ARTIGO – Pode vir quente, que estou fervendo. Por Marli Gonçalves

Todo assunto anda quente, literalmente quente, alguns mais do que outros, até com labaredas que queimam tudo por onde passam deixando um rastro de destruição e áreas que muitos de nós nem estaremos mais por aqui para nos certificar se houve tempo de dar um jeito. Se do nada, das cinzas, surgirá algo bom e renovado. Vocês sabem que a verdade é que até a fênix renascendo das cinzas é lenda, embora seja mesmo uma bela história.

vagalume

Juro. No meio desse fogaréu da onda de calor, da janela de meu apartamento, vi um vagalume noite passada. Esfreguei o olho, estiquei o que pude minha própria visão, pus óculos de longe, fiquei alguns minutos reparando se não estava vendo coisas. Não. Vi um vagalume. Um só. Ele volitava em torno de uma arvorezinha chinfrim, tadinha, onde vivem pondo lixo aos seus pés, e que eu já cansei de me indispor com o restaurante em frente por causa disso.

Árvore não é lixeira. Árvore não é lixeira! Será que agora depois desses últimos dias nos quais as árvores se rebelaram chacoalhadas pelos ventos fortes, caíram, às centenas, matando, levando fios, postes, derrubando muros, prendendo gente em casa, deixando milhões sem luz, e até sem água, alguém vai se tocar do quanto elas sofrem numa cidade como São Paulo? Temo que não, embora até esteja vendo reportagens na tevê enaltecendo a importância delas. Continuo minha campanha solitária repetindo Árvore não é lixeira.

O povo não percebe que o lixo – que enfiam nelas bem enfiadinho, mesmo que haja um outro lugar, como um poste, ao lado – mina a base, de muitas já atacadas pelos famigerados cupins, que ódio tenho deles.  O cachorrinho faz cocô, o tutor até cata com uma pazinha e cara de nojo, põe num saquinho de plástico (repara que sempre são bem coloridos), dá um nó e paf! Joga lá no pé da árvore, às vezes fica quase um arco-íris. Também tem quem as encha de pregos e cartazes, abrindo feridas. Isso quando as coitadas não têm ainda mais o azar de ter como vizinhos gente que acha que suas folhas sujam o chão, que atrapalha alguma manobra da garagem ou até mesmo a fachada do bar. Cansei de saber de malucos jogando óleo quente ao pé delas até conseguir que morram, assassinos. Não foi por menos que se rebelaram esses dias, como que combinando uma vingança. Sobrou para a concessionária de energia elétrica, a tal Enel. Sobrou para a cara de pau do prefeito que só pensa naquilo, a eleição do ano que vem.

(Parênteses: é tão descoordenada a ação da Prefeitura por aqui que no mesmo dia, temperatura de quase 38 graus à sombra, no qual uma criança de dois anos foi esquecida dentro da perua de transporte escolar de uma creche municipal e morreu, sem ser notada por ninguém, nem pela creche onde não chegou, uma tristeza enlouquecedora, na propaganda de noite o prefeito falava que “sempre há vagas nas creches da cidade, preparando o futuro de nossas crianças”). Pois é.

Mas vou voltar a falar do meu vagalume. Amo vagalumes e já há anos não via nenhum porque não tenho viajado, continuo aqui na urbanidade total onde só rolam baratas em série escapando dos bueiros. Aranhas! Não sei você, mas nos últimos tempos elas têm sido bem presentes e em todos os locais da casa, aquelas pequeninas pero perigosas, pretinhas (sim, são pretinhas) e as horrorosas, marrons. Não andam, pulam. Pulam e somem, não deixam para trás nem as teias. Fora isso, as abelhas sumindo e outro dia li uma matéria observando que nem os insetos antes comuns se esborracham mais nos para-brisas, nas estradas, como acontecia.

Estamos em completo desequilíbrio da natureza. Não é de hoje. Mas agora o povo tá acordando e dando nome para o perigo com o qual decididamente não sabemos e nem temos qualquer condição de lidar, despreparados todos para as consequências cada vez mais cruéis. São as pomposas mudanças climáticas, do qual estamos ouvindo falar com frequência, como se coisa nova fosse. Até o Ministério do Meio Ambiente ganhou mais letras na porta: agora é do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil. Aliás, não tenho visto muito a Marina Silva nesse meio tempo de horror, estranho. Não era ela quem devia estar cuidando desse preparo para o futuro sem que sejamos fritos pelo calor, ou afogados pelas enchentes, ou levados pelos ventos?

Nada está normal. Calor sempre tivemos, tudo bem, somos um patropi. Mas está insuportável aqui na selva de pedra, mais abafado, congestionado, irritante. Para descrevê-lo, se não o sente, vou ter de usar uma vivência que mulher nenhuma deseja nem para seu pior inimigo ou inimiga: a menopausa. Está sentindo muito calor? Incontrolável? Tá afogueado, suando de pingar, com os nervos à flor da pele? Pois bem: saiba que é assim que as mulheres se sentem durante um bom tempo quando entram na menopausa. É horrível. Assim mesmo. Não há ar condicionado que dê conta, muito menos os desregulados que gelam ossos, choque térmico total.

É ou não é para achar que foi algum sinal dos céus, uma luz, o que vi? Vi um vagalume. Vi sim.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).

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vagalumes - calor - quente

ARTIGO – Calor Urbano. Por Marli Gonçalves

Se não há calor humano, esbanjamos calor urbano. Mais prédios brotando, fechando as correntes de ar, destruindo a natureza além da memória da cidade. Sol ardendo, na aridez. Arte aqui em São Paulo, além de viver e sobreviver, são ovos estalados no asfalto da avenida do dinheiro. A cidade ferve e a primavera grita, muito mais quente do que o normal.

calor urbano

Não se fala de outra coisa, não se sente outra coisa. O calor. Claro, o calor fora do normal, que calor em si é bom demais. Para quem pode e na hora que pode. Bom para quem tem sombra, água fresca e a cabeça tranquila, que cabeça quente piora muito as sensações de aperto, suor, a dor de cabeça e a respiração ofegante do correr atrás. Uma praia, ondinhas, coco gelado, cervejinha, sorvete, essas coisas que devem estar permeando os sonhos de muita gente, me incluo. Já despertei quando me sentia dentro do mar, nua, chapinhando na praia de Tambaba, Paraíba, entre as pedras, brincando com argila natural, vendo peixinhos coloridos, coisas de um sonho de consumo que não morro antes de repetir de verdade.

Enquanto isso não tem condições vou continuando na briga, luta, #arvorenãoélixeira. Árvore não é lixeira, pelo amor de Deus! Nesta cidade grande as pessoas são loucas, não dão valor ao que as árvores podem nos facilitar em momentos como esse, e socam lixo de todos os tamanhos e tipos aos seus pés, como se fossem elas algum tipo de marco para que os profissionais de limpeza localizem para recolhê-los. Fora o cupim, as podas malfeitas, as pragas não combatidas, os assassinatos lentos, as árvores vão tombando e às vezes matando como se descontassem em alguns seus sofrimentos. Quanta encrenca já arrumei para explicar algo tão simples. Mas não adianta, e estou falando de áreas nobres da cidade que percorro.

A cidade mais rica do país, mas que não tem infraestrutura adequada, água para todos, cidade que ainda exibe rios gigantescos poluídos e esgotos a céu aberto, em dias de calor tem outra característica: cheiros, e muito poucos bons; na verdade, bons só em ruas de comércio requintado, vindos dos perfumes exalados das lojas numa concorrência doida, e às vezes até enjoativos de tão fortes. Algumas marcas até vendem seus cheiros em sprays. No geral o que sentimos mesmo é o cheiro tenebroso vindo dos bueiros sempre entupidos, do xixi e fezes dos milhares que vivem nas ruas, e na falta de banheiros públicos, aliás também de muita gente que se alivia atrás de bancas, muros e… árvores!

Leques já começam a ser abanados, e ventarolas de papel, qualquer coisa que faça ventinho e possa ser balançada junto ao rosto. Os mini ventiladores movidos a pilha já devem estar bombando nas ruas do comércio popular. Outro problema: amado por uns, odiado por outros, os aparelhos de ar condicionado sempre mal regulados que encontramos no entra e sai de um dia nas ruas. Não há saúde que aguente, inclusive porque muitas vezes são eles focos de muitas bactérias, além da geleira e do choque térmico, como se não bastasse a já estrambótica amplitude térmica, em 24 horas, que já beira até 20 graus nesse mundo com o aquecimento global batendo na porta – ou melhor, entrando fervendo sem pedir.

E o menino? O El Niño? Já o chamam de Super El Niño. Claro que já ouviu falar que pode ser ele causando essa onda atual de calor. Mas ele nem se instalou ainda, imagine! Apenas se aproximando. Esse doido que pode se estender até o verão do ano que vem chega para bagunçar, molhar mais, secar outros, esquentar as panelas dos oceanos.

Chapeuzinho, óculos escuros, filtro solar, alguma sombrinha, água, água. Abaixo gravatas, ternos, meias e muito mais! Como já disse, calor é bom – sem dúvidas, melhor que o frio para o qual esse nosso tropical país não é nem um pouco preparado. Mas nesse momento e pelo que sabemos só piorando daqui em diante, precisa ser observado especialmente pelas ciências, todas, inclusive as que lidam com comportamento humano. Como registrei no artigo passado “Tá todo mundo louco. E não é ôba” imagine só o que cabeças quentes podem fazer acontecer por aí.

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MARLI CG ABRILMARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).

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ARTIGO – Fênix, o que todos nós somos. Por Marli Gonçalves

Tenho pensado – e, mais do que pensado, a tenho mesmo evocado – na fênix, essa bela ave mitológica cheia de mistérios, de penas vermelhas e outras de vários tons, douradas a sua longa e bela cauda e garras. Símbolo da vida, da morte, e dos inúmeros ciclos pelos quais sobrevoamos. Representa a esperança, e especialmente o fato de que é necessário dar a volta por cima nas situações adversas, e renascer. Nem que seja das próprias cinzas.

Conta-se que as lágrimas da fênix podem curar qualquer doença, ao contrário das nossas que às vezes apenas vertem sem parar, e já nem sabemos porque tão incontroláveis, se escoam para algum rio mágico que carrega nossas mágoas, os desconsolos. Cantada em verso e prosa desde a Antiguidade, desenhada pelos artistas mais requintados, imaginada com toda a sua mágica, a fênix traz em si o sonho da imortalidade, mas também as mudanças que passamos no decorrer dos anos. Nos lembra a vida marcada por queimaduras, os momentos que morremos internamente, e dali, assim como ela, saímos. Nós mesmos saímos daquele ninho em combustão. Ninguém mais. Todos somos fênix.

Ainda era muito menina quando soube dela, a vi em ilustrações e histórias dos livros de fábulas e mitos que acabaram por me ensinar muito da vida, e me encantei. Aliás, sempre me encantei por seres mitológicos, as sereias, as ninfas, Pégaso, os centauros, e até com as malvadas hidras e suas cabeças que renascem assim que cortadas. Gosto de pensar que há um mundo mágico onde as coisas funcionam diferente deste, terreno, trágico.

Tentei até contar quantas vezes até hoje eu mesma abriguei em mim uma fênix. Mas perdi a conta; foram muitas. Mesmo. Perdas, rompimentos, travessias, desilusões, cortes, saúde, amores, para em seguida ressurgir, mesmo que trazendo em minhas penas as marcas, até cicatrizes. Igual a ela, há o momento que paramos o canto feliz e entendemos a melodia triste que antecede o fogaréu.  Como disse, as fábulas muito me ensinaram, de fé, dos fatos, da vida, dos humanos, da moral da história. Das raposas, do coelho, da tartaruga, da coruja, dos sapos, do jacaré; da meninice da garota do leite às atitudes da gente simples capaz de carregar um cavalo nas costas.

Portanto, nada melhor do que a imagem da fênix para uma reflexão de fim de ano, de futuro, de ciclos, especialmente não só desse que estou particularmente passando, mas do que todos nós, enfim, estamos passando, finalizando, enfrentando adversidades nunca vividas, como a pandemia, morte de ídolos que considerávamos realmente imortais, tais os feitos, as marcas e o sucesso de suas vidas, reis e rainhas, com ou sem trono.

Falo ainda do ciclo tenebroso que se fecha com o fim do governo infernal, assombroso e cinzento que termina junto com este ano, deixando, inclusive, atrás de si, cinzas e muita destruição, ódio e divisões.  E governo esse que curiosamente será sucedido por uma fênix – um líder político renascendo de sua própria destruição e que precisará contar com esse aprendizado e com as forças do Universo para se recompor completamente e virar reconstrução, renascimento e a esperança de toda uma nação.

2023 chegando, e ao pensar numa mensagem positiva, me ocorreu apenas esta: que todos consigamos seguir como o fazem as fênix. Nesse eterno recomeçar, dando a volta por cima, voltando sempre a cantar bonito e a voar para o horizonte, lá onde o Sol nasce e morre todos os dias.

Feliz Ano Novo! Que, calorosos, sigamos juntos e misturados, em busca de nos eternizar, na fantasia e na realidade.

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MARLI - FÊNIX

MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto.  (Na Editora e na Amazon). marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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Não resisti a mais imagens:

#ADEHOJE – DAMARES NO ALVO. MILHÕES NAS RUAS, PROTESTOS. MAS LÁ NA VENEZUELA

#ADEHOJE – DAMARES NO ALVO. MILHÕES NAS RUAS, PROTESTOS. MAS LÁ NA VENEZUELA

SÓ UM MINUTO, TALVEZ MAIS… – Juan Guaidó agora foi reconhecido pelo Parlamento Europeu como presidente da Venezuela, como se autoproclamou a semana passada. O problema é que a Rússia está perto de defende-lo e os malucos de Maduro seguem na repressão violenta, inclusive contra os jornalistas estrangeiros. Mas o babado do dia está por conta de quem? … Da Damares Alves, claro! A revista Época vem pesada contra ela. Reconstrói a história de como a ministra Damares Alves levou há 15 anos, de uma aldeia no Xingu, a menina que hoje apresenta como sua filha adotiva, Lulu Kamayurá. A adoção nunca foi formalizada. Uma das pessoas ouvidas pelos repórteres Natália Portinari e Vinícius Sassine é Tanumakaru, uma senhora octogenária e cega de um olho, avó da menina e quem a criou até mais ou menos seus seis anos. Falando em tupi, ela contou que Lulu nasceu frágil e com inúmeros problemas de saúde. Era menininha ainda quando Márcia Suzuki, braço direito da hoje ministra, se ofereceu para levá-la a um tratamento dentário. Nunca mais voltou. Damares conta que salvou a menina de ser sacrificada. Segundo os índios, ela foi levada na marra. MP investiga a Ong da tal ministra.

Ah, tem mais essa: 3,5 milhões no país vivem em áreas com barragens em risco.

#ADEHOJE, #ADODIA – ESPERANÇA: NO QUE MAIS ACREDITAR?

#ADEHOJE, #ADODIA – ESPERANÇA: NO QUE MAIS ACREDITAR?

 

2019 CHEGANDO. PENSA. JÁ VAMOS ENTRAR NOS ANOS 20! Os avanços tecnológicos, o mundo em constante transformação e também derrocada. Mas temos de seguir. Aqui no Brasil aumenta a expectativa da posse do novo governo de Jair Bolsonaro. Esquemas de segurança jamais vistos para conter ameaças que só eles sabem. Perguntas que não são feitas e, se o são, não são respondidas. Teremos realmente de apenas esperar e torcer, claro, para que deem certo as medias para a retomada de nossos rumos e desejos.

#ADEHOJE, #ADODIA – HOHOHO! ELES GUARDAM DINHEIRO ATÉ NA CADEIA. QUEIRÓZ!!

#ADEHOJE, #ADODIA – HOHOHO! ELES GUARDAM DINHEIRO ATÉ NA CADEIA. QUEIRÓZ!!

QUEIROZ! AGORA PODE SER USADO COMO CHAMATIVO. CADÊ O QUEIRÓZ? E O DINHEIRO QUE RENDE, RENDE, E ATÉ NA CADEIA, MESMO SEM PASSAPORTE, SE ENCONTRA – NA CELA DO PEZÃO – DÓLARES, EUROS, E ATÉ MOEDA CHINESA. PONTO DE INTERROGAÇÃO. NOS DOMÍNIOS DE JOÃO DE DEUS NÃO PARAM DE BROTAR REAIS, REIAS, PEDRAS PRECIOSAS… ISSO É QUE É MAGIA! PAPAI NOEL ESTÁ DESCONSOLADO, POBRE, ESFARRAPADO, VAMOS LÁ, NÓS TODOS NO VERMELHO

#ADEHOJE, #ADODIA – VEM CHEGANDO O VERÃO. DEIXEM NOSSOS COSTUMES EM PAZ

#ADEHOJE, #ADODIA – VEM CHEGANDO O VERÃO. DEIXEM NOSSOS COSTUMES EM PAZ

 

 

OLHA SÓ. Vai ser complicado, porque a partir de janeiro assumirá o poder toda uma turma absolutamente heterogênea. Uma equipe e eleitos com cabeças retrógradas, ideias conservadores e o que é pior, ideias malucas. Por exemplo, essa do tal Osmar Terra – atenção que eu acompanho esse aí faz tempo e só pensa e fala bobagens desconectadas da realidade – que quer limitar a venda de produtos alcoólicos. Ele é totalmente contra a legalização das drogas, e não tem noção do assunto. Mas quer aparecer. Era o que nos faltava: uma lei seca. Como se fosse assim, passe de mágica. Precisaremos ficar bem atentos à essa turma que quer mexer com costumes. Creio que aí estará o grande foco de tensões do futuro governo. Vem chegando o verão e já tem gente queimada.

#ADEHOJE, #ADODIA – FRIGIDEIRA NO FOGO. INGREDIENTES VARIADOS. NÓS SOMOS TEMPERO

#ADEHOJE, #ADODIA – FRIGIDEIRA NO FOGO. INGREDIENTES VARIADOS. NÓS SOMOS TEMPERO

Não é para menos que o calor está tão forte e que até raios assustadores agora surjam saindo do solo em direção ao céu. Raios ao contrário. Dizem que são as forças negativas. Vejam só o tamanho dessa panela, que agora tem o futuro ex-presidente que ficará sem foro, denunciado ontem, o Ministro Marco Aurélio de Mello que arrumou uma pendenga forte com os outros 10 por conta de uma decisão que tentou tomar, e que o Toffoli cortou as asas. Mais: João de Deus, investigações sobre um assassinato bem esquisito do secretário de transportes de Osasco, sobrou até para a mãe do ex-senador Aécio Neves. Continua sumido o assessor que tinha de explicar o dinheiro que foi e voltou, o motorista, assessor e faz-tudo do Bolsonarinho Flávio. Tem a posse dia 1º e tudo o mais que virá junto, como decisões que poderão nos afetar e muito. Algumas até para melhor; mas há outras que ameaçam ser apavorantes e darão pano para manga e sapatos para protestos nas ruas.

 

#ADEHOJE, #ADODIA – PLANTÃO: VOU TE CONTAR AS COISAS QUE TÊM PARA ACONTECER NESTE QUENTE VERÃO

#ADEHOJE, #ADODIA – PLANTÃO: VOU TE CONTAR AS COISAS QUE TÊM PARA ACONTECER NESTE QUENTE VERÃO

 

FIM DE ANO, SOL, VERÃO. ESTOU DAQUI VENDO VOCÊ FAZER PLANOS, ARRUMAR MALAS, CONFERIR PASSAGENS, TUDO PARA SAIR POR AÍ. NÃO ME ABANDONE. FICO AQUI DE PLANTÃO. AINDA MUITA ÁGUA VAI ROLAR NÃO SÓ NOS PRÓXIMOS QUINZE DIAS, COMO ESPECIALMENTE NOS PRIMEIROS QUINZE DIAS DO ANO QUE VEM. VEJAM SÓ: TEM JOÃO DE DEUS FORAGIDO, PARA SE ENTREGAR… SERÁ? COM 35 MILHÕES NO BOLSO. SEI NÃO SE ELE JÁ NÃO PODE ESTAR LONGE FAZENDO RETIRO EM ALGUM TEMPLO DO LUXO. TEM CESARE BATISTTI COM UM AVIÃO ESPECIAL PARADO ESPERANDO POR ELE PARA LEVÁ-LO DE VOLTA À ITÁLIA CONFORTAVELMENTE. E O QUEIRÓZ, O ASSESSOR DO BOLSONARINHO FLÁVIO QUE SUMIU? E LEVOU A FAMÍLIA, MAS MANTEVE A CONVERSA NO NOTICIÁRIO SÓ PIORANDO PRO LADO DOS QUE VÃO ASSUMIR A DIREÇÃO DO GIGANTE ADORMECIDO. E DEPOIS? O QUE ACONTECERÁ COM O TEMER E OS INQUÉRITOS QUE PAIRAM SOBRE ELE AMEAÇADORES. COMO SERÁ A POSSE, OS NOVOS GOVERNOS? O VERÃO VAI SER QUENTE MESMO.UM FORNO. VOU TE CONTANDO, VOU TE CONTAR.

#ADEHOJE, #ADODIA – MOSQUINHA VOANDO PARA SABER ONDE VAI

#ADEHOJE, #ADODIA – MOSQUINHA VOANDO PARA SABER ONDE VAI

 

TENHO ENCONTRADO PESSOAS QUE ME PERGUNTAM, CURIOSAS, SOBRE QUAL VAI SER A DO DIA, A DE HOJE. CONFESSO QUE É DIFÍCIL PORQUE TEM TANTAS COISAS PARA FALARMOS QUE UM MINUTO É POUCO. GOSTARIA MESMO DE SER UMA MOSQUINHA PARA SABER O QUE ESTÁ SENDO DECIDIDO NAS REUNIÕES, NOS GABINETES, O QUE FALAM E PENSAM DE VERDADE. HOJE FALAMOS DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS QUE AGORA DERRETE O OTIMISMO DOS OUTROS DIAS, PORQUE AINDA ESTÁ FALTANDO MUITO PARA COMPLETAR O QUADRO DOS CUBANOS QUE SE MANDARAM DAQUI. FALAMOS TAMBÉM DO IMBROGLIO DA FUNAI QUE ESTÁ ABANDONADA E NINGUÉM SABE PARA ONDE VAI. E DO CLIMA, DECISÕES IMPORTANTES QUE PRECISAM SER TOMADAS E O BRASIL É UM PLAYER DESTACADO NESSE JOGO. NÃO PODE FICAR NO COLO DOS EUA. AS MOSQUINHAS ESTÃO ANSIOSAS.

 

ARTIGO – Quente ou frio? Por Marli Gonçalves

tumblr_o2tf6vpDpe1rjatglo1_r1_500Quando eu era menina, mas se bobear ainda gosto, jogava muito “quente ou frio? “- para qualquer coisa. Você tentava adivinhar algo, ou encontrar um objeto escondido, e se fosse chegando perto, a coisa ia esquentando, pegando fogo… Se distanciasse, ia ficando frio, gelado, glacial! E caíamos na risada. Como é bom cairmos na risada, coisa que há tempos não conseguimos fazer sem culpa. E você, o que acha? Está quente ou frio? Sempre dependerá da pergunta. Do momento. Do que estaremos falando.

Frio! Obviamente me lembrei disso por causa do frio congelante que nesses dias anda batendo aqui pelo Sudeste, Sul, intenso e deslocado de sua estação que ainda aterrissará em breve em nossos ossos, e que se isso tudo já for ela mandando recado antes de chegar vai ser mesmo de doer. Há décadas não aparecia assim, tão real.

Quente! Pleno inverno, mas os próximos três meses serão é ainda bem quentes por aqui com tantas informações surgindo, fatos se sucedendo, artimanhas sendo tecidas em gabinetes e pequenas conspirações orquestradas aqui e ali entre instâncias. Quem consegue dizer o que será, será? Frio!

Quente! Se a gente se afasta do panorama todo, tenta uma visão mais global, vê que parece que estão sacudindo fortemente a bolinha Terra. Se alguma coisa já estava fora da ordem, agora elas estão é totalmente bagunçadas. O clima é só detalhe. Imigrantes gelando nos campos e mares, a candidata norte-americana apelando até para ETs. E a loucura, a ignomínia, o preconceito, o fascismo e seus extremos, outras margens que ainda insistimos em não ver por distantes estarem e alegando outras culturas.

A política e a religião andando juntas estão pondo (de novo) as manguinhas de fora. A política a religião e o comportamento, então, se misturam e espirra sangue fresco, jovem, em todos nós. Malucos solitários exercitando seus poderes e forças, senhores das armas. O terror deixando o suspense no ar, seu cheiro de enxofre e morte como possibilidade de explodir a cada segundo, em qualquer lugar, trazendo dor e a imolação de inocentes. Tudo muito intenso, tanto quando o quente e o frio. Não pode ser banal; nosso coração não pode achar que é isso e acabou – o ódio se alastra, ultrapassa fronteiras. Cada vez mais rapidamente.

Fria. Quando a política é a própria religião, vai virando adoração de ídolos, catequização. Se apega a um dos lados com crença fervorosa, desconhecendo evidências e fatos num fanatismo cego, embandeirado com centrais e camisetas uniformizadas, massinhas. Vozinhas discordantes berrando aqui, ali, abaixando as calças, gritando palavras de ordem sobre resistência, e ainda totalmente alheias à realidade ao redor, o que realmente mais surpreende é que parece que ainda não entenderam o que houve, onde bateram a cabeça. De outro, os símbolos do atraso da mesma forma tentando se adiantar com suas ideias sempre burras e grosseiras. Precisamos sair dessa fria.

A temperatura nos faz lembrar que nunca estamos contentes se é quente ou frio, se é pouco ou muito, ou porque não queremos nada em demasia, ou porque estaremos sempre reclamando e pondo defeitos. É da nossa natureza. Deixar ventando constante um calorzinho soprando na nuca de quem está com a caneta na mão.

Isso é bom. Mas está quente ou frio? Frio. É a tal friaca, a palavra da semana.

“Seja quente ou seja frio. Não seja morno, que eu te vomito”.(Apocalipse 3:15-16)

torcida brasielria frio

Marli Gonçalves, jornalista – Parece distante encontrar o quente que procuramos.

São, São Paulo, 2016

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ARTIGO – Me abana? Por Marli Gonçalves

graphics-fan-964637Esta semana arrasei. Cada dia da semana postei no Facebook uma foto “selfie”, posando com um dos leques de minha modestinha coleção. Tão modesta que já mostrei toda ela, em poucos dias. Foi um sucesso, com um monte de “curti”, fiufiu, elogios. Já estou até pensando o que vou aprontar agora, mas o problema é que não gosto muito de usar roupa; sangue de índio. Uma parte do corpo por dia? Posso mostrar? E se me censuram? O negócio está preto, não pode facilitargraphics-fan-122807

Está tudo muito seco, opressivo, quente, e a gente precisa de um ventinho. Então eu me abano com os meus leques mesmo, que ventilador e ar condicionado gastam energia e energia é dinheiro. O calor de um verão não aproveitado, no entanto, frita os miolos, tira forças e até pensar fica difícil, imaginem escrever. Mas estou apenas disfarçando para entrar no assunto que quero expor, sério, uma vez que não sei receita de bolo: a censura que nos ronda, sopra um hálito quente aqui, ali. Na nossa nuca. Como diz um amigo, um dia censuraram X e eu não fiz nada; no outro, Y e eu não fiz nada; depois fui eu e eu não tinha a quem recorrer, parafraseando Martin Niemöller.

Todo santo dia ficamos sabendo de alguém punido e banido pelos controladores das redes sociais. Essa semana foi o genial fotógrafo Gal Oppido a vítima. A conta dele no Instagram, com milhares de seguidores e onde ele diariamente posta verdadeiras obras de arte, fez puff! Sumiu, sem explicações. Provavelmente, desconfio, por causa de “alguém” (covardes nunca se apresentam) não gostou de algum pedaço de pele negra que viu de um dançarino maravilhoso que ele coincidentemente fotografava para um trabalho especial dele. A gritaria foi geral e a conta voltou.

graphics-fan-141829Só que não é só na rede que a tesourinha anda cortando, editando. Não é que o Ministério alterou a classificação do pueril Confissões de Adolescente de 12 para 14 anos? Não é que esses pastores políticos de quinta categoria toda hora vociferam contra alguma charge, piada, filme, cena de tevê, e ameaçando jogar hordas moralistas babando em cima de nossas canelas?

Sou do tempo da ditadura. Cresci sob sua égide, sem poder ler o que queria nem falar tudo o que pensava, nem fazer o que queria. Cresci aprendendo a olhar para os lados, sabendo que tudo estava sendo registrado, mesmo que mal e porcamente, tanto que hoje os arquivos desapareceram, por aqueles homens que nos cercavam, sempre em seus ternos baratos, listrados, óculos escuros, e que mais pareciam bandidos que tiras. Com 15 anos um dia vi um ônibus chegando e levando embora quase uma centena de amigos roqueiros presos. Lembro apenas de ter agradecido a Deus esses minutos que me atrasei – eles ainda teriam de me explicar, menor de idade que era. E já bastava o corre-corre: um deles estava com uns 50 ácidos e não teve dúvida: jogou na boca dos amigos o mais rápido que pode. O resultado foi certamente uma das prisões mais engraçadas daqueles tempos negros, já que todos começaram a “viajar” ao mesmo tempo. Apenas um jornal fez esse registro – a foto desse bando de malucos – imagem que guardo na memória – esse lugar ainda indevassável, nosso mais valioso cofre.graphics-fan-886453

“Eles”, os inimigos, também tentavam outros disfarces: casais namorando no muro, mendigos, sempre perto das janelas para gravar as conversas. Mas, enfim, ainda disfarçavam.

Agora não. O tiro é direto. Cortam – às vezes a gente nem fica sabendo, porque o que os olhos não veem o coração não sente. O que pretendem?

Teimam em nos ensinar. Querem voltar as nossas cabeças para que vejamos apenas um lado, que ainda explicam, como se fôssemos todos uns imbecis de marca maior como se falava antigamente. Lembram aquelas cenas de filmes “eróticos” que o cara falta arrancar a cabeça da mulher, empurrando, para obrigá-la ao sexo oral.Creature_on_fan

O jornalismo, pobre jornalismo, editorializado. Para um lado, para outro. As cenas do cinema nacional, o que um crítico apontou outro dia, são chatas porque são expressas- ele andou até ali, viu? Pegou o copo. Bebeu. Caiu. Era veneno (e faltam mostrar aquele caveirinha com os ossos cruzados para terem certeza se você entendeu). Criam assim gerações de autômatos, preguiçosos, jovens de olhar vazio, como alguns que tenho encontrado. Como os que estão nas ruas sem saber para o quê.

Deixem-nos em paz. Deixem-nos pensar, formar opinião. Sem cabresto. Estamos em outros tempos e devíamos estar construindo uma moral, sim, mas mais aberta e condizente.

Deixem os pensamentos serem ventilados. Com eles não dá para usar leques.

São Paulo, fevereiro 2014, e peitos e bundas aflorarão logo mais de todos os cantos. Fan-03-june

Marli Gonçalves é jornalista Vou posar só de leque. Acho chique demais. Já aprendi a abri-los como o fazem as espanholas, com aquele barulhinho. E vou torcer para que as tevês contratem moças para cameraman. Aí talvez a gente possa ver que nas escolas de samba também passam corpos masculinos dignos de escultura. Isto é: se elas não forem censuradas, claro! graphics-fan-915599

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VAI ENCARAR? MULHER DESTRÓI UM CARRO SÓ COM UM MARTELINHO. TAVA BEM BRABA!

arg-woman-with-wrench-urlFONTE:YOUTUBE E REVISTA AUTOESPORTE

Um dia de fúria causou um verdadeiro estrago na tarde desta quinta-feira (6), em São Paulo. E sobrou para um Honda Accord da década de 90. Uma mulher não identificada aparece em imagens do YouTube destruindo o sedã com golpes de martelo no bairro da Vila Olímpia, zona sul da capital paulista. Ainda não se sabe qual o real motivo do ataque, mas o certo é que o sedã ficou destruído na frente e na traseira.

Segundo relatos dos usuários que postaram o vídeo na internet, o fato aconteceu por volta das 13 horas desta quinta. Os golpes de martelo foram proferidos sobre o capô, a tampa do porta-malas, além dos vidros traseiro e dianteira. Dezenas de pessoas acompanharam o fato e filmaram com celular, o que já rendeu ao menos três vídeos postados na internet. Resta saber qual o motivo de tanta fúria. Sobrou para o velho sedã.

ARTIGO – Os dias que viramos cebolas. Por Marli Gonçalves

Chihh, começou! Tira. Põe. A roupa, claro! Mistura tudo o que tem. Espirra. Tosse. Ponta do nariz vermelha. Ranho. Coriza. Rouquidão. Não sabe se vai ou se fica. Caetano deve ter visto a deselegância discreta de nossas meninas numa época dessas.

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Já me deixei espetar. Todo ano espero ansiosa a vacina contra a gripe. Ela previne só contra o espetacular “tipo do ano”, que até gripe muda de modelo igual aos carros. Mas ajuda. Assim, já estou imunizada contra a gripe 2012, e acho um absurdo o saco de besteiras que ouço contra a maravilhosa vacina que, antes de mais nada, protege os idosos, diminui internações, e tudo o mais. Soube que há pastores de igrejas evangélicas “proibindo” fiéis de se proteger, e acho que esses caras irresponsáveis deveriam ser presos, inclusive pelo conjunto da obra. Também ouço — ouvidos e penicos — gente dizendo que pegou gripe porque tomou a vacina. Claro! O que é pior é que, como a ignorância grassa, essas bobagens se espalham e se cristalizam como verdades atrapalhando até a saúde pública. Enfim… cada um decide.

Mas começou o frio-quente, quente-frio-gelado-fresquinho, pelo menos aqui no Sudeste. De manhã, gelado; vai esquentando e você vai tirando a roupa, num strip-tease meio acanhado, peça por peça, menos o minhocão que a esta altura está por baixo de tudo, e para não derreter na sauna móvel, úmida e seca, que viramos nesta época. Aí quando acabou de se refrescar, atchim, olha o vento! E toca botar tudo de novo. Parecemos mesmo umas cebolinhas andantes, e nessa hora a gente vê que é bom manter-se magro, porque roupas de inverno engordam o visual que é uma tristeza.

Além do quente-frio, tem o seco-úmido. Sem chuva, seca até a nossa cabeça; com chuva, a gente fica úmido e inquieto, mas nada sexual. Os dias azuis são lindos e a gente sonha com instantes ao Sol. Mas quando sai de perto dele sente frio em dobro. Realmente, nós, os “tropicanos”, não estamos preparados para o inverno, e ano após ano repetimos isso.
São ceroulas, por baixo das calças dos homens. E acerolas nos sucos. Camu-camu também é bom, aliás, a maior fonte que há da tal vitamina C, mas sei não onde compra. E mel, limão, xarope, analgésicos, antitérmicos, chás, escalda-pés, sopas, que todos viramos um pouco hipocondríacos nestes tempos.

Não esquecer os indefectíveis lenços de papel, nem as receitas das vovós. Álcool em gel para desinfetar mãos. Luvas, cachecol, chapéu de abas, que vento na orelha é ruim. Duas meias, a camiseta por baixo, ou blusa de gola. Não há elegância que resista, e só resta, pelo menos a nós, mulheres, louvar e muito a moda das sobreposições. Muita meia-calça, meia grossa. Botas, botinhas, botões. Fica difícil arrumar cobertor de orelha desse jeito!

E o medo da friagem? Você está lá no bem-bom e tem que, sei lá, por acaso, tirar a roupa, vamos dizer assim. Homens costumam se intimidar nessa hora, se é que me entendem. Brincam que enruga.

Sair à noite passa a ser aventura, quase radical, principalmente se você já está quentinho. Para tomar banho, tem que praticamente vedar todos os buracos da casa, e que toda casa tem pelo menos um que não tem jeito – o ventinho entra zunindo por ali. Atchim!

Lareiras são para poucos, bem poucos. Pobre usa espiriteira e acaba pondo fogo em si e na casa. Aquecedores que não secam o ar, raros. Se puser o casacão não consegue se mexer, muito menos guiar. Isso sem dizer do cheiro de mofo que invariavelmente os armários deixam nos coitados que ficam guardados boa parte do tempo, casinha para as traças. Costumo achar bárbaras aquelas cenas e imagens internacionais das mulheres com vestidos leves flanando em salões aquecidos. Na saída, envolvidas por belos casacos, como se nada estivesse acontecendo. Vai tentar fazer isso aqui? Vai ter que aturar olhar torto, mesmo que as peles sejam as mais fajutas, pegar corrente de ar, e se for esperar pela delicadeza dos cavalheiros ajudando-a a se vestir, como nos filmes, capaz até de pegar pneumonia.

Como também tem gente que, no frio, abole da vida o hábito de banho diário, parece que o negócio fica mesmo feio de manhã, dentro dos ônibus, nos trens e no metrô, porque aquilo tudo se mistura, o mofo, o odor, os vários perfumes, poucos bons, os cheiros de cabelos sujos. E, de praxe, o povo espirrando,tossindo, e as janelas fechadas, embaçadas, dá até para escrever.

No frio a gente tem mais sono, mais vontade de ficar dormindo. De manhã. De tarde e, de noite. E quando vai deitar parece que alguém jogou água no lençol, sente isso também? Tem mais fome e vontade de comer chocolate. Quem bebe, pensa em entornar o caldo. Mais vontade de fazer xixi e preguiça porque tá frio e até lavar as mãos pode fazer você entrar em choque térmico.

Como notaram, não sou mesmo nem um pouco chegada nessa época, que me dá vontade de chorar mesmo sem descascar cebolas. Cumpro o manual de sobrevivência. Já baixei um aplicativo de meteorologia e temperatura para tentar acertar melhor como sair. No carro o porta-malas traz reforços possíveis para todas as situações, de veranicos eventuais à neve, se cair, caso um dia isso ocorra em São Paulo.

Agora ando procurando por um bom pijama com pezinhos.

São Paulo, outonão de 2012

Marli Gonçalves é jornalistaSó esqueceu de dizer que também toma
vacina contra pneumonia, de cinco em cinco anos. Nóia é nóia.

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