estados Unidos, de aiatolás, de nada, só, pelo menos, disso. É a violência, que nos faz andar olhando pra trás, tomar susto a cada passo, cada olhar esquisito. Vai tomar um UBER e fica pensando. Sai à noite, tem medo. Chove, e tudo pode encharcar. Um avião, coincidentemente, cai logo após decolar no Irã. Mata todo mundo, de várias nacionalidades. Eles dizem que foi acidente mesmo…

A gente nunca sabe de onde vem o “foguetinho”, a agressão. Na internet, vem de todos os lados, de gente que você nunca viu ou verá, que passou só para deixar veneno nas suas postagens, e que você nem sabe mesmo nem se existe.

Estranhos tempos.

#ORGULHODESERJORNALISTA

#ADEHOJE – 2020 ASSIM. E A GENTE REZOU TANTO POR PAZ

#ADEHOJE – 2020 ASSIM. E A GENTE REZOU TANTO POR PAZ

 

SÓ UM MINUTO – Calor é pouco nesse início de ano. Chegam os dados que resumem o ano passado. Mais de 150 mulheres vítimas de feminicídio somente no Estado de São Paulo, e a gente fica pensando como acabar com isso, o que está acontecendo. Aí se volta para o mundo, onde no féretro de Suleimani mais de 40 pessoas morreram e 213 estão feridas, algumas gravemente no tumulto. E no calor dos que pedem vingança contra os EUA. Na Venezuela, o parlamento virou pancadaria e tudo uma bagunça, que não se sabe mais quem governa quem.

E no Brasil o homem que nos desgoverna? Não vai parar, né? Ontem disse que jornalistas são raça em extinção, que deveríamos estar sendo cuidados pelo IBAMA. Isso não é brincadeira, nem engraçado, e há muito já passou dos limites. Medo de um país onde as pessoas estão tão apáticas e desorientadas, capazes de engolir desaforos. Desprotegidos de suas instituições.

#ORGULHODESERJORNALISTA

ARTIGO – Os Implicantes. Por Marli Gonçalves

Virou o ano e agora temos este, 2020, número lindo, espelhado, bom de escrever, desenhar, bissexto, pelo menos enquanto não vier alguém implicar com ele até por isso, pois se implicam com tudo. E se até o Papa se dá o direito de dar uma bifas por aí…

Com o que você implica? Todos nós andamos implicantes com alguma coisa ultimamente, repara só. Claro que nem preciso dizer, para começar, que implicar com o atual governo, desgoverno, sua equipe, as bobagens que proferem ou ameaçam, o próprio e seus filhotes, o pacotão todo, é quase que obrigatório, cidadania, vigilância, alarme ligado. Se até quem o botou lá agora está implicando. E se até o Papa…

Mas tem muita gente por aí implicando com coisas que absolutamente não lhes dizem respeito, nem de perto, e que não fazem parte nem diferença para as suas vidinhas normais. É até engraçado em alguns casos como os carolas nos lembram as “Senhoras de Santana” – lembram? Elas adoravam uma censura.

Mas isso pode ser perigosíssimo em tempos estranhos.

Antes que impliquem comigo, repito, admita: todos somos um pouco implicantes. Com mau humor a coisa piora, dobra, a gente até procura com o quê ou com quem implicar. Eu, por exemplo, ultimamente, assumo e vou dar um exemplo, ando completamente implicante – vejam só que bobagem – com homens que usam bermudas e meias ¾ puxadas, bem esticadas, até em cima, arrumadinhas. Tenho gana de pular na perna deles e baixar a meia. O que eu tenho a ver com isso? Nada. Eu bem sei. Mas dei de implicar com isso.  Nunca ataquei nenhuma perna, não se preocupem, que ainda não cheguei nesse nível. (ainda). Não ofereço riscos. Mas prometo tentar parar logo com essa implicância, que tenho muito mais o que fazer.

Justamente sobre isso que falava.  Sobre implicâncias também poderem desencadear violências, intolerâncias. Uma coisa é você implicar dentro da sua cabeça; outra, tentar com que outras pessoas impliquem também com a mesma coisa. Isso muito facilitado pela loucura das redes sociais. É o que está acontecendo no caso do filme do pessoal do Porta dos Fundos para a Netflix, que até onde sei não está obrigando ninguém a assistir – se estiver, me avisem correndo que não tenho ainda assinatura e vou aproveitar para maratonar as séries legais deles. Nessas primeiras horas do ano, já implicaram com o Sabonete Phebo porque custaria três reais; um pouco mais com a Greta Thunberg que adorariam ver ferver na Austrália e, pior, o Trump implicou de tal forma com o Irã que está nos pondo a todos à beira de uma Grande Guerra, fora o petróleo já custando barris de dólares.

Tem gente que ouviu cantar o galo num sei onde e fica piando igual sabiá no outro canto. Daí para a frente é um pulo: pedem censura, implicam com quem os artistas transam ou deixam de transar, quem com quem, implicam com os espetáculos que fazem e sobre o qual não têm a menor noção. Com o que comem ou deixam de comer, se engordam ou se estão magros. Não tô vendo gente implicando, quase mesmo que excomungando o próprio Papa? Ouvi até citarem a Lei Maria da Penha (!) porque ele teria dado as palmadas nas mãos de um mulher – e olha que ele já pediu desculpas – fez um mea-culpa – quase se atirou lá da sacada do Vaticano.

Agora também estou vendo uma novidade na área de implicância – a feita contra quem morreu, e que não poderá mesmo se defender a não ser puxando o pé quando os implicantes estiverem dormindo. Assombrando.

Cada dia mais temos tantas coisas sérias para nos preocupar e essas, sim, implicarão em tudo o que viveremos nesse 2020 em diante. Vamos tentar todos implicar menos com o que não nos diz respeito. Viver e deixar viver. Bem, claro, até que impliquem com a gente, que se defender é questão de honra.

2020! Feliz Dia de Reis!

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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#ADEHOJE – A CONTA DE DIVIDIR DE BOLSONARO

#ADEHOJE – A CONTA DE DIVIDIR DE BOLSONARO

SÓ UM MINUTO – Impressionante, Bolsonaro é especialista em dividir e manter as divisões dentro e fora do país. Depois de seu discurso, seus ativistas partiram para cima com unhas e dentes para defender o indefensável. Não têm noção de política, de geopolítica, de meio ambiente, de nada – são agressivos e parecem que só vivem de soluções de outrora: LULA, DILMA, PT…como se existíssemos nós, os que não querem nenhum desses dois lados e que graças a Deus ainda somos maioria.

No Rio de Janeiro e no Ceará o horror nas ruas, o ambiente de guerra. Mas nós teremos rock`n roll

#ADEHOJE – LÍDERES CHEGANDO, SAINDO, E O MUNDO GIRANDO

#ADEHOJE – LÍDERES CHEGANDO, SAINDO, E O MUNDO GIRANDO

 

SÓ UM MINUTO – Hoje Tereza May entregou o cargo de primeiro-ministro à Boris Johnson. O mundo todo está voltado à Grã-Bretanha. Johnson é conservador, excêntrico, favorável ao Brexit, a saída da Comunidade Europeia. O momento é delicado. Estados Unidos, do loiro Trump, e agora Grã-Bretanha, do loiro Boris Johnson estão em pé-de-guerra com o Irã. Vai sobrar para todo mundo esse forrobodó, porque envolve combustíveis, alimentos, comércio exterior… e aqui a gente tem o Ernesto Araújo como Ministro das Relações Exteriores. Só não é loiro.

Ainda está bem atrapalhada essa decisão sobre a liberação do FGTS, feita a toque de caixa para ver se a aprovação do presidente melhora. Por enquanto, ao que parece, será liberado para cada trabalhador a retirada de quinhentos reais por conta, ativa ou inativa. A partir de agosto.

#ADODIA, #ADEHOJE. É GUERRA? BOLSONARO SAIU NA FRENTE, ATIRANDO

No #ADEHOJE, a conversa é sobre o que está parecendo uma guerra muito particular. Bolsonaro X PT. Que não saiam fagulhas que nos atinjam. Não temos nada com isso. Bolsonaro atirou primeiro e acertou na mosca

ARTIGO – Aquela musiquinha sinistra. Por Marli Gonçalves

Pã, papam, pã-pãm, papapapaaaam. Aconteceu comigo. Foi agora por esses dias. Mais precisamente já na madrugada do domingo, 21 de maio, o que piorou ainda mais. Madrugada. Meu coração quase saiu pela boca. Estava despreparada para qualquer notícia ruim naquele momento, tão ruim que não podia nem esperar? Estava relaxada, por algumas horas tinha esquecido esse tormento que virou o dia a dia nacional. Esse novo tormento.

Mas quando vi aquilo, aqueles microfones apontados como mísseis vindos em minha direção, como que saindo, pulando, da tela da tevê no meu colo, deu palpitação e naqueles segundos, vocês não acreditariam, tantos pensamentos passaram velozmente até surgir a apresentadora. Várias hipóteses que poderiam até ser concretas. Cada uma mais louca que a outra. Todas essas, as minhas, até valeriam um plantão àquela altura.

Mas não. Naquele, uma trêmula apresentadora que estava certamente de plantão na redação surgiu para dar um outro plantão- e que até ela me pareceu não estar convencida da importância. Ela apareceu ali para anunciar que uma reunião da Ordem dos Advogados do Brasil havia decidido pedir o impeachment do presidente Michel Temer. Ohhhh. Oi? Vê se isso é notícia para dar em plantão de madrugada num sábado? É? Mudou sua vida? Resolveu nossos problemas? Vale alguma coisa nesse país que desrespeitou e diminuiu nos últimos tempos as entidades da sociedade civil a pó de poeira? Responda rápido: qual o nome do atual presidente da OAB?

Vou ser sincera para vocês. Xinguei muito. Falando sozinha, mas xinguei, ô se xinguei. Eu tinha acabado de chegar em casa, do teatro; fui ver Roque Santeiro durante a Virada Cultural. Com fome tinha preparado um lanche maravilhoso (… tá, tá bom: um hambúrguer X-Salada-Tudo e mais um pouco) para comer na sala vendo tevê. Tinha dado a primeira mordida, sabe aquela quando a maionese se espalha e o queijo derretido cria uma união teimosa entre sua boca e o sanduíche?? Aí veio a musiquinha maldita, sinistra. Pã, papam, pã-pam, papapapaaaam

Não foi legal. Não me fez bem. Se eu, que acompanho essa trapalhada toda por dever até de profissão não gostei, imagino como foi nesse Brasilzão de Deus, nas tevês de beira de estrada, nos cafundós. Uma tal de OAB fez num-sei-o-quê.

Já estamos tomando muitos sustos. Quer cena mais para assustar criancinha do que aquele vídeo do Aécio com cara de medo, olhar de medo, e sem nenhuma “convincência”, na frente de uma parede lisa de cor horrível, dizendo-se enganado, ingênuo, desfalcado de recursos? Patético. A expressão do Rodrigo Maia girando o pescoço na quarta-feira do terror em Brasília, e que saiu pedindo reforço da segurança, que acabou chegando o Exército para acudir?

E as duas vezes que apareceu rede oficial no púlpito, para a fala do presidente que toda hora é fotografado engolindo bocejo – não repararam? Ele engole o bocejo de uma forma bem engraçada. Põe para dentro, fica bochechudo. Não deve estar dormindo nada bem. Nas duas vezes falou, falou e não resolveu nada, quase não disse coisa com coisa, como diria meu pai. E a entrevista exclusiva que ele resolveu dar? E que não tinha um assessor que preste para corrigi-lo quando citou a operação Carne Fraca que só aconteceria dez dias depois e que ele usava como argumento para explicar ter recebido no porão de casa o malaco da carne na calada da noite?

Está confuso demais. É mala monitorada que não estava monitorada em nada e justamente ela some, reaparece com uma mordida enorme de bufunfa; é gravação que brota de tudo quanto é canto, até as que não têm nada a ver com o peixe, mas expôs um jornalista que andou arranjando inimigos até debaixo da água.

Por favor, mais comedimento em usar a música maldita e sinistra que nunca traz boas notícias, e que nos ameaça com aqueles microfones na piracema.

Essa musiquinha de agora, mais invocada, tem pouco mais que 14 anos. Mas o plantão se iniciou em 1982, anunciando a eclosão da Guerra das Malvinas. De lá para cá, 35 anos, não foram muito mais de quinhentas vezes a sua utilização. Mas esta, a primeira, já chegou me apavorando e afetando muito. Naqueles dias, sob o comando do admirável Fernando Portela, completávamos, no Jornal da Tarde, uma das maiores reportagens de todos os tempos – de fôlego, três meses de batalha. Chamava-se Viver em Prédios e reportava todos os fatos ligados a isso, de todos os ângulos. Principalmente o do difícil convívio entre os seres, carros, portas, goteiras e vazamentos, portarias e garagens.

A matéria acabou decepada para dar espaço ao noticiário da guerra aqui de nossos vizinhos argentinos, que não cumprimentam ninguém no elevador. A propósito, está de novo uma barulhada e tanto nesse Edifício América Latina.

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20170521_001811Marli Gonçalves, jornalistaPã, papam, pã-pam, papapapaaaam. Só usem de novo, por favor, quando for para noticiar que encontraram a solução para que a gente volte à vida normal. E que outros só surjam para informar avanços da ciência, a descoberta de curas para os males do mundo.

Brasil, isso é certeza. É aqui. Só pode. 2017

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ARTIGO – Os Antagônicos. Por Marli Gonçalves

PeaceDovemedalstereoSe não é um, tem de ser o outro, sem qualquer meio termo. Se é um, vira inimigo, de quase um virar a cara para o outro, quando não quer matar, comer o fígado, ou esfolar sem dar tempo nem de puxar o gatilho da argumentação no duelo. Não demorará e veremos expedições tipo Os Argonautas, mas que serão ou Os Antagônicos ou Os Maniqueístas, em direção à alguma Verdade Suprema. A verdade mesmo é que há nesse momento um clima de perigoso estado de guerra e discórdia. Irascível, temperamental, vicioso, pode desembocar em um estado de intolerâncias sendo plantado e semeado no Brasil

“Se você é contra guerra, mas quer manter a sua Paz e os seus amigos, fique quieto. Porque falar a favor da Paz traz guerra”. Li essa frase por aí; em poucas palavras resumiu a semana, além de aviões caídos e escritores finitos. O sangue corre, escorre, envermelha e envergonha o mundo inteiro há décadas – nos últimos tempos, só para ser mais geral, na África, na Turquia, na Síria, e o silêncio consegue ser ouvido à distância. Mas, quando novamente envolve a faixa territorial, Israel e Palestina, afloram todos os tipos dos mais estúpidos antagonismos. “Em casa onde falta o pão, todos brigam, ninguém tem razão” – diz o belo provérbio português. Minha preocupação é que imediatamente os discordantes resvalam, tropeçam e caem na vala do racismo, preconceito, luta religiosa e intolerância. Não gosto nada desse filme.

Não é só o assunto guerra; esse é só mais um tema. Tudo anda dicotômico, maniqueísta, e extremamente sensível. Temo, mais, que esse beligerante estado de coisas esteja sendo estimulado, influenciado, apoiado – …aiaiaiai, que vou tomar um pau, mas vou dizer… – pelo grupo predominante no poder, para não falar aquelas duas letrinhas. Pá! Pronto, quer ver? Já vão me xingar, me chamar pelo nome daquele pássaro bicudo! E isso não é verdade: tanto a estrela como o meu bico amarelo já caíram faz muuuito tempo.teddy_roosevelt_rushmore_dance_hg_wht (1)

No, no, no, diria Amy Winehouse. Porque está acontecendo exatamente como eu estou contando aqui. Se não é um tem de ser outro, margem esquerda, margem direita.

O que seria do verde, se não houvesse o azul, o amarelo e o vermelho, não? Em época de campanha essa pobreza de debate só serve para tornar ainda mais aborrecido o voto obrigatório. O mundo é maior do que tudo isso, pessoas!

Por que é que a gente precisa querer matar, sufocar, arrancar o olho do que não nos é espelho? (Ou excluir/deletar/ bloquear/ cortar, as terríveis, mesmo que inofensivas, ameaças do novo mundo)? Por que não fazemos justamente como fazem as crianças, essas coitadinhas que viram a grande massa do argumento quando se quer condenar (ou absolver) um lado ou outro? Sobra sempre pras coitadinhas, citadas em vão e em seu nome feitas as barbáries. Elas convivem entre si tão na boa se não forem atiçadas, sejam brancas, negras, pobres, ricas, judias, católicas, protestantes! Dêem a elas uns brinquedos, umas distrações (e que não sejam armas ou redes sociais em isoladores celulares e tablets). Nem precisam falar, enfrentara barreira da língua. Observem como logo começarão a se tocar, rir ou chorar juntas, e até brigar, mas aprendendo como é. Elas são a essência da frase “não sabem de nada, inocentes”.333j3o8

Há medidas diferentes, como os risquinhos de uma régua. Variações de um mesmo tema. Ninguém precisa ser totalmente a favor ou contra nada. Há os meios-termos, igual quando a gente resolve dar uma personalidade ao prato que cozinha, mesmo que lendo receita. Receita não é lei. Opinião é livre, pode ser modulada. Não é porque sou feminista que odeio homens; não é porque sou corintiana que devo odiar os palmeirenses, nem porque sou pobre devo odiar os ricos. Não falei que é fácil cultivar essa temperança, mas é possível. Não insuflem, que estoura.

O que juntos, de mãos dadas, temos de odiar com toda a veemência é justamente o total, o horror, a guerra, a fome, o preconceito, e a injustiça que se espalha de forma subreptícia – na forma inclusive do total atual desordenamento jurídico que parece mesmo não importar nem um pouco aos poderosos sua ordenação. Nem aparecem em seus planos e programas. Eles quase nunca chegam lá mesmo! Não enfrentam os processos e tribunais, onde qualquer um acusa, quer ganhar algum em cima do outro; juiz não lê, mas bate martelo. Uma mãozinha aqui, outra ali. Tudo vira carimbo, influência, papéis que só se movem quando interessa.

Estamos antagônicos. E agônicos, em permanente agonia. Estamos maniqueístas. Estamos nos batendo uns contra os outros e isso só é legal em carrinho de parque de diversão.

gifs3D_MG153Precisamos nos aventurar em novas expedições, novas batalhas, navegando mais até o horizonte. Somos guerreiros, sim, mas os guerreiros modernos, munidos de mouses, celulares que cantam e dançam, escudos de cristal líquido, em territórios infinitos onde tudo se filma, fotografa, escuta, grava, se sabe, se procura, se acha. Até moinhos de vento e Dulcinéias, mas pode me achar de Alfredão. Abra o leque, busque a coisa mais ampla. Pense sobre todos os ângulos. Aproveita que o mundo e a informação abrem as portas.

Nem tudo é gordo. Ou magro. Nem tudo é morto. Ou vivo. Solar ou noturno. Paulistas podem amar cariocas e vice-versa, mineiramente. Nem todo ser que não é brasileiro é gringo. Nem tudo é preto. Ou branco. Lembre dos 50 tons de cinza, ou das milhões de cores que dependem só de como bate a luz para que as vejam. Ninguém é igual a outro, mas as suas digitais – essas – são só suas. Não queira imprimi-la, nem arrancar os dedos dos outros. Pinte seu próprio quadro. Faça amor, não faça guerra.

Seja marcante, um protagonista. Forme opinião, aceite outras. Claro, vá no seu limite. E o limite é exatamente aquele onde todos possam ter alguma razão, mesmo que não total. Para atravessar, olhe para os dois lados, e para cima e para baixo. Porque se houver só uma verdade total ou totalitária ela for, precisaremos estar espertos e prontos para guerrear, nos opor a ela.

São Paulo, 2014

  • Marli Gonçalves é jornalista Guerra e Paz. Amor e Ódio. Nem sempre os opostos se atraem. Principalmente em terra onde blackblocs também amam, e chicletes se misturam com banana.

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marligo@uol.com.brarmy_guy_rope_repelling

Genial Sponholz desenha: por causa deles até a diplomacia internacional está indo para as …calêndulas! Tá todo o mundo louco. Pisam, espalham.