ARTIGO – Caos urbano. Por Marli Gonçalves

O caos se forma quando o dito progresso não é acompanhado nem de longe por um mínimo planejamento. Está cada vez mais difícil levar uma vida minimamente saudável, não sei se todas as outras metrópoles também estão assim, insuportáveis, intragáveis. Falta tudo: ordem, ar, civilidade, e agora até a luz toda hora se apaga em algumas das principais regiões da cidade, sem eira nem beira. Por horas, e dias. Sem explicações. Relatos selvagens de nosso dia a dia.

caos
cartum Henfil

Não tem dia, não tem noite, não tem hora, o trânsito engarrafado, as pessoas alucinadas, as motos cortando as vias em alta velocidade. Ao mesmo tempo é difícil sair e não ver algum motoboy estatelado no chão. Regras não valem para nada e todos os dias as notícias aqui e ali de ataques de fúria, muitos até bastante razoáveis, diria até que demoraram. A espera por ônibus por mais de duas horas em pontos e terminais desconjuntados. O Metrô que para no caminho, os trens, isso quando as linhas funcionam – o caos na hora do pico. Passageiros andando pelos trilhos. Tudo isso é cotidiano.

Este ano as eleições serão municipais – ou seja, para prefeitos e vereadores, os mais próximos de nós, os que deveriam estar atentos justamente a tudo e não apenas para aumentar impostos, dar nomes de ruas, inventar normas mequetrefes, tentar legislar  – sim, alguns fazem isso – sobre questões particulares, religiosas. Por aqui o atual prefeito aparece sempre só bem depois dos fatos, consternado, tadinho, com os olhos cheios de água e sem qualquer solução para os prejuízos milionários. A gente é que tem vontade privatizar a cara deles.

Um silencioso desmonte dos equipamentos culturais existentes. A gente grita e não é ouvido. O governador do maior Estado do país aproveita e vai dar uma volta lá fora para posar sorrindo ao lado do primeiro-ministro de Israel, em plena famigerada guerra que insistem como mais um ponto para nos dividir nessa insanidade política.

Muito mais do que apenas fora da ordem, a vida nas grandes cidades está beirando o insuportável. Faz calor – alguém acha que ar condicionado legal é o que gela até a alma. Um exemplo do que está me valendo mais de uma semana de forte abatimento depois de uma viagem intermunicipal dentro de um ônibus que calculo estava a uns 15 º C.

Nos hospitais públicos e privados assistimos à superlotação com a explosão de casos de dengue, covid e de todos os males. Sem lugar muitas vezes nem para sentar para a espera de longas horas. Poucos profissionais, visivelmente sobrecarregados e mal treinados.

O momento é de total demolição do passado e construção de prédios em todos os cantos, sem cuidado com a infraestrutura. Caminhões pesados destroem o asfalto das ruas que viram buraqueiras.

Impraticável.  Tudo.  Não faltam exemplos. Até quando?

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marli goMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Já. Já? Já! Por Marli Gonçalves

Repara só como o “já” vem sendo muito usado como gerúndio, especialmente para justificar os atrasos e a inação quando estes são flagrados. Já estamos vendo, já estamos tomando providências, já isso, já aquilo. Até parece. Tranquiliza pra não fazer, continuar do mesmo jeito, estica o tempo, o passado, o presente, e ainda embola o futuro.

Letra J – alfabeto.ptAdesivo Letra Á Arial Black

De vez em quando escuto umas coisas que ficam ali zunindo nos meus ouvidos, me dando choques, chamando atenção para os seus significados e como e quando começam a ser usadas exaustivamente as expressões, sejam sujeitos, verbos ou advérbios, como é o caso do “já”. Vocês, claro, sabem, que jornalistas e escritores são extremamente ligados às palavras, aos sons, às formas, às situações em que aparecem. Precisamos delas todas para nos comunicar, contar histórias, buscar a precisão.

Assim foi que há dias venho reparando no tal “já” toda hora aparecendo meio deslocado, coitado, principalmente em explicações e respostas solicitadas pela imprensa ao descobrir malfeitos e pedir o outro lado aos envolvidos. Fora as repetições de ladainhas, muitos garantem até que já estavam mesmo até arrumando a tal situação. Mesmo que visivelmente não, e na verdade o tal problema instalado – mesmo – isso sim, até em alguns casos há muitos anos. Ouvimos isso sobre as enchentes e todos os seus problemas. Ouvimos muito isso no caso da violenta balbúrdia no Rio Grande do Norte, com as autoridades tomando as providências que deveriam ter sido tomadas já há muito tempo, isso sim. É o que nos explicam no caos e desorganização dos transportes coletivos em São Paulo, e muitos causados por uma empresa cuja marca já está é registrada como sinônimo de incompetência, citada praticamente todos os dias com acidentes no Metrô e problemas nas linhas que deveria cuidar desde que obteve a concessão, a Via Imobilidade, já mesmo este é o seu apelido na expressão de quem é obrigado a usá-las.

Os apresentadores de tevê, quando leem essas notas, seguram o ar irônico, ou pelo menos tentam, o que é quase impossível. Os jornais as publicam por obrigação, lááá embaixo no rodapé das notícias. Quase um copia e cola constante, já que sempre praticamente se repetem. Inclusive com a expressão que estão “colaborando com as autoridades”. Não me digam! Folgamos em saber.

Escrever notas oficiais, comunicados à imprensa, responder por escrito às explicações solicitadas é uma arte e ela vem se perdendo rapidamente, e perdendo o sentido, sendo achincalhadas, mesmo elas sendo tão importantes para que as empresas ou pessoas envolvidas em problemas possam se defender, um direito inalienável.  Digo com conhecimento profissional da questão, há anos como consultora de comunicação e especialista em gerenciamento de crises e embates com a opinião pública.  Primeiro, claro, preciso explicar a importância delas, na origem – e de serem enviadas por escrito. Transformam-se em documentos.

Devem resumir o que precisa ser dito em cada situação, fecham a opinião e os fatos. Não permitem, assim, quando corretas, erros de transcrição que poderiam ocorrer em explicações orais à imprensa quando publicados. Devem conter sempre informação clara e objetiva, cumprir o papel de auxiliar a transparência da informação. Poupam ainda a imagem de quem ou do que tem esse espaço valioso – ou ao menos deveriam ter – para se explicar e se defender, há alguma reputação a zelar. Sei bem também o quanto isso anda coisa rara de se encontrar, zelo pela própria reputação e condições reais para isso. Mas ainda existe. E o direito à defesa deve ser garantido.

Vamos respeitar os sentidos das palavras já! Deixemos o Já! prevalecer para quando precisarmos dele, como tantas vezes, lembram? Diretas Já! Vacinas Já! – sobre o que deve acontecer rapidamente, logo, em tempo curto, sem deixar dúvidas.

Por exemplo, no apelo: “Governem Já!”. Chega de tanto falatório, atrito e confusão.  Parem com isso, já!

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Nenhuma descrição de foto disponível. – MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon).

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Dilma, o que é que você anda tomando? Por Marli Gonçalves

catdrunkPrecisamos saber, perguntar, pesquisar, investigar – e tentar comprar também – o que a presidente Dilma anda tomando, comendo, fumando, aspirando no ar enquanto pedala, passando no cabelo como shampoo, até para que possamos fazer o mesmo e nos acalmar de forma divertida diante dessa loucura que assola o Brasil

O país todo à beira de um ataque de nervos. Seja quem quer mudança; seja os que querem continuar atarracados – ouvidos moucos, olhos cegos, esses que, coitados, também já não sabem mais o que fazer e como continuar defendendo o indefensável – que a vida anda bem dura para eles, hein!

A espera é difícil e nós aqui esperando sambando na zazueira que virou. Uma presidente atônita, com os seus atonitozinhos ao redor fazendo trapalhadas, às vezes até nos fins de semana, no exterior. Até quando calados nos dão notícias da situação ao vermos as suas fotos estampadas nos jornais do dia seguinte. Aliás, neste momento, nada melhor e mais significativo do que os registros fotográficos que vêm sendo feitos nas solenidades. Dizem tudo para bons observadores.

O problema é que o negócio todo está ficando esquizofrênico, cada dia mais. O que acaba nos levando no roldão, e creio que nunca se vendeu tanto remédio antidepressivo, calmantes, chás de cidreira. Outro dia, em uma reunião com pessoas da classe dos muitos “As” soube de uma coisa surpreendente, explicada rapidamente por um alto executivo de banco, presente na ocasião: “É a crise”. O comentário era sobre o número de pessoas que eles conhecem que ultimamente andam abertamente aderindo ou se aproximando de religiões, digamos, mais do balacobaco, como umbanda e candomblé. Bem que eu já tinha observado a volta de um número grande de despachos nos cruzamentos e encruzilhadas dos bairros nobres, feitos com esmero, frangos robustos depositados em bonitos alguidares de barro. É. É a crise. E é também o desespero da busca por solução – como digo, manter a cabeça fora da água e os pezinhos batendo para não se afogar.

drunk7Os humoristas vão acabar perdendo espaço para os políticos, para os governantes, que já devem ter descoberto a poção da Dilma. Cunha bota a mão na boca para conspirar não conspirando; tira, para negar o dinheiro que tem, mas não tem, porque estava no nome dele, mas não é dele, entende? O tucano daqui fica indignado em descobrir quase um ano depois que “alguém” tinha trancado toda a documentação de transportes do Estado numa cápsula do tempo, que só poderia ser aberta daqui a 25 anos. Já pensaram? A gente andando de foguetinho nas vias aéreas, indo para a Lua, ou indo passear em Marte, e aparecem papéis revelando coisas horríveis sobre um tal Metrô que teria existido no final do século passado e começo deste.

Enquanto isso a presidente que fez de tudo para que suas pedaladas reais fossem vistas de forma positiva, e se esgueira toda paramentada passeando de bicicleta no meio dos carros em Brasília, demonstra que deve ter batido a cabeça sem capacete e misturado o tico e o teco. Souberam do discurso do vento que devemos estocar, feito na ONU? Não?Benny-Mountain-Bikes

Ipsis Litteris, ela disse: “Até agora, a energia hidrelétrica é a mais barata, em termos do que ela dura com a manutenção e também pelo fato da água ser gratuita e da gente poder estocar. O vento podia ser isso também, mas você não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento. Então, se a contribuição dos outros países, vamos supor que seja desenvolver uma tecnologia que seja capaz de na eólica estocar, ter uma forma de você estocar, porque o vento ele é diferente em horas do dia. Então, vamos supor que vente mais à noite, como eu faria para estocar isso?” Disse. Disse sim.drunk5

Pois é. Ando bem preocupada com a gente e com ela. Semana que vem chega de novo aquele desarranjo do horário de verão (tá, se você gosta, tudo bem, mas eu discuto e vou discutir sempre ordens vindas de cima que mudam nossas vidas), dizem que o calor vai fritar nossas resistências alguns graus a mais por causa do fenômeno El Nino. O PMDB vai continuar mandando, os tucanos tucanando, um monte de peixes caindo na Rede de Marina (que também acho que toma algum chá de cipó), o Levy teimando em bater o pé, o Lula se intrometendo para se safar, a gente batendo panela vazia. Embora tenha quem queira que paguemos o pato, além de dar bom dia a cavalo e amarrar o burro, com estômago de avestruz.

Mas, Dilma, com todo o respeito, os abraços de tamanduá vão levá-la, quase que inevitavelmente, ao canto do cisne, com lágrimas de crocodilo.

sample_dringgSão Paulo, nariz tapado, 2015

Marli Gonçalves, jornalista – Uma brasileira que já não está entendendo mais é nada. Como sempre, pergunto: será alguma coisa que está vindo na água?

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ARTIGO – Pavio aceso. Por Marli Gonçalves

   Gifs%20Anim%E9s%20Feu%20%28119%29  Não esbarre. Não pise no pé. Não cutuque a onça. Não pise no rabo. Não provoque. Use óculos escuros. Fique na sua. Não encara! Vivo em São Paulo. Então, transmito minhas impressões diretamente do centro do caldeirão, e o caldeirão está em ebulição de uma forma que não me lembro de ter visto antes, em formato, perigo, disparates. Está difícil ir daqui até ali sem se aborrecer, sem encontrar problema, sem encontrar gente rosnando inconformado seja de um lado ou de outro, curtindo rancores, olhando torto para o que não compreende ou que não lhe é espelho Gifs%20Anim%E9s%20Feu%20%2850%29

Gifs Animés Bombes et Explosion (3)O país inteiro está quente, mas aqui em São Paulo todo esse calor se mistura com cimento, ar sujo, cidade caída e esburacada, saco cheio, durezas de vidas sem poder por o pé na areia, nem chinelos de dedo, nem grandes possibilidades de se acalmar vendo o por do sol sentado em algum morrinho. Sim, tem quem pode; mas a maioria apenas se sacode. E sacode para cima dos outros. O clima de individualismo está chegando num perigoso limite com a insanidade mental e física.

O pavio está aceso e o barbantinho queima com rapidez. O relógio faz tiquetaque, tiquetaque, e a gente procura para ver se acha a bomba antes que ela estoure. O barril é de pólvora e tem gente com fósforo aceso achando graça. A panela está fervendo e o leite já derramou. Nunca antes nesse país qualquer faísca – e elas não param – eclode em tanta violência. No trânsito, até facas zunem. Nas ruas ninguém mais pede licença nem para passar e gentilezas são tão raras que quando a gente encontra uma é capaz de se apaixonar, querer filmar para guardar a cena e mostrar para gerações futuras, chorar e querer abraçar e beijar.

Pior é que para arrumar uma encrenca não precisa nem mais sair de casa. Tenho visto amigos deixarem de ser amigos entre si, e o que é pior, em público, se xingando de uma forma pavorosa e cruel via as tais redes que daqui a pouco se chamarão é “redes anti sociais”. Não é mais porque um não pagou o dinheiro que pediu emprestado, ou não devolveu um livro, ou mexeu com a mulher, roubou um namorado; mas brigam só por conta dessa política rastaquera implantada tal qual erva daninha. Não me conformo. E todo dia assisto pelo menos uma dessas pendengas. Sei também o quanto é difícil calar, principalmente quando escrevem bobagens no seus posts – quase como uma invasão do espaço íntimo. Porque a gente não gosta de ser amigo de quem é burro, maria-vai-com-as-outras, e que dá palpite sobre o que nem tem ideia, apenas telecomandado por uma ideologia de última categoria, vontade de engraxar sapato dos guias máximos. Eu pelo menos não gosto. Não brigo, mas fico atenta para ver se a pessoa ainda tem cura. E espero que ela vá pensar o que quer, democraticamente, mas bem longe dos meus domínios, com a turma dela, já que não há mais possibilidade de debate sério, civilizado. É só petralha! para lá, tucano da elite para cá; agora deram para xingar até de “comunistas!” Quando é que vão ver que esquerda e direita é mão de direção? E em política a gente pode, sim, pegar a contramão na hora que quiser. Deveria poder.

Os nervos, ah, os nervos! Estão à flor da pele e temo que seja por não estarmos conseguindo prever – pense – nada, nem poucas horas diante de nossos narizes. Como vai ser? Vai ter protesto? O povo voltará às ruas? A seleção brasileira passará das oitavas? Aliás, os turistas conseguirão chegar? Partir? Vai ter Copa? (Claro que vai, mas tumultuada).

Achei verdadeiramente brilhante esse post do amigo jornalista Wilson Weigl: “Pra mim já deu! Não aguento mais ouvir falar de: manifestação, protesto, caos, crise, crime, Black Blocs, arrastão, rolezinho, roubo, assalto, polícia, tráfico, metrô, faixa de ônibus, tarifa de ônibus, apagão, racionamento, favela, comunidade, UPP, crack, cracolândia, máscara, médicos cubanos, Ramona, Mais Médicos, Bolsa Família, Cuba, porto cubano, eleição, Copa, imagina na Copa, Pizzolato, Pedrinhas, Pampulha, Maranhão, PT, PSDB, Dilma, Lula, Alckmin, Haddad, Padilha, Cardozo, Sarney etc etc etc. #cumbicajá

Gifs%20Anim%E9s%20Eau%20%2828%29Quem vive de informação tem melhor ideia do que trato. Você abre o jornal e lê artigos que, puxa vida, como alguém pode escrever e publicar tanta bobagem só porque tem nominho no mercado? Como alguém pode ser âncora de jornal sério e ser tão babaca? E as declarações e explicações dos homens públicos? Trabalho com isso, gente; os caras não estão contratando profissionais de comunicação, não. Andam contratando qualquer coisa: filhinhos de papai, moças bonitinhas, coisinhas fofas, mas que não têm ideia do mal que estão fazendo. A gente vai guardando…uma hora a coisa explode, e não vai ter controle. Fora os jornalistas que viraram bucha de canhão, fritos em óleo quente, queimados com fogos, rojões, acertados com cassetetes e bordunas.

Gifs%20Anim%E9s%20Feu%20%28107%29Dá para dizer que o tumulto no Metrô foi sabotagem? Não. Dá para dizer que o rolezinho é coisa de infiltrados? Não. Dá para dizer que fazer a justiça com paramilitares sanguinários, milicianos que espancam meninos, está certo? Não. Dá para ficar perguntando o que foi que o Lula dedurou, para acreditar que ele teve, sim, tratamento diferenciado? Não. Se ele falou, nem que seja a cor da cueca do companheiro, se sorriu (e sorriu) para os agentes da ditadura, já não é suficiente? Dá para jurar num dia que não vai ter apagão e no dia seguinte o país inteiro sofrer um apagão? Dá para por culpa no raio?

Alguém, por favor, pode jogar água nessa fervura? Rápido! O barbantinho está quase no fim. E a água está para ser racionada.

Gifs%20Anim%E9s%20Eau%20%2813%29São Paulo, 40 graus  

Marli Gonçalves é jornalista Lembra quando a gente brincava de esconde-esconde, adivinhação, quente ou frio? Pois é: agora está mais para “chegou com um quente e dois fervendo”. A batata está assando. Ou quente, nas mãos.

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Tenho um blog, Marli Gonçalves, divertido e informante ao mesmo tempo, no https://marligo.wordpress.com. Estou no Facebook. E no Twitter @Marligo

ABI/SP preferiu ficar fora dessa roubada. Saiu da tal Comissão de Transparência do Governo Alckmin

fonte: coluna james akelalien00092ÍNTEGRA DO OFÍCIO ONDE A ABI –SP DEIXA A COMISSÃO DE TRANSPARÊNCIA DO GOVERNO DE GERALDO ALCKMIN

– Representação São Paulo

Rua Dr. Franco da Rocha, 137 – cj. 51 – São Paulo – SP – 05015-040

abi.sp@abi.org.br – Tels.: (11) 3868-2324 – 3675-060

São Paulo, 18 de outubro de 2013.

Excelentíssimo Senhor

Geraldo Alckmin

D.D. Governador do Estado de São Paulo

CAPITAL

Prezado Senhor Governador,

A Associação Brasileira de Imprensa, Secção São Paulo, vem agradecer o convite feito para nossa participação no Grupo Externo de Acompanhamentos das Apurações Administrativas – GEA -, referentes às denúncias do suposto cartel na área metrô-ferroviária, e comunicamos que não vamos mais participar das reuniões.

Nossos conselheiros não estão capacitados para a avaliação dos temas debatidos no que se refere às licitações passadas na área de trens e similares. Não temos em nosso grupo de conselheiros nenhum jornalista com conhecimento em equipamentos do ramo para avaliar se houve ou não qualquer tipo de ilicitude sobre o assunto.

Colocamo-nos à disposição para colaborar em qualquer outra área do governo em que os nossos conhecimentos sejam realmente sólidos no assunto.

Com os nossos cumprimentos da mais elevada estima e consideração.

Respeitosamente,

Rodolfo Konder                              James Akel

Diretor da ABI-SP                           Conselheiro

Coberturinha – Manifestação de gente diferenciada que quer Metrô, em Higienópolis, sp.

Trouxe um pouco das imagens da parte da churrascada, diante do Shopping Pátio Higienópolis…
Divirta-se. Todas são auto-explicativas.
Fiz uma seleção de filminhos também.

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Volta tudo. Vai ter o churrasco de gente diferenciada no sábado, totalmente flutuante. A chapa vai esquentar.

Pressionado, organizador remarca ”Churrascão da gente diferenciada em Higienópolis”

Da Redação do UOL -www.uol.com.br

 

 
“Ok, o povo pediu. O churrasco continua.” Foi assim que Danilo Saraiva, organizador do evento “Churrascão da gente diferenciada” comunicou aos integrantes da rede social Facebook que o evento – cancelado durante a tarde desta quinta-feira (12) – estava novamente marcado para o sábado (14), às 14h, em frente ao Shopping Higienópolis.

O evento, que já tem quase 51 mil convidados no Facebook, havia sido cancelado para que se transformasse em  ato beneficente, conforme informações publicadas na rede social.

“O fato de o churrascão ter sido modificado, não impede que vocês se manifestem da forma que quiserem. Seja com carne no espeto, recolhendo assinaturas, ou simplesmente colocando seu pagode para tocar. O que passamos aqui são orientações e preocupações com a segurança de todos”, escreveu Saraiva na página do evento no Facebook.

O encontro foi marcado como forma de protesto contra a desistência do governo de São Paulo em em construir uma estação do Metrô no bairro de Higienópolis. A repercussão foi tamanha que o Ministério Público de São Paulo pediu explicações sobre a mudança de local da estação e levou o governador do Estado, Geraldo Alckmin, a declarar que existirá uma estação no bairro.

Danilo Saraiva, idealizador do evento, explicou que o principal motivo do cancelamento foi a possibilidade de bloquear ruas do bairro e haver baderna. “Mesmo que nos seja assegurado o livre direito de nos manifestar, ainda não podemos obstruir vias públicas e tampouco nos responsabilizar pelas atitudes de manifestantes mal-intencionados, que por vezes vão ao evento apenas com intuito de depreciar a propriedade pública e privada”, diz o texto no Facebook.

Outro problema, prossegue Saraiva, seria a quantidade de lixo produzida, um “prejuízo grande não só ao povo paulista como à prefeitura”.

No lugar do “Churrascão”, haverá um ato público beneficente, com concentração de participantes no próximo sábado (14), às 14h, na Praça Villaboim. Lá os manifestantes poderão participar de um abaixo-assinado para pedir esclarecimentos do governo estadual sobre os planos para expansão do metrô na cidade de São Paulo. Também serão arrecadados agasalhos e alimentos que serão destinados a uma organização não-governamental (a ser definida).

Após várias reclamações de usuários do Facebook sobre o cancelamento, Saraiva atualizou novamente o convite e reforçou que está apenas tornando o evento num “ato lúcido, pacífico e realmente útil para a população paulistana”.  “O fato do churrascão ter sido modificado não impede que vocês se manifestem da forma que quiserem”, salientou.

Outro churrasco marcado

Aparentemente inconformado com o cancelamento, o usuário Felipe Merlo criou nesta quinta (12) um segundo convite no Facebook para o churrasco, marcado para o mesmo dia e local do evento original. A mensagem na rede social é “nada de cancelar, repassem para todo mundo”. Até o momento, 46 pessoas confirmaram presença.

Outro evento marcado é a “Micareta de gente diferenciada“. Foi marcado para acontecer junto com o churrasco, como um “Carnaval diferenciado com encontro de blocos de carnavalescos de paulistas e paulistanos diferenciados”. Quase 500 pessoas confirmaram a participação, que terá como ponto de encontro a esquina da avenida Higienópolis com a rua Albuquerque Lins, às 15h do sábado.

Gente “diferenciada”

Em menos de 24 horas, o evento “Churrascão da gente diferenciada”, criado por uma ferramenta do Facebook, conseguiu atrair quase 50 mil participantes.

A palavra destacada no convite para o churrasco fazia referência a uma declaração de um morador de Higienópolis em entrevista à Folha de S.Paulo. “Eu não uso metrô e não usaria. Isso vai acabar com a tradição do bairro. Você já viu o tipo de gente que fica ao redor das estações do metrô? Drogados, mendigos, uma gente diferenciada…”  

Além de confirmar presença no Facebook, os internautas fizeram piadas sobre os itens do churrascão. “Vou levar a carne de sol da Socorro!”, “vou levar uns pagodes antigos e a banda do bairro pra tocar lá!”, “Acabei de falar com o empresário da banda “Calypso”. Joelma e Chimbinha confirmados! Eles vão arrepiar!!!”, “Vou levar ‘batatonese’”, “não pode faltar funk MUITO alto!!”, “Lembrem-se de levar Tubaína, Dolly Cola e refrigerante Xereta!”, “Reserva a laje que eu quero tomar sol!”, “Eu levo as Kaiser morna” e “Vamos fritar sardinha na rua e vender espetinho de salsicha!” e “To levando um vinagrete!!!” foram algumas das mensagens postadas.

Entre as mensagens que definem o perfil da “gente diferenciada” estavam: “Divulga no Orkut!”, “vou chegar com meu chevettão 81 preto com as “corneta” pra fora, tocando Mc Catra no ultimo volume!!!”, “Adorei meu novo título… gente diferenciada!!! Já posso dar tchau tipo miss???”, “finalmente um evento decente pros nossos mano fazer um eskenta pra final do Paulistao!” e, como não poderia faltar, “Fica, vai ter gente diferenciada”.

 

Organizador dá esclarecimentos sobre cancelamento do Churrascão de Gente Diferenciada. Bom senso. Viu que coisa estava fugindo ao controle.

tirando o time

Caros,

As intenções são nobres, mas devido ao grande número de adeptos, infelizmente, tivemos que cancelar o churrascão e transformá-lo em um ato realmente bonito.

A Associação Defenda Higienópolis e os moradores do bairro, que participaram do abaixo-assinado, estão de cabelos em pé. Com o Churrascão, conseguimos também que o Ministério Público investigasse as intenções por trás do cancelamento da estação de metrô na Avenida Angél…ica e até um pronunciamento oficial do governador Geraldo Alckmin. Somente esses mais de 45 mil confirmados serviram para provar que o povo paulistano (e todo mundo de outras cidades) que participou não é mesquinho como dizem por aí. Somos humanos, temos voz e direitos. Tais direitos não são garantidos apenas a uma elite, mas sim a todos que trabalham, que estudam e que passeiam por essa grande cidade e pagam impostos. Não é a conta bancária de um que determina a dignidade (ou falta de) do outro.

O metrô, hoje, não atende a necessidade de quem mora nesta cidade. O transporte público é risível. Ônibus lotados a tarifas absurdas, veículos em situação precária, falta de corredores, atrasos em obras, acidentes, são apenas algumas das situações que tornam São Paulo ainda mais caótica do que ela deveria ser, graças ao seu número de habitantes.

A ideia de cancelar o evento partiu por duas razões: ainda que a subprefeitura da Sé não tivesse mostrado qualquer atitude contrária ao Churrascão, a Polícia Militar e a CET mostraram preocupação, uma vez que a avenida Higienópolis, onde o evento seria realizado, é muito estreita e mesmo que nos seja assegurado o livre direito de nos manifestar, ainda não podemos obstruir vias públicas e tampouco nos responsabilizar pelas atitudes de manifestantes mal-intencionados, que por vezes vão ao evento apenas com intuito de depreciar a propriedade pública e privada, além de agredir aqueles que, como eu e meus amigos que me ajudaram a organizar o flashmob, estão apenas tentando fazer sua voz valer, acima de tudo. Em poucas palavras, seria quase certo o uso de violência física contra os manifestantes, e arcando com essa possibilidade, não podemos deixar que ninguém saia ferido por conta de uma brincadeira.

Há de se levar em conta também a quantidade de lixo que iríamos produzir. Isso é um prejuízo grande não só ao povo paulista como à prefeitura, que, apesar de ser quase sempre incompetente no que se refere aos direitos dos cidadãos, tem problemas maiores para resolver.

Sendo assim, modificaremos o caráter do evento. Ele será realizado com o intuito de realmente ajudar a população carente, que não têm condições nem voz para arcar com as atitudes mesquinhas desses moradores do bairro de Higienópolis que assinaram a petição contra a estação de metrô.

– Ao invés de uma baderna, podemos organizar um ato público de ajuda aos mais necessitados.

– Estamos ainda conversando com os órgãos competentes para que esse evento faça realmente uma diferença e mostre a nossa voz ao governo, que tanto oprimiu quem nunca teve condições de dialogar e seu único direito, quase sempre falho, foi o voto.

– Daremos coordenadas sobre o que será feito no sábado, a partir das 14h, com concetração na Praça Villaboim.

– A princípio, reuniremos assinaturas e as encaminharemos ao governo do estado para que eles prestem esclarecimentos, planos concretos e datas sobre as novas estações e linhas do metrô.

– Pretendemos também, ao invés de uma festa, arrecadar agasalhos e alimentos durante a manifestação, mas para isso, ainda precisaremos fechar um acordo com ONGs que se interessem pelo material arrecadado.

– Aos manifestantes que expressaram preconceito contra os judeus moradores do bairro, fica meu lamento. Vocês são tão pobres de espírito quanto aqueles que assinaram a petição contra o metrô.

Danilo Saraiva, organizador

O que eles queriam? Aplausos? Eu quero os nomes das grandes personalidades que desviaram o traçado do Metrô, tirando de Higienópolis porque teria muito…povo? Agora, aguentem!

PROGRAMAÇÃO DE SÁBADO!

da TWITTSFERA:

FONTE: @caroltypes

Churrasco de Gente Diferenciada. sábado, dia 14, 14h