ARTIGO – Que gracinha…Por Marli Gonçalves

Que gracinha… creio, diria muito, irônica, repetiria muitas e muitas vezes e a toda hora a nossa inesquecível Hebe Camargo ao saber de cada uma dessas coisinhas que acontecem por aqui e que querem que aceitemos como naturais e certas. Hebe não está mais entre nós com aquele seu jeitinho que chegava a ser engraçado de falar engraçado coisas sérias. Mas nós estamos. Então, “que gracinha!”

gracinha

Foram me chamar, eu estou aqui, o que que há?

“Que gracinha”, não? Ela diz que vai apoiar a reeleição do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, mas jura de pés juntos que não sobe nem chega perto do palanque onde estiver o ex-presidente Jair Bolsonaro, por acaso, vejam só, um dos maiores apoiadores de Nunes, que agora segue cercado de bolsonaristas, e onde quer que este vá, indômito, desafiando até a Justiça, como fez recentemente para entregar à Dona Michelle Bolsonaro um título de Cidadã Paulistana (!) usando (e conspurcando) a estrutura do Theatro Municipal de São Paulo. E tudo fica por isso mesmo.

Quem é essa gracinha? A atual ministra do MDB, Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento do Brasil que há meses faz cara de boa gente, e ocupa um importante cargo no Governo Lula 3, obviamente o maior adversário disso tudo. A ponto de Lula ter trançado uns pauzinhos para trazer de volta ao PT a Marta Suplicy, de forma que essa possa ser candidata a vice na chapa de Guilherme Boulos, do PSOL.

Tebet acha mesmo que convence? A quem? Que ela olhe bem, porque no tal palanque vai estar cheio de gente de amarelinho recitando as barbaridades de costume. E vai encontrar com outro “gracinha”, Tarcísio de Freitas, o Governador “tô nem aí”, que também se esmera faz tempo andando da esquerda pra direita. O palco completo.

Que gracinha, cada fala estouvada do presidente Lula, outro que anda numa corda bamba de dar dó para parecer neutro: hora sai na defesa do Maduro, o ditador na Venezuela; hora faz alguma criticazinha sem mover uma palha. Manda beijos e abraços para Putin, e se esquiva como pode de perguntas sobre essas duvidosas “democracias”. Abaixo de seus pés deixa aliados fervendo em caldeirões, estimulando brigas e fofocas para poder mudar aqui e ali a equipe, e tentar ver se melhora um tiquinho a sua aprovação pública que não anda lá essas coisas.

A gente vai escutando. Aliás, escutando só, não. Que a turba faz é barulho nas redes sociais, onde quer que a gente tente se informar. Cada um puxa a corda para um lado, como se houvessem, repito, só dois lados e uma corda. A nova mania é querer obrigar.

Exemplo? O filhote mais novo de Lula, que também há anos vive envolto em polêmicas, agora foi denunciado por violência doméstica contra a sua companheira. Ruim. Péssimo. Mas os bolsonaristas soltam fogos de alegria, acham lindo ver o circo pegar fogo, como se esse horror justificasse os conhecidos horrores do pai e dos Filhos do Capitão, 01, 02, 03,04.

O que me irritou mesmo foi a provocação “nhem nhem nhem”: onde estão as feministas agora?”

Oiê! Estamos aqui. Bem atentas.

Foram nos chamar, estamos aqui, e em defesa de todas as mulheres que forem vítimas de violência, de ataques, sejam elas quem forem. O feminismo é um movimento histórico, importante, sério, de luta e libertação, e acima dessas picuinhas que, em geral, claro, são criadas por homens. Você pode ser feminista, e deveria, em todas as instituições a qual pertencer, sociais, políticas ou religiosas. Não se calar é a palavra de ordem.

Dito isso, aliás, o caso do filhote de Lula está sendo tratado na Justiça, que já concedeu medidas protetivas à ex-mulher e outras ordens. Leiam os jornais sérios. Está tudo lá, e se quiser um pouco de fofoca, tem também, nos portais, entrevista da vítima contando detalhes da barafunda.

Para terminar, mais um “que gracinha”! Um caso tumultuado. O riquinho motorista da Porsche assassina, que jura que não tinha bebido antes de pegar a direção e se envolver no acidente que matou um motorista de aplicativo e feriu gravemente o seu próprio amigo também. Tirado do local pela mamãe, só apareceu na delegacia com cara de nada dias depois. E dias depois, todos os dias, aparecem testemunhas contando dos bons drinques que ele teria ingerido. Tudo muito mal explicado. Enganam quem? Sempre para confundir, essas gracinhas.

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marli goMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.
marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Claudicantes, na corda bamba. Por Marli Gonçalves

Sem saber mais em quem acreditar, no que acreditar. No que realmente está por trás dos acontecimentos. Que momento estranho esse que nos faz parecer sempre estar se equilibrando numa extensa corda bamba e frouxa. Ou, se trapézio fosse, é como se nada haveria para nos dar sustentação do outro lado

CORDA BAMBA

Uma dancinha desajustada. Dois passos pra a frente, logo dois atrás, um para um lado; depois para outro. A coreografia do momento é essa, desconcertante. Quando a gente começa a pensar que as coisas – ôba! – vão andar, atingir um mínimo de normalidade, chuáá, lá vem a água fria. Abre aqui, fecha ali, tudo muito chutado, estranho, descoordenado.

Os fatos se sobrepõem, as lacunas são cada vez maiores. O bombardeio de informações é contínuo. Os planos ficam pelo meio do caminho. Sonhos interrompidos. Vidas interrompidas. Os números que flutuam dia após dia, e que acompanhamos como se deles entendêssemos realmente. E quando se busca a realidade, bater a real, como se diz, percebemos que no fim é mesmo cada um por si. Salve-se quem puder. Poucos podem. Resta ter a certeza de que estamos vivendo para ver um dos momentos mais delicados da história mundial e, especialmente, nacional.

Confusos? Não mais do que os atônitos parlamentares que acompanhamos no desenrolar da CPI que há meses faz a dancinha do caranguejo. Uma hora surge uma fantástica revelação na qual acreditamos piamente que irá nos livrar do martírio político que há anos nos aborrece diariamente. Em outra, os vemos batendo cabeça, porque juntam coisas com as quais não sabem lidar, o velho filme das CPIs que acabam apenas sendo como novelas que acompanhamos no horário nobre e que agora nem valeria ver de novo nesta urgência em que clamamos e necessitamos de soluções.

O contador da morte não para e avança além do meio milhão rapidamente. Mais de mil mortes por dia parece que nem arranham mais, que nada significam – e tentam nos convencer que está tudo bem; só um pouco mais de 12 % da população vacinada de forma completa e as porteiras começam a serem abertas para ver no que dá. Viramos experimentos. E vemos o pior da humanidade, a desumanidade, o oportunismo, o acentuamento da desigualdade.

Mas quem disse que não temos assuntos? Os impropérios proferidos pelo presidente todos os dias. O ministro que – sem enrubescer – vai na tevê nos “acalmar” dizendo que não vai ter racionamento de energia elétrica, a mesma que tem reajuste de mais de 60% – claro que não vai ter! Ficaremos no escuro, nem à luz de velas, que o preço delas também está pela hora da morte. Caia na estrada e perigas ver voltarmos à era de esfregar pauzinhos para fazer fogo e cozinhar.

O governador presidenciável ganha as manchetes assumindo ser gay em entrevista combinada. Ótimo, que bom, aplausos, mas qual foi a pressão, super natural, para que o fizesse agora, mais de dois anos de eleito? Surpresa para quem? Teria sido apenas mais uma planejada jogada de marketing? Nada parece sincero nesse mundo onde apenas poucos conseguem planejar seus passos.

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MARLI - cgMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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#ADEHOJE – É A ECONOMIA, AMORES…E A CORDA BAMBA DA LAVA JATO

#ADEHOJE – É A ECONOMIA, AMORES…E A CORDA BAMBA DA LAVA JATO

 

SÓ UM MINUTO – PIB: Economia brasileira cresce 0,4% no 2º trimestre e escapa da recessão O desempenho da economia no segundo trimestre foi puxado, principalmente, pelos ganhos da indústria (0,7%) e dos serviços (0,3%). Já a agropecuária caiu 0,4%…

A Lava jato está na corda bamba, se equilibrando entre as denúncias vindas dos vazamentos divulgados pela Intercept e as recentes decisões do STF em alguns processos, que puxam a corda para que outros processados anulem vária sentenças. 32 delas envolvem 143 condenados. A coisa está pegando fogo. O engraçado está no Lula defendendo algumas coisas da Lava Jato, como um santinho.

O momento é delicado. Vai haver troca de comando na Procuradoria Geral da República, coma substituição de Raquel Dodge. E Bolsonaro está querendo indicar um ser, digamos, contraditório e possivelmente bastante parcial… ultracatólico, conservador e discreto, dizem…

29 DE AGOSTO, hoje, dia da visibilidade lésbica.
 

 

 

 

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ARTIGO – A ilusionista e a corda bamba. Por Marli Gonçalves

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O pior é que essa nossa artista não é nem um pouco competente no setor e o truque se volta para a própria; quem se ilude é ela pensando que nos iludiu e que está tudo certo, arranjado, decidido, controlado, contornado. Até as ordens que dá crê estarem sendo cumpridas. Este circo está na lona.mago-e-ilusionista-imagen-animada-0009

Adivinha. Não se engana a realidade. Resultado: foi parar na corda bamba. Outra imagem seria dizer que a ilusionista está no ringue, nas cordas, onde um adversário encurrala o outro até o nocaute ou o soar salvador do fim do round. De qualquer forma, ambas as cordas tremem; uma bamba, a que pode fazer cair de lá de cima; outra, para onde está sendo levada, perdida, cercada e subjugada pelo adversário. Na verdade, um monte de adversários que brotam da terra que ela planta com total inabilidade. Parece que está mesmo todo mundo querendo desmascará-la, tirar uma casquinha, dar um sopapo, acertar alguma conta, apertar um certo pescoço, descontar alguma desfeita ou vendeta.

Era uma vez um país que vive um momento muito confuso, parece até que está em um muito longo inferno astral, aquele período amargo que antecede o aniversário – e está mesmo, já que comemora 515 aninhos agora, dia 22. Bateu um ventinho que está dissipando a areia que a ilusionista e seu grupo de mágicos jogaram nos olhos da população, que acorda num pesadelo e tanto, com a inflação latindo e correndo atrás dos calcanhares, economia parada e um mar revolto sacudindo a caravela. Uma terra na tanga com as partes à mostra, e com todas as mágicas que faz tempo estavam sendo feitas, os truques, falhando e sendo revelados a uma plateia atônita e neste momento muito brava, indócil, pedindo o dinheiro de volta.

Andamos em tempo de jogo de espelhos e ilusões, com vestidos azuis que podem ser dourados e gatos que ninguém sabe se estão subindo ou descendo a escada. Juízes com leis próprias. Panos sendo levantados e mostrando que cobriam buracos imensos, enormes labirintos de sucção de recursos públicos.

Esse é o momento do país da ilusionista. Nos centros de poder, ratos saem de caixas, em vez de coelhos saírem das cartolas. Cobras botam as manguinhas de fora, nem precisam mais de encantadores. Seus botes são precisos na direção das pombas brancas da paz e liberdade, escondidas acuadas nas mangas, com as cartas, os lenços, e suas cores de arco-íris. Tentativas brutais de retrocesso nos costumes que, ainda crianças imberbes no berçário atrasado, tentam caminhar em direção ao futuro, mas são obrigadas a tropeçar na escuridão da religião, dos dogmas, das proibições, da hipocrisia social.

Os que protestam também se dividem, como aquele serrote que corta a caixa onde a assistente esperneia. Essa assistente acorrentada nos representa – somos muitos de nós, também colados na parede, paralisados, esperando que aquelas facas que arremessam em nossa direção não nos atinjam e dependentes da presteza do atiradores escolhidos sabe-se lá de onde pela prestidigitadora chefe, e que vivem com as mãos tremendo.

2007bO ilusionismo é uma arte que deveria ser respeitada. Diferente do que poderemos classificar como compulsão – as mentiras constantes, tão constantes e tão mentiras que acabam virando a verdade para quem as cria. Assim podemos entender vários fatos recentes, tais como a conta da luz que baixou subindo, o crescimento que encolheu, as economias que gastam mais, as rigorosas investigações que não dão em nada, as ordens para não usarem mais aviões que continuam sendo usados, as críticas que na verdade eram elogios conforme se quis ouvir, os cortes que serão feitos e que cada dia os gastos aumentam. A Pátria Educadora sem escolas. A total transparência de dados que nunca podem ser vistos, como o uso de cartões, ou os contratos para construção de pontes que ligam o nada a lugar nenhum (e que, aliás, nem construídas são, apenas pagas). Exemplos não faltam.

Já que estamos nesse plano teatral e mágico, abrem-se as cortinas e entram os al(k)quimistas, aqueles que não vão racionar a água que é racionada com diversos horários, aqueles que dizem que não há greve de professores e aproveitam para pedir aos pais que não levem os filhos às escolas para que não vejam a greve que não há. Aqueles que não estão chegando, esses.

Para completar o circo, faltava – mas não falta mais – aparecer o homem barbado, o domador de pês, emes, debês e outras feras, além do pequeno aprendiz que decorou um truque de abrir ciclovias e não para de repetir o feito, apontando sua varinha de tinta vermelha para tudo quando é chão. Penso que a holografia possa ser usada no caso, criando também hordas de ciclistas.newman8_e0

Quando eu estalar o dedo, você sai desse estado hipnótico e cai na real. Combinado?

Agora, fica aí se perguntando qual seria o seu papel neste picadeiro. E essa bolinha vermelha no seu nariz?

 São Paulo, 2015hipnose
Marli Gonçalves é jornalista – – Acontece que a gente vai ter, mais cedo ou mais tarde, de trocar essa trupe. Faltam bons candidatos, gente que seja de circo, como diz aquela velha expressão popular. Equilibristas estão sobrando, porque aprendemos rápido.

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