Artigo -Chove lá fora, e aqui. Por Marli Gonçalves

Chove lá fora, e chove de um tudo, muito além da água que inunda um Estado inteiro. Nossos olhos chovem incontroláveis vendo as cenas da tragédia no Sul. Mas chove também preconceito, tirania, violência, mentiras e incompreensão.

 

Colorful Umbrella Clipart, Cute Weather Clip Art, Rain Clouds By Pravokrugulnik TheHungryJPEG | stickhealthcare.co.uk

Uma chuva para a qual não adianta abrir guarda-chuvas, porque não existe nenhum tão grande e forte que nos resguarde de tantos acontecimentos que, pasmos, assistimos nos últimos tempos molhados e escaldados pós-pandemia, aquela que acreditamos severamente que mudaria o mundo para melhor. Piorou. E parece que muito.

Guerras se multiplicam e permanecem, e os que as promovem mantêm seus ouvidos moucos a qualquer apelo de cessar fogo, acordos, tentativas de mediação de nações e organismos internacionais cada vez mais fracos. Vencem os senhores da guerra, os donos das armas.

Não são os alquimistas que estão voltando. São os moralistas e hipócritas haja visto a impressionante avalanche deles que, por exemplo, sucedeu o show de Madonna, inundando, sim, todas as redes sociais, e com comentários inacreditáveis em pleno 2024. Pior, os chatos foram quem botaram galochas para fazê-los, alguns muitos anônimos; outros, infelizmente, entre nossos próprios grupos e amigos, o que foi mais terrível constatar, apareceram mostrando a verdadeira cara. Há muito não lia tanta hipocrisia, moralismo barato, desconhecimento, maldade, absurdos e bobagens como nessa semana, ultrapassando qualquer limite. Nunca tinham visto, talvez, um espetáculo livre de amarras, curtido um rock, ido a um teatro, lido um texto forte de tantos autores que temos, e não é de hoje, odeiam a arte. Ah, também não fazem sexo; Oh! – mas o que é isto? Não têm prazer, nem admitem que exista, que há quem goste, que a diversidade abriu as portas, escancarou as janelas.

Até parece. Santos do pau muito oco. São os mesmos que alimentam a audiência absurda de sites e perfis pornô, e nem se fala mais no escurinho do cinema. Ficaram mais incomodados ainda porque o espetáculo passou também na tevê, além daquele um milhão e meio de pessoas registrado nas areias de Copacabana, e que tudo correu em paz, ao contrário do que eles previam e até apostavam contra. Aliás, eles também assistiram, alguns até pessoalmente, como a turma da extrema direita captada mexendo os pezinhos com a música e que depois correram para se explicar para seu grupo maldito. Um deles ousou dizer que foi ao show de Madonna porque ela é “amiga de Israel”.

Chove ignorância. Chove preconceito, e no caso também mais uma mostra do etarismo que condena as mulheres – Madonna, 65 anos, quase 66! Nem viram nada quando ela chegar aos 80 rebolando mais que Mick Jagger quase com 81, ambos leoninos da gema.

Chove, acima de tudo, negacionistas, uma enchente. Negacionistas, não só de mudanças climáticas, embora já claramente as estejamos vivendo. Negam tudo que não seja para eles. Gostariam que o mundo regredisse ao estágio que sonham ainda poderiam controlar, e que nos tiraria os direitos tão duramente conquistados. Se aproveitam inclusive da liberdade, que conquistamos, pela qual tantos morreram, para espalhar sem limites as mentiras, o ódio e a tirania, as malditas divisões que promovem.

Essa chuva de horror tem de parar, para evitar novas tragédias que nos enlameiem ainda mais enquanto sociedade civilizada.

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marli goMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

ARTIGO – Não tô bege e Madonna para dar e vender. Por Marli Gonçalves

Tudo bege, tudo nude, tudo nada. Tudo neutro. Mais uma vez uma onda para todo mundo parecer nada, e o “nada” tentando parecer como chique. Uma irritante tendência de neutralidade quando o que mais precisamos é de cores, significados, criatividade, personalidade, opinião, protestos, fazer alguma diferença.

bege

No meio de tantas tragédias, como a das destruidoras enchentes que assistimos no Sul do país e as outras tantas de nosso cotidiano nacional, imaginem o quão difícil é escrever sobre outros temas mais, digamos, diferentes. Mas de longe, individualmente – a não ser expressar total solidariedade e preocupação – pouco se pode fazer a não ser lamentar como tragédias anunciadas vão e vem, também em ondas, e pouco se age sobre elas, para evitá-las, no meio tempo. As grandes mudanças climáticas berram na porta do planeta.

É preciso agir, opinião. Mas o mundo, do meu ponto de vista, está tentando ficar bege, seguindo a moda que invade as vitrines e ruas e que transformará, se sucesso tiver, todo mundo em robôs amorfos, sem cor, sem luz, neutros, quase transparentes, sem graça. Tudo vendido como moderno, natural, sofisticado, sereno, como se esse momento do século fosse tudo isso. Pudesse ser assim. Bom se o nude fossem corpos nus, realmente livres.

Tô bege. A expressão, usada para exprimir surpresa ou ficar admirado por algo, sempre me pareceu estranha. Melhor seria outra cor. Um rubor, mais para o vermelho. Imposta pela indústria como “o novo branco”, ou “novo preto”, o bege é o novo nada, em suas variações de nada. Nesses dias de absoluta apoteose pela apresentação de Madonna nas areias de Copacabana, de bege por lá – espera-se – o mais próximo vai ser a areia. Lembrando que o dourado não é bege, claro, porque brilhos ali não faltarão, e o pop de sua rainha é todo bem colorido em figurinos, shows e luzes. Em propostas.

O Brasil, de um lado penalizado pela destruição especialmente no Rio Grande do Sul, de outro está mesmo alucinado com a apresentação espetacular de Madonna no Rio de Janeiro, praticamente dividindo o noticiário em todos os setores, além do musical, o econômico, social, turístico. Madonna para dar e vender, grátis para a população que acredita mesmo nisso, patrocinada por apoio de governo (e pinceladas eleitorais) e por um grande banco, e bem aproveitada para seus grandes negócios, inclusive no Hotel Copacabana Palace onde a trupe está hospedada, com estrangeiros fechando ali seus gordos negócios.

O bom é que nosso criativo povo também está fazendo a festa, e essa é bem colorida, com o turismo, ganhando algum com a venda de todo o tipo de objetos, com destaque para o uso das cores do arco-íris, nas bandeiras, nos “flaps” dos enormes leques, e mostrando a nossa verdadeira face e diversidade racial e de gênero em apresentações performáticas de todas as idades, afinal a musa comemora aqui o final de sua turnê de 40 anos de uma carreira gloriosa onde sempre esteve adiante do tempo e dos principais temas polêmicos dos quais nunca se esquivou. Ao contrário, os apresentou e garantiu inclusive que ela, hoje aos 65 anos, seja também um ícone contra o etarismo árduo e especialmente enfrentado por todas as mulheres. Nascida em 1958, assim como eu, sobrevivendo como camaleoa, e como diz a propaganda, ainda, pelos próximos 100 anos.

Saracoteando na cabeça dos beges. Dos neutros.

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marli goMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Memória, para o que te quero. Por Marli Gonçalves

Memória, memórias, lembranças, às vezes acho que não damos a atenção devida a elas, ao valor, ao que significam de vitórias, e porque não dizer, também, de derrotas, que explicam como chegamos a hoje. Remexer o baú de fotos e coisas guardadas pode ser fascinante. Experimente.

MEMÓRIA
Convite GALLERY AROUND -FESTA VAGUE – AGOSTO DE 1982 – no Gallery, SP

Andei cavoucando coisas guardadas há tempos quase imemoriais. Me dei conta que essa escavação é quase igual à uma revisão da vida toda, e dependendo do tamanho desse tempo ou buraco do que procuramos não há como deixar de revisitar a própria vida.

Quem já viveu mais tempo tem mais noção do valor que pode ter uma pequena foto encontrada em papel em algum álbum, caixa, recorte, fundo de armário. Até se chateia com o vazio de um tempo ou outro sem qualquer registro. Nem todos tinham câmeras, nem tudo era fotografado como agora, essas milhares de fotos que tiramos loucamente por celular, a gente nem sabe para o quê, perdidas nas nuvens. Creio que foi por isso que a tal #tbt nas redes sociais às quintas-feiras ganhou algum sentido. Você sabe o que é, não? “Throwback Thursday”, #tbt, “Quinta-feira do Retorno”, é uma das siglas mais populares, marca publicações de imagens do passado, que deixaram saudades, boas lembranças. Mas há, primeiro, de achá-las. E depois que publica, sei bem que fica por perto acompanhando a reação, curtidas e comentários, em geral elogios ou até recordações de quem estava por ali também.

Tive um ataque de #tbt essa semana. Estava atrás de imagens que precisava para uma conversa numa roda de arte, sobre o movimento punk, coisa de 42 anos atrás, que tive o prazer de viver ao lado do mestre Antonio Bivar, considerado seu “pai” aqui no Brasil.

Pois bem, providenciei escada para subir em um armário e lá fui atrás de uma Revista Gallery Around, da qual fui editora ao lado do Bivar; mais precisamente de uma edição que marcava o início do movimento punk por aqui. Precisava achar.

A revista era do Gallery, na época o lugar mais chique, luxo, rico e up to date de São Paulo, alguns muitos lembrarão. Especialmente procurava a edição de agosto de 1982, que marcou uma festa histórica, a VAGUE, da qual boa parte dos registros foram apagados. Sim, salvei alguns. É que aconteceu. Imaginem uma noite daquele lugar cheio de jovens punks de verdade com alfinetes espetados no rosto e sangue nos olhos, em plena, ainda, ditadura. Inocentes, Ratos do Porão, Kyd Vinyl, tudo fervilhando. Coisa boa não saiu. Naquela noite, a “primeira dama” Dulce Figueiredo, esposa horrível do horrível João Figueiredo, apareceu sem avisar, cercada por seguranças. (Lembrou dela, você aí?) Pois bem, aí a coisa encrencou, e foi cusparada (punks cuspiam como arma, como o Bob Cuspe, do Angeli) para tudo quanto é lado. “Nossos” punks foram retirados sem muito carinho, digamos assim, do local. Um quiproquó. Literal.

Um corre, abafa, que nos valeu por um tempo o título de persona non grata no local, e risco à continuidade do trabalho na revista, mais “monitorada” a partir daí.

Contada a história do que buscava, nessa procura passei também por outras edições e publicações para as quais trabalhei naqueles tempos, antes de ir para o Jornal da Tarde. Foi uma viagem e tanto, reativada a memória. De coisas boas. De coisas más, bem más, também. Superadas, tanto que estou aqui para contar e provar essa história toda.

A memória se ativa quando nos procuramos e ao que vivemos, e creio até que nos faz querer viver mais. Rimos muito de nossas próprias aventuras, roupas, cabelos, poses, como engordamos, emagrecemos, como estamos envelhecendo. Um filme, muito particular. Como éramos felizes (ou não), quem tirou a foto em que aparecíamos na era quando não havia a fácil possibilidade das selfies, e dependíamos de alguém lembrar de dar o click.

As imagens, creio, tinham muito mais valor. A memória também.

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MEMÓRIA
convite GALLERY AROUND -FESTA VAGUE – AGOSTO DE 1982 – no Gallery

VERSO CONVITE FESTA VAGUE

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Na festa VAGUE, agosto de 1982

 – MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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ARTIGO – Quero gente! Por Marli Gonçalves

Quero gente de novo no atendimento das empresas, pelo menos um pouquinho, alguém que possa compreender o mínimo quando mais delas precisamos de alguma resposta ou posição, ou que entenda uma reclamação. Praticamente não conseguimos falar com mais ninguém de carne e osso, tudo é máquina, respostas prontas, frias e comuns, alternativas que quase nunca são as que precisamos. Tá bem difícil essa vida digital.

gente -

Não me matem, mas ando tendo saudade até do gerúndio pavoroso das mocinhas do telemarketing, daquela dificuldade de escutá-las no meio dos ruídos de conversas, do “vamos estar vendo”, “vamos estar ligando”.  Não sei vocês, mas estou bem preocupada porque quase não há mais formas de contato real, o famoso telefone, aquele numerozinho fixo – lembram?  Fazia trim trim – e a gente podia tirar uma dúvida rápida, falar com algum filho de Deus na hora do aperto.

E olha que eu conheço um pouquinho dessas coisas de computador, de acesso, de senhas para todos os lados que nos deixam doidos. Fico imaginando a dificuldade que mais pessoas devem ter ao lidar com essas inovações tecnológicas. Pela idade, pela visão, pelo conhecimento, pelo telefone celular antigo, tudo, até pelo fato de ter ou não internet. Lembro bem quando se dizia “… Ah, mas todos tem carro!…”. Nananinanão. Nem todos. E o acesso é caro.

Você pagou a conta, mas é quem tem de provar isso. Já tentaram? Enel, Comgás, falar com as robozetes, atendentes virtuais? Chamam chatbots. Ah, serviços públicos, operadoras. Protocolos infinitos. Orientações de contatar e-mails e números que não existem, ou que te deixam em looping, mandando você ligar para o que te mandou ligar lá. Prefeitura? Você até consegue denunciar, mas no que deu? Fora os 60 dias pedidos quando a providência era para ontem. Exemplos não faltam. Já estou até vendo você também fazendo a lista das vezes que também quis esganar os robozinhos mal treinados. E trucidar a empresa.

Claro que há empresas que funcionam bem nesse meio, como um reloginho. Posso até citar uma: a Porto Seguro. Tudo bem registrado. Que assim seja mantida. Mas que é uma raridade todos hão de concordar.

Para vocês verem, fui comprar ingressos em um desses aplicativos contratados pelas produtoras, que mataram as bilheterias. Ok. Preço, tanto. Todos os dados preenchidos. Ah, que bom, pode dividir em parcelas, até 12 vezes – está caro para burro, gente, mesmo a meia entrada para os idosos bem salgada, porque compensam no preço cheio. Pois bem. Tudo certo, consigo chegar ao final e o preço… subiu! Apareceu uma taxa, sem qualquer explicação, uma vez que até isso, os ingressos, agora são digitais, ninguém tem que imprimir, entregar nada em sua casa. Vasculhei e não consegui qualquer contato que pudesse explicar que raio de taxa era aquela: de sentar na poltrona? Ah, e sobre o parcelamento, nem conto os juros cobrados. Quem paga nas tais 12 vezes vai lamentar isso o ano todo. Comprei, em duas vezes, porque quero mesmo assistir esta peça, e para isso fiz uma coisa que, como geminiana, tenho enorme dificuldade: a antecedência. Nem penso em programar minha própria festa de aniversário. Não sei se no dia vou poder ir, ou mesmo se vou querer ir!

Estamos reféns dessa vida digital, e dos ataques cibernéticos, e golpes que não param, e não consigo deixar de imaginar esses novos ladrões virtuais roubando sentadinhos de casa, sem perigos, bebendo uma. Conto mais de dúzia de tentativas diárias por aqui – precisa ficar sempre com as orelhas em pé. Alerta.

A tal Inteligência Artificial, IA, AI, é a nova panaceia. Não andam pensando até em usá-la para pensar livros didáticos? Nem consigo imaginar o que isso vai dar. Mas, pior, é ela que agora guia guerras. Que comanda os drones e mísseis que viajam milhares de quilômetros para matar e destruir. Mas sabe-se lá se os humanos que os orientaram deram endereço certo. E se der bug? Cair a rede de controle? Fica sempre a dúvida.

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marli goMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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#ADEHOJE – RESSUSCITADOS: DILMA E LAVA JATO

#ADEHOJE – RESSUSCITADOS: DILMA E LAVA JATO

 

SÓ UM MINUTO – A coisa está tão louca que foram até tentar ressuscitar a Dilma Rousseff que deu entrevista longa para o Leonardo Sakamoto, do UOL. Entre iguais. O que ela disse, bem, vocês imaginam, mas nada que vá nos salvar da catástrofe criada com a eleição de Jair Bolsonaro pelo ódio cultivado ao PT. Que tantas fez, especialmente no Governo Dilma, que conseguiu essa polarização desgraçada que estamos vivendo. Estão violentos os ataques insanos de quem não consegue pensar – e já que não pensam são brucutus igual que nem…

Hoje deflagrou-se a 62ª fase da Lava Jato, e foram atrás da cervejaria Petrópolis …O dono, Walter Faria, sumiu, caiu no mundo.

Sobre a carnificina no presídio em Altamira, no Pará: além dos 58 presos mortos na guerra das facções, mais 4 morreram, vejam só, asfixiados, enquanto eram transferidos. A política jura que eles estavam bem, separados entre si, etc, dentro do caminhão que os levava.

NÃO ESQUECE! Lançamento do meu livro Feminismo no Cotidiano, dia 20 de agosto, terça-feira, na Livraria da Vila, Alameda Lorena, sp

 

#ADEHOJE – O QUE BOLSONARO REALMENTE PRETENDE?

#ADEHOJE – O QUE BOLSONARO REALMENTE PRETENDE?

Só um minuto – Essa é a questão. Por que ele está esticando o elástico? 54 mortos no presídio de Altamira, no Pará; líder indígena assassinado; o mundo caindo e o Homem que nos desgoverna brincando para ver até onde vão nossos nervos, que já chegam nos limites com suas declarações e afirmações estapafúrdias. Agora, a declaração infeliz, eu diria até escrota, sobre o pai do presidente da OAB, assassinado pela ditadura, envergou o copo de boa parte da sociedade civil. Sociedade esta que parece estar letárgica. Bolsonaro nega ainda as amplas investigações da Comissão da Verdade. Todo dia, toda hora…

Faz um live cortando o cabelo, depois de desmarcar encontro importante com um representante da França, e aparece meio Hitler, com cabelinho caindo, e reafirma os seus próprios despropósitos.

Aí tem. Fiquemos alertas.

#ADEHOJE – TÁ OSSO, HEIN?

#ADEHOJE – TÁ OSSO, HEIN?

SÓ UM MINUTO – “Tá osso, hein?!” – tenho ouvido esse comentário com impressionante frequência e das mais insuspeitas pessoas e em todos os lugares por onde passo. Claro que relacionando à situação brasileira, às bobagens ditas e feitas pelo homem que nos desgoverna, aos acontecimentos. Todo dia, não tem jeito. Na de hoje, além de insistir para fazer aquele filhote embaixador, duvidou da morte do líder da etnia waiãpi ocorrida no Amapá. A situação por lá fervendo, garimpeiros armados, índios em pé-de-guerra… e o presidente? Duvida, ele duvida.

Nós é que duvidamos como vamos aguentá-lo mais alguns meses.

A história dos hackers, como digo desde o início, vai ainda bem longe. Porque se, ao mesmo tempo em que foram presos, são bandidos, sei lá mais o quê, há um amplo material que estão deixando bem claro que há cópias espalhadas pelo mundo… E nele, as conversas que ao que parece não podem mais ser negadas.

Aliás, basta também de ataques à imprensa!

ARTIGO – Vulneráveis. Por Marli Gonçalves

Ameaças chegam de todos os lados e a cada dia parece mais desesperador o simples ato de viver. Não bastassem as ameaças físicas, agora também temos as virtuais, cibernéticas, digitais, intrometidas, sórdidas e perigosas. Para completar, as mulheres ainda são as maiores vítimas de ameaças de exposição de fotos íntimas, sequestro de dados e extorsões

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Invasão, vazamentos, hackers, apps de mensagem, comunicação, criptografia, Telegram… saudades do tempo em que só ouvíamos falar em vírus, que a gente imaginava como pequenos insetos ou bactérias contaminando nossos computadores. Agora o problema são ratos e vermes cibernéticos, em forma humana, escondidos em algum canto escuro. Nossos celulares, tão tecnológicos, esses aparelhinhos que viraram os verdadeiros “pets” digitais que carregamos para cima e para baixo na mão, na coleira, no bolso, na bolsa, com lindas capinhas cada vez mais variadas, chamativas  e sofisticadas – já repararam que loucura está isso? – se viram contra nós, quase que literalmente. E não é para tirar foto selfie com a câmera da frente.

Nossa vida está toda ali.

Nunca ouvimos falar tanto, tão frequentemente, e de forma tão espalhada, desse assunto que, se você pensar bem, não precisa ser autoridade, importante, celebridade, coisas assim, para ser “invadido”. É, inicialmente, gente que se diverte tentando enganar os outros, atrapalhar o serviço, armados até os dentes, mas – incrível – a arma é alguma forma de inteligência nesse campo da informática que ainda age, fala e se comunica em uma língua estranha à grande maioria de nós. Já tentou ler algum desses manuais? E as orientações para nós, pobres mortais, que quem mexe com isso acha que é tudo fácil, mas que a gente não consegue entender a sopa de letras, comandos, o que falam, os termos técnicos, uma nova língua aborígene e extraterrestre para os leigos. Principalmente quando tentam dizer o que é que temos de fazer. Que normalmente dizem que é fácil e se irritam, abruptos, com nossa total lentidão frente aos dedos ágeis deles quando se movimentam nos dispositivos.

Essa semana nosso site Chumbo Gordo ficou fora do ar por quase 48 horas. Fiquei quase esse tempo todo tentando resolver, isso ainda depois de descobrir que havia sido um ataque hacker. Foi uma dor de cabeça. Como se um bando de formigas atacasse um açucareiro ao mesmo tempo e ele tombasse (eu explico bem mais simples, né?).  Eles chamam isso de derrubar. Outro dia tínhamos sofrido um ataque, mas no site da empresa, e foi identificado que vinha de provedores instalados na Rússia. Garantimos: nós não conhecemos ninguém lá, muito menos inimigos. Os ratos não têm terra, se espalham – justamente para não serem localizados. Os caras, em geral, são contratados para o serviço sujo, ou ganham enganando trouxas com páginas falsas, ofertas mirabolantes, e-mails que se forem abertos pescam coisas e senhas dentro do seu computador. Assim como você já deve saber que tem quem venda, e bem caro, perfis, robôs, curtidas, seguidores.  Eles vivem disso. O que vem ajudando a divulgação maciça de fake news, e a defesa ardorosa de “certas” coisas, pessoas e poderes nas redes sociais.

Virou tudo território de ninguém.

Nesse território vimos a prisão de quatro cidadãos do interior de São Paulo acusados de, por meios difusos, entrarem na conta de mil pessoas, grande parte, autoridades. Não está claro ainda se roubaram as pessoas comuns e se, das tais autoridades, pegaram o que lhes é de mais valioso: a intimidade, as conversas, as decisões. Até o presidente teria sido “invadido”, mas daí nada de bom sairia mesmo…Já pensaram as conversas dele? Com os “meninos”, Filhos do Capitão, ou mandando a esposa preparar um ragu? Descendo a lenha em alguém que o contrariou?

Brincadeiras à parte, esse assunto é muito sério, está cada dia pior e não enxergamos como resolvê-lo exatamente. Ainda vamos saber muito, a não ser que seja, como quer o ministro da Justiça, todo o material apreendido destruído, queimado, “desaparecido”. Quem são mesmo esses presos? Venderam? Deram de graça? Qual interesse? Político, de verdade, de ideologia, não está parecendo, e devem estar sendo escarafunchados.

Sobre a nossa vulnerabilidade, especialmente a das mulheres, surgiram leis, mas que só funcionam – se é que funcionam – depois do leite bem derramado e das fotos espalhadas pelo vento virtual que ninguém consegue ensacar. Tenho pensado muito nestas questões e estou convencida, inclusive, que grande parte dos feminicídios que estão ocorrendo, esse verdadeiro horror, são decorrência de problemas com celulares, mensagens, privacidade invadida. Uma mensagem ingênua pode ser lida e entendida de qualquer forma por alguém contaminado pelos ciúmes e pela insegurança. Já tive, e de alguma forma ainda tenho, problemas por causa disso, e que me impedem de mandar mensagens para alguém na hora que gostaria. Pode ser interceptada, a palavra do momento, e causar barulho, que não desejo para ninguém.

Dá medo. E cada vez mais homens e mulheres se comunicam por esses meios, inclusive por trabalho e necessidade.

Sabem que ando até com receio de mandar beijos no final das mensagens?

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Marli Gonçalves, jornalista – Consultora de Comunicação, editora do site Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para as mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. Lançamento oficial dia 20 de agosto, terça-feira, a partir das 19 horas, na Livraria da Vila, da Alameda Lorena. Já está nas livrarias e à venda online, pela Editora e pela Amazon.


marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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#ADEHOJE – MUITO OURO, MUITO ROUBO, MUITA OUSADIA

#ADEHOJE – MUITO OURO, MUITO ROUBO, MUITA OUSADIA

 

SÓ UM MINUTO – O grupo de bandidos fortemente armados que levou mais de 750 kg de ouro e outros metais preciosos do terminal de cargas do Aeroporto de Guarulhos mostrou um planejamento ousado, que garantiu a eles, em menos de três minutos 130 milhões de reais. Até agora, ninguém foi preso e a polícia está barata tonta total.

Por outro lado, a história dos hackers presos ganha dimensões inimagináveis e escancara uma guerra entre poderes e a loucura da vida digital, onde tudo – o que mais se tenta esconder – fica ao deus-dará. Desse caso, ainda vamos ouvir falar durante um bom tempo. Deve ter gente que ainda não foi pega, deve ter mais gente entrando na brincadeira. Será que foram eles que passaram ao Intercept? Receberam? Procuraram o PT? O PT comprou? Moro tem a lista ( e o que foi pego) dos interceptados?

Dúvidas!

 

 

#ADEHOJE, #ADODIA, SÓ UM MINUTO, HACKERS, ROUBO MILIONÁRIO, AEROPORTO DE CONGONHAS, PF, PM, SÃO PAULO,  MILHÕES, MINUTOS, BARATA TONTA, ORGANIZAÇOES CRIMINOSAS, PT, HACKERS, INTERCEPT, MORO, PODERES, STF, MATERIAL, VIDA DIGITAL, MARLIGO, INVESTIGAÇÕES, AUTORIDADES, IMPRENSA, MARLI GONÇALVES, JORNALISTA, CHUMBO GORDO, CONFLITOS, OBSERVÇÕES, COMPARTILHE, LANÇAMENTO, FEMINISMO NO COTIDIANO, FEMINISMO, LIVRO, EDITORA CONTEXTO, AGUARDE, DIA 20 DE AGOSTO,

 

#ADEHOJE – LAMBANÇA GERAL

#ADEHOJE – LAMBANÇA GERAL

SÓ UM MINUTO – O site Chumbo Gordo hackeado e fora do ar, com ataques constantes. O celular dos caras, do presidente, de num sei mais quem hackeados. Estão transformando a vida digital em um inferno