#ADEHOJE – AGRESSOR PRESO E O “CORRE” NA FAMÍLIA DE BOLSONARO

#ADEHOJE – AGRESSOR PRESO E O “CORRE” NA FAMÍLIA DE BOLSONARO

 

SÓ UM MINUTO – Família de Bolsonaro – tipo ex-esposa ( e mãe dos 000s), parentes, o sumido Fabricio Queiróz – todo mundo alvo de Operação do Ministério Público do Rio de Janeiro. Lá vem bomba. Recolheram coisas, tem mandados de prisão, coisa grande.

Total descrédito da população nos congressistas, aponta pesquisa Datafolha. 45% dos brasileiros reprovam o trabalho de deputados federais e senadores. Lá se foi o otimismo que tínhamos com relação à renovação.

E o Jean, goleiro do SPFC, é preso nos EUA após denúncia de agressão feita pela esposa que posto vídeo com a cara toda machucada. No vídeo ele ainda aparece sua voz ameaçando e dizendo que ela e os filhos vão morrer de fome por causa disso, de ela publicar a denúncia.

Muito bom, tem de ser rápido assim. Basta de violência contra a mulher. Seja de quem for, onde for.

#ADEHOJE – FEMINICÍDIOS E TENTATIVAS DE ASSASSINATOS TRIPLICAM

#ADEHOJE

FEMINICÍDIOS E TENTATIVAS DE ASSASSINATOS DE MULHERES TRIPLICAM EM TODO O PAÍS

 

SÓ UM MINUTOLIGUE 180. GRITE. DENUNCIE. PEÇA AJUDA. A situação está insustentável. Não é só impressão, não. Denúncias de assassinatos e tentativas de assassinatos de mulheres triplicaram em todo o país! Dados do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos mostram o que já pressentimos. De janeiro a outubro foram 3664 denúncias, um aumento de 272% com relação ao mesmo período do ano passado.

Só no Estado de São Paulo houve recorde no número de pedidos de medidas protetivas. 95050 pedidos atendidos. Grite. A Central 180 funciona 24 horas por dia, todos os dias, e tem ligações até com outros países.

Vamos tentar frear esse horror. Mulheres, não se calem. Mulheres, ajudem outras mulheres! Sofremos com todos os tipos de violência, contra nós, contra todos, contra os animais.

#ADEHOJE – O ÚLTIMO CAPÍTULO DE NOSSAS NOVELAS

#ADEHOJE – O ÚLTIMO CAPÍTULO DE NOSSAS NOVELAS

SÓ UM MINUTO – Se pudéssemos gravar um ou dois fins para o desfecho de nossas vidas, como o fazem os autores das novelas! Estou muito triste hoje, apreensiva e ansiosa para saber notícias reais do Gugu, de quem gosto muito. Fico sabendo da morte, em Miami, do Rabino Henry Sobel, vítima de câncer de pulmão. Um herói de nossa história recente, que, com coragem, denunciou a tortura nos bárbaros tempos de ditadura militar que vivemos. Nossos dias têm sido difíceis, de apreensão, com destaque nossa apreensão política e no visível retrocesso que vivemos em questões morais, de comportamento, de crise de liderança.

Tem coisa mais absurda do que um presidente como este aí, ser horrível com sua equipe horrível, falar em criar um partido “Aliança pelo Brasil”, dar a ele o número 38 fazendo alusão ao armamento? Tem coisa mais absurda do que a tal excludente de ilicitude? Uma espécie de libera geral da morte.

ARTIGO – A moral alheia e os salvadores cheios de culpas. Por Marli Gonçalves

Tem tanta gente preocupada com a moral dos outros que acabamos tendo de nos preocupar com o que fazem para ter tanto tempo para isso. Será que agora estão desligando a tevê para não ouvirem as detalhadas descrições das denúncias das mulheres contra o médium João de Deus? Ou esse povo vive, se obriga e quer obrigar a outros a viver, em outro mundo, onde não há sexualidade, prazer, liberdade de escolha? Onde se acobertam desmandos?

mulher

É mão nisso, mão naquilo, vira aqui, ejaculação, levantou a blusa, abraçou por trás, “me levou para a salinha”, “foi no colchão no corredor”. Há uma que contou em detalhes até que ele chegou a lhe falar que ficasse tranquila: a ejaculação era santa, o líquido que saia do seu pênis era fluido espiritual, ectoplasma. Em uma semana centenas de mulheres de todo o país – e que previsivelmente aumentará quando começarem a chegar as estrangeiras – já procuraram os investigadores para denunciar o médium João de Deus por estupro e assédio sexual. No noticiário, todos os dias, mostrando o rosto, ou envoltas em sombras, brotam mulheres firmes, com depoimentos lancinantes, detalhados. Espero que os hipócritas assistam a tudo, estarrecidos. Horário nobre.

Muitas choram porque estão tendo de relembrar fatos que viveram há algumas dezenas de anos, muitas quando ainda eram meninas, adolescentes. Porque não falaram antes? – ousam perguntar os que ainda duvidam da culpa do homem João Teixeira de Faria, agora com 76 anos, o John of God, mais um que montou um império baseado na fé na pequena vila de Abadiânia, Goiás, onde atende desde 1976. Adivinhe por causa do que calaram; ou se falaram, porque não foram ouvidas. Santidades vivem acima dos mortais.

Calcula só o número de mulheres que literalmente passaram por suas mãos. Onze filhos reconhecidos, cada um de uma mãe. Outros tantos podem estar por aí – há denúncia, inclusive de uma delas que diz que foi obrigada a abortar; teria tomado um remédio que ele lhe deu dizendo que faria bem quando ela o procurou, grávida, “barriguda”, como descreveu. Para o povo ali é sempre receitada – e vendida – uma fusão de ervas, “passiflora”. Nada mais do que, pasmem, trepadeiras, como a flor do maracujá.

As grandes, muito grandes, personalidades que acabaram por ajudar a fazer sua fama estão em um silêncio cortante. A apresentadora Oprah Winfrey, a mais famosa do mundo, veio até aqui para vê-lo e dele fez e deu mais fama. João de Deus era “assim, ó”, unha e carne com o ex-presidente Lula. Viriam daí inclusive misteriosas negociações de terras, minérios, fazendas, que agora deverão novamente ser vasculhadas. A imprensa sempre lhe deu capas e capas, teceu loas, fotografou-o com as estrelas, filmou suas incisões e cirurgias espirituais. Xuxa, Dilma, Bill Clinton! Hugo Chávez, Shirley McLaine…

Ao mesmo tempo, aliás, a bem da verdade, posso até não ter acompanhado, mas honestamente admito que não lembro de ter sabido de alguém questionando o tratamento espiritual que recebeu do médium incorporado, ou que tenha piorado após consultar-se com ele. Conheço pessoas sérias que vêm ressaltando isso, embora abismadas com as revelações.

O problema é sempre o homem, o real. Assim acontece em outras crenças, devoções, lideranças religiosas de todos os credos. Excelentes comunicadores, hábeis negociantes, constroem impérios com tijolos da crença, que mantêm com financiamentos a pleno vapor. Tudo em nome de Deus, da criação, da Bíblia, das juras, imposição de pecados e culpas, de uma moral para os outros.mulherzinho paia noel

Tudo isso dito para questionar essa movimentação para cima da moral. Capaz de reclamar e blasfemar contra um programa de tevê, de variedades, como o Amor & Sexo, como se ele fosse a encarnação do demônio entrando nos lares e impedindo que as tevês sejam desligadas por quem não quer ver, e que esconde os controles remotos dos lares cristãos. Fernanda Lima, a bela apresentadora, personificando a bruxa má que ensina o óbvio: que existe sexo, nudez, diversas formas de prazer, várias formas de famílias e felicidade.

Enquanto esperamos uma ministra como a pastora Damares Alves, indicada para o Ministério dos Enjeitados (mulheres, minorias, índios, e muitos etcs que acabarão jogados para ela), que garante ter visto Jesus no pé-de-goiaba. Que quer mulheres estupradas obrigadas a ter os filhos ali originados, pretende tratar “os meninos como príncipes e as meninas como princesas”. Ela é contra tudo, sem entender de nada, despreparada na argumentação: contra o aborto, porque diz que a criança na barriga não pertence à mãe; contra educação sexual, porque erotizaria a criança; contra a ciência da reprodução humana porque congela os embriões, contra hábitos da cultura indígena, contra descriminalização das drogas…

Acho que vamos ter mesmo é que pedir a Deus para iluminar essa gente hipócrita, sem ter de esperar tantos anos para que revelem suas verdadeiras faces. Para que possamos logo lhes dar alguns tapas. Dos dois lados. E nos traseiros.

Marli Gonçalves, jornalistaVamos ter de retomar uma certa e antiga palavra de ordem: Pela Liberdade Geral e Irrestrita. Governem o país; não os nossos corpos.

Brasil, fim de ano, vem 2019!

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ARTIGO – Anestesia geral. Por Marli Gonçalves

Tanto faz como tanto fez. Abobalhados. Inertes. Adormecidos. Lentos. Parecemos autômatos diante dos acontecimentos. Esperamos os dias seguintes, e os seguintes…

Ouvimos, lemos, sabemos ou somos diretamente atingidos, diariamente, por toda sorte de acintes, assaques, misérias, decretos e decisões que visivelmente nos prejudicam – a todos. Leis lidas a bel prazer. Bancos, seguradoras, poderosos limpam os pés nas nossas costas. Vemos gente pela qual temos apreço ou mesmo mal conhecemos, sofrendo ou caindo, miseráveis, seja nos postos de saúde ou nas calçadas, mortas pela violência desmedida e sem fim. Assistimos impassíveis a embates públicos nojentos e é como se nada daquilo nos dissesse respeito, estivesse ocorrendo em outro planeta.

Doenças terríveis que já haviam sido erradicadas – sarampo, raiva, poliomielite! – voltam céleres. Matam. E há quem tenha – para isso, sim – energia e coragem de negar as vacinas; pior, criminosamente tentam ainda argumentar contra elas do alto de suas ignorâncias, e acabam conseguindo, atingem uma importante parcela da população, aquela que a cada dia mais não sabe onde está parada. Apenas está parada esperando o futuro do país do futuro que não chega nunca.

Faltam pouco mais de três meses para a eleição de um novo presidente da República, repito, presidente. Isso, além dos cargos de governadores e deputados que serão regentes dessa desafinada orquestra a partir do primeiro dia do ano que vem. E é como se nada da crise braba que estamos vivendo, das terríveis descobertas de corrupção, roubos, extorsões, pilhagens e pilantragens em geral fizessem real diferença fora dos vídeos feitos com celular deitado. Depoimentos que mostram, sim, um Brasil real, pobre, largado, cheio de recônditos de nomes estranhos, de pessoas e cidades, e onde se fala uma língua que portuguesa não é, com seus esses e plurais esquecidos tanto quanto eles próprios.

O primeiro colocado nas pesquisas eleitorais, feitas com esses nominados aí que pretendem por a mão na direção, aparece; e é um preso com várias condenações e que de lá onde está trancafiado ainda posa de mártir e redentor, perseguido, um Messias. O segundo colocado é um ser abominável, incapaz de nada a não ser de bravatas, que até parecem soar reais nesse verdadeiramente desesperador momento: é como se ele pudesse bater, balear, fuzilar todos os problemas. Nas intenções de voto, vêm seguidos de outros: um amorfo, uma amorfa, um destrambelhado e outros pequenos seres prontos a negociar suas cadeirinhas nos estúdios de tevê por algum cargo. Estão ali no meio do campo, meio transparentes, correndo como os bobinhos, esperando quem sabe qual será a jogada.

O resultado mais plausível nesse instante é que saiam vitoriosos os votos nulos, brancos e abstenções. Afinal, em quem votar nessa seara, nesse deserto de ideias e propostas reais? Mais: como levarmos esses seis meses que temos adiante com um presidente que só consegue cair cada vez mais em desgraça e impopularidade? Que anda com cascas de banana nos bolsos e que vai jogando a cada passo que dá, escorregando?

A apatia é tanta que alcançou o que jamais imaginaríamos possível, as demonstrações populares. O futebol. Ah, que bom, tem Copa do Mundo. Ponto. Ah, que bom, o Brasil ainda está classificado. Gol. Depois do silêncio e da tensão que acompanham as sofridas partidas – como todas têm sido – gritos rápidos nas janelas, uma bombinha aqui; outra ali. Pronto. Ah, acabou o jogo e o Brasil ganhou. Não se ouve mais nada, a não ser a vida tentando voltar ao seu normal. Até o ufanismo das bandeirinhas espalhadas para decorar os espaços pouco tremulam.

O tempo está passando e não conseguimos mover o pé para fora dessa areia movediça que nos imobiliza.

Belisquem-se. Alguém, por favor, ligue o alarme. Bote água para ferver. Dê um antídoto para a população acordar e ver o que ainda podemos fazer; mas de verdade, não pelas redes sociais que parecem ser o que nos anestesia!

Eu só queria muito poder desejar um feliz segundo semestre. Percebeu que o ano já chegou à sua metade?

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Marli Gonçalves, jornalista – Urge ver o Brasil fazer gols em seu próprio campo.

marli@brickmann.com.br; marligo@uol.com.br

SP, julho, toca a sua sirene!

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Veja isso e cuidado ao desembarcar em Brasilia. Eles estão olhando as calcinhas…

windsockteclandoFiscais acusados de assédio moral, no aeroporto de Brasília

A Receita Federal está às voltas com denúncias de humilhações e assédio moral no desembarque de vôos internacionais, em Brasília. Fiscais até obrigam passageiros a sentar-se diante de computador e preencher a própria autuação. Um deles, identificado por Jânio, irritado por nada encontrar nas malas reviradas de um jovem casal, retirou e desdobrou calcinhas da moça, uma a uma, com sorriso provocador e nervoso nos lábios. Parecia tentar forçar o rapaz a perder a calma.

Já foi melhor

A atitude dos fiscais da Receita surpreende quem estava habituado à cordialidade desde a inauguração de voos internacionais, em Brasília.

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Aviso prévio

A Receita prometeu “levantamento” de denúncias contra seus fiscais. E informou que o contribuinte pode denunciar abusos a sua corregedoria.
 
FONTE: COLUNA CLAUDIO HUMBERTO

ARTIGO – Somos todos pedestres.

 Por MARLI GONÇALVES 

O assunto está na boca do povo, mas ainda não atingiu as mentes dementes dos motoristas nem a dos pedestres que continuam dando sopa ao azar e pensando que estão mesmo em um lugar civilizado   

Meu grande amigo de visual punk sempre atravessava a rua apressado, impositivo, quase se jogando suicida no meio do violento trânsito de São Paulo. Quando estávamos juntos, eu ficava louca e ao mesmo tempo boba de ver os carros parando, educados e solícitos, como se ele fosse o próprio guarda de trânsito encarnado com bloquinho na mão ou fosse as demarcações de faixas dos países onde isso funciona – você põe o pé para fora da calçada e os carros param. “Você acha que alguém vai querer me atropelar? Já pensou o furdunço que ia ser?” – e caía na gargalhada. Funcionava.

Passado o tempo, não sei se ele ainda faz isso, mas sei que está bem, lindo e diferente, com seu cabelo espetado e tatuagens em todo o corpo, sempre aprontando alguma coisa especial – agora são festas que libertam o fetiche interior de cada um. Lembrei-me dele também porque nos últimos dias o assunto pedestre anda fervendo. Por vários motivos. Por causa da campanha a favor, das multas milionárias impostas a quem é pego sacaneando, e por causa de pesquisas que dizem que a maioria dos brasileiros se locomove é a pé, ao contrário do que podíamos pensar. Pensei também por causa das muitas marcas de sangue nos asfaltos da vida – o moço inteligente que voltava para casa a pé e foi atropelado por uma Land Rover desgovernada, uma professorinha aposentada atropelada na faixa e dezenas de outros anônimos, que não voltaram, todos mortos no espaço de um tempo de atravessar, de uma calçada a outra. Será menos perigoso atravessar um rio de jacarés?

Ser pedestre é mesmo uma das coisas mais perigosas e também uma das mais democráticas. Todo mundo é pedestre. E uma hora atravessa a rua, ou alguma coisa. Igual aquela velha piadinha que perguntava “Por que o frango atravessou a rua?” – seguida de várias respostas. Uma criança: Por que sim. Aristóteles: É da natureza do frango cruzar a avenida. Marx: O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de atravessar a rua. Martin Luther King: Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos serão livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos. Einstein: Se o frango atravessou a rua ou se a rua se moveu sob o frango, depende do ponto de vista. Tudo é relativo. Heloisa Helena: A culpa é das elites estelionatárias,caucasianas e aristocráticas que usurpam a população de frangos e mostra a sua capacidade de luta em defesa dos seus direitos.

A infâmia sobrou até para o Paulo Maluf: O meu governo foi o que construiu mais passarelas para frangos. Quando for eleito novamente vou construir galinheiros deste lado para o frango não ter mais que atravessar a rua. E um pouco para o Lula e sua sabedoria: Atravessou porque queria se juntar aos outros mamíferos.

Não importa como, por que, onde, contra quem. Um dia atravessamos. Pedestre pode ser estátua, soldado do Rio de Janeiro, e até a linguagem rasteira. Mas há uma guerra nas ruas, isso há. No momento em que o pedestre vira motorista, do motorista que esquece que também é pedestre -há um pega pra capar. O cara do carro de trás que buzina, chato, e que acha que você o está atrasando na vida porque deu passagem ao velhinho, e parou para não matar. E nessa guerra, também democrática, há o próprio pedestre que vem maluco ao seu encontro, para te atropelar como se fosse ele uma jamanta de lata, ou um blindado. Ou mero suicida. Deviam aprender com os viralatas mais espertos que só faltam apertar o botão do semáforo.

Ouvi dizer que vão vender a “mãozinha” em miniaturas, no comércio popular. A mãozinha é uma, de papelão ou plástico, como um tchauzinho na ponta de uma vara, que alerta com um PARE e que está sendo usada nos cruzamentos paulistanos – uma bem grande – para conscientizar a população dos dois lados.

Mas esse personagem da cidade, o pedestre, é sui generis. Nunca vi fazerem teste de bafômetro em alguns, mas deveria ter. Nunca os vi serem multados por atravessarem fora das faixas, na diagonal, falando ao celular, mandando SMS (isso eu já vi!), mascando chicletes, olhando para a sua cara cinicamente, balançando a bunda, andando com roupa toda preta no escuro, surgindo de trás de postes e árvores. Também nunca vi pais, mães, babás serem multados por primeiro colocar os coitadinhos na frente, como se o carrinho dos pequeninos fosse armadura.

Também são eles, os pedestres, e assim somos nós todos, que são assaltados, que se machucam nas calçadas, que viram o pé, escorregam, tropeçam e se estabacam nas mal cuidadas vias e infinidades de minas terrestres das grandes cidades, onde até bueiros voam pelos ares, cachorros podem morder, e portões de garagem podem abrir ou fechar nas suas cabeças.

Mas nem tudo é ruim assim, não. Andando, o pedestre consome mais calorias e emite menos gás carbônico na atmosfera desse mundo tão horrivel. Andando, pode observar melhor as belezas dessa vida e virar o pescoço quando uma dessas passa, também pedestre, com um bom rebolado, e isso até pode virar uma composição de sucesso – olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela, menina, que vem e que passa…

Pode ir devagar, ou ligeiro, correndo, andando. Mas, solto, nesta solitária atividade, também pode encontrar um amor como nas propagandas de tevê, onde isso é comum. Pode encontrar um amigo. Dar chance à vida. Uma chance que só ocorrerá quando todos lembrarem que é só uma questão de tempo e espaço. Há quadrúpedes inveterados. Mas todos somos pedestres.

São Paulo, lufa-lufa, 2011(*) Marli Gonçalves é jornalista. Pedestre. Não gosta que peguem no pé. Motorista. De vez em quando esquece de por a flechinha quando vai virar.

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